Fearless, coloquem para rodar aí, please>

Após jantarem no melhor restaurante de Atlântida, Poseidon disse que tinha uma boa surpresa preparada para ela.

–Mas já são quase dez horas da noite, Poseidon – ela falou, fazendo o deus sorrir.

–E daí?

–Daí que não tem muito o que fazer depois dessa hora, quero dizer, é geralmente a hora em que os restaurantes, lojas, cinemas e todo o resto está fechando.

–Veremos – ele falou com um sorriso de canto, segurando a mão dela e desaparecendo dali em uma névoa azulada.

*.*

Quando Atena abriu os olhos novamente e sentiu o gosto da maresia na boca e a brisa suave da praia em seu rosto, só conseguiu sorrir. Ali estavam eles, em frente à casa onde tinham passado aquela semana confusa. Com os dedos entrelaçados aos de Poseidon ela caminhou com ele pela praia, molhando os pés na beira do mar.

Sem trocar nenhuma palavra, eles apenas olhavam um para o outro, inevitavelmente lembrando-se de muita coisa.

Então Poseidon parou, sentando-se na areia, e Atena fez o mesmo, sentando entre as pernas dele enquanto ele a abraçava.

–Da primeira vez que sentamos aqui para ver aquele pôr do sol, você conseguiria imaginar nós hoje? Juntos? – ele perguntou.

–Acho que ninguém imaginaria, Poseidon.

–Afrodite com certeza conseguia ver algo do tipo.

–Afrodite é um caso à parte – ela riu – Ainda assim eu devo muito a ela. Acho que se não fosse essa semana que ela nos fez passar aqui, eu nunca teria te conhecido de verdade.

–É, nunca saberia que eu sou isso tudo – ele brincou, fazendo a deusa rir.

–Já disse que você tem um ego enorme?

–Já, uma vez você mencionou que meu ego é tão grande que eu precisava morar no fundo do mar porque não caberia no Olimpo.

–Verdade – ela riu – É uma pena, mas eu estava certa.

Poseidon riu um pouco também, mas não respondeu. Alguns minutos de silêncio depois ele perguntou:

–Atena, se eu te pedisse para fugir comigo, você iria?

–Fugir como, Poseidon? Nós somos deuses.

–Sei lá, ir para Atlântida comigo. Ou ir para qualquer lugar do mundo, não sei.

–Você está pensando como um adolescente – ela riu.

–Verdade, mas você iria?

–Hum... Isso significaria dar adeus para o meu trabalho, que eu adoro. E à nossa esquisita e complicada família que eu amo, e a muitas outras coisas que eu não pensei ainda. Tudo para estar com você, certo?

–Aham.

–Eu não pensaria duas vezes antes de ir, Poseidon. Mas por favor, não me peça para deixar tudo isso.

–Eu nunca pediria – ele riu – Foi só um pensamento que veio agora.

–Ah, que bom – ela suspirou.

–Mas... Ei, tive uma ideia! – ele riu, saindo de trás de Atena e desenhando algo na areia. Um coração.

–Não acredito que estamos fazendo isso – ela riu.

–Aham – ele escreveu seu nome no coração – agora escreva o seu aqui.

Ela rolou os olhos, mas ficou de joelhos ao lado dele e escreveu um “Atena” em letras de forma embaixo do nome dele.

Tão clichê, e tão fofo...

–Feliz agora? – ela perguntou, se levantando e limpando a areia da roupa.

–Não, ainda não – ele respondeu olhando para ela, que o encarou, um tanto confusa.

–E o que falta?

Ele colocou uma mão no bolso da calça e de lá puxou qualquer coisa. Ainda de joelhos, Poseidon mostrou o que tinha na mão.

Era um anel. O mais bonito que Atena já tinha visto. Um anel de prata com uma pedra delicada e azul no topo, que brilhava sob a luz da lua. Alguma pedra preciosa de Atlântida , com certeza.

–Atena, eu estive pensando... – ele começou a falar, ao que Atena franziu o cenho, o cérebro processando o que estava acontecendo – e eu sei que tudo que aconteceu entre nós foi muito rápido, mas eu percebi que você é a única mulher que eu realmente já amei, e sei que é a única que eu sempre vou amar. E hoje você pode dizer que essa é uma decisão precipitada, mas hoje eu vejo que não faz sentido eu esperar mais tempo para te perguntar isso, pois não importa quanto tempo passe, o meu amor por você só vai aumentar. Eu provavelmente não estou sabendo explicar – ele riu – mas se eu sei que mesmo daqui a milênios eu vou querer fazer essa mesma pergunta, é melhor que eu pergunte logo, certo? Então... Atena... eu gostaria de saber... você quer se casar comigo?

A mente de Atena entrou em pane. Estava como um computador sobrecarregado, onde tinha travado tudo. Só uma resposta, uma palavra rondava a mente dela:

–Sim! – ela abriu um sorriso estonteante, sendo seguida por Poseidon, que mais que feliz colocava o anel no dedo de Atena, para depois se levantar e dar o seu melhor beijo na deusa.

*.*

De mãos dadas, rindo e conversando como os dois bobos apaixonados que eram, Poseidon e Atena voltaram para o palácio. Atena tomou um banho rápido e encontrou Poseidon já pronto para dormir, deitado confortavelmente na cama e sorrindo sem motivo para o teto. Sentando-se ao lado dele, ela perguntou:

–Pensando em quê?

–Em você – ele riu baixinho, mas não olhou para ela e permaneceu com o olhar fixo no teto.

Atena corou, mas sorriu. Ela levou uma mão ao peito dele, delicadamente, então o deus olhou para ela.

Novamente, olho no olho, verde no azul. Só aquela troca de olhares fazia o mundo ofuscar para os dois.

Cuidadosa e timidamente ela se inclinou sobre Poseidon e o beijou. Quando ele começou a retribuir aquele beijo, foi da forma mais doce e apaixonada que conseguia. Atena podia sentir o coração dele batendo sob a mão dela, acelerado, denunciando que Poseidon estava um tanto nervoso, e perceber aquilo fez a deusa ficar surpresa. Eu o deixo assim?, ela pensou.

Ele parou de beijá-la para sorrir da expressão confusa que Atena fazia.

–Acho melhor nós irmos dormir – ele falou, passando o polegar pela bochecha dela.

–Essa frase geralmente é minha – Atena sorriu – Mas você preferir dormir ao invés de... você sabe, me beijar ou evoluir para coisas pervertidas é novidade.

–É verdade – ele sorriu, trazendo a loira para deitar em seu peito – mas hoje eu estou feliz. Muito feliz. E... eu não sei, mas – ele falou, segurando a mão dela que estava com a aliança e depois olhando para a aliança de prata no próprio dedo – sinto como se fôssemos estragar a pureza desse momento se fizéssemos coisas pervertidas.

–Faz sentido, mas você está falando quase igual a mim – ele riu – Então vamos dormir?

–Vamos sim, meu amor – ele falou sorrindo, ao que a deusa corou. Ninguém nunca tinha chamado Atena assim.

–Eu queria poder dizer coisas bonitinhas assim como você, sabe? – ela suspirou – Mas eu sinto tanta coisa ao mesmo tempo, que nem eu mesma entendo para colocar em palavras... Então você vai ter que me desculpar, porque eu só consigo juntar tudo o que eu sinto e colocar em um simples “eu te amo”.

Poseidon sorriu de orelha a orelha.

–Não sei se você percebeu, mas acabou de dizer uma coisa bonitinha – ela ficou ainda mais vermelha – mas eu não me importo. Você está comigo, e isso é tudo o que eu preciso.

Atena não respondeu, apenas sorriu e se aninhou no abraço dele, para depois dormir ali mesmo.