Eu Não Mudaria Nada Em Você. escrita por Amanda Suellen
Olhei para fora da janela do passageiro, incapaz de falar qualquer coisa enquanto serpenteávamos pelas ruas até em casa. Com um abraço tipo camisa de força, agarrei-me, tentando esconder os tremores que passavam por mim a cada cinco segundos. Eu não queria que ele visse, mas eu não podia fazê-los parar.
A nossa rua estava quase vazia, ele estacionou em frente a sua casa e pulou para fora do carro, dando à volta para me encontrar enquanto eu deslizava do lado do passageiro. Ativou as travas assim que eu sai.
Juliana: Eu não posso ir pra casa assim! – disse aflita.
Travis: Tudo bem, você pode dormir aqui e...
Juliana: Não! – o interrompi – Não vou dormir aqui, e os outros?
Travis: Os meninos estão tudo na casa da sua tia, eu posso avisar que você vai dormir aqui. – ele deu de ombros e esperou pacientemente minha resposta.
Juliana: Você faria isso por mim?
Sem falar nada ele me levou até as escadas da entrada, abriu a porta e me levou direto para o banheiro. Ele me levantou sobre o balcão, em pé entre os meus joelhos, virou meu rosto em direção à luz e inspecionou minha mandíbula.
Travis: Você vai ficar com uma contusão. Vamos colocar um pouco de gelo sobre ele para o inchaço, após o banho. – sua mandíbula apertou. – Ele...te bateu?
Juliana: Só me empurrou muito forte. Está dolorido, mas, na verdade minha cabeça dói mais!
Travis: Está doendo? – ele tirou meu cabelo do meu rosto e beijou minha testa tão suavemente que eu quase não acreditei. – você tem certeza que está bem? – ele perguntou pela segunda vez, e eu senti meu rosto desmoronar.
Com meu queixo pra baixo, acenei com a cabeça inutilmente.
Juliana: Sim. Tudo bem. – eu menti.
Ele bufou um suspiro incrédulo, passando a mão pelo cabelo.
Travis: Não quer mesmo que eu chame alguém pra você?
Eu balancei a cabeça. Eu tinha que me deitar logo, para que eu pudesse me desintegrar.
Juliana: Obrigado, mais não. Aonde vou dormir? – perguntei com minha melhor voz.
Travis: Só subir as escadas, primeiro quarto à direita. – ele sorriu de lado.
Eu escorreguei por ele, cuidando para não roçar contra qualquer parte dele, e me dirigi para as escadas.
Travis: Jú? – ele chamou suavemente, sem se mover da porta do banheiro. Eu olhei pra trás, agarrando o corrimão, e nossos olhos se encontraram. – Não foi culpa sua!
Mordi o lábio, forte, assentindo uma vez antes de me virar e subir correndo as escadas, meus sapatos batendo contra os degraus de concreto. No patamar do segundo andar, eu parei abruptamente e virei-me para olhar de volta para a ponta da escada. Ele tinha ido.
Travis narrando
Sai de casa e fui até a casa do Matheus, bati na porta.
Matheus: Eae, cara. Achou ela? – ele falou preocupado.
Travis: Sim. Ela vai dormir lá em casa hoje.
Matheus: O quê? Por quê?
Travis: Ela estava muito cansada quando chegamos aqui, e passamos em casa por que eu tinha que pegar...meu celular, ai fui ver e ela tava dormindo já. – passei a mão na nuca, estava nervoso por mentir sobre algo tão serio. – Levei-a para o quarto, é melhor não acordá-la.
Matheus: Ah! – ele falou surpreso – tudo bem então, valeu.
Assenti com a cabeça e dei um meio sorriso.
Travis: To indo nessa, avisa pros moleques.
Matheus: Ahn, pode deixar!
Voltei pra casa e fui até o banheiro, liguei o chuveiro e retirei minha roupa.
Não acredito que aquele maldito possa ter feito isso com a Jú, quando cheguei ela estava assustada e sei que vai ser difícil daqui pra frente. Não posso deixá-la agora, ninguém fará mal a ela enquanto eu puder ajudá-la, ninguém.
Travis: Droga! – disse me enrolando na toalha.
Não havia pegado nenhuma roupa pra mim antes de entrar no banho, será que a Jú já dormiu? Merda! Isso Travis, continue fazendo idiotices, vai lá e acorda a garota, parabéns, você é um asno. Meu subconsciente rosnou pra mim e eu bufei. Subi as escadas enrolado na toalha e bati na porta.
Juliana: Travis? É você? – ela falou abrindo a porta.
Quando ela me viu arregalou os olhos e levou a mão à boca. Apertei a toalha em volta da minha cintura.
Travis: Tenho que pegar uma roupa, desculpa.
Juliana: Ah, claro. – ela falou e seu rosto corou – Esse quarto é seu?
Travis: Ahn. – entrei e fui direto pro guarda roupa, enquanto ela se sentou na cama. – Te acordei?
Juliana: O quê? Não! Não consigo dormir com essa dor de cabeça horrível, e também, estou sem roupas pra tomar banho.
Travis: Oh, certo. Esqueci disso. Vou pegar o remédio lá em baixo, pode usar uma camiseta minha, se quiser. – dei de ombros e sai do quarto.
Desci e fui para o banheiro me trocar, depois fui pra cozinha e peguei duas aspirinas e um copo de suco de laranja.
Subi novamente e dei uma batidinha na porta e entrando, ela estava no banho já. Coloquei o suco com as aspirinas na cômoda e me sentei na cama.
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