Acordei com o Lucas entrando no meu quarto, iríamos para a igreja novamente, mas dessa vez a Nanda e o Math iriam com a gente. Hoje era aniversário do Josh e eu definitivamente não conseguia parar um minuto se quer de pensar nele, e chorar por ele.

Estava sentada perto da piscina pensando em como começar a minha redação, que a professora pediu para fazer sobre quem somos. Fazia quase duas horas que eu estava ali, pensando. Tentei explicar pra Niki minha dificuldade em fazer essa redação, já que nem eu mesma sabia quem eu era e o que queria ser. Mas como sempre, acabamos discutindo e ela me disse coisas horríveis. Suspirei e rabisquei a folha, depois a rasquei e a amassei fazendo uma bolinha.

Josh: Ta tudo bem, Jú? – ele falou se sentando ao meu lado – Você parece... Desanimada.

Juliana: Talvez porque eu realmente esteja desanimada.

Josh: Problemas com sua redação?

Juliana: É impossível faze - lá, ainda mais depois de tudo que Niki disse.

Josh: E o que foi que ela disse?

Juliana: Bem... Eu disse a ela que não podia definir quem eu era, pois as pessoas mudam assim como as coisas, e que eu poderia estar definindo algo que certamente no futuro seria mentira. E ela disse que não podemos mudar depois que já sabemos quem somos, ou seja, mudanças são feitas apenas porque achamos que estamos mudando... Mas é apenas o tempo nos mostrando quem somos e o que nos tornamos.

Josh: Não sei por que você ainda dá ouvido a essa garota – ele sacudiu a cabeça em reprovação.

Juliana: Que tal porque ela é minha amiga?

Josh: Não é um motivo e sim uma desculpa.

Juliana: Tanto faz. O que interessa mesmo é: como vou fazer essa redação idiota!

Josh: Se quer saber minha opinião, nunca é tarde demais ou, cedo demais pra ser quem quiser ser. Não há limite de tempo. Comece quando você quiser. Você pode mudar ou ficar como está. Não há regras pra esse tipo de coisa. Podemos encarar a vida de forma positiva ou negativa. Espero que você encare de forma positiva. Espero que veja coisas que surpreendam você. Espero que sinta coisas que nunca sentiu antes. Espero que conheça pessoas com um ponto de vista diferente. Espero que tenha uma vida na qual se orgulhe, e se você descobrir que não tem… Espero que tenha forças pra conseguir começar novamente.

Juliana: Oh Josh – o abracei – Tudo isso é lindo. Realmente lindo. Mais ainda não defini quem sou hoje.

Ele revirou os olhos e me encarou sério.

Josh: Ok. Vou te definir... Bem, você Jú é bipolar cara, sei lá, tem horas que você é toda romântica e tal e dá vontade de te agarrar e te abraçar, mas tem horas também que minha vontade é de te socar entendi? Você fica irritada do nada, quebra as coisas, faz birra como uma criança de 4 anos de idade e depois de se descabelar, você chora, sim chora feito um bebê e só pára quando vê que não tem motivos pra chorar... E então de repente está você lá, sorrindo de novo. Você é a pessoa mais melodramática que eu já vi, é folgada pra cacete e quando quer... Realmente sabe irritar. Mas acima de tudo, você é fiel, amiga e companheira. Você enfrenta tudo e todos para defender o que acha certo e isso é maravilhoso, você tem um brilho próprio que faz com que a nojenta da Nicole se sinta apagada, inútil e é por isso que ela dá esses nós na sua cabeça, para te deixar mal. Só que você é superior Jú, então por favor, esquece essa garota e escrevi logo essa droga de redação, porque eu quero te levar pra tomar sorvete, ok? – ele então sorriu e pela primeira vez nesse dia eu me senti especial, não só por suas palavras, mais também por ter ele como irmão.

Fernanda: Jú? – ela me chamou me tirando de minhas lembranças.

Juliana: Oi?

Fernanda: Pronta? Temos que ir.

Juliana: Sim, claro. Vamos. – falei a acompanhando até o carro.

1 semana depois.

Uma semana se passou e nenhuma noticia do Travis nem do Gui, eu já estava quase tendo uma síncope nervosa, por esperar noticias deles e nada. Hoje era o primeiro dia do campeonato e o Math estava andando de um lado para o outro e dando ordens aos garotos, a ausência do Travis não estava apenas me torturando, mas também atrapalhando os jogadores, todos estavam contando com sua presença.

Fui até o vestiário feminino arrumar minha roupa e retocar minha maquiagem, antes de ir para a arquibancada.

Pietra: Sério se a Fernanda e o Math não pararem de gritar com todos os jogadores, eles vão acabar apanhando.

Juliana: A Nanda está gritando novamente?

Pietra: Sim! Até com o Treinador ela gritou e olha que tem que ser muito corajoso pra fazer uma coisa dessas.

Juliana: Nem me diga. – revirei os olhos.

Pietra: Estou morrendo de saudades do Gui, mas quando eu ver ele, ele vai se arrepender de ter nascido. O que ele tinha que ir e não dar noticia? Ele e o Travis sabiam que esse jogo era importante, tanto por causa da escola quanto por motivos pessoais.

Juliana: Vocês querem mesmo o clube de volta não é?

Pietra: Claro! É nosso por direito, o jogo do ano passado foi armação.

Juliana: Armação?

Pietra: Sim, o Apolo...

Fernanda: Jú? Pietra? – A Nanda entrou no vestiário gritando e interrompendo a Pietra.

Juliana: Sim?

Fernanda: Porque vocês ainda não estão no lugar de vocês? Isso aqui está ficando lotado e vocês ficaram sem lugares! – a Nanda realmente estava histérica por causa desse jogo, tenho dó se os meninos perderem.

Pietra: Já estamos indo – ela disse me puxando para longe da Nanda.

Quando ela me soltou no corredor algo forte bateu em meu ombro e eu quase caio no chão, mais duas mãos fortes me seguraram. Levantei a cabeça para olhar quem era... Travis.

Travis: Calma, gata. – ele disse sorrindo, e eu estava derretendo em seus braços. Que saudades que eu senti desse sorriso.

Pietra: Ai Travis graças a Deus você apareceu – ela falou cortando o clima – Onde está o Gui?

Travis: No vestiário, vim avisar a Nanda que chegamos. – ele passou a mão na nuca – Ela ta... Boazinha?

Pietra: Se boazinha que você diz é gritando com todos... Então sim, ela está boazinha – ela sorriu debochada e Travis fechou a cara.

Travis: Droga – murmurou e depois me olhou – Tenho outra aposta pra você, Jú.

Juliana: Como é? Outra? – perguntei perdida.

Travis: Sim, você pode me encontrar daqui a 15 minutos em frente ao seu armário?

Pietra: E o jogo? – ela perguntou se intrometendo.

Travis: Alice e as garotas vão animar ainda. – ele sorriu, orgulhoso.

Juliana: Ta né.

Travis: 15 minutos. – ele avisou mais uma vez e entrou no vestiário feminino.