Angel escrita por Dayane Alves de Oliveira


Capítulo 28
Capítulo 28




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/335135/chapter/28

No domingo, a vó tinha uma surpresa pra ela;

-Angélica!- Gritou ela.

Angélica estava cochilando no quarto e a vó entrou:

-Angélica?

-Que foi? –Disse sonolenta.

A vó ficou calada um instante depois disse:

-Encontrei com sua professora na cidade hoje.

Angélica despertou rapidamente.

-E nós conversamos um pouco sobre você.

Angélica ouvia curiosa.

-Ela me disse que seu rendimento foi bom essa semana. Então... eu resolvi te tirar do castigo.

Angélica levantou-se num pulo de alegria, e quase abraçou a vó:

-Sério? –Perguntou ela.

-Sim.

-Obrigada!!!

-Mas saiba que outra dessa e é castigo de novo.

-Tudo bem.

-Pode se arrumar pra sair.

-É pra já.

-Você tem uma hora e meia.

-O que???

-É seu horário agora. E já é muita coisa.

-Mas vó...

-Limites!

Angélica ficou calada e a vó saiu. Ficou parada completamente frustrada ao ver que ao mesmo que tinha conseguido liberdade, era uma liberdade monitorada.

Mas não se concentrando nisso, mandou uma mensagem para Raphael encontra-la na cachoeira.

Pôs uma roupa de caminhada e como seu humor melhorou rapidamente, ela até brincou e fez duas marias-chiquinhas baixas com o cabelo. Antes de sair foi até a cozinha egar uma maçã para comer. Mas ouviu a vó falando ao telefone:

-Sim... é filha... –Ela estava falando com Andreia- pois é, essa semana ela teve um problema na escola... não, agora ta tudo bem... é mas eu estou preocupada com outra coisa... ela brigou com a Natália... eu sei que elas são assim mesmo... mas filha!... como não me preocupar se eu tenho duas adolescentes em pé de guerra na minha casa?... é, ma a rebelde da sua filha não ajuda... como assim ela tá bem?... filha ela não conversa com a gente! Dorme o dia inteiro e agora deu pra brigar... eu to tentando ter paciência mas... filha, ela precisa de ajuda médica... você quer falar com ela?... mas... ta bom, tchau filha...

Angélica ouviu toda a conversa sobre ela com lagrimas nos olhos. Mas antes de que as primeiras caíssem, ela deu meia volta e saiu.

Caminhou um pouco, mas palavras da vó a fizeram imaginar as palavras da mãe, palavras de despreocupação, até descaso. Começou a correr, quando as primeiras lagrimas caíram, ela correu cada vez mais. Quando passou por Raphael pela estrada, ele que caminhava calmamente rebatendo uma bola de basquete á chamou, como ela não respondeu ele correu atrás dela. Quando conseguiu chegar perto, ele á segurou:

-Ei! –ele viu que ela estava chorando – o que aconteceu?

Ela apenas tentou limpar as lagrimas, Raphael á ajudou ao ver que ela não queria falar.

-O que foi? – Insistiu ele.

-A minha mãe.

-O que ela fez?

-Antes de eu sair minha vó estava falando no telefone com ela....

-E...?

-Pelo que eu entendi. Minha vó não me aguenta mais aqui, nem minha mãe me quer lá.

-Talvez você tenha entendido errado. - Ele realmente não sabia o que dizer.

-Não –Disse ela séria.

Ele viu que ela não estava brincando e disse:

-Olha. Sua mãe pode não querer lá. Sua vó pode não te querer aqui. Mas pra mim, você está onde deveria estar. Perto de mim. –Ele passou a mão pelos cabelos dela e a abraçou, o que á fez chorar ainda mais, mas o abraço dele á confortava e tranquilizava.

-Desculpa, eu não te chamei aqui pra chorar. –Disse ela.

Caminharam até as pedras da margem da cachoeira e se sentaram. Ela perguntou se ele estava bem, ele disse que sim, não gostava de falar de si mesmo, nunca gostou e sabia que ela precisava conversar, então apenas perguntou como havia sido a semana. Esfregando as mãos ela começou:

-Eu tenho que te contar uma coisa.

-Conta.

-É sobre a Natália.

-Vocês brigaram de novo?

-Mais ou menos.

-O que aconteceu?

-Eu descobri por que ela me odeia e usei contra ela...

-Que menina má... –Disse ele rindo.

-Pois é...

-Então... por que ela te odeia?

Ela hesitou um instante, não sabia por onde começar.

-Naquele dia da briga... foi... mais ou menos por sua causa...

-Minha causa?

-É. Ela viu a gente conversando no balanço no dia do almoço e ficou me provocando...

-Ah...

-Então eu provoquei ela também, aí brigamos.

-Sim...

-Só que depois eu tive uma conversa com meu avô que me fez pensar: o que teria acontecido de tão grave que fez ela me odiar tanto?

-E você descobriu.

-Sim.

-O que então?

-Por que quando éramos crianças e eu vinha pra cá, todas as atenções eram pra mim. De todos, dos meus avós, dos pais dela, dos amigos, e o principal...

Ele ficou curioso esperando ela continuar:

-...Você.

-Eu?

-Ela sempre foi apaixonada por você, e inexplicavelmente eu só percebi agora.

Ele ficou calado incrédulo um instante, depois caiu na gargalhada.

-Qual a graça? –Perguntou ela.

-Isso é loucura!-Disse enquanto tentava parar de rir.

-Por que? É a verdade.

-Sua prima me odeia!!!

-Por que ela já te amou muito. Eu sou mulher Raphael, sei o que eu estou falando. Uma mulher só odeia um cara que ainda ama.

-Não faz sentido. Ela tá namorando agora. E além do mais, por que ela tá descontando em você?

-Por que ela acha que estamos juntos...

-E quer se vingar mesmo tendo seguido em frente?

-Não. Ela vai se vingar para aí poder seguir em frente.

-Entendi...

-E também por que, de certa forma todas as atenções continuam em mim agora, com todo mundo me vigiando.

-Ela tem que superar isso.

-Acho que ela não quer.

-E nós vamos ter que aguentar isso?

-“Nós”?

-Eu to envolvido certo?

-Certo. Mas o objetivo sou eu, você não precisa se preocupar.

-Mas me preocupo. –Ele pegou na mão dela – tudo que tem a ver com você me preocupa, quero que você fique bem. Não podemos deixar aquela louca te manipular.

-Ela é minha prima. Eu sei lidar com isso tá?

Ele olhou desconfiado mas disse:

-Tá...

Ela realmente estava tranquila nesse ponto. Por saber dessa pequena verdade sobre a prima, pelo menos por um tempo ela teria paz.

-Eu tenho uma coisa pra você. –Disse Raphael tirando um pacote das costas enquanto ela olhava curiosa. Angélica pegou o pacote e abriu o papel, quando viu o livro “Perto do Coração Selvagem”. Ela sorriu como sinal de agradecimento.

Mas não era o mesmo livro que ela havia lido na sebo, era outro mais novo.

-Era meu... bom, não é aquela segunda edição, mas o que importa é o conteúdo.

Ela ficou calada, e abriu o livro, na primeira pagina, tinha uma dedicatória:

“Aquietei minha tristeza nos seu olhos,

Amansei minha presa no seu tempo,

Apoiei meu sonho em seu pensamento.

Minha fantasia pendurada no seu peito,

Minha vontade apoiada em seu direito,

Pintei meu perfil em sua identidade.

Desliguei meu minuto

Que é pra saber se porventura escuto

As fibras do meu coração em desalinho;

Depositei em suas mãos meu abandono.

Seu clone, seu sangue, seu carbono,

“Desenrolei debaixo dos teus passos meu caminho.”

-É um poema lindo... –Disse ela.

Ele apenas sorriu também. E ela começou a folhear o livro, que estava todo rabiscado. Ela olhou curiosa pra ele, que explicou:

-É uma mania que eu tenho. Quando eu leio, faço anotações nas paginas, tipo o que eu gostaria que tivesse acontecido, só acrescentando... é como ter minha própria edição.

Ela olhou confusa e ele disse:

-Achou uma besteira né?

-Não –disse sorrindo – é interessante. Mas é um pecado contra a Clarisse.

-Verdade. Um dia eu me desculpo com ela. –Disse brincando.

Ele começou a falar do livro, de como a leitura foi importante pra ele no longo um ano e meio que ficou no reformatório. Descobriram que tinham o mesmo livro favorito: “O Diário de Anne Frank”. Distraíram-se conversando sobre varias obras e escritores de todos os gêneros. Angélica tinha muita facilidade de conversar com ele. Talvez por que se conheciam desde crianças, mas não era isso –Pensou ela – Se fosse por isso, também teria também que sentir o mesmo com reação á sua família, o que de jeito nenhum era  caso. Na verdade, dentro do coração dela estava crescendo um certo tipo de admiração e curiosidade por ele e também vontade de ser tão boa pra ele quanto ele havia sido pra ela. E ela estava gostando de sentir isso, vontade de fazer crescer esse sentimento bom em relação á ele.

De repente, lembrou-se de que tinha hora pra voltar pra casa:

-Eu preciso ir! –Disse se levantando

-Eu vou ficar aqui mais um pouco então. -Disse ele repetindo o obvio enquanto ela saiu andando. –E o livro?

-Eu pego outro dia. Quando tiver uma desculpa... –Disse pondo os fones de ouvido e saindo correndo.

Raphael ficou dando risada, ao perceber que isso dela deixar coisas com ele já era uma mania.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Angel" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.