No Olimpo, Ártemis andava pelos corredores, lembrando-se de Atena e temendo pelo que Poseidon estaria fazendo com ela, quando um sussurro chamou a atenção da deusa.

-Você fez bem a sua parte – falava uma voz floreada e melodiosa, feminina – E eu já avisei a quase todos os deuses sobre a festa, menos para Poseidon, Atena e Ártemis, que sumiu de novo.

A conversa vinha do outro corredor, seguinte ao que Ártemis estava.

-Se não der certo... ainda assim foi um prazer te ajudar, como sempre – seria impossível Ártemis não reconhecer a voz alegre de seu irmão gêmeo – e pode deixar que eu aviso a ela.

-No que se relaciona ao amor, eu sempre consigo o que quero – havia um sorriso na voz - você só não é um cupido melhor do que Eros, Apolito. E vai chamá-la para ir com você à festa, eu espero.

Ela ouviu um suspiro.

-Nós dois sabemos que ela não vai querer ir comigo, Afrodite. É mais provável que ela vá com alguma das caçadoras. Além de não ficar confortável especialmente comigo, ela odeia todos os homens, e até onde eu saiba eu sou um homem, então...

Ártemis sentiu um peso na consciência. Ok que ela odiava todos os homens, mas não tinha um desgosto especial por Apolo. Na verdade, ele ainda era o único com o qual ela suportava falar, e em casos extremos, tocar. Ela só não gostava nem um pouco quando ouvia as histórias dele pegando milhões de mulheres por aí, e nem sabia por que se importava com isso.

-Hey – Afrodite falou – essa de se odiar fica para Poseidon e Atena, apesar de eles já terem percebido que não se odeiam tanto assim. E ainda bem que você é homem e não mulher, porque se eu virasse lésbica qualquer dia a culpa seria sua. – eles riram.

-Sou tão sedução assim? – Apolo ria.

-Ô! Não sei como o amor da sua vida ainda resiste a você. Devia beijar ela, Apolo. O seu beijo a conquistaria.

- O meu beijo não te conquistou.

-É porque eu e você ficamos empatados em matéria de beijo. Mas poderíamos tentar de novo... – Afrodite falou com uma voz sensual.

Ártemis não gostava do rumo que aquela conversa tomava. Antes que tivesse que ouvir Apolo e Afrodite vendo quem beijava melhor, ela apareceu para eles, saindo de seu esconderijo.

-Oi, Apolo... Afrodite...

A deusa do amor deu uma risadinha e evaporou numa fumaça cor-de-rosa, deixando um cheiro de perfume no ar. Apolo saiu andando e Ártemis foi ao lado dele.

-Você ouviu a minha conversa inteira com a Dite? – ele perguntou.

-Hum... ouvi uma boa parte. Vai ter uma festa, é?

-É, pouco depois que Atena e Poseidon voltarem. Eu te chamaria para ir comigo, mas n— ela o interrompeu, colocando um dedo nos lábios dele. Apolo, surpreso, se calou e apreciou a sensação de ter aquela pele macia em contato com seus lábios.

-Eu... eu quero ir com você – ela falou – eu não te odeio, Apolo.

-Vai comigo? Sério? – perguntou o loiro, se empolgando e fazendo a irmã rir.

-Vou sim, mas primeiro quero que me explique que raio de acorde é esse que você fez com Afrodite.

-Bem... ela me pediu um favor e em troca me ajudaria com uma garota.

-Apolo? Precisando de ajuda com mulheres? Mas ela é a deusa do amor, Afrodite não apenas junta casais, ela faz com que eles se apaixonem. Essa menina vai acabar se apaixonando por você.

-A ideia é essa.

-Isso é maldade, Apolo. Brincar com os sentimentos dela... já que você não vai se apaixonar por ela de volta, não devia fazer isso.

-Mas Ártemis, - ele suspirou – eu pedi a ajuda de Afrodite exatamente porque estou apaixonado por essa garota, só que ela que não me quer. Então Afrodite prometeu me ajudar com isso sem usar nenhuma poção nem nada, fazendo o amor crescer naturalmente, contanto que eu cumprisse minha parte no acordo. E foi o que eu fiz, agora só resta esperar e continuar tentando.

A deusa franziu o cenho. Apolo estava apaixonado. Por alguma mortal qualquer, ou uma ninfa, ou mesmo alguma deusa menor.

Aquilo não deveria incomodá-la, certo?

Então porque ela se sentiu tão mal com isso?

Que confusão.