Nunca Te Esqueci escrita por Carolina Fernandes
Acordei com o som do despertador tocando "Going To Hell", fui me arrumar para ir para o aeroporto. É hoje que eu vou para L.A morar com os meus tios e o Lipe, e fazer faculdade na UCLA, se alguém me falasse que eu iria acabar namorando o Scott e que ele seria um dos principais motivos para eu ir embora do Brasil eu diria que essa pessoa era louca e que eu nunca abandonaria aqueles que amo só por uma faculdade, sendo que aqui tem ótimas faculdades também.
O amor me trouxe e o amor vai me levar.
Por causa do amor pelos meus amigos, meus pais, meu irmão, meus tios, meus primos, e por causa dele eu decidi ficar, e agora isso não é mais motivo para ficar, eu posso vir para cá nas férias (claro que não vai ser a mesma coisa) e velos, meus amigos vão continuar aqui e ele também vai, apesar de o principal motivo de eu ir é o Scott. Eu tenho que esquece-lo por mais difícil que seja, por mais doloroso que seja, é isso o que alguém deve fazer: seguir em frente.
No fundo eu sei que algo não se encaixa direito, mas sou orgulhosa demais para voltar atras e perguntar para ele se o que aconteceu. Então eu vou seguir em frente e seguir com o meu plano: fingir que não doí, fingir que já superei e esperar que com o tempo não doa mais.
Terminei de fechar as minhas malas e dei uma olhada no quarto e uma foto chamou a minha atenção: eu com meus amigos no Rio de Janeiro abraçados de costas para o mar que refletia o por do sol.
Foi uma viagem para nunca esquecer!
-Ariel vem tomar café! - minha mãe gritou do andar de baixo.
-Já vou mãe - gritei de volta.
Peguei minhas malas e fui até a porta dei mais uma olhada no meu quarto reparei em como sua cor sempre foi branca com uma parede apenas dividida entre o preto e azul (minhas duas cores favoritas), na cama com o edredom preto com letras de músicas, na penteadeira de madeira, no meu lindo armário com os meus livros, no meu armário com espelho, nas cortinas que iam até o chão brancas e na porta que dava para o meu banheiro.
Vou sentir falta daqui, pensei.
Desci as escadas com um pouco de dificuldade por conta das malas, e fui para a mesa onde todos estavam tomando o café da manhã, e não pude deixar de reparar que todos olhavam para a comida mas não comiam.
Então para descontrair perguntei:
-Quem morreu?
Todos deram um sorriso minimo, mas um sorriso.
-Ninguém morreu - meu irmão respondeu.
-Ufa! Ainda bem, isso é um tremendo alivio para mim, porque se não eu nem ia embora - respondi com sarcasmo.
-Pensando bem... - meu irmão respondeu e deixou a frase morrer. Fazendo-nos rir.
Depois que o clima de adeus sumiu - por pouco tempo - meus pai e meu irmão colocaram as coisas no carro. Eu ajudei a minha mãe a lavar a louça (coisa que eu não faria mais) e dei uma ultima na casa. Sai de casa e fui para o carro dei meia volta e contemplei a casa que sempre foi o meu lar. Com um longo suspiro entrei no carro.
Começamos a conversar sobre tudo que se possa imaginar, relembramos algumas viagens antigas - como quando nós íamos para uma praia e a nossa reserva era para as três da tarde, saímos de casa as 12h para chegar no hotel as 18h porque meu pai errou o caminho, e quase atropelou o cara da bicicleta. Foi uma viagem e tanto.
Passou algum tempo - quase duas horas - e chegamos ao aeroporto.
Fizemos o check in e fomos esperar chamarem o meu voo.
Logo um monte de cabeleira castanha e ruiva vieram em minha direção - meus primos e tios.
Um dia eu parei para contar quantos primos eu tinha e a conta deu 28 no total - minha mãe tinha cinco irmãos e meu pai três. E a minha tia Priscila está grávida de um casal.
Depois de eu abraçar cada um e ouvir o quanto eles vão sentir minha falta (porque todos me amam) e eu também dizia que iria sentir falta de cada um, e confesso eu chorei o Rio Nilo, porque a minha família era muito unida e dar adeus para eles foi mais difícil do que eu imaginava que ia ser.
Então meus amigos chegaram - com eles estava a Aria - e todos vieram me abraçar, foi um abraço coletivo dos grandes, e até o Alex chorou. Eu fiz o meu discurso para cada um e prometemos manter contato umas 1000 vezes.
Logo o Lipe chegou com a vovó, e dizer adeus para ela não foi mais fácil do que ninguém, e a minha vó em muito tempo chorou. E logo foi ficar com minha família.
-Eu vou ao banheiro, já volto - avisei para todos e fui.
Me olhei no espelho e meus olhos estavam muito vermelhos dei uma lavada rápida e fiquei olhando para o espelho um tempo até que ouvi uma voz conhecida:
-Oi - disse Bruna.
Bruna era a melhor amiga da Fernanda, e foi isso que me deixou com cara de taxo.
-Oi - falei exitante.
-Eu sei que é estranho eu estar aqui, mas eu precisava te contar uma coisa e te dar uma coisa.
A olhei e ela continuou:
-Sei que não somos tão amigas, e sim colegas, mas eu sempre gostei de você, e por isso eu acho que você deveria saber que no dia do baile enquanto você cantava a Fernanda pegou o seu celular e mandou uma mensagem para que o Scott encontrasse você em uma sala, só que na verdade não era você que ele ira encontrar era a Fernanda. Então ele foi e quando ele ouviu passos ele se virou mas ela foi mais rápida e o beijou, eu bati a foto com o celular dela e filmei com outro - ela me mostrou um CD - ele não correspondei o beijo, e a separou dele a depois disse poucas e boas.
"Ela fez tudo aquilo pois achava que com isso vocês terminariam e ele poderia ficar com ela. Mas só metade do plano deu certo: vocês se separarem, ela achava que ele não amava você e que tudo aquilo era fingimento, e com esse plano eles poderiam ficar juntos, mas ela se enganou também.
Eu fiquei sem palavras e fiquei tipo: Oi? Como assim?
-Se você ainda tiver duvidas pegue esse CD e veja o video, mas só quando você estiver no avião - ela me entregou o CD deu meia volta e quando ia sair se virou e disse - Boa sorte em L.A;
-Obrigada - eu disse e ela saio.
"Passageiros do voo 007 para Los Angeles, o avião já ira partir".
Respirei fundo guardei o CD e fui. Demos um abraço apertado em grupo - porque meu tio Marcos ordenou o abraço coletivo.
E então eu e Lipe fomos em direção a porta que nos levaria a minha nova vida.
Me virei esperando ver Scott chegando no aeroporto igual aos filmes, mas ele não estava lá.
Nada é igual aos filmes.
(...)
Assim que o computador ligou eu coloquei e vi o video, Fernanda fingindo ser eu e então Scott se separou dela e brigou com ela e dizia que me amava. Eu chorei de novo por ter ouvido aquela declaração e por não ter o ouvido quando ele tentou se explicar.
Filipe achou melhor não falar nada sobre o meu choro apenas me abraçou.
"Senhores passageiros apertem os cintos o avião ira decolar"
E então eu comecei a sentir o avião levantar voo, indo embora.
Não tem mais volta, eu escolhi ir e apesar da verdade eu não posso voltar e não quero.
Ali era a minha antiga vida com coisas velhas, agora eu vou começar minha nova vida com coisas novas.
"Se duas pessoas devem ficar juntas, pode ter certeza que o destino irá faze-los se reencontrarem em qualquer lugar, e tanto na vida quanto na morte."
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