Seu beijo é suave e delicado, envolvo meus braços em torno de seu pescoço e ele acaricia com uma mão meu rosto, sua outra mão está nos meus cabelos. Meu coração está disparado, um suspiro de satisfação escapa de minha boca antes que eu possa deté-lo, eu queria ficar em seus braços para sempre. Ele aprofunda o beijo, tornando-o um pouco desesperado, nossas bocas e línguas começam a brincar numa dança lenta e erótica então.

Então ele de repente se afasta, ofegando e eu o fito de olhos arregalados, minha respiração acelerada e minha cabeça girando.

Lentamente seus olhos parecem ter focos novamente e ele abre um sorriso radiante e diz:

Travis: E eu achando que perderia a aposta.

Então era isso? Ele me beijou apenas para testar sua teoria idiota? Senti meu rosto esquentar, a raiva crescendo dentro de mim, queria gritar e estapear ele, até que ele entendesse o quão estúpido ele acabou de ser. Respirei fundo e virei às costas para sair de seu quarto. Desci as escadas e vi o Gui e a Pietra saindo do quarto juntos com a Mel.

Guilherme: Achei que não viria se despedir de mim – ele disse me olhando.

Juliana: Até parece que eu ia deixar você viajar sem que você me desse tchau.

Guilherme: O Travis não vai descer? – levantou as sobrancelhas, surpreso.

Juliana: Quero que o avião caia com ele dentro. – rosnei brava.

Ouvi uma risada atrás de mim e me virei para ver o Travis, parado ao pé da escada.

Travis: Se o avião cair realmente, você vai se sentir culpada por essas palavras.

Dei de ombros, indiferente.

Juliana: Já carrego culpa na consciência, mais uma não faria diferença.

Travis sacudiu a cabeça, incrédulo. E eu me arrependi de ter falado isso no mesmo instante.

Guilherme: Você me odeia tanto assim, a ponto de desejar que o avião caia? – murmurou tentando alegrar o clima.

Juliana: Ah, nada contra você. – sorri de lado.

Caíque: Vocês vão voltar com Shep e Kate?

Travis: Ainda não sabemos como a Kate está. – ele disse triste.

Lucas: Quem são esses? – ele perguntou confuso.

Caíque: Katherine e Shepley Malik, irmãos adotivos do Travis.

Juliana: Espera – olhei para o Travis – A Katherine também adotada? – levantei as sobrancelhas surpresa.

 Travis: Sim. – ele disse simplesmente.

Lucas: Entendi.

Pietra: Mas então, o que houve com a Kate?

Travis: Um filho da puta a atropelou - seus olhos cinza queimavam de raiva.

Pietra: Ai meu Deus. Eu sinto muito!

Melissa: Mas a Kate é forte não é, Travis? Você mesmo me disse.

Travis: Claro, princesa. Muito forte. – ele suspirou não acreditando muito nas suas próprias palavras.

Juliana: E seus tios? – perguntei para o Gui, ainda estava com raiva do Travis.

Guilherme: Estão em Atlanta, numa viagem de negócios. Só conseguiram estar de volta a Nova York daqui dois dias, por isso eu e o Trav estamos indo para lá.

Rafael: E o Shep?

Guilherme: Shep está lá com Kate, mas queremos vê-la. Até porque o Trav não vai se concentrar no campeonato se não ver a Kate com seus próprios olhos. – deu de ombros.

Pietra: Sempre achei lindo o jeito que você se preocupa com Kate. – ela murmurou para o Travis.

Travis: Eu acho que é porque a amo muito. – ele deu um sorriso tímido.

Lucas: Bom, Mel... Agora que você já se despediu dos meninos, podemos ir pra casa?

Melissa: Mais já? – ela fez beicinho.

Juliana: Sim, princesa. Eles já estão de saída.

Melissa: Tudo bem – ela falou por fim, deu um abraço em Travis e depois no Gui.

Abracei o Gui e me despedi do restante, exceto pelo Travis, que evitei.

x

Sai do banho com uma toalha enrolada no cabelo e o Lucas me chamou:

Lucas: Juliana?

Lucas: O quê aconteceu?

Lucas: Calma, não foi nada.

Juliana: Ai, é que você só me chama de Juliana quando ta irritado ou algo deu errado.

Lucas: Só quero te contar uma coisa, ou melhor, a gente precisa conversar.

Juliana: O quê? Me diz, é algo bom ou ruim?

Lucas: Depende do seu ponto de vista, enfim, senta aqui. – ele bateu na cama, indicando aonde eu deveria me sentar. – Antes de tudo, quero dizer que te amo.

Juliana: Lucas, para de enrolar.

Lucas: E eu não queria que isso fosse algo de mim.

Juliana: Lucas, me diz logo.

Lucas: Eu te amo, não esquece.

Eu já estava respirando com dificuldade, estava trêmula e meus olhos já estavam imersos a lágrimas. Baixei a cabeça para ouvi-lo dizer:

Lucas: Juliana, eu ronco a noite.

Levantei a cabeça sem acreditar.

Lucas: É Jú, eu ronco. Eu não queria, mas eu ronco.

Juliana: Era isso?

Lucas: Sim, tem algo mais importante que isso? – ele começou a rir.

Juliana: Não to acreditando, Lucas.

Lucas: No que? Meu ronco? Você se acostuma amor.

Juliana: Você é muito inútil, que raiva. Eu quase morri aqui e você faz isso? Lucas, você tem quantos anos? Oito?  

Ele continua a rir, só que mais alto.

Juliana: Velho, eu quase morri. Eu pensei em tudo, que raiva. Você quase me matou, Lucas.

Lucas: Queria ver qual seria sua reação. – ele continuava a rir sem parar.

Juliana: Idiota, te odeio Lucas. – falei e bati nele.

Ele tentou parar de rir, eu estava muito brava.

Lucas: Então...

Juliana: Então o quê, idiota?

Lucas: Como vamos resolver o problema do meu ronco?

Juliana: Simples. Você dormi na sala e eu no quarto.

Lucas: O quê? É assim mesmo?

Juliana: Claro, nossa amizade é na saúde e na doença e não no sono e na insônia. – ri.

Lucas: Claro que não, vou dormir agarradinho com você, com minha boca perto do seu ouvido.

Juliana: Até parece, te bato a noite toda.

Lucas: Pode bater, nem ligo.

Juliana: Ah não?

Lucas: Lógico que não, só não levanta da cama.

Eu sorri e coloquei as mãos em sua cintura.

Juliana: Por que não? Vai sentir minha falta?

Lucas: Não, é que você é desastrada demais e com certeza vai bater a canela na mesinha do lado da cama e vai gemer e chorar, e com isso vai me acordar. Odeio ser acordado. – ele começa a rir novamente.

Juliana: Idiota, eu posso ficar acordada com teu ronco e você não pode ficar acordado com meu gemido?

Lucas: Isso mesmo, além do mais os vizinhos vão achar outra coisa, sabe. E sou uma pessoa de família.

Comecei a rir.

            Juliana: Lucas, vai dormir, por favor.

Lucas: Vai comigo?

Juliana: Só se prometer roncar baixinho.

Lucas: Por você, eu posso tentar.

Juliana: E se não conseguir?

Lucas: Já dormimos varias vezes juntos e você já está mais que acostumada. Relaxa e vamos pra cama. – ele disse me puxando para me deitar.

Tirei a toalha do cabelo e me deitei ao seu lado, ele apagou a luz para eu dormir.