Quero Ser Um Cavaleiro escrita por Maia Sorovar


Capítulo 17
Reforma I




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Foi trabalhar naquele dia com uma incrível dor de cabeça, resultado da noite mal dormida e dos acontecimentos anteriores. Acabou o mais rápido que podia seus serviços para os irmãos no refeitório e voltou à casa apenas para pegar Shion e partir para a vila de Aglaia, tinha uma coisa importante para terminar lá.

Assim que chegou, comprou tinta branca, azul e vermelha de secagem rápida, pincéis, rolo, cimento, espátula, prego, martelo, lixa, vassoura e uma lata de inseticida, além de um quadro negro de médio porte. Depois seguiu rumo a uma olaria que tinha visto e conseguiu com o pouco dinheiro que lhe restava uma boa quantidade de telhas. Pediu emprestada uma escada velha e esta lhe foi cedida sem problemas. Olhou com um misto de tristeza e alegria suas compras, graças a ela ficaria mais três dias sem comida decente e conseguiria reerguer a escola. E foi para lá que se dirigiu, com o lombo do burrico abarrotado.

Ao chegar à casinhola, retirou tudo das costas de Shion e libertou-o para que pastasse enquanto trabalhava. Então, iniciou a penosa reforma.

Primeiro varreu todo o local, retirando as teias de aranha e os ninhos de marimbondo. Depois espalhou pesticida por todos os buracos que encontrou, saindo de lá quase intoxicada. Esperou por duas horas até que todos os bichos saíssem ou morressem o que viesse primeiro. Subiu no telhado e verificou que a madeira permanecia intacta, pela sua boa qualidade. Retirou as telhas antigas e quebradas e colocou as novas. Suspirou aliviada ao ver que tinha comprado a quantidade exata.

Tornou a varrer a casa, retirando todos os insetos mortos que sobraram. Misturou o cimento em água conforme as instruções no saco e começou a passá-lo nos buracos no chão e nas paredes internas e externas, alisando bem com espátula. Retirou a porta apodrecida e a janela velha e quebrada, substitui-las-ia quando pudesse. Por fim, pintou o espaço de branco, por dentro e por fora e esperou que a tinta secasse, terminando por lixar tudo até levantar uma fina nuvem de pó branco. Saiu de lá parecendo um fantasma.

Enquanto se limpava, sacudindo a poeira da roupa e dos cabelos, viu que várias crianças rodeavam seu animal de estimação e que a garotinha loira estava montada nele. Aproximou-se sorrindo:

- Opa, que bagunça é essa?

- Oi senhor Daniel. - Cumprimentou ela. - Lembra de mim, a Hebe?

- Claro que sim. - Na verdade, esquecera de perguntar o nome da menina. - E quem são seus amigos?

- Esses são a Hagne, a Frona, a Iola, o Akaios, o Cadmus, o Erebos e o Loukas. - Apresentando o grupo que brincava junto a ela, todos com aparentemente a mesma idade.

- Prazer em conhecê-los. Sou o Daniel, aprendiz da casa de Libra. E seu professor a partir da semana que vem.

- Ooooohhhhhh! Você é um Cavaleiro de Ouro. E vai nos dar aula! - Exclamava Akaios excitado.

- Não, ainda não sou cavaleiro. Mas em breve... - Disse a morena piscando-lhe um olho. - Agora quero saber o que fazem com o Shion.

- Quem é Shion? - Perguntou Frona.

- Ele. - Apontou o burrico.

- Ah, a gente só tava brincando de passeio. Ele é tão mansinho. - Sorriu Iola, alisando o pêlo do animal, que zurrou de prazer.

- E que acham de me ajudar a terminar a fachada da escola?

- Oba! E o que faremos? - Quis saber Cadmus.

- Bom, primeiro quero um nome para ela.

- Que tal Deusa Atena? - Sugeriu Erebos.

- Não, Burro Shion! - Gritou Loukas, exaltado.

- Deusa Atena!

- Burro Shion!

Vendo que aquilo não teria fim, Sara achou por bem intervir:

- Chega agora. Vamos fazer assim, será a “Escola da Deusa Atena e do Burro Shion”. Que tal?

- Eba! Esse mesmo! - Concordaram os garotos.

- Então vamos ao que interessa. - Disse ela levando-os até a parede da frente da casa e entregando-lhes o balde de tinta vermelha. - Quero que vocês enfiem suas mãos aí e preguem na parede.

- Ué, por quê? - Perguntou Hebe sem entender.

- É que assim vamos ter um mural com a participação de todos. Mas só as mãos, viu? Nada de pés ou de colar sujeira. E não podem pintar dentro da área azul. Prontos? Então começar!

As crianças não esperaram segunda ordem e começaram a lambuzar o muro com os pequeninos membros. No centro da bagunça, a brasileira fez um retângulo e escreveu com letras caprichadas. Uma hora depois tinham um muro com marcas de mãos por todo o lado e a inscrição: ESCOLA DA DEUSA ATHENA E DO BURRO SHION.

 

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