Quero Ser Um Cavaleiro escrita por Maia Sorovar


Capítulo 36
As amazonas


Notas iniciais do capítulo

Tava doida pra escrever esse capítulo. #sorrisão# Acho as amazonas demais, só não agüento essa história das máscaras. E pelo visto a Sara também não vai aturar essa babaquice por muito tempo. Era pra ter mais coisas mas aí ia ficar ENORME, umas 8 mil palavras no mínimo. E como eu não sou Joyce nem leio Ulisses pra fazer um parágrafo de 80 páginas, prefiro deixar os caps curtinhos mesmo. No mais, obrigada por todas as reviews que recebi. E se alguém quiser me mandar idéias pra fic eu aceito de bom grado. XD



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Sara acordou com o Sol em seu rosto, o corpo moído. Demorou algum tempo até que conseguisse se mexer na cama em que havia se deitado e praticamente desmaiado. Encaminhou-se para o toalete, tomando um banho demorado e revigorante. “Ai, dói tudo... Mas pelo menos ele ficou feliz.”, pensava e sorria, rememorando o tom gentil que ele utilizara para se desculpar.

Vestiu-se com dificuldade pois os dedos esfolados não permitiam movimentos mais delicados. Cogitava seriamente em procurar um médico mesmo que fora do Santuário quando ouviu:

- Aprendizes, compareçam à décima terceira casa imediatamente! - Gritaram os auto-falantes.

- Shion, parece que eles gostam de me torturar por aqui.. - Comentou com o animal, o qual havia acampado no quarto e olhava curioso a dona se trocar. - Me dá uma carona até lá em cima?

O burrico se levantou de imediato, inclinando-se para a garota montar. Em minutos dirigiam-se para o templo. Antes de chegarem lá a menina saltou e liberou-o para procurar comida.

- De volta à cova dos leões. - Ironizou enquanto adentrava. Um guarda porém a interrompeu.

- O Grande Mestre ordenou que esperassem aqui fora.

A morena deu de ombros e sentou-se no último degrau da escada. Estava avaliando os ferimentos quando sentiu a luz do dia diminuir à sua frente.

- Daniel! - Exclamou Damien sorrindo. Junto estavam Adonis e Basílio.

- Florzinha, você voltou! - Sorriu o grego. Sara notou que não havia malícia em sua voz, apenas felicidade sincera.

- Mas só se passaram quatro semanas, é muito cedo para o fim do treinamento não é? - Perguntou o espanhol curioso.

- Um pouco... - Murmurou envergonhada.

- Deixa isso pra lá. Nossa, o que houve com suas mãos? - Indagou o canceriano preocupado, sentando a seu lado e alisando as feridas. A menina corou e não respondeu. Olhou de soslaio para o geminiano e o viu de olhos fechados, aparentemente concentrado.

- Pronto, já avisei a todos. Agora chega pra lá francês que o privilégio de tocar a florzinha é só meu! - Ordenou posicionando-se do lado oposto e abraçando-a pelos ombros.

- Humpf! Grande coisa. Sabia que até banho eu já tive com ele? - Pinicou Basílio, com um sorriso indiscreto. Em um minuto estavam os três discutindo de quem era a posse da morena. Ela limitava-se a sorrir; era bom voltar.

- Daniel, aqui! - Chamaram os colegas que chegavam correndo; Francis trazia uma caixa de primeiros socorros nas mãos.

- Onde está doendo? - Perguntou empurrando Damien de onde estava sem a menor cerimônia. O francês, é lógico, fechou a cara mas nada disse.

- Não dói, vai sarar...

- E eu sou uma garota. - Ironizou o inglês.

- É mesmo? - Indagou Adoh com olhar cobiçoso.

- Silence, stupid boy! - Respondeu bravo. - Agora, Daniel, deixe-me pelo menos colocar um curativo. - E sem esperar resposta pôs-se a limpar e cobrir os dedos machucados.

- Não ligue Dan, o irlandês só está sentido falta das garotas. - Riu Floriano, sendo acompanhado pelos demais.

- O que aconteceu enquanto estive fora?

- Muita coisa! - Sorriu Yuji. - Pra começar todos levamos um castigo daqueles. O Adoh, por exemplo, foi obrigado a limpar o freezer do Santuário por uma semana e ameaçado de ficar num “esquife eterno” - seja lá o que for - se tocasse em alguma das bebidas do Kamus. Ah, isso vale para ficar olhando as servas no banho.

- Maldito mestre pingüim! - Resmungou o garoto ruivo. Sara riu e o japonês continuou:

- Francis, Damien, Basílio, Adonis e Alexius tiveram que lavar as escadarias sagradas com uma escova de dentes.

- Maldito Aldebaran! - Imitou o espanhol.

- Ué, por quê?

 - Meu mestre quem deu a idéia. - Respondeu Shan, ajuntando: - Eu e Yuji tivemos que cozinhar para todos os soldados.

- Mas até que foi bom, a comida ficou menos intragável naquele período. - Elogiou Adonis rindo. - O alemão, coitado, não treinou por catorze dias, ficava só olhando a gente lutar. Achei até que ele ia chorar um dia desses. - Finalizou explodindo em gargalhadas. Rickertt ficou escarlate de fúria.

- Eu não tive castigo nenhum... - Observou Ugo pensativo.

- Por que será né, senhor “gemedor de nomes masculinos”? - Comentou Enos maldosamente. - Já comigo foi o pior... Aquele indiano pagão doou TUDO que eu tinha! Só me deixou duas mudas de roupa...

- Mas meu caro amigo do Estado de Israel, você tem que deixar esses sentimentos mundanos de lado... - Disse Francis gentilmente e controlando-se para não rir.

- Fica na tua, Escorpião! Não é sua bunda que está quadrada de tanto meditar. - Vociferou bravo.

- E contigo, Floriano? - Questionou a jovem docemente. O italiano corou e Damien, Adonis e Ugo ficaram com expressões sombrias na face.

- Bem, meu mestre inventou uma maneira de me fazer gostar de rosas... - Respondeu envergonhado. - Sou obrigado a dormir com elas. - E mostrou os braços cheios de pequenos furos. - Sabe que elas nem machucam mais?

- Coitado da minha segunda florzinha... - Falou o geminiano mais velho, alisando a pele do colega.

- Pelo visto Adoh não é o único desesperado aqui não é? - Retorquiu o pisciano possesso. O rapaz limitou-se a sorrir.

- Pronto, acabei. - Anunciou Francis. Sara olhou para as mãos; parecia estar usando luvas de ataduras.

- Obrigado! Você é um amor, Francis. - Agradeceu sorrindo. Foi a vez do aprendiz de Peixes amarrar a cara.

- Ora, ora, que temos aqui... Um tigrinho ao lar retorna. - Disse Máscara da Morte que se aproximava, acompanhando de todos os cavaleiros de ouro, menos Saga e Shaka.

 - Tigre? - Estranhou a menina.

- Si, garoto. Ou melhor, filhote. - Riu-se.

- Não ligue, Daniel, ele está brincando. - Falou Mu. - Um dia vai entender.

 - Onde está Kiki?

- Agora? Na escola. - Respondeu o ariano piscando-lhe um olho.

- Como foi de treinamento, pebete? Voltou cedo... - Comentou Shura.

- Problemas... - Redargüiu ela, pensando: “Tal aluno, tal mestre”.

- Que bom que está aqui, garoto! - Exclamou Aldebaran, pegando-a pelas axilas e jogando-a para cima, finalizando com um abraço apertado.

- Va... Leu... Deba... - Sentindo-se esmagada.

 - Chega amigo, vai acabar com ele. - Ria-se Afrodite. Assim que a menina foi colocada de volta no chão, o homem deu-lhe um beijo terno na face. - Bem vindo!

Tão espantada quanto a brasileira ficaram aprendizes e cavaleiros.

- O que foi? Na Suécia os homens se beijam, qual o problema?

- Nenhum... - Murmurou Kamus, chocado.

Ainda não refeitos do susto, viram a porta do templo se abrir e de lá sair um homem com uma longa túnica preta, o rosto coberto por uma máscara e com um elmo vermelho.

- Grande Mestre... - Cumprimentaram os aprendizes, ajoelhando-se em reverência.

- Falaí Saga, para que nos chamou? - Perguntou Milo sem a menor educação.

- Escorpião, realmente seu forte não está no respeito aos superiores. - Comentou o cavaleiro mostrando o rosto e sorrindo. - Daniel, finalmente! Estávamos doidos atrás de você! - Disse afoito.

- Por que tanta preocupação, mano? - Estranhou Kanon.

Saga corou levemente mas não respondeu. Simplesmente pegou a garota pela mão e puxou-a para dentro, fechando a porta em seguida.

- Eu hein? - Comentou Milo.

- Daniel, está ferido? Aconteceu algo de grave nesse treinamento? Não foi maltratado, foi? - Perguntou o homem ansioso, examinando-a dos pés à cabeça.

- Um pouco... - Murmurou constrangida. - Francis fez esses curativos, já estou melhor. Por que está tão preocupado, Mestre?

- Achamos Shion desmaiado em frente à casa de Áries há dois dias e nada de você. Procuramos por toda a parte!

- Tentaram na casa de Libra?

O cavaleiro ficou ainda mais vermelho do que já estava.

- Esqueça, o importante é que está bem. - Sorriu e afagou-lhe os cabelos.

- O que aconteceu com o Grande Mestre? - Questionou preocupada.

- Agora ele está sob tratamento. Os médicos disseram algo como desnutrição, esgotamento físico e depressão. O que houve?

- Acho que provoco saudades nele. - Foi a única resposta que encontrou no momento.

- Saudades?  Hum, esqueça. Logo ele estará recuperado e poderemos conversar sobre isso. Agora o importante é pensar em como continuar seu treinamento.

- Dohko? - Quase pediu com ansiedade.

- Não, já me comuniquei com ele. Disse que, apesar de você ter provado seu caráter, não vai voltar atrás na sua ordem, que isso poderia levá-lo a pensar que não tem palavra.

“Pior que ia ser assim mesmo...”, pensou a garota frustrada.

- E ele proibiu-te de treinar com seus colegas, não foi? Sendo assim, escolhi pessoalmente um mestre para você. Alguém com experiência com aprendizes. Creio que vão se dar bem. - Finalizou misterioso.

- Obrigado, mestre! - Sorriu feliz. O cavaleiro olhou-a atento e não conseguiu deixar de sentir-se atraído.

“Tão jovem e inocente... Pare com isso, Saga, é sua aluna e nem desconfia que sabe seu segredo...”, pensou balançando a  cabeça.

- Vai conhecê-lo hoje. Vamos. - Ordenou gentilmente. Antes porém que saíssem do recinto inclinou-se sobre ela e beijou-lhe suavemente o canto da boca. A menina deu um pulo. - Para dar sorte. - Sussurrou em seu ouvido, erguendo o corpo e saindo à luz do dia.

“Por que ele fez isso?”, perguntava-se Sara enquanto caminhava acompanhada do Grande Mestre, dos cavaleiros de ouro e demais aprendizes.

- Ei, aqui é área das Amazonas! - Observou Basílio.

- Pebete! Espero que não tenha voltado aqui! - Ameaçou Shura estreitando os olhos.

Sara apenas olhava à sua volta quando sentiu alguém mexendo em seus cabelos. Adonis os estava amarrando com a fita vermelha que roubara semanas antes.

- Presente de boas vindas, florzinha. - Sorriu-lhe, deixando-a corada.

Logo todos chegaram a um grande campo de terra onde algumas pessoas treinavam; uma delas parou o que fazia e aproximou-se do grupo. Trajava uma camisa regata e bermudas coladas. Em seu rosto havia uma máscara prateada.

- Uma amazona... - Murmurou encantada.

- Bom dia, rapazes. - Cumprimentou.

- Bom dia, Marin. - Saga sorriu. - Trouxe seu novo aluno. E alguns outros que precisam de umas aulas extras.

- Hein? Que outros? - Indagou Damien surpreso.

- Vejamos, você, Yuji, Alexius, e Francis.

- O que fizemos? - Espantou-se o japonês.

- Nada. Só que já se passaram quatro meses aqui e nem sombra de suas cosmo energia nós vimos. Conversei com Athena e chegamos à conclusão de que o problema estava com seus mestres.

- Ei, espere um minuto! Tá falando de mim? - Perguntou Milo irritado.

- Sim, caro colega! - Devolveu o cavaleiro. - Infelizmente não tem experiência alguma em treinos, o que está refletindo no seu aluno. Isso vale para Máscara, Aioria e Kanon. Mas espere que não estou tirando os alunos de vocês, apenas eles terão algumas lições com mestras mais experientes. - Completou ao ver os homens se exaltarem.

- Humpf! Agora quer dizer que estamos livres desses moleques? - Questionou Angelo.

- Máscara, Máscara, sempre querendo se eximir o trabalho pesado... - Chacoteou uma mulher de cabelos verdes que se aproximava.

- Ah, dane-se Shina! - Xingou ele.

- Que boca suja, merecia ser lavada com sabão! - Ao ouvir isso o canceriano ficou lívido e Sara e Mu desataram a rir.

- Parem com isso os dois! - Ordenou o Grande Mestre. - Shina vai apenas orientá-los, não treiná-los. Agora, já que todos estão apresentados, vou me retirar pois muitos afazeres me esperam.

- Espere um pouco Saga! E aquela aprendiz que me enviou? Ela é um fracasso. - Disse a amazona de Cobra nervosa.

- Já conversamos sobre isso, minha cara. Mas, se quiser uma sugestão, pode cedê-la a Marin para que Daniel tenha um par para os treinos. Ele vem praticando sozinho e não tem tido resultados. Até logo! - Despediu-se e rumou rapidamente para o seu templo.

- Fujão. - Brincou a ruiva rindo. A brasileira notou que com esse gesto o cavaleiro de Leão ficou um pouco vermelho.

- Ei, Yuji, é impressão minha ou seu mestre gosta dela? - Sussurrou discretamente.

- Ele fica todo atrapalhado quando ela está por perto. E volta e meia a gente treina aqui por perto. - Respondeu sorrindo.

- Ei vocês dois, parem de namorico e venham para cá! - Comandou Marin, firme mas de maneira terna. Obedeceram imediatamente. - Daniel, não é? Você vai pra lá e Yuji para perto da minha amiga. Charo, aqui! Vai treinar comigo a partir de agora.

Sara viu se aproximar uma garota de cabelos loiros curtos e lisos nos ombros, um pouco mais alta e mais cheia que ela mesma, com uma máscara prateada, onde havia uma lágrima pintada abaixo do olho direito. Apesar de não poder vislumbrar seu rosto, o modo de andar, tenso e com pisar duro, denotava que estava muito irritada. Parou a sua frente e mirou-a dos pés à cabeça. Virou-se bruscamente para Shina e gritou:

- Mestra, por que eu tenho que treinar com esse frangote?

- Porque estou farta de você me desobedecendo! E de te ensinar coisas que nunca aprende! Vamos ver se com um aprendiz de ouro você enfia algo de útil nessa cabeça oca!

- Pff! Não acredito que está acontecendo comigo...

- Cara, ela é igualzinha a Shina... - Comentou baixo Milo para Máscara; ele concordou no ato.

- Ei garota, se não quer, eu treino com a florzinha! - Gritou Adonis, se oferecendo com um largo sorriso.

- Calado! Vou provar que sou mais forte que qualquer um de vocês moleques aqui! - Anunciou estalando os dedos. Tornou a voltar-se para Sara e sorriu malévola: - Florzinha hein? Pelo visto deve ser o mais fraco deles... EM GUARDA! - Disse se posicionando. A morena não se moveu.

- Vamos rapaz, seu oponente está te desafiando. - Falou Marin.

- Hã... Tá bom! - Dando de ombros e se posicionando com os braços ao longo do corpo. A próxima sensação que teve foi do estômago arder em chamas e, sem conseguir se manter de pé, caiu de joelhos na terra.

- Estão de brincadeira, não é Mestra? Esse tampinha nem sabe montar guarda! - Ria a aprendiz de amazona jocosamente.

- Daniel, Dohko lhe ensinou a lutar? - Indagou Marin abaixando-se perto dela. A menina fez um sinal de “mais ou menos” com a mão, tentando recuperar o fôlego. - Agora entendo porque Saga te mandou para mim. Levante-se!

Com alguma dificuldade ela se ergueu e olhou-a.

- Fique na posição em que estava. Ótimo... Mire seu oponente, sempre nos olhos. Tente prever seus ataques. E nunca desvie sua atenção. - Com essas palavras tornou a se afastar.

Num segundo a morena estava sendo atacada de novo mas ao invés de cair desviava-se primorosamente dos golpes. Logo sua adversária estava molhada de suar e ela nem transpirava.

- Ué, já cansou? - Chacoteou.

- Ora seu... - E avançou novamente; Sara dessa vez defendeu-se de todos os socos e chutes que lhe eram desferidos com a técnica de seu mestre. - Co-como pode...? - Perguntou meio incrédula; aquele rapaz havia se transformado de criança indefesa em um valente guerreiro diante de seus olhos. Ao menos era o que pensava.

- Eu sou demais! - Vangloriou-se a libriana. Foi a deixa para ser posta no chão com uma rasteira bem aplicada.

- Bem feito, pivete! - Disseram Máscara, Milo e Charo ao mesmo tempo.

- Eu sou besta... - Comentou caída. Viu o rosto prateado de Marin sobre si e não conseguiu deixar de sorrir.

- Que bom que reconhece, meu caro. Esses movimentos... Dohko?

- Sim, foi um treinamento à distância.

- Ah sim... - Deu de ombros, sem entender. - Depois você me explica. Mas gostei de ver sua velocidade e resistência. Não parece mas Charo é a nossa aprendiz mais forte fisicamente.

- Ué, então porque sua amiga não quer treiná-la?

- Digamos que uma divergência de opiniões. Shina gosta de ser obedecida e sua aluna não gosta de ser mandada. - A garota começou a rir. O tom da mulher se tornou gentil. - Por hoje é só. Saga me explicou que está tendo que ganhar seus próprios rendimentos, por isso estou deixando suas manhãs livres. Mas vai ter que dar duro no resto do dia e até da noite, ouviu?

- Sim senhora! - Concordou de imediato, levantando-se. Sentiu uma presença próxima e se deparou com a amazona de Cobra.

- Belos movimentos, garoto. Não seria ruim treiná-lo, pena que Saga não me escolheu. - Elogiou a mulher, estendendo-lhe a mão. Sara apertou com firmeza mas soltou-a ao sentir uma súbita dor no dorso.

- Ai! - Percebeu que estava sangrando sob as ataduras e viu no chão uma pequena pedra manchada de sangue.

- Charo! - Exclamou Shina possessa. - Chega, eu desisto! Volte pro alojamento que vamos ter uma conversa definitiva sobre isso. - Ordenou, indo embora sem nem olhar a aluna.

- Essas duas me dão dor de cabeça... - Comentou Marin esfregando as têmporas. - Está liberado, Daniel. Esteja na arena principal depois do almoço amanhã que o trabalho vai ser puxado. - Despediu-se com um beliscão leve na bochecha da aluna.

- Legal a ruiva, não? - Observou Damien se aproximando com os outros aprendizes.

- Olha que meu mestre te pega por se referir a ela com tanta intimidade... - Avisou Yuji rindo.

- Aquela gorda te machucou, florzinha? - Perguntou Adonis preocupado e olhando feio para a loira.

- Não, deixa pra lá.

- Quem tá chamando de gorda, retardado? - Vociferou a moça de volta, tendo ouvido o comentário.

- Você! - Devolveu ele, os olhos brilhando e fúria. - Não sei como uma baleia pode querer ser amazona! - Completou num tom repleto de ironia e desprezo.

Sara pensou que a garota fosse avançar no colega mas em vez disso ela se virou e foi embora quase correndo.

- Vai tarde! - Ajuntou o grego. A libriana teve contudo a nítida impressão de ouvir um soluço.

Horas depois

- Tenho certeza que foi por aqui! - Dizia Sara vasculhando toda a área do campo de treinos onde estivera pela manhã.

- Certeza, Dan? - Duvidava Kiki. Eles haviam se encontrado assim que o mesmo voltou da escola e o menino achou que fosse morrer com todos os beijos que recebeu.

- Sim! Não fui a mais lugar nenhum... Onde está...?

- Ui! - Exclamou o menino de dor, após ter tropeçado numa pedra e caído no chão.

- Kiki! - A morena correu para ajudá-lo, colocando-o de pé e se ajoelhando em sua frente. - Onde dói?

- Aqui... - Mostrando com os olhos marejados um arranhão no queixo.

- Não chore, está tudo bem... - Sorriu ela, beijando de leve o ferimento.

- Passou... - Disse levemente corado.

- Ótimo! - Sacudindo a terra das roupas dele e dando um selinho rápido.

- Agora passou mesmo! - Riu feliz, abraçando a aprendiz. Ela não sabia mas ele adorava ficar em seus braços. Sentia-se quente, acolhido e seguro, como se aqueles membros pudessem protegê-lo de todo o mal.

- Hum, realmente seus colegas têm motivos para te chamar de “florzinha”. - Falou Charo com escárnio, surgindo atrás deles. Sara postou-se de pé no ato.

- O que foi? Não estou invadindo, só vim procurar algo que perdi. - Tentou se justificar, atenta aos movimentos da outra.

- Ah, certo... E seria isso, por acaso? - Indagou sacudindo uma fita vermelha segura entre o polegar e o indicador direitos.

- Ah, você achou... Obrigado. - Agradeceu estendendo a mão; a moça porém retirou o adereço de seu alcance. - Ei!

- Um rapaz usando tal coisa... Tsc, tsc... É tão maricas que ainda fica beijando um menininho. Caro Daniel... Seja homem! - Exclamou rasgando a fita no meio e rindo maldosamente.

Sara caiu de joelhos, vendo como em câmera lenta os pedaços caindo lentamente até o chão. “Querida, olhe só o que o papai trouxe para prender seus cabelos. Prometa que não vai estragar viu?”, lembrando de quando recebera aquele presente tão pobre e ao mesmo tempo tão sincero. Sentiu algo queimar dentro de si e usou do pouco auto controle restante para ordenar:

- Kiki, vá embora... AGORA! - O pequeno se assustou, nunca vira a amiga assim mas não se atreveu a desobedecer. Simplesmente sumiu no ar.

- Ah, ficou zangadinho? Que pena... E o que vai fazer? Me bater? - Provocou a aprendiz.

- Eu vou... Eu vou... HUUUAAAAAAAAAAAA! - E foi com fúria que seu cosmo explodiu, lançando Charo longe. Era tão intenso e forte que cegava a garota, ainda atordoada com o golpe. - Eu vou te matar... - Murmurou a brasileira, completamente fora de si.

Longe dali

- O que é isso? - Perguntou Shaka surpreso.

- Sentiu também? - Ajuntou Mu; ambos estavam na casa de Áries conversando.

- Sim. É novo... Mas eu já havia sentido algo assim antes aqui no Santuário, só que completamente diferente. - Respondeu o loiro preocupado. Nisso surgiram Aldebaran e Kanon; pareciam afobados.

- Estão sentindo essa energia? - Indagou o gêmeo.

- Acabamos de percebê-la. - Retorquiu o ariano.

- Amigos, não sei porque... Mas me sinto apreensivo. - Comentou o touro, estremecendo.

- E tem razão para ficar assim. É um cosmo forte... E assassino. - Completou o loiro, escondendo o rosto entre as mãos.

 

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Notas finais do capítulo

Beijos.



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