Agora, voltando ao presente...

Na sala dos tronos outra discussão ocorria.

–Seu acéfalo energúmeno, o que te fez pensar que tinha esse direito? – ouvia-se uma voz feminina gritando.

–Ora, minha cara Palas, eu sou um dos três grandes! Eu faço o que eu quiser. – o dono da voz exibia seu melhor sorriso sarcástico.

–Pode ir retirando o filhote do equino da precipitação pluvial se você pensa que tem essa liberdade toda comigo, seu ser pérfido!!*

[...] E ninguém precisava ser o deus da dedução e do raciocínio lógico para saber quem brigava.

*.*

Atena saiu do salão com raiva. Poderia reduzir ao nada quem quer que cruzasse o seu caminho. Entrou em seus aposentos, bateu a porta e se jogou na cama. “Acalme-se, Atena” ela pensou. “Pensamentos tranquilos. Poseidon morto. Ah, droga, ele é imortal. Então... Poseidon atingido por um raio. Leões despedaçando Poseidon. Não, não leões. Centenas de Myrmekos* carregando e devorando pedaços do deus dos mares...”

Com esses pensamentos felizes, a deusa adormeceu.

*.*

Ao ouvir o barulho da porta batendo, Atena acordou sobressaltada.

Estranho, ela havia fechado (leia-se batido) a porta, mas agora estava escancarada e batia. A deusa se levantou, fechou a porta e percebeu que havia um papel em cima de sua escrivaninha. Organizada como era, soube logo que ele não estava lá antes, (afinal o lugar de papéis soltos era na terceira gaveta, organizados em ordem alfabética de assuntos) então se aproximou. Não se sabe se foi apenas o efeito da luz ou Atena ficou mesmo mais pálida ao tomar conhecimento do texto contido na folhinha.

*.*

Ao chegar ao salão ela encontrou Poseidon sentado em seu trono, conversando animadamente com Zeus e Afrodite.

–Poseidon! – Atena chamou.

–Olhe só quem está aqui! Veio pedir desculpas pelo piti, Atena? – perguntou Poseidon, esboçando novamente aquele sorriso sarcástico.

Entretanto Atena não respondeu, apenas o entregou o bilhete. Nele estava escrito em letras de imprensa:

“O NIRAD ESCAPOU E FORMOU SEU EXÉRCITO. AGORA QUER VINGANÇA CONTRA OS QUE O APRISIONARAM. FUJAM.”

Poseidon riu.

–Calma, Palas, deve ser apenas uma brincadeira besta. Esse bilhete está muito tosco... Além do mais, não teria como o Nirad ter escapado de onde o deixamos.

–Mas Poseidon... se ele tiver fugido... ainda mais com um exército... – falou Atena, visivelmente assustada.

–Calma, Atena, nós podemos verificar. – falou Poseidon.

–Verificar o quê? – indagou Zeus.

–Parece que o Nirad escapou – explicou Poseidon – Não que eu acredite nisso, é claro, mas a nossa querida deusa da guerra está com medo – falou, cada palavra ensopada de sarcasmo.

–Vão logo então, se esse monstro escapou mesmo poderá vir atrás de vocês. – falou Zeus.

Num segundo Atena e Poseidon sumiram.

*.*

Ao chegar ao local onde os deuses haviam prendido o monstro (algum lugar próximo ao Pólo Norte) tudo o que viram foi destroços. Atena tremia, não apenas de frio, mas de medo.

–Eu falei... ele tem um exército... ele virá atrás de nós, Poseidon.

–Atena, nós somos imortais, o máximo que ele pode fazer é nos torturar.

–Por toda a eternidade!  Ou ele pode nos sequestrar e planejar algo para a queda do Olimpo, como Atlas fez com Ártemis.

Poseidon assentiu, começando a ficar preocupado, enquanto Atena olhava para algo no meio da neve.

–Por Zeus, o que é aquilo? – murmurou ela, aproximando-se de algo dourado que estava soterrado pelo gelo.

–Poseidon, é Apolo! – gritou ela, preocupada, correndo para socorrer o irmão, sendo seguida por Poseidon.

O corpo de Apolo estava coberto de Icor, e ele estava semiconsciente. Mesmo assim as palavras dele foram claras para os deuses. Apolo mal mexeu os lábios para dizer:

–Ele quer vocês.

*.*

N/A: okay, vamos aos asteriscos.

*Alguém entendeu essa frase de Atena? Ela quis dizer “Pode tirar o cavalinho da chuva.” E o significado de pérfido é “infiel, desleal”.. Anyway.

*Myrmekos: Formigas gigantes que aparecem nos Arquivos do Semideus.