Eles agora caminhavam lado a lado, sem trocar uma palavra. Poseidon, como sempre, quebrou o silêncio.

-Atena?

-Hum.

-Me desculpa, eu não... eu não devia ter feito aquilo, eu não pensei que...

-Não, - ela o interrompeu friamente – não, eu que fui imatura. Nós não temos nada, você pode fazer o que quiser e beijar quem quiser. O erro foi meu por ter esperado um pouco... mais.

Ele não sabia o que ela queria dizer com aquele “mais”, nem mesmo ela sabia. Ainda assim, ele se sentiu desconfortável com as palavras da deusa, mas não fazia ideia de que havia sido quinhentas vezes pior para ela dizer aquilo.

-Então... – ele franziu o cenho – aqueles beijos não foram nada? Não significaram nada?

Atena não respondeu, e Poseidon não insistiu. Ele não tinha certeza se queria mesmo saber a resposta.

*.*

E assim eles chegaram a um restaurante italiano, chamado La Bellazita. Poseidon encontrou uma mesa vazia e puxou uma cadeira para Atena se sentar e depois se sentou na frente dela.

-O que vai querer? – ele perguntou.

-Tanto faz – a deusa respondeu dando de ombros. Poseidon estava terrivelmente magoado pela indiferença dela, e sabia que a culpa era única e exclusivamente dele. E isso não melhorava em nada.

Ele chamou o garçom e pediu um spaghetti tipicamente italiano para ele e sua “esposa”, e enquanto o prato não chegava, ele se limitava a observar os olhos frios e distantes de Atena. Quando o olhar dela encontrou o dele, ela perguntou:

-Que foi?

-Nada, só estava pensando. – respondeu ele, fazendo as palavras se arrastarem para fora de sua boca.

-Geralmente essa frase é minha, então deve ser algo extremamente preocupante para que seu cérebro faça tamanho esforço.

-É só que... ah, Atena, essa sua indiferença dói em mim.

-Não posso fazer nada, esse sempre foi o meu jeito.

-Não é verdade, cadê a Atena sorridente, divertida e encantadora que eu tive o prazer de conhecer nos últimos dias? Você poderia acreditar quando eu digo que me arrependo de ter beijado aquela garota. Foi uma atitude impensada, como sempre, aliás. Se eu pudesse voltaria atrás. Não gosto de te ver desse jeito, prefiro ver você sorrindo, até porque você fica linda quando sorri.

É preciso dizer que Atena corou?

-Você não vai me comprar com elogios, Poseidon. – ela falou, mas a sombra de um sorriso passou pelos lábios dela.

-Eu pensei em acrescentar um “apesar de entediante, mandona e orgulhosa” aí nos adjetivos, mas achei que não fosse o momento certo – ele deu um pequeno sorriso.

-Pelo menos você sabe o que é adjetivo, – ela sorriu, ao que ele sorriu também – mas você estava falando sério em tudo o que disse? Eu posso acreditar?

-Na verdade não – ela suspirou, quase matando a alegria que tinha renascido – você não fica linda só quando sorri, eu menti quando disse isso, é o tempo todo – ele sorriu, ao que ela retribuiu o sorriso, ruborizando.

Nessa hora o spaghetti chegou, deixando Atena aliviada por não ter que responder.

*.*

 Lá pelas duas da tarde eles resolveram ir ao shopping. Não tinham nada planejado para fazer por lá, mas Poseidon se animou assim que viu a fila giganorme (N/A: E quem liga se o Word não reconhece essa palavra?) para o cinema.

-Vamos, Atena, vai ser legal! – ele insistia, cutucando a deusa como se fosse uma criança de cinco anos.

-Hum... Ok, mas eu escolho o filme. – Atena falou, ao que ele logo concordou. Ora, não era exatamente assistir o filme que ele pretendia fazer.

Resolveram então assistir um filme cujo nome era “The Vow” (ou “Para Sempre” em português), que falava sobre uma mulher que perdia a memória num acidente e o marido dela fazia de tudo para que ela se lembrasse dele e para reconquistá-la de novo.

Poseidon comprou apenas dois copos de refrigerante e foram assistir o tal filme.

Ele tentou, tentou mesmo se concentrar na história que se desenrolava na tela à sua frente, mas simplesmente não deu. Calmamente ele tomou todo o seu refrigerante e depois ficou mastigando o gelo. Quando sua boca já estava tão gelada quanto um freezer, ele aproximou-se do pescoço de Atena e ali depositou um beijo. Atena quase pulou da cadeira com o choque térmico e o susto, mas ele continuou distribuindo beijos gelados até o maxilar dela, quando ela murmurou:

-Poseidon, eu quero assistir o filme...

-Shhhh – ele a calou com um beijo.

O contato da boca fria dele com o calor e a maciez da dela proporcionou uma sensação incrível para ambos. Atena podia sentir uma combinação da diferença térmica entre eles e das correntes elétricas que pareciam percorrer o corpo dela onde ele a tocava.  A respiração dela estava descompassada, ao passo que ele prendia o fôlego, inconscientemente.

Hesitante, ele levantou o braço da cadeira que os separava e a puxou para seu colo. A princípio ela parou de beijá-lo, mas não saiu de lá e logo agarrou os cabelos do deus, colando seus lábios de novo.