Trouble escrita por Julice Smolder


Capítulo 5
When you were his daughter


Notas iniciais do capítulo

Oi, desculpem a demora, mas ai está mais um capitulo para vocês.
Escutem durante o capitulo: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=wLJSgTgAom8#!
Espero que gostem. Boa leitura



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Depois de pegar nossos sorvetes nos dirigimos às mesas brancas espalhadas ao redor da sorveteria. Sentei sobre aquelas cadeiras duras revestidas de plástico. A brisa da tarde batia em meu rosto. Minhas mãos agarravam o pequeno pote de sorvete em meus dedos enquanto analisava as árvores que nos rodeavam.

–Você parece diferente aqui –Damon falou enquanto colocava em sua boca uma colherada de sorvete.

–O que quer dizer Doutor? –Perguntei o fitando e segurando uma risada.

–Quero dizer, que você aqui, longe daquela clinica, parece melhor mais....

–Livre? –Completei sua frase e ele concordou. –Eu me sinto melhor aqui. –Fechei os olhos e respirei fundo, enchendo meus pulmões com aquele ar fresco que chicoteava meu rosto.

–Podemos vir aqui mais vezes –Damon deu de ombros concentrando sua atenção ao pote de sorvete em seus dedos.

–Podemos... –Murmurei e em seguida coloquei uma colher de sorvete em minha boca, sentindo o mesmo se derreter em minha língua e espalhar o gostinho agradável pela minha boca. A quanto tempo não comia um sorvete, essa era uma das coisas que eu sentia falta. Sentar no sofá no final da tarde, pegar um pote grande de sorvete e devorá-lo enquanto assistia a um programa de comédia na tv a cabo.

Damon e eu ficamos mais alguns minutos sentados naquelas mesas, comendo sorvetes e jogando conversa fora até que seu celular tocou e segundo ele precisávamos nos apressar para chegar a clinica. Ele disse que Lorena ligou avisando que eu tinha visitas. Deve ser Jer preocupado comigo novamente. Respirei fundo e continuei caminhando lado a lado com Damon até que chegamos à frente da clinica.

Assim que pisamos no chão gelado da clinica fomos recebidos por uma Lorena furiosa, seu rosto estava tomado por uma carranca, seus braços cruzados sobre o peito e sua boca fechada em uma linha fina.

–Elena, seu pai está aqui. –Cuspiu as palavras em minhas costas. Senti cada músculo do meu corpo enrijecer, minhas mãos se fecharem em punho e minha respiração ficar desregular.

–O-O que ele está fazendo aqui? –Gaguejei fitando a mulher morena em minha frente.

–Não sei, ele está no teu quarto, vai lá. –Ela apontou para o quarto. –Damon me ajuda com uma paciente? –Perguntou para o moreno ao meu lado.

–Não, eu preciso que o Damon vá comigo até lá. –Falei me agarrando ao braço do moreno.

–Minha querida –Lorena respirou fundo. –Você não prefere conversar a sós com seu pai? –Um sorriso forçado brotou em seu rosto.

Foi então que entendi o porquê do mau-humor de Lorena. Como eu, ela odiava meu pai, achava ridículo um homem com tanto dinheiro e poder ter abandonado a filha sozinha em uma clinica de reabilitação, achava ainda mais ridículo o fato de ele apenas aparecer quando precisava de alguma coisa.

–Por favor. –Sussurrei. –Deixa ele ir comigo? –Fiz bico e ela abriu um sorriso involuntário enquanto assentia.

Arrastei Damon pelo vasto corredor até que paramos em frente à porta do meu quarto. Eu sabia o que estava por vir, sabia o quanto ia me arrepender por abrir aquela porta, mas mesmo assim eu tinha que fazer. Assim que meus dedos tocaram a maçaneta gelada, eu senti a mão pesada de Damon sobre meu ombro, respirei fundo e abri a porta.

Meu “pai” ou John como eu o chamo, estava sentado sobre minha cama, seus olhos percorriam as paredes brancas até encontrar meus olhos assustados.

–Oi Eleninha. –Falou usando o tom mais repulsivo que pode. –Que bom que você chegou –Os cantos de seus lábios se repuxaram formando um sorriso falso. –Alias aonde você foi querida? –John enterrou as mãos nos bolsos de sua calça social.

–Não é do seu interesse. –Entrando no jogo falso dele, eu abri um sorriso cheio de desgosto.

–Hm –Olhou para o chão –Acho que você esqueceu que não pode sair daqui não é? –Seus olhos escuros encontraram os meus, eles estavam dois tons mais escuros e repletos de raiva, mas raiva de que?

–Claro que não esqueci, foi por isso que sai. –Sorri cruzando os braços sobre meu peito.

–Você não pode me expor assim Elena. –Falou mais alto do que pretendia, mas em seguida respirou fundo. –Você sabe muito bem que não pode deixar que os paparazzis achem você, eles não podem descobrir que eu John Gilbert tenho uma filha... –Sua frase morreu, ele engoliu em seco e fitou o chão.

–Não podem descobrir que o “maravilhoso” John Gilbert tem uma filha problemática? –Ergui uma sobrancelha. –A me perdoe, nem de longe eu queria ser um tormento na sua maravilhosa vidinha. –Usei o tom mais irônico que consegui enquanto revirava os olhos tentando afastar as lágrimas que queimavam em meus olhos. –Alias, se eu sou tão ruim assim para a sua imagem idiota, por que está aqui? Algum paparazzi pode aparecer nessa clinica e descobrir tudo sobre mim sabia? –Desafiei notando suas mãos se fecharem em punhos.

–Eu vim aqui para te ver –Aquelas palavras chegavam a ser nojentas de tão falsas.

–John, não vamos fingir que eu acredito nisso certo? –Dei um passo à frente. –Me diga o porquê veio aqui? Se for por eu ter passeado pelo parque hoje à tarde, tudo bem eu entendi o recado, agora vá embora. –Apontei para a porta onde Damon ainda estava parado feito estatua com os olhos arregalados e braços cruzados.

–Eu...Er...Você entendeu o recado, vou embora... –John deu alguns passos em minha direção e parou em frente ao meu corpo. –Sua mãe quer vir te visitar. –Murmurou.

–Não quero mais visitas de vocês, se conseguirem ficar o mais longe possível da clinica eu agradeceria. –Forcei mais um sorriso e John assentiu abaixando a cabeça e saindo do meu quarto.

Respirei fundo e senti uma lágrima quente escorrer pelo meu rosto, corri minha mão pelo local, limpando qualquer sinal de lágrimas em meu rosto. Respirando fundo novamente me joguei na cama sem pronunciar nenhuma palavra e sem me preocupar com o Damon parado no batente da porta.

A vontade de chorar era tanta que achei que fosse incapaz de sufocá-la, mas eu precisava ser forte e fingir que a visita de John não tivesse me abalado em nada. Sentia minha garganta se fechar, meus dedos agarrarem o tecido duro sobre o colchão e meus olhos arderem como se estivessem ateando fogo neles.

you seem so strong sometimes

Sem dizer nenhuma palavra Damon sentou-se na minha cama e permaneceu em silencio, eu sabia que ele não abriria a boca até que eu pedisse. Soltei todo o ar preso em meus pulmões e senti mais uma lágrima escorrer pela minha bochecha e no mesmo instante a sequei.

–Pode chorar se quiser. –Damon sussurrou evitando encarar meus olhos. –Eu sei que você quer.

–Não, eu não posso –Funguei enquanto me sentava na cama abraçada as minhas pernas. –Se eu me permitir chorar eu estarei quebrando a promessa que fiz a mim mesma. –Suspirei apoiando meu queixo sobre meus joelhos.

–Que promessa? –Damon sentou-se de frente para mim na cama, sentando-se sobre as pernas sem se importar em sujar minha cama com seus sapatos.

–Quando eu vim para essa clinica eu prometi a mim mesma que nunca mais choraria pelos meus pais, por que coloquei em minha cabeça que eles não me amavam e por isso não eram dignos de minhas lágrimas. –Dei de ombros tragando mais um pouco de oxigênio.

He's not worth all those tears that won't go away

Damon respirou fundo e em seguida assentiu fitando a parede sobre minha cabeça. Abaixei meu olhar para a colcha embaixo de nós, sentindo novamente as lágrimas estúpidas me sufocarem, como se estivessem gritando para que eu as deixasse fugir. Tombei minha cabeça para trás sentindo a madeira dura de a minha cama bater contra ela, doeu, mas não me importei continuei com a mesma parada ali, e com meus olhos colados no teto manchado sobre mim.

–Elena... –Damon me chamou e eu resmunguei um “hum” esperando que ele continuasse. –Se você não estiver se sentindo confortável eu saio daqui. –Damon falou.

Quando sua boca fechou, o silencio do quarto nos prendeu em uma jaula e tudo o que conseguíamos ouvir eram nossas respirações aceleradas e minhas fungadas repentinas. Eu não queria que Damon deixasse o quarto por que eu sentia que se caso ele o fizesse eu não seria forte o suficiente e choraria por horas e horas sem tempo para parar.

–Não vai embora, hoje não... –Abri e fechei meus olhos uma, duas, cinco vezes tentando afastar as lágrimas e assim que consegui, eu ergui a cabeça e encarei aqueles profundos olhos azuis transbordando preocupação. –Se você for eu irei chorar por causa de John, e tudo o que eu menos quero é isso. –Confessei notando seus olhos se arregalarem levemente.

–Tudo bem, eu fico aqui. –Ele procurou minha mão sobre a cama e assim que a achou apertou a mesma com força. –Quer um chá? Podemos ir até a cantina e comer alguma coisa.

–Eu não quero sair daqui hoje –Disse encolhendo os ombros. –Mas se quiser, pode ir –Esbocei um sorriso para o moreno em minha frente. –Poderia me trazer um chá e uma bolacha se quiser. –Sorri marota enquanto ele soltava uma gargalhada que involuntariamente me fez sorrir e as lágrimas que antes me sufocavam fugir.

–Senhorita Gilbert, você está ficando muito folgada. –Me repreendeu sufocando uma gargalhada enquanto se levantava da cama permitindo que assim eu esticasse minhas pernas. –Vou trazer seu pedido madame, e depois eu vou buscar um colchão e o resto da mudança para que eu passe a noite aqui. –Sorriu correndo em direção a porta. Assim que ele abandonou o quanto eu afundei minha cabeça no travesseiro enquanto analisava a tinta descascada do teto.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Cometem e deixem duas escritoras felizes. xx