O sinal pra irmos embora finalmente bateu, Pietra e eu fomos para o estacionamento.

Lucas: Jú! – ele me chamou e eu olhei o mesmo.

Juliana: Sim?

Lucas: Você vai embora comigo não é? – ele fez beicinho e eu ri.

Juliana: Eu vim com o Math e a Nanda... E vou voltar com eles.

Lucas: Sobre isso. Por que não deixou eu te trazer hoje?

Juliana: Queria te dar um dia de folga, você não é meu motorista. – falei brincando.

Lucas: Eu gosto de ser seu motorista.

Juliana: Gosta?

Lucas: Sim. Gosto porque você fica cantando feito retardada no banco do passageiro e falando merda.

Juliana: Cala a boca, Lucas.

Lucas: Você vai comigo?

Juliana: Hoje não.

Lucas: Por quê?
Juliana: É seu dia de folga, leva alguma de suas amiguinhas. Hoje eu deixo.

Lucas: Tudo bem. Você que sabe. – ele disse saindo irritado.

Juliana: Luc, perae.

Lucas: O quê você quer?

Juliana: Passa mais tarde lá em casa?

Lucas: Pra quê?

Juliana: Fazer-me companhia.

Lucas: Vou pensar no seu caso. – ele sorriu e foi para seu eclipse prata.

Juliana: Vejo você mais tarde também? – perguntei pra Pietra.

Pietra: Vou passar à tarde com o Gui, ele vai viajar hoje a noite pra Nova York.

Juliana: Ele vai também? – perguntei surpresa.

Pietra: Como assim?

Juliana: O Travis me disse que vai pra lá hoje, mas não achei que o Gui fosse junto.

Pietra: Ah sim. É um problema de família, pelo que entendi. – ela deu de ombros e eu assenti.

Juliana: Entendo. Bom, então nos vemos amanhã?

Pietra: Você não vai se despedir dos meninos?

Juliana: Do Gui talvez, mas do Travis de jeito nenhum. – fiz careta e ela riu.

Pietra: Ok. To indo nessa. – ela me deu um beijo no rosto e foi para o carro do Gui.

Atravessei o estacionamento e o Math me esperava no carro junto com a Nanda.

Juliana: Ganhei um motorista novo, hein? – ri.

Matheus: Devia ser proibido sonhar acordada. – ele disse irônico.

Fernanda: Como foi seu dia? – ela perguntou enquanto eu me acomodava no banco de trás.

Juliana: Cansativo, tenho um par de tarefas pra fazer. – revirei os olhos.

Fernanda: Relaxa, logo você ta livre da escola.

Juliana: Ainda faltam dois anos pra mim. Vocês têm sorte de faltar apenas um.

Fernanda: Mais depois vem a faculdade. – ela me lembrou.

Juliana: Verdade. Já sabem onde vão fazer?

Matheus: A Nanda e eu estávamos pensando em nos mudar para Seattle.

Fernanda: Porque vamos tentar na Universidade de Washington.

Juliana: Sério? Washington? Digo, vocês vão se mudar para os Estados Unidos?

Fernanda: Compramos um apartamento lá já.

Juliana: Mais já?

Fernanda: A gente quer deixar tudo preparado pra nossa chegada lá sabe? Pra não ter tanto trabalho com a mudança. Sem tirar que estava barato o apartamento e perto da faculdade.

Juliana: Entendo. Realmente é bem mais pratico arrumar as coisas antes.

Fernanda: Estou animada com isso.

Juliana: Eu imagino – ri.

Matheus: Você vai para o nosso casamento né?

Juliana: Como é?

Matheus: Claro. Não será aqui.

Juliana: Se a Nanda prometer que eu vou ser a madrinha, então eu vou.

Fernanda: Quem mais seria se não você amor? É claro que prometo!

Juliana: E os meninos? Vocês já sabem onde eles pretendem fazer faculdade?

Fernanda: O combinado que o Gui e o Travis fizeram quando eles chegaram aqui foi: Quando se formarem, iriam voltar para Nova York e entrar na Columbia University, juntos. É um sonho que eles têm sabe? Enfim, eles vão pra lá. Rafa vai tentar na Cornell, em Nova York mesmo. E o Caíque em Princeton, Nova Jersey. – ela deu de ombros.

Isso me pegou de surpresa, então era isso? Todos já haviam planejado seus futuros, e eu nem se quer sabia se iria algum dia fazer faculdade, ou então ser alguém de verdade. Travis vai voltar pra Nova York, vai esquecer tudo e todos daqui. A quem você quer enganar Juliana? Ele vai te esquecer. Os outros vão estar lá por perto. Meu subconsciente rosnou pra mim e eu me segurei para não chorar.

Juliana: Que legal. – disse tentando o maximo que pude parecer animada.

Fernanda: Ahn. Mas eu não sei bem como vai ser pra Pietra.

Juliana: Como assim?

Fernanda: Ora, todos já sabíamos que eles iriam voltar pra Nova York – todos menos eu – E ela e o Gui... O que vai acontecer? A menos que ela vá pra lá, duvido muito que eles fiquem juntos.

Juliana: Tenho certeza que ela vai ir com ele. Ela o ama e iria até o fim do mundo por ele.

Fernanda: Pode ser. – ela deu de ombros novamente.

x

Estava na sala com o Lucas, era umas 7:30 já.

Lucas: Jú?

Juliana: Oi amor?

Lucas: Jú?

Juliana: Oi mô?

Lucas: Jú?

Juliana: Oi Lucas?

Lucas: Jú?

Juliana: Oi?

Lucas: Jú?

Juliana: Que foi Lucas? Fala! Abre a boca, to aqui. Diz o que quer.

Lucas: Joga videogame comigo?

Juliana: Não, Luc.

Lucas: Por favor?

Juliana: Não. E por falar nisso, abaixa o volume. Ta alta demais e eu to querendo dormir.

Lucas: Tem certeza de que não vai jogar comigo?

Juliana: Tenho Luc.

Lucas: Ok – ele levantou, aumentou o volume e trocou de controle, pegou o sem fio. Veio em minha direção no sofá onde eu estava deitada, e se jogou em cima de mim.

Eu gritei.

Juliana: Sai de cima Lucas, to sem ar.

Lucas: Vai jogar comigo?

Juliana: Não. Sai de cima cara, ta doendo, sai.

Lucas: Vai jogar?

Juliana: Vou, vou, vou, vou! Satisfeito?

Lucas: Diz que me ama.

Juliana: Eu te amo Lucas, agora sai.

Lucas: Diz que me quer.

Juliana: Eu te quero, Lucas. – ri.

Lucas: Diz que minha barriga é a melhor de todas?

Juliana: O quê? – continuei a rir.

Lucas: Diz logo!

Juliana: Lucas, sua barriga é a melhor.

Lucas: Eu sei!

Juliana: Agora sai!

Lucas: Não.

Juliana: O quê? Eu falei tudo o que você pediu.

Lucas: Mas, ta gostoso aqui.

Juliana: Lucas, sai. – fiz força e ele saiu.

Levantei-me e ele começou a rir.

Juliana: Eu vou contar de um até três e você corre se não eu te mato. – rosnei e ele riu mais.

Comecei a correr atrás dele pela casa, ele rindo e eu tacando as coisas que via pela frente nele. Até que a Mel para na minha frente, me impedindo de continuar.

Melissa: Plima Jú?

Juliana: Oi amor?

Melissa: É verdade que o Trav e o Gui vão embora? – ela perguntou com os olhinhos cheios de lágrimas.

Juliana: Não! Eles só vão passar uns dias na casa deles, e depois voltam.

Melissa: Aqui é a casa deles!

Juliana: Eles têm uma família em Nova York pequena, tem uma casa lá.

Melissa: Aqui eles também têm uma família, uma casa... Não precisam ir embora.

Juliana: Eles vão voltar. – sorri e a abracei, enquanto ela chorava.

Lucas: Tive uma idéia, por que você não vai lá se despedir deles? – ele disse parando ao nosso lado.

Melissa: Boa idéia! Plima jú, você me leva lá? – ela perguntou animada.

Juliana: Claro linda, vai colocar uma blusa de frio que nós vamos.

Melissa: Eba! Eba! – ela falou subindo as escadas correndo.

Revirei os olhos e suspirei.

Lucas: Que foi, gorda?

Juliana: Gorda? Se fode Lucas.

Lucas: Não sem você.

Juliana: Fingi que eu morri.

Lucas: E não me chamaram para o enterro? – ele se fez de ofendido e eu taquei uma almofada nele. – Tudo bem. Me diga, que foi?

Juliana: Nada.

Lucas: Fala logo.

Juliana: Só não queria que os meninos tivessem que ir agora para Nova York.

Lucas: Por quê?

Juliana: Porque não queria oras.

Lucas: Os meninos, ou o Travis? – ele disse levantando uma sobrancelha, ele me conheci tão bem.

Juliana: Não seja ridículo.

Lucas: Então não seja mentirosa, não combina com você. – ele piscou pra mim e veio me abraçar.

Melissa: Vamos? – ela perguntou descendo as escadas.

Juliana: Claro. – sorri e peguei sua mão.

Fomos pra casa dos meninos e apertamos a campainha.

Caíque: Meninas! – ele disse abrindo a porta.

Lucas: Ei! - falou na defensiva.

Caíque: Desculpa aê – ele falou rindo.

Melissa: Onde está o Travis e o Gui? – ela perguntou entrando.

Rafael: Oi pra você também, pequena. – ele saiu da cozinha – O Gui ta no quarto com a Pietra e o Travis ta lá em cima... Arrumando as coisas, eu acho.

Melissa: Tudo bem. – ela falou pegando minha mão e me puxando para o quarto do Travis.

Juliana: Mel! Calma... – disse tentando parar ela, mas já era tarde.

Ela abriu a porta do quarto, Travis estava no celular com alguém, de costas para a gente. Havia uma mala preta e grande ao lado de sua cama, ele se virou pra gente e sorriu.

Travis: Tá... Não, tudo bem. Ahn... Ok, tenho que desligar agora. – ele falou e desligou o celular. – O que fazem aqui?

Limpei a garganta, ficava difícil falar quando ele dava esse sorriso maravilhoso.

Juliana: A Mel... Hum... Queria se despedir. – falei lentamente.

Ele inclinou a cabeça para o lado, ainda sorrindo. E se abaixou, abriu os braços para a Mel o abraçar. Ela correu para os seus braços e ele a pegou no colo.

Melissa: Você não me prometeu que não iria embora até se formar? – ela perguntou já chorando de novo.

Travis: Minha princesa – ele falou limpando suas lágrimas - Eu não vou embora. Vou voltar.

Melissa: Mas por que você tem que ir agora?

Travis: A Kate sofreu um acidente... E eu quero saber como ela está.

Melissa: Você não pode apenas ligar e perguntar?

Juliana: Mel! – chamei sua atenção.

Travis riu carinhosamente e se sentou com ela no seu colo.

Travis: Não meu anjo, eu preciso vê-la. Ela é minha irmã e eu tenho que cuidar dela.

Melissa: Mais e eu?

Travis: Vou voltar rápido. Prometo.

Melissa: Tudo bem. Você vai me trazer presentes? – ela disse animada e ele riu novamente.

Travis: Claro. Que tal uma boneca?

Melissa: Eba! – ela então o abraçou forte e nesse minuto eu queria ser ela, e poder abraçá-lo.

Olhei para baixo, meu peito estava apertado e meus olhos cansados com as lágrimas não derramadas.

Travis: Já está sentindo minha falta? – ele me perguntou, levantei a cabeça para olhá-lo e ele estava sorrindo malicioso.

Juliana: Eu não. Estou é esperando pra ver quando posso começar a comemorar. – falei indiferente e ele riu.

Travis: Mel, o que acha de ir lá em baixo e se despedir do Gui também hein?

Melissa: Ahn. – ela disse descendo do seu colo e correndo para aporta.

Travis se levantou e veio na minha direção, parou a centímetros de mim e eu podia sentir sua respiração.

Travis: Então vai comemorar minha partida?

Juliana: S-sim – gaguejei.

Travis: Isso é um mau sinal. – ele disse passando a mão pelo meu rosto.

Juliana: Por quê? – dei um passo para trás.

Travis: Eu quero muito ganhar essa aposta. Tenho planos pra nós dois.

Engoli em seco, me esforçando para pensar em algo para dizer.

Juliana: Que planos? – minha voz era apenas um sussurro.

Ele se aproximou mais, me prendendo na porta e se inclinou no meu ouvido.

Travis: Surpresa. – ele sussurrou e minhas pernas tremeram.

Tentei respirar devagar mesmo com seu rosto a centímetros do meu, e ele sorriu, sabendo o efeito que estava tendo em mim.

Travis: Com calor? – ele perguntou malicioso.

Juliana: Um pouco – tentei parecer indiferente e passei por ele, indo para o lado de sua cama.

Travis: Diga-me uma coisa.

Juliana: O quê? – perguntei ainda de costas para ele.

Travis: Por que foge de mim? – perguntou me virando de frente para ele.

Juliana: Eu não fujo de você.

Travis: Não é o que pareci – ele falou olhando para meus lábios.

Ele então me puxou pela cintura e encostou de leve sua boca macia e carnuda na minha, prendi a respiração e fechei os olhos. Depois o senti me soltar, e ir para longe, suspirei e abri os olhos. Ele estava sorrindo de orelha a orelha, com rastros maliciosos. Ele está brincando com você, Juliana. Rosnou meu subconsciente e a raiva cresceu dentro de mim.

Juliana: Eu te odeio.

Travis: O quê? – ele perguntou atordoado.

Juliana: Isso mesmo.

Travis: Repeti isso. – ele disse se aproximando novamente de mim, seus olhos queimando.

Juliana: Não, não vou.

Travis: Não consegue mentir duas vezes, não é? – ele me puxou para seus braços e me beijou.