Quando o filme acabou e as luzes se acenderam, Atena percebeu que tinha perdido mais da metade do filme, mas não estava exatamente reclamando. Saíram do cinema e já estava escuro, então resolveram ir ao Subway do shopping para jantar.

-Gostou do filme, Atena? – perguntou Poseidon ironicamente enquanto a loira pedia o sanduíche.

-Salada completa, por favor. Pão integral, queijo prato e... não tem ricota não? – ela falava com a moça que “montava” os sanduíches, ignorando Poseidon.

-Ouvi dizer que aquele filme até era legal – continuou ele – eu já não posso dizer nada, porque você não me deixou assistir.

-Eu não deixei?!                    

-Como você queria que eu prestasse atenção com você atacando meus lábios daquele jeito? – ela corou, ele riu e pediu seu sanduíche – pão parmesão e orégano, com queijo cheddar, cream chease e molho barbecue, por favor.

-Eu?! Eu fui uma vítima da situação! E por favor, fale mais baixo, Poseidon, aquele cara ali escutou a mentira que você disse. – ela falou e ele rolou os olhos, pegando a bandeja deles e se dirigindo a uma mesa.

-Não me importo se ele souber que essa loira sexy aqui passou o filme me agarrando – ele falou, colocando uma mão na cintura dela.

Atena corou e fingiu estar muito concentrada em seu sanduíche, ao que Poseidon riu.

Nessa hora um cara loiro apareceu, chamando a atenção de Atena:

-Atena? – ele sorriu, ela também.

-Erick! Há quanto tempo! – ela o cumprimentou, deixando Poseidon boiando. Quem diabos era Erick? O cara deu um aceno de cabeça para Poseidon e sentou-se à mesa com eles, conversando animadamente com Atena.

Dez minutos. Vinte minutos. Meia hora. Quarenta minutos se passaram e ali estava Erick, às gargalhadas com Atena, e Poseidon ali parado, com cara de tacho, vendo a deusa sorrir para o homem com um sorriso tão sincero e espontâneo, de um jeito que ela nunca tinha sorrido para ele. Quando ele olhou nos olhos dela e os viu brilhando de animação a cada palavra que o loiro falava, ele se cansou. Já furioso, ele se levantou da mesa e saiu.

Fora do shopping ele se sentou num banquinho de uma parada de ônibus, e ali ficou olhando para as estrelas até que sentisse Atena sentando-se ao lado dele.

-O que foi agora? – Atena perguntou.

-Nada, Atena. Por que você não volta lá para dentro e vai conversar com o Erick? – ele falou o nome do outro como se fosse ácido - Ele deve estar esperando por você, deve estar muito mais interessante lá dentro com ele.

-Não, estou bem aqui. – Atena rolou os olhos – Quer me explicar o motivo do surto?

-Quem é ele, afinal? Ele apareceu do nada e num segundo você estava lá rindo com ele, conversando tão animadamente que seus olhos brilhavam.

-Ele é o pai de Cherie, minha filha mais velha que está no acampamento meio-sangue. E eu não tenho culpa se gostamos das mesmas coisas, por isso me empolgo ao conversar com ele.

-Ah, ótimo, volta pra lá então. – ele falou se levantando – Eu e você não temos nada em comum mesmo, ele com certeza será uma companhia bem melhor do que eu.

-Não estou te entendendo, Poseidon. Você beija uma garota qualquer no parque e tem raiva se eu converso com um velho amigo.

Ouch. Ponto para Atena.

-Velho amigo com o qual você teve uma filha, né? Então vai lá e beija ele também, aí a gente fica empatado. Ou então aproveita e tem logo outra filha com ele, dessa vez do jeito normal, vai lá! – ele levantou o tom de voz.

-AH POSEIDON, EU TENTEI NÃO ME IRRITAR, MAS VOCÊ É INCAPAZ DE COMPREENDER QUALQUER COISA QUE EU DIGA, ENTÃO SIM, EU VOU VOLTAR LÁ PRA CONVERSAR COM O ERICK. TCHAU, POSEIDON! – ela gritou, entrando de volta no shopping, bufando, enquanto Poseidon andava pelo lado contrário ao da deusa, chutando o chão.

*.*

Já mais calmo, depois de muito andar, ele sentiu falta de Atena. Ele não deveria ter gritado com ela, e não entendia porque estava com raiva.

“Ela sorri pra ele de um jeito que eu nunca tinha visto.”

“Esse sorriso... ela deveria ficar feliz assim comigo, não com um cara qualquer que apareça por aí.”

“Mas... por quê?”

Só aí ele entendeu que era ciúmes.

Mas ciúmes? De Atena? Ele deveria odiá-la, não era? Por que raios ele estava com ciúmes?

Então Poseidon lembrou aquele beijo na biblioteca da casa, e de como ele recuou. Lembrou-se de como ele se sentiu ali, de como o coração dele acelerou e ele ficou nervoso. Em milhões de anos, Poseidon nunca tinha sentido nada assim. Ele se lembrou de vê-la lendo, com a testa franzida e mordendo o lábio inferior. Lembrou daquele beijo na cama deles, de como ele guardou o cheiro dela na memória e como ficou ansioso, nervoso e excitado com apenas um beijo. Não, ele nunca tinha sentido nada assim, mas queria se sentir daquele jeito para sempre.

E ele percebeu que só quem fazia ele se sentir assim era ela.

Consequentemente percebeu que precisava dela, e que não só precisava, mas queria ficar com ela.

E percebeu, finalmente, que a amava.