A Ladra De Raios - Brittana escrita por Ju Peixe
Notas iniciais do capítulo
Boa tarde! Como estão?
Acordei algumas vezes durante a noite. Fiquei muito pouco tempo acordada, mas ainda assim lembro-me de ter visto a menina morena ao meu lado algumas vezes. Quando acordei hoje, ela ainda estava lá. Segurava um copo com um canudinho azul e um pote com alguma coisa dentro que eu não identifiquei.
- Abra a boca. – ela disse pegando a colher.
Obedeci e ela depositou uma colher com o conteúdo dentro da minha boca. Tinha gosto de pudim, e era delicioso. Comi mais um pouco e ela segurou o copo para mim. Comecei a sorver o líquido, que tinha gosto de biscoito de chocolate. Tomei tudo e logo senti meu corpo muito mais fortalecido.
- Onde estou? – perguntei à morena. Ela tinha olhos negros, assim como seus cabelos brilhantes e sedosos. Sua pele era mais escura que a minha e ela tinha um olhar cuidadoso sobre mim. Ela era a menina mais bonita que eu já havia conhecido. Devia ter mais ou menos a minha idade, doze anos.
- Você está no acampamento Meio-Sangue. – ela respondeu, limpando um vestígio do pudim no canto da minha boca.
- E você... – comecei, mas não terminei. Não sabia bem o que perguntar.
- Meu nome é Santana Lopez. Eu te encontrei na entrada junto do Finn. Trouxe-te para cá e fiquei cuidando de você nesta semana. Você fala dormindo, sabia? – ela perguntou sorrindo de leve.
Corei. Sim, eu sabia que falava dormindo. E geralmente falava o que não devia.
- E o que exatamente eu disse? – perguntei, fitando os olhos escuros.
Ela abriu a boca para me responder, mas neste momento Finn entrou no local em que eu estava. Ele pareceu aliviado ao ver que eu estava acordada, e então abriu um largo sorriso.
- Britt! Você quase me matou de preocupação! – ele disse me abraçando.
- Eu... Bom, deixarei vocês a sós. Brittany, creio que você queira guardar isto. – ela disse, entregando-me um chifre com a ponta com sangue seco. – E parabéns por ter matado o minotauro sozinha. Sinto muito pela sua mãe.
Santana saiu e me deixou com Finn. Levantei da cama, agarrada ao chifre. Meu coração estava apertado pela perda da minha mãe, mas eu não podia fraquejar.
- Finn, eu quero sair daqui. – disse olhando para ele.
- Certo... Venha, vou te levar para fazer um tour pelo acampamento.
Caminhamos por entre todas as trilhas. Conheci a plantação de morangos, os campos de arco e flecha, nos quais eu quase fui atingida por uma enxurrada de flechas, a arena em que os campistas treinam... E por fim fomos aos chalés.
- Estes três foram feitos para os três grandes. São os maiores do acampamento, afinal não queremos nenhum Deus maior irritado conosco. Aquele é o chalé em que você ficará por algum tempo... Só até seu pai te reconhecer. É o chalé de Hermes. Vem B, deixa eu te apresentar umas pessoas. – Finn falou animado.
Paramos na porta do chalé e um rapaz musculoso e mais velho, com a maior boca que eu já vi veio nos cumprimentar. Ele abriu um largo sorriso e, por um instante, achei que ele fosse nos engolir.
- Finn! E você deve ser a Brittany, certo? – o loiro perguntou e eu assenti – Prazer, eu sou Sam Evans, do chalé de Hermes. Você pode ficar com aquele espaço ali no chão, certo?
Olhei para onde ele apontava e vi um colchonete no chão. Assenti e larguei meus poucos pertences lá, o chifre e algumas roupas que Finn havia conseguido para mim.
- Brittany, venha! Nós temos treinamento com o arco e flecha! – o rapaz gritou.
Fui atrás dele e rapidamente chegamos ao campo de treino. Santana estava em um canto isolado, e acertava as flechas em seu alvo com facilidade. Sam me entregou um arco e eu comecei a tentar. E foi um desastre, não acertei nenhuma. O rapaz tentou me ajudar, colocando seus braços ao meu redor e tentando ajeitar o arco em minhas mãos. Sem sucesso.
Santana nos observava com certa atenção e até certo divertimento. Senti meu rosto corar com o olhar dela observando meus movimentos. Senti uma raiva insuportável tomar conta do meu corpo e mirei a flecha com precisão no alvo. Acertei e abri um sorriso vitorioso.
- Boa Britt! – ouvi Finn gritar a alguns metros de distância.
Busquei o rosto da morena em meio aos campistas. Ela tinha um sorriso leve no rosto, e logo se afastou.
Treinamos mais um pouco e depois voltamos para o chalé. Tomei um banho e logo estava saindo para jantar junto do resto do chalé. Sam tentou puxar conversa comigo algumas vezes, mas eu não estava muito afim de papo. Queria saber qual era o problema daquela morena, eu não achei nem um pouco legal ela rir de mim.
Sentei à mesa de Hermes e procurei o rosto de Santana. Ela estava sentada no meio de alguns outros campistas, a maioria com os cabelos escuros como o dela, mas de olhos variados. Cutuquei Sam de leve.
- De quem é aquela mesa? – perguntei.
- Qual? Ah, sim! É a mesa de Atena, os gênios do acampamento. E antes que eu esqueça, amanhã temos Captura a Bandeira, e você está no time azul. Nós inclusive temos uma aliança com os filhos de Atena. Fora alguns outros, tipo os filhos de Hefesto.
Assenti e comecei a me servir. Filha de Atena? Não me parecia muito o tipo dela, sei lá, meio nerd. Mas não importa, eu ainda estava extremamente irritada por ela ter rido de mim.
Quando eu estava prestes a dar uma garfada na minha comida, observei toda a mesa levantar e seguir para o fogo, despejando parte de sua comida.
- O que eles estão fazendo? – perguntei para Sam.
- Oferenda aos deuses. Pensamos nos nossos pais e despejamos parte da nossa comida para eles. – o rapaz respondeu.
Peguei parte da minha comida e despejei no fogo. “Seja lá quem você for, saiba que eu estou aqui”. Sai da fila e voltei à mesa, já absorta em meus pensamentos. Seja lá quem ele seja, só queria que me assumisse.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E aí, o que acharam?