Ulquiorra levou Inoue para o quarto. Eles passaram o dia todo conversando, mas Ulquiorra só confirmava que estava escutando enquanto Inoue falava sem parar. De tanto conversar, a menina dormiu. Ulquiorra voltou para o seu quarto e se deitou para descansar. Estava tudo calmo até que ele ouviu barulhos de chuva e tempestades lá fora. Levantou-se da cama e foi observar a janela. Ouviu batidas na porta.

- Ulquiorra! Ulquiorra, abra a porta! – Ulquiorra reconheceu aquela voz que a maioria das vezes julgava a ser irritante.

Ele abriu a porta e Inoue entrou dando um abraço forte nele. Ela estava muito assustada com a tempestade.

- O que você está fazendo aqui, menina? – Ulquiorra perguntou em um tom sério.

- Posso dormir aqui, Ulquiorra?! – A menina estava tremendo.

- Você não tem seu quarto? – Ele se ajoelhou para ficar de cara a cara com ela.

- Lá no quarto está brilhando muito e está fazendo barulhos altos... Estou com medo, Ulquiorra! – Lágrimas estavam surgindo dos olhos da menina enquanto expressava seu medo. – Não me deixe sozinha! – Ela o abraçou e ainda chorava. Ulquiorra retribuiu o abraço e ficou pensativo. ‘’Como alguém pode ter medo de uma simples tempestade?!’’ Pensou Ulquiorra enquanto tentava acalmar Inoue.

- Vou levá-la para o seu quarto. – Disse Ulquiorra enquanto desfazia o abraço. – Ficarei lá até você dormir.

Ela confirmou balançando a cabeça. Os dois foram para o quarto. A menina se sentou na cama e olhou pro chão, pensativa.

- Não vai se deitar? – Perguntou Ulquiorra com o seu tom frio de sempre.

- Eu estou pensando... Onde está a sua família, Ulquiorra? – Perguntou Inoue, curiosa.

- Não... Eu não tenho família. – Respondeu Ulquiorra, quase sem jeito.

- Não minta pra mim, Ulquiorra. – Os olhos de Inoue fitava os olhos esmeraldas de Ulquiorra. – Alguém muito querido da sua família está no céu, não é? – O arrankar se surpreendeu com a pergunta inocente da menina. – Eu sei disso por que quando eu falei sobre família... Você ficou muito incomodado. – Ela se aproximou do arrankar, que observava seus passos. – Me diz, Ulquiorra... Quem foi que te deixou assim?

- Vai dormir, menina. – Ulquiorra ignorou a pergunta de Inoue.

- Meu irmão mais velho morreu... E sinto falta dele. – Disse Inoue se segurando para não chorar de novo.

- Qual era o nome dele? – Ulquiorra parecia interessado com o assunto da menina.

- Sora. O nome dele era Sora. – Ela começava a chorar e se surpreendeu quando Ulquiorra enxugou suas lágrimas.

- Mitsuko. – Disse Ulquiorra.

- O que?

- Eu tinha uma irmã mais velha chamada Mitsuko. – O arrankar concluía a sua frase. – Ela também morreu.

- E foi ela que deixou você assim, Ulquiorra? – Perguntou Inoue.

- Assim como?

- Assim... – Inoue apontou o dedo na direção do rosto de Ulquiorra. – Você parece tão triste, Ulquiorra... Tão solitário... É por causa dela que você é assim?

- ... – Essa é outra das perguntas que Ulquiorra não sabia responder para a menina. Ficou calado enquanto fitava aqueles olhos cinzas.

- Eu fico feliz por você ser a minha companhia a partir de agora! – Disse Inoue com um sorriso alegre. Ela começava a ter sono e se deitou na cama. – Vamos ser amigos, Ulquiorra?

- Amigos? – O arrankar tentava compreender.

- Amigos ajudam uns aos outros. Estão sempre juntos... E... Eu gosto de você. Somos amigos, certo? – A menina fechou os olhos, mas ainda não dormia.

- Não sou seu companheiro. Sou o seu guardião. – Disse frio. Ele percebeu que ela sorria e ficou confuso.

- Você nunca sobreviverá sozinho, Ulquiorra. Se sentir sozinho... É cruel... É ruim... Nunca... Fique... Sozinho... – Então ela dormiu. Ulquiorra ficou pensando nas palavras dela. Realmente é ruim ficar sozinho? Ou é apenas outra imaginação humana? Muitas perguntas... Que somente Ulquiorra pode descobrir a resposta.