Tudo estava pronto.

Oliver se via ansioso para contemplar mais uma vez aqueles olhos profundos e assustados. Pensara na sensação que mais logo tomaria conta de seu corpo; seria como mil bolas pequenas saltitando eufóricas, tentando de qualquer forma eclodir, tomar a liberdade e se inundar em prazer. A faca de titânio afiada aguardava o seu toque para ser mergulhada no ácido sulfúrico, e a única coisa que o impedia de fazer, era apenas o não despertar de sua vítima...

Com pesar, a menina de cabelos ondulados desperta. Iria começar. A satisfação que ele sentiria após o término de seu trabalho, lhe faria a pessoa mais realizada do planeta... A garota, deitada numa maca improvisada, abria lentamente seus olhos. Ainda não acordara totalmente; sentia que algo errado acontecia. Passaram-se alguns segundos, ela não conseguia mais evitar aquilo que lhe aguardava, seu corpo queria saber com o que lutaria, era seu extinto. Seus olhos piscaram rapidamente. “O que está acontecendo?”, pensava depois de recobrar parte de si. Tentou se mover.

— Olá... — Ainda tonta a garota tentava dizer. Sua voz foi como uma bela canção nos ouvidos dele, que num salto só, ficara de pé e caminhou para sua presa lentamente.

— Al...guém... por... favor... — Murmurou a moça mais uma vez.

O seu carrasco deixou escapar uma risada rápida, logo, a moça calou-se, tremeu. Ele esperava por ela; queria ouvir sua voz chamando por ele; implorando pela liberdade; por clemência... Então, para apimentar as coisas ele tratou de passar a ponta da faca em outro metal – isso produziu um som fino que apenas fez crescer o medo dela. A garota tentou se mexer mais uma vez, agora com mais força, rápido; tentou muitas vezes, porém suas tentativas tinham sido em vão e lágrimas agora faziam parte daquela desgraça.

Seus pensamentos estavam acelerados; ela tentava encontrar, lembrar-se de como fora parar ali, o motivo para tudo isso, mas não conseguia... Estava tudo vago e ainda um pouco incoerente. Imagens de um homem com olhos claros e sorriso largo não paravam de aparecer em sua mente – esse foi o jeito que seu corpo encontrou para alertá-la. Porém, a questão aqui era: por que aquele homem em especial?

— Quem está ai? Por favor... Me tire daqui... Me tire daqui... Me ajude... — Ela clamava aflita entre uma lágrima e outra.

Ele levantou-se novamente; olhava para uma mesa infestada de objetos pontiagudos, enferrujados, afiados – estes sendo de todos os tipos e tamanhos; ótimas armas de tortura, sendo algumas elaboradas por ele. Oliver pegou o objeto escolhido e se aproximou da sua vítima sem qualquer tipo de pressa. Ela, por outro lado, chorava desesperada, agora entre soluços. O assombro em seus olhos quando vira aquela arma foi o inicio da tempestade. Ele não pode deixar de sorrir e ela imediatamente reconheceu aquele sorriso... Era ele, o homem que não parava de passear entre suas lembranças; o homem que a tinha enfeitiçado.

— Você? O que... você vai fazer comigo? Me solte, por favor. Me solte!

Ele apenas deu um sorriso largo novamente e voltou a olhar aquela arma com carinho. Lentamente, passou a faca afiada, que tinha sido mergulhada no ácido sulfúrico, na perna da garota que gritou desesperadamente; aquele grito ecoou pela sala apertada e suja como uma sinfonia bela; ele ria e observando o sofrimento da menina de perto...

Tudo estava equilibrado: dor de um lado, e excitação do outro, ambas ficavam cada vez maior. Na perna da moça se formava alguma coisa... Um desenho... Ou talvez letras... A ferida na perna da garota estava exposta – assim como algumas partes do osso –, a fina camada de carne queimava e aquele sangue derramando sem parar, fazia-o molhar os lábios.

A situação se repetiu; dessa vez com os braços. A garota que uivava de dor a cada toque do ácido sulfúrico e da lâmina estava exausta já; seu corpo não mais respondia às expectativas que ela tinha depositado no mesmo, seu coração não mais batia como deveria, sua respiração não era mais tão rápida, assustada; seus movimentos, reflexos, estavam já lentos, no fim. O homem examinava o corpo da garota; sua pele cor de chocolate exposta, agora seria encarada como um lugar de diversão... Um grande e curvilíneo papel na cor marrom pronto para ser rabiscado, e ideias enquanto a esses futuros desenhos é o que não faltava.