Angel escrita por Dayane Alves de Oliveira
Fora as conversas por sms com Raphael, a semana foi uma tortura para Angélica. Se na primeira semana ela se mostrava forte e decidida a aceitar sua nova realidade, nessa, ela se mostrava triste e vulnerável. Estava entediada e desanimada nessa cidade. Sem entusiasmo e alegria, que na sua idade seriam comuns, ela estava angustiada e distante.
A mãe não tinha ligado nenhuma vez desde que ela chegou, e apesar de acostumada com a indiferença da mãe, ser ignorada á matava por dentro as poucos.
Perante todos em casa, parecia feliz e bem resolvida. No seu quarto porém, chorava até dormir.
No sábado, quando finalmente conseguiu ir na cachoeira encontra-se com Raphael. Ele tocou no assunto:
-Parece cansada. –Ele afirmou.
-Minha vó me fez limpar os moveis da casa inteira essa semana. –Respondeu com olhar distante.
-Não falei fisicamente.
Ela apenas suspirou. E ele continuou:
-Você está triste essa semana.
-Acho que só agora estou vendo onde me meti. Sinto falta minha casa. Da minha escola. Das minhas amigas. Do Phillip e da Angelina. Do calor, da praia...
-Devia pedir pra sua mãe pra voltar.
-Não dá. Ela me jogou aqui e esqueceu que eu existo. –Ela riu –No fundo não é tão diferente de quando eu estava lá.
-Ela deve sentir sua falta.
-Não. Ela me culpa pelo acidente. O Miguel era o filho dos sonhos dela e eu o matei. Se nossa relação já era péssima, depois disso, acabou definitivamente.
-Você não o matou.
-Ela acha que sim.
-Ela está errada.
-Não. Minha mãe sempre está certa. Não importa oque aconteça. E se você estiver certo, ela te encara com aquele olhar frio até você mesmo se convencer que está errado. Ela tem razão sobre mim, sou egoísta e imatura, e tenho que pagar por isso.
-Você também sofre. La tem que ver isso.
-Ela já tem problemas demais pra se preocupar comigo. Acho que ela está se separando do Phillip.
-Seu padrasto?
-É. Ela não conseguiu segurar o primeiro marido, e tá se livrando do segundo. Parece que pra ela o amor tem prazo de validade. Uma hora acaba.
-Isso é horrível. O amor não acaba.
-Claro! As pessoas deviam mater o amor, acho que ele acaba sim, mas é como uma planta. Só morre se você não cuidar.
-É uma ideia romântica.
-Devia ser a realidade.
-É, mas é muito difícil. Por isso que eu evito ao máximo me apaixonar.
-Por que acaba?
-Também, e também tem que ser mutuo, não adianta você tentar e a outra pessoa não.
-É verdade.
-Agora mesmo estou me esforçando muito pra não me apaixonar por você.
-Eu sou tão ruim assim? –Perguntou ela magoada.
-Não. Só acho que... Se eu me apaixonar por você. nunca mais vou querer outra pessoa.
Ela achou isso lindo. E ao mesmo tempo em que sabia que ele dizia isso para afasta-la, era o que fazia ele quere-lo ainda mais. Para tirar a seriedade do momento, Angélica não conteu o riso, ele também fez o mesmo, sabendo do peso da verdade.
Após um tempo assim, voltaram a conversa ao normal:
-Sua vó convidou meus pais pro almoço amanhã.
-É, ela está muito animada. Passou a semana toda falando nesse almoço.
-Sua família toda vai?
-Praticamente.
-Hum...
-Você vai?
-Claro!
-Pena que a gente não vai poder ficar juntos. –Lamentou ela.
-A gente dá um jeito.
Ela deu um sorriso triste, meio de lado.
-Vem cá! –Ele á puxou e ficaram abraçados por um tempo, até voltarem pra casa, mais uma vez como se nem se conhecessem.
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