Angel escrita por Dayane Alves de Oliveira


Capítulo 21
Capítulo 21




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/335135/chapter/21

No dia seguinte, após ignorar o som do despertador três vezes, Natália tentou de todo modo tirar Angélica da cama.

Ela se sentia cansada e desanimada, mas lembrando que tinha o trabalho de filosofia para entregar, prontamente se levantou e se arrumou, ou melhor, pôs a primeira roupa que viu pela frente, e sagradamente fez sua maquiagem. Sem tomar café, foi para a escola.

Ao chegar na escola, como sempre, foi ignorada por Natália, então foi direto para sua sala. Chegou na sala, pos os fones de ouvido aumentando o volumes dos Ramones e deixou o tempo passar. Quando viu Raphael entrar na sala. Ao vê-la ele sorriu e ela retribuiu com um aceno de cabeça. Ele se sentou na fileira ao lado dela, mas na ultima carteira.

Ninguém da sala recebeu Raphael bem. Durante toda a aula comentários maldosos iam em direção á ele. Sem dó atiravam-lhe bolinhas de papel, e um garoto até mesmo jogou os materiais dele no chão. Demonstrando paciência incorruptível, Raphael aguentou tudo calado, como se concordasse com aquilo.

Angélica e Raphael não trocaram nem um olhar até a hora do intervalo, e continuaram assim, não era bom pra nenhum dos dois serem vistos juntos.

Sentada para comer, Angélica apenas encarava a comida insossa, sem vontade nenhuma, não tinha tomado café, mas mesmo assim não estava com fome.

Foi quando ouviu o alerta de mensagens do celular. Abriu a mensagem:

            “Teimosa”

O numero era desconhecido, então com medo ela não respondeu, apenas olhou em volta, tentando imaginar quem diria uma coisa dessas. Foi então que viu Raphael do outro lado do refeitório, sacudindo o celular, com olhar divertido e sorriso satisfeito.

Então ela respondeu:

          “Como conseguiu meu num?” –A

          “Um criminoso não revela seus truques” –R

           “Pq disse q sou teimosa?” –A

           “Pq é”-R

            “Te falei que vc fica bem mais bonita sem maquiagem ;)” –R

            “Eu decido isso u.u” –A

             “Viu só? Tei-mo-sa” –R

Com raiva, ela não respondeu. Ele enviou outra mensagem:

          “Vc fica linda com raiva...” –R

           “Eu não estou com raiva” –A

            “E mente muito mal” –R

Ela olhou pra ele incredula, como que perguntando o que ele queria com isso e não respondeu novamente. Ele enviou outra mensagem:

            “Vamos na cachoeira hj?” –R

           “Não posso, provavelmente vão estar todos em casa hj, não dá pra sair...” –A

           “Tudo bem... Se mudar de ideia me avisa ;)” -R

            “Ok” –A

Logo bate o sinal para voltarem para a sala, então não se falaram mais novamente.

No final da aula, enquanto esperava por Natália no portão da escola, ela viu Raphael saindo, mas ao invés de pegar o caminho pra casa, ele atravessou a rua e foi para o caminho contrario. Ela o seguiu com o olhar, e viu ele cumprimentando alguns rapazes que nunca tinha visto antes, mas sentiu que não eram bons. Com roupas  largadas estavam com cigarros e latas de cerveja. Pareciam felizes ao encontrar com Raphael, mas talvez mais felizes pela idéia de que Raphael tinham o que eles queriam.

Desistindo de esperar Natália, Angélica foi pra casa sozinha. No caminho não conseguiu evitar de pensar no que Raphael ainda queria com aquele tipo de pessoa depois de tudo.

Chegou em casa e ajudou a vó a terminar o almoço. Comeu e falou muito pouco, estava angustiada. As três horas seguintes passou trancada no quarto.

Depois, um pouco mais a tarde, perguntou a vó se podia dar uma caminhada, e reconhecendo que a neta podia estar entediada, concordou.

Com um mini-short e o moletom de Miguel, que ela se recusava a deixar de usar, ela pôs os fones de ouvido e saiu, ao passar pela porta, viu Raphael chegando em casa. Para seu alivio, ele não parecia ter bebido, mas estava com um cigarro na mão. Ela o olhou de cima á baixo rapidamente e saiu. Ele não conseguiu não se sentir atingido pelo olhar frio dela, e pondo a mochila em casa, á seguiu.

Após os vinte minutos de caminhada, ela finalmente parou na cachoeira. Ela sabia que ele á seguia, mas colocou as mãos nos bolsos do moletom que praticamente cobria o short que usava e ficou esperando ele se aproximar.

Também com as mão nos bolsos da jaqueta, alguns minutos depois Raphael se aproximou dela. Sem dizer nada, eles apenas ficaram encarando um ao outro por algum tempo. Até que ele disse:

-Sei por que me trouxe até aqui.

-Sabe?

-É por causa do que viu hoje na saída da escola.

-Hum... você é esperto.

-E quer que eu te explique.

-Você não me deve nenhuma satisfação. –Disse ela com firmesa.

-É, mas você está preocupada.

-Um pouco... quem eram aqueles caras?

-Amigos da época da escola...

-Ah...

-Mas eu não tinha o que eles queriam.

Ela estava certa afinal. Então disse:

-Então por que ficou com eles? –Ela estava com o cabelo preso num rabo de cavalo, mas nesse momento o elástico escorregou um pouco.

-Não sei... só... –Ele não achou uma justificativa, então Angélica disse:

-É por causa disso que estou aqui! Por que tenho que evitar esse tipo de pessoa. Não cometa os mesmos erros!

-Você viu o jeito que me trataram na escola!!! Angélica... se eu não ficar com eles, com quem eu vou ficar?

-Fica comigo. –Ela disse com a voz mais doce que ele já havia ouvido. Ela se aproximou dele, tocou seu ombro e o abraçou.

Realmente eram verdadeiros amigos. Raphael tentou evitar, mas na volta pra casa acabou pegando na mão dela, e com os dedos entrelaçados andaram o caminho todo. Ao chegarem próximos de casa se despediram. Não houve beijo no rosto, ou um até logo. Mas a maneira como se olhavam dizia tudo.

       


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Angel" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.