Poseidon estava nervoso. Se bem que era tarde demais para o nervosismo, já que ele estava no centro do salão, sob a luz de dois holofotes e com todos os deuses presentes no salão olhando para ele. Atena estava no meio dos outros deuses, olhando nervosa para Poseidon, e foi só ao ver o olhar dela sobre si que ele sorriu e se acalmou um pouco. O sorriso caloroso dele, por sua vez, foi retribuído com um sorriso de Atena, que assentiu com a cabeça, como um sinal para que ele prosseguisse. Então ele pegou o microfone que Afrodite tinha usado antes e falou:

-Hã... Gente, eu tenho algo a anunciar – ele falou, fazendo com que todos os deuses parassem o que estavam fazendo para olhar para ele.

-Ele quer dizer, - Atena se aproximou dele, juntando suas mãos – nós temos algo a anunciar.

Poseidon sorriu para ela mais uma vez, e continuou falando:

-É, bem, aquela semana que nós ficamos isolados na praia mudou algumas coisas no nosso... hã, relacionamento.

Atena riu baixinho com aquilo, murmurando algo como “agora ele reconhece que nós tínhamos um relacionamento...” Mas ninguém pareceu ouvir. Poseidon, então, prosseguiu.

-Eu me apaixonei por ela – ele olhou nos olhos acinzentados da deusa, como se estivesse falando aquilo para ela, não para a família maluca que os assistia. Atena, corando, tomou o microfone dele. Bom, ele pelo visto não diria mais nada, pois tinha se perdido ao olhar para ela.

-E, depois de mais tempo do que eu gostaria de admitir, eu percebi que o amava – ela falou, também olhando para ele, ao que o deus exibiu aquele sorriso “tenho-trinta-e-dois-dentes” e que deixou as pernas de Atena bambas, naturalmente.

-Então, - falou Poseidon, pegando de volta o microfone – nós estamos juntos e... bom, estamos noivos.

Após aquela declaração, não se passaram cinco segundos de silêncio, pois logo Ares começou a falar algo como “Finalmente”, Apolo (que tinha acabado de chegar de mãos dadas com uma Ártemis estranhamente vermelha) encobriu a voz de Ares quase gritando algo que ninguém entendeu e Hermes ficou só fazendo barulho mesmo para aumentar a algazarra. As deusas também comentavam algo, mas óbvio que estava inaudível. Isso é, até o vozeirão de Zeus tomar conta do lugar e fazer todos se calarem:

--E vocês poderiam fazer o favor de me informar quando será o casamento? Já que pelo visto estou completamente desinformado das coisas por aqui... – ele ironizou, mas não estava feliz. Sua expressão era a mesma de quando Percy Jackson enviou a cabeça da medusa para o Olimpo. E isso não era nada bom.

-Bom...

-Eu me encarreguei de cuidar dos detalhes do casamento – Afrodite interrompeu Atena, que não sabia mesmo o que dizer – inclusive da data.

-E quando será? – Zeus arqueou uma sobrancelha.

-Em uma semana. – Afrodite falou, fazendo Zeus, Poseidon e Atena olharem perplexos para ela.

-Vocês... vocês planejaram se casar em uma semana?! – perguntou Zeus para o casal, ao que eles assentiram, já que era o jeito.

-Aham – falou Poseidon – quanto antes nos casarmos melhor. Sabe como é, paixão.

-Credo – Zeus resmungou – Só falta dizer que vão casar bêbados em Las Vegas, com um gordo vestido de cupido no lugar do padre.

-Óbvio que não, irmão! Bêbados não. – falou Poseidon, fazendo Atena rolar os olhos, Hera resmungar alguma coisa e Zeus ficar com as orelhas cor-de-rosa.

-O que ele quer dizer – corrigiu Atena – é que vamos casar aqui no Olimpo mesmo, com a bênção de Hera. Os outros detalhes mínimos ficaram para Afrodite.

-Aham, detalhes mínimos como um cara qualquer vestido de cupido ministrando o casamento – Hera resmungou, mas não parecia realmente irritada. Não tanto quanto Zeus, pelo menos.

-Bom, - falou Poseidon – o recado está dado. Podemos voltar a dançar agora? Esses holofotes na minha cara estão me cegando.

Afrodite riu e desligou os holofotes, para que logo a música voltasse a tocar. Os deuses que estavam em volta de Atena e Poseidon se dividiram; alguns foram dançar, outros foram afogar as mágoas na bebida (ou seja, Zeus foi), e outros ficaram para dar parabéns ao feliz casal.

Mesmo com as piadas idiotas e taradas que Ares e Apolo faziam com ele, Poseidon estava feliz. A pior parte tinha passado.

Certo?

*.*

Já passava das três da manhã quando Atena e Poseidon entraram no quarto da deusa. Atena nem acendeu a luz, apenas entrou, estalou os dedos para que estivesse vestindo uma camisola branca e se jogou na cama, quase dormindo.

Quase, porque Poseidon logo fez o mesmo, deitando-se ao lado dela enquanto vestia só um calção azul. E ele estava com aquele sorriso sacana no rosto.

Oh, droga.

-Que foi, Poseidon? – ela perguntou, tentando se concentrar em não tombar a cabeça no travesseiro e dormir.

-Bom, a gente já perdeu metade da noite mesmo... – ele falou, colocando uma mão na cintura dela e se aproximando da deusa, ainda com aquele sorriso.

-Não, hoje não. Por favor.

-Por que não, Atena?

-Porque além de eu estar com MUITO sono, você sabe... Não sei se estou pronta pra isso agora.

-Quer dizer que mesmo depois de tudo, você ainda não confia em mim? Que eu não vou te machucar? – Poseidon falou, parecendo ofendido.

-Não, não é isso – ela suspirou – é só... ainda não, certo? Espere pelo menos... pelo menos até o nosso casamento. Por favor.

Ele olhou para ela, conformado. Bom, ele queria muito aquilo, mas achou melhor não pressioná-la a nada.

-Ok – Poseidon falou, dando um sorriso conformado e puxando a deusa para mais perto de si, ao que ela encostou a cabeça no peito dele e descansou.

E ele pensava que ela já estava dormindo, quando ouviu ela sussurrar para ele:

-Poseidon?

-Oi?

-Eu te amo.

O deus sorriu sozinho no escuro, mas ela podia ‘ouvir o sorriso’ na voz dele quando ele respondeu:

-Eu também te amo, Atena.