Quando Poseidon chamou Atena dizendo  que já tinha escolhido o filme, ela ficou com medo de que tipo de filme ele teria escolhido, mas mesmo assim desceu até a sala.

Ao chegar lá ela encontrou Poseidon sentado confortavelmente no sofá e se sentou ao lado dele, perguntando:

-Qual é o filme?

-300.

-Ah bom – ela suspirou aliviada, ao que Poseidon percebeu.

-Por quê? Imaginou algo melhor?

-Pensei que você fosse colocar algo pornográfico, mas ok – ela falou, ao que ele deu uma risada gostosa.

-Ora Atena, é melhor fazer coisas pornografias do que assistir. Mas se você quiser, seria bem interessante mudar o filme...

-Cala a boca e assiste.

E assim começou o filme. Enquanto assistiam, Poseidon passou o braço pelas costas de Atena, trazendo-a mais para perto. Ela assistia ao filme concentrada, e se percebeu a aproximação de, não reclamou. Numa cena em que os espartanos agradeciam a Zeus pela tempestade no mar que afundou os navios Persas, Poseidon teve que comentar:

-Olha só que absurdo! Eu agito o mar, derrubo os barcos, mato uma boa parte do exército inimigo com a tempestade e esse povo agradece a Zeus. Como se o tomadinha tivesse ajudado em algo além de fazer barulho no céu com os trovões.

-Ora, Zeus é o deus supremo, eles podem agradecer a ele ao invés de agradecerem a você.

-Você só o defende porque é a filha preferida dele. Se pensasse claramente como eu, veria o quão injusto isso é.

Ela rolou os olhos.

-Sério, Poseidon? Você acha que um ser que só tem água no cérebro como você pode pensar mais claramente do que a deusa da razão e da justiça? É você que, como sempre, não está formando pensamentos coerentes.

-Não tenho culpa – ele deu de ombros – se você fica aí me seduzindo e atrapalha meu raciocínio.

-Te seduzindo? Mas eu to quieta vendo o filme, criatura.

-É, mas enquanto isso você fica aí mordendo o lábio inferior, me matando de vontade de te beijar. Isso fora o normal, que é você ficar aí sendo linda o tempo todo, em outras palavras, me seduzindo.

Ela nem percebeu que mordia o lábio inferior até ele falar. Isso era um costume que ela nunca percebera que tinha. E, como sempre, ela corou.

-Por que você diz isso? – perguntou.

-Em parte porque é verdade e eu quero mesmo te beijar – ele sorriu ternamente, de um jeito que a mente de Atena classificou como “fofo” – e em parte porque gosto de te ver vermelha.

-Por que?

-Por que você fica ainda mais linda assim.

-Mas por que... – começou ela, ao que foi interrompida por um beijo rápido dele.

-Você pergunta demais, Atena.

E então voltou a beijá-la de novo.

*.*

[Quem gosta da Pitty coloca aí pra tocar e repetir aí a música Equalize, e quem não gosta... bom, trágico]

A TV ainda estava ligada, embora nenhum dos dois deuses prestassem mais atenção no filme. Atena estava agora aninhada nos braços musculosos e fortes de Poseidon, enquanto o mesmo se revezava entre beijar a os lábios de Atena ou conversar coisas bobas com ela, e as duas opções lhe eram extremamente agradáveis. Vez ou outra ele fazia alguns comentários sobre o que ela dizia, só para mostrar que estava prestando atenção, mas na maior parte do tempo ficava apenas ouvindo aquela voz que ele adorava falando com ele.

Quando ele falava, no entanto, Atena parava e olhava para ele, escutando atentamente, até que olhasse nos olhos de Poseidon. Porque toda vez que ela olhava ali, os pensamentos dela se perdiam naquele verde.

Ela poderia ficar só olhando para Poseidon por horas, especialmente para os olhos dele. Dizem que os olhos são a janela da alma, e Atena tentava decifrar a de Poseidon toda vez que olhava nos olhos dele. Ela já tinha começado a perceber que o verde da cor do mar que ele tinha nos olhos ficava mais escuro e denso quando ele estava preocupado, e que brilhava quando ele se empolgava com alguma coisa.

E ao se perceber ali, naquele momento, ela se lembrou de uma música.

“E enquanto você conversa e me beija, ao mesmo tempo eu vejo as suas cores no seu olho tão de perto... e balanço devagar, como quando você me embala; o ritmo rola fácil, parece que foi ensaiado” Dizia a música.

E enquanto ela pensava, ele percebeu o olhar dela sobre sua pessoa:

-O que foi?

-Nada – ela deu de ombros – só lembrei de uma música agora.

-Qual? E por que você lembrou dela agora?

-É equalize, da Pitty. Lembrei dela ao observar seus olhos – ela corou ao admitir, fazendo o deus dar um enorme sorriso.

-Não sabia que você gostava desse estilo de música. Pensei que só ouvisse música clássica.

-É influência de Apolo – ela riu – ele já me fez ouvir todos os estilos musicais, desde Taylor Swift até System of a Down. Mas eu realmente gostei de Equalize.

-Adoro essa sua cara de sono, e o timbre da sua voz, que fica me dizendo coisas tão malucas... – ele cantarolou baixinho.

-Até parece que você já tinha o meu manual de instruções porque você decifra os meus sonhos...  – Atena continuou.

-Porque você sabe o que eu gosto, e porque quando você me abraça o mundo gira devagar...

Alguns segundos de silêncio se instalaram, até que os dois caíssem na gargalhada.

-É, vamos deixar a música para Apolo mesmo – ela falou, se recuperando do ataque de riso, sem se importar que aquela música fosse romântica demais para ter cantado com Poseidon.

Poseidon concordou, pensando que por mais que Atena não soubesse, tudo que ele cantou era verdade.