Missão A Dois escrita por Sarah Colins


Capítulo 39
Capítulo 38 - Julgamento


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos amigos, tudo bem? ^^
Por aqui tudo tranquilo. depois de uma tarde de sábado com a família e uma noite com as amigas, só um domingo relaxante em casa para descansar e fechar com chave de ouro esse fds *-* Espero que estejam aproveitando também :D
Tenho um palpite de que vão adorar esse capítulo, mas é só um palpite rs...
Boa leitura ;)



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Foi a primeira vez que eu vi Atena e Poseidon concordarem em alguma coisa. E não só aceitaram nos ajudar, como pareceram ficar bem animados com a ideia de “confrontar” Afrodite. Meu plano improvisado de última hora havia dado certo afinal. Eu ainda não sabia o que esperar daquilo, porém. Realmente não estava esperançosa de que a ideia maluca de Percy de chamar os dois fosse funcionar. Agora que eles haviam aparecido e concordado em ajudar, eu me sentia um pouco desorientada. Segundo Atena, basicamente o que faríamos era ir até o Olimpo naquela tarde, quando ocorreria uma reunião entre todos os olimpianos. Iriamos denunciar os abusos da deusa do amor para Zeus e nossos pais dariam um jeito de provar que o que falávamos era verdade. Com isso pretendíamos que Afrodite fosse punida devidamente pelo rei do olimpo, ou coisa parecida.

É claro que não pudemos ir diretamente com eles até o monte Olimpo. Seria muito mais agradável pegar carona com um deus, que podia desaparecer e reaparecer em qualquer lugar. Mas infelizmente tivemos que adotar o método mais convencional, digno de meros semideuses. Pegamos um taxi para o edifício Empire States. Poseidon nos garantiu que nossa entrada não seria barrada, mas contanto com a nossa sorte eu sabia que algum problema iria surgir. O “porteiro” que ficava à porta do elevador fez aquela cara de falso espanto quando pedimos pelo andar 600, como de costume. Logo em seguida ele se deu conta de quem nós éramos, sem nem precisarmos falar nada. Pois é, Percy e eu ainda éramos famosos no mundo “místico grego”, apesar de termos ficado um tempo desligados dessa parte de nossa vida.

Mesmo sabendo quem nos éramos e o que queríamos, o tal porteiro não queria nos deixar passar. Ele disse não ter nenhum autorização especial para nos deixar subir naquele momento. Dissemos que Poseidon e Atena sabiam de nossa vinda, mas ele insistiu que deveria seguir o protocolo: sem semideuses tentando visitar os pais no olimpo. Percy e eu nos olhamos e sem dizer nada, concordamos que teríamos que dar um jeito de entrar naquele elevador de alguma forma. Olhei para um grupo de pessoas que se aproximava e entrava no elevador sem nem sequer falar com o porteiro. Eles provavelmente se dirigiam a algum andar comercial, onde não era preciso autorização para descer. Não adiantava apenas tentarmos nos infiltrar com eles e apertar o botão do 600º, até porque ele não existia. Quem controlava esse comando era o nosso querido amigo uniformizado.

Precisávamos de uma distração. Algo que ocupasse a atenção do moço por tempo suficiente para podermos apertar o botão e entrar no elevador. Percy foi mais rápido do que eu dessa vez e solucionou nosso problema. Ele esbarrou “sem querer” e um desses carinhos de bagagens que passava atrás dele. Várias malas de viagens e maletas se espalharam pelo chão, inclusive, perto de onde o porteiro estava. Ele não teve outra escolha senão largar seu posto para ir ajudar. Percy disfarçou pedindo desculpas e começou a pegar algumas das bagagens do chão. Era a minha deixa para ir até o balcão procurar o botão que nos levaria ao Olimpo. Não foi nada difícil, afinal havia uma chave conectada bem abaixo de um símbolo que era exatamente da forma do Monte Olimpo. Girei a chave e um botão apareceu. O apertei e vi que o elevador se abriu, exibindo um interior completamente diferente do que eu havia visto momentos antes.

Pisquei para Percy e ele derrubou novamente as malas que havia arrumado, só para atrapalhar mais os funcionários do edifício. Entramos no elevador e vimos as portas se fechando enquanto o porteiro corria em nossa direção gritando algo como: “Voltem aqui seus semideuses do tártaro!”. Cheguei a me perguntar se ele realmente sabia que eu e Percy havíamos mesmo estado no tártaro uma vez. Mas acho que na verdade era apenas uma forma de expressão. O tempo que passamos dentro daquela cabine tecnicamente foi curto, apesar dos 600 andares que subimos. Entretanto, pareceu demorar uma vida inteira. Eu estava aflita e ansiosa para saber o que iria acontecer. Será que Zeus iria aceitar nossa “reclamação” contra a deusa de amor e da beleza? Será que os olimpianos iriam ficar a nosso favor? Eu só podia torcer para sim! Não queria imaginar o que aconteceria se não ficassem.

A música que tocava no elevador já estava começando a me irritar quando uma campainha tocou indicando que havíamos chegado a nosso destino. Saímos do elevador e fomos em direção ao grande monte que eu ajudara a reformar há alguns anos atrás. Ainda me sentia orgulhosa de saber que havia ajudado a reconstruir aquele lugar que era a casa de Zeus e o “quartel general” dos deuses olimpianos gregos. Muitas escadarias e pisos de mármore depois, chegamos aos portas do grande salão onde ficaram os doze tronos. Pelo barulho que se ouvia, a conferência já devia ter começado. Seria muito constrangedor aparecermos do nada e interromper qualquer que fosse o assunto que estivessem falando. Por sorte nossos pais devem ter notado nossa aproximação, pois as portas se abriram e eles nos anunciaram.

Adentramos o grande salão circular e andamos até o centro dele. A sensação de estar rodeado pelos doze deuses do olimpo era tão estranha e intimidadora quanto da primeira vez. Só que dessa vez não estávamos ali para que eles decidissem se devíamos morrer ou não. Nem por isso eu me sentia mais tranquila. Estávamos prestes a fazer acusações contra a representante mais antiga dos olimpianos. Despertar a ira de seres imortais extremamente poderosos não estava na minha lista de coisas preferidas para fazer. Mas lá estávamos nós, dispostos a enfrentar mais um obstáculo aparentemente impossível de vencer. Pode-se dizer que era algo com o qual eu e Percy estávamos acostumados. Não ousei olhar para os lados para ver se Afrodite estava presente, será que ela desconfiava que estávamos ali para falar dela? Percy, como sempre, tomou a frente e encarou Zeus, que esperou ainda alguns instantes para começar a falar.

– Achei que não fosse voltar a ver vocês nesse milênio Percy Jackson e Annabeth Chase - a voz do rei dos céus era grave e imponente - Mas pelo que posso perceber vocês têm um dom especial para se meter em encrenca, mesmo quando estamos em tempos de paz.

– Já garantimos que o assunto tem relevância e ainda é do interesse do olimpo, caro irmão - interveio Poseidon. Pela cara de Zeus, não gostou nada de ter sido interrompido.

– De fato, você e Atena foram bem convincentes nesse ponto - continuou o dono do raio mestre - Mas se me permitem quero ouvir o que os semideuses aqui têm a dizer sobre o assunto. Vamos ver o que de tão grave aconteceu que julgassem digno de interromper uma de nossas conferências.

– Ahm… ok. bem… - Percy se enrolou devido ao nervosismo de estar diante de um deus que obviamente o odiava, então eu tive que ajudá-lo.

– O que acontece, sua majestade, é que andamos tendo alguns problemas com a deusa Afrodite - comecei a falar reunindo toda a coragem que consegui - Não é de hoje que ela interfere nos relacionamentos amorosos dos semideuses. E sei que isso não é nenhum segredo. Sei também que até nas relações entre os deuses ela consegue meter o bedelho - houve uma pequena comoção entre os presentes com a forma como falei, mas não me importei com aquilo, era melhor continuar antes que alguém tentasse me impedir - O problema é que nos últimos meses Afrodite passou de todos os limites. Ela chegou a me infectar com algum tipo de vírus que me deixou sem minhas características divinas. E o fim da picada foi ela sequestrar um amigo nosso, deixando-o com sérios ferimentos. Ele podia até ter morrido se não o tivéssemos resgatado de uma casa abandonada que explodiu logo em seguida.

Ufa! Nem acreditei quando terminei de falar. A expressão de Zeus era indecifrável. Ele nos analisava com sua habitual superioridade e parecia estar decidindo de que forma iria nos castigar por haver interrompido a reunião dos deuses por causa de um assunto tão idiota. Era impressão minha ou Percy estava tremendo? Quis dar uma cotovelada nele para que parasse com aquilo, mas não acho que isso ficaria fora da percepção dos deuses a minha volta. O silêncio perdurou até começar a se tornar constrangedor. Afrodite enfim resolveu se manifestar levantando a mão como um sinal de que queria tomar a palavra. Ela tinha a mesmo rosto confiante e amigável de sempre. Não pareceu nenhum pouco afetada por nossas acusações. Zeus fez um gesto indicando que ela podia falar.

– Queridos colegas. Até eu mesma fiquei comovida com o discurso da doce Annabeth - começou a deusa como se narrasse uma história de amor - Mas peço que não se iludam com essas carinhas de inocentes deles. Interfiro nos relacionamentos sim e continuarei interferindo, afinal este é o meu trabalho. Não é a primeira vez que algo de ruim acontece envolvendo uma trama romântica, meus caros. São consequências inevitáveis que temos que aceitar para que duas pessoas que se amam, possam viver suas aventuras amorosas e ficarem juntos no final.

– Contudo, isso não diminui o fato de que por sua causa um humano inocente saiu gravemente ferido - falou Poseidon depois de também ter erguido a mão pedindo permissão a Zeus para se pronunciar. Aquilo estava parecendo bem um julgamento. Eu só esperava que eu e Percy não acabássemos sendo os condenados - Também não é de hoje que abominamos qualquer forma de dano provocado aos mortais. Acredito que Afrodite deva ser severamente punida por abusar de seu poder dessa forma. Não podemos tolerar uma coisa dessas. Não agora que estamos conseguindo manter a paz.

– De fato, o deus dos mares tem razão - foi a vez de Atena pedir a palavra. Todos olharam-na espantados por ela ter acabado de concordar com Poseidon - Não é de hoje que não permitimos um abuso desses e também não é de hoje que eles acontecem. Não preciso citar as inúmeras histórias de amor que resultaram em grandes tragédias para os humanos. Todos ão de convir que já tiveram, pelo menos uma vez, problemas com a deusa aqui. Tanto por interferências em suas vidas como nas de seus filhos semideuses.

– Me poupem vocês dois! - resmungou Afrodite, dessa vez sem se dar ao trabalho de pedir permissão para falar. Zeus e alguns dos olimpianos mais antigos a olharam com censura - Querem falar de tragédias e de humanos inocentes mortos, então olhem para o próprio umbigo! Suas guerras e seus oceanos mataram muito mais pessoas do que todas as minhas tramas amorosas juntas. Não tem nem comparação. Minhas interferências ao menos se justificam porque são em prol do amor, o melhor e mais puro sentimento do universo. Até mesmo Gaia e Urano viveram uma história de amor antes de tudo o que existe ser criado. O amor move o mundo! E não me digam que não acham que isso tem importância, pois essa seria a maior hipocrisia do mundo. Até a fria e calculista Atena já viveu e ainda vive amores por mortais. Mesmo sabendo os riscos que isso implica, já teve diversos filhos meio-sangues. E nem preciso falar de Poseidon. Sua vida inteira foi movida por sua paixão, seus amores definem sua história! Então não venham me dizer que tenho que ser punida por uma pequena falha em um de meus planos só por que isso causou dano a seus queridos filhos. Está mais do que na hora de eles aprenderem a lidar com as perdas!

– Já basta Afrodite! - interveio Zeus antes que a deusa continuasse seu longo discurso. Eu tinha que admitir, ela era boa nisso. Não que eu tivesse mudado de ideia quanto ao que ela fizera. Ainda a achava culpada! Mas tudo o que havia dito sobre Atena e Poseidon era verdade. Se tinha alguém que conhecia as histórias e principalmente os pontos fracos dos deuses, era Afrodite - Você já faloumais do que devia. Então considere sua defesa feita. Agora eu devo ouvir a opinião de meus outros irmãos sobre o caso.

Dava para perceber o grande esforço que a deusa do amor e da beleza fazia para ficar quieta enquanto os outros deuses do olimpo comentavam o caso. Atena e Poseidon, por outra parte, pareciam bem satisfeitos. Como eles previram, muitos dos olimpianos também tinham antigas rixas com Afrodite e aproveitaram a oportunidade de trazer essas histórias à tona, aumentando assim a sua culpa. Realmente não eram apenas os semideuses que sofriam em sua mão. Fiquei até com pena quando chegou a vez de Hefesto falar. O marido da deusa já havia sofrido muito por causa da esposa, principalmente com as fofocas que rolavam sobre a infidelidade da deusa. Percy, eu e mais um monte de deuses e semideuses sabia muito bem que Ares era o amante de Afrodite, mas ninguém jamais ousou contar a Hefesto sobre aquilo. Ainda assim, os problemas do deus das forjas com a esposas não pareciam ser poucos.

Zeus não deixou que Afrodite falasse mais nada como já havia avisado. E devido a grande maioria dos deuses estar contra ela, o rei do olimpo a declarou culpada. A expressão de satisfação no rosto de Atena me deixou incomodada. Quase me arrependi por ter pedido sua ajuda. Sabia que minha mãe não havia feito nada daquilo por mim, muito menos pelo meu relacionamento com Percy. Ela apenas queria envergonhar e desmoralizar Afrodite na frente de todos os olimpianos. Poseidon, por sua vez, não parecia estar se deleitando tanto com a derrota da deusa do amor. Mas também era evidente que se ele havia abraçado a causa, fora por si próprio e não por causa do filho. Não podia reclamar, entretanto, afinal meu objetivo fora alcançado. Iríamos dar um basta nos planos de Afrodite para conturbar os relacionamentos dos semideuses. Ela foi proibida de interagir com semideuses e mortais pelos próximos 10 milênios, além disso não poderia mais usar seus poderes para fazer nada contra os casais, somente a favor deles. Ou seja, só poderia interferir para o bem e ainda sim de longe, apenas com seus poderes, sem a ajuda de monstros nem nada do tipo.

Apesar de toda a sua fúria, Afrodite não pode fazer nada a não ser aceitar sua punição. Depois disso pediram para que eu e Percy nos retirássemos do templo para que eles terminassem de discutir os assuntos que estavam em pauta naquele dia. Eu duvidava muito que tivessem algo realmente relevante para falar. Fora a nossa reclamação eu imaginava o que poderia estar havendo de mais para os deuses se preocuparem. Provavelmente nada. Mas acho que eles quiseram manter a pose e fingir que tinham algo mais para fazer do que atender semideuses. Ficamos esperando perto da porta por cerca de dez minutos. Em seguida nossos pais apareceram para falar conosco, agora no tamanho humano natural. Os outros deuses provavelmente haviam sumido, pois o salão agora estava vazio.

– Garotos, antes de irem embora, queremos dizer uma coisa - disse Poseidon tomando a frente, enquanto Atena ficou um pouco mais atrás com uma cara de ainda não sabia se concordava mesmo com aquilo - Sabemos que não somos tão presentes em suas vidas como gostaríamos. E eu sei que entendem que não podemos simplesmente largar nossas obrigações como deuses. Mas queremos que saibam que estamos olhando por vocês sempre. Mesmo que no fundo saibamos que não precisam de nossa supervisão, sabem se virar muito bem sozinhos. Tenho certeza de que se não tivéssemos vindo atender seu chamado, teriam dado outro jeito de acabar com a festa de Afrodite por si sós. Então não preciso dizer que estamos orgulhosos de vocês como sempre!

– Obrigada - respondi ao deus sem muito entusiasmo, sabendo que provavelmente aquele era um pensamento do qual minha mãe não compartilhava. Poseidon devia ter insistido muito para que ela ao menos estivesse ali quando ele falasse conosco. Sendo assim, não pude deixar de me surpreender muito com o que veio a seguir.

– Pois é crianças - crianças? Acho que foi a coisa mais carinhosa que minha mãe já havia dito na vida - É evidente que estamos orgulhosos de vocês. Já enfrentaram tantas coisas e ainda enfrentam, não é qualquer intriga amorosa que irá derrubá-los. Entretanto sabemos do poder de Afrodite e ficamos felizes de ela não poder mais interferir em suas vidas. Acreditem, não sei se conseguiriam paz algum dia se ela continuasse - a deusa da inteligência parecia estar tendo dificuldades para externar seus sentimentos, o que era algo completamente compreensível já que ela quase nunca fazia isso - Enfim, com tudo isso quero dizer que vocês merecem ser felizes. Imagino que ainda acreditem que eu não aprovo o relacionamento de vocês, mas saibam que isso já é passado. Faz tempo que eu me dei conta de que minha filha está em ótimas mãos - será que era uma boa hora para informar Atena de que Percy e eu não estávamos mais juntos tecnicamente? Provavelmente não - Vocês são bons sozinhos, mas com certeza são muito melhores juntos. Portanto tem a minha benção para namorarem, se casarem e o que quer que seja que queiram fazer…

Era impressão minha ou Atena estava se referindo a sexo? Não, era melhor eu nem pensar nessa possibilidade. Não queria me lembrar da aparição dela depois da minha primeira vez, foi constrangedor! Era melhor me lembrar apenas do que ela acabara de fazer. Mesmo sem saber, Atena havia me ajudado na minha missão: “conseguir Percy de volta”. Se depois de ser aprovado por minha mãe, ele ainda não quisesse ficar comigo, eu então poderia desistir de vez. Havíamos feito o inimaginável naquele dia. Unir Poseidon e Atena em prol de uma causa e ainda fazer minha mãe admitir que aprovava meu romance com Percy. Eu devia estar satisfeita, mas não. Ainda queria que Percy me dissesse que iria voltar para o apartamento, voltar pra mim! Só conseguiria dormir em paz naquela noite depois disso.

Poseidon também reforçou estar muito satisfeito por seu filho estar com uma garota tão incrível como eu. Fiquei lisonjeada com o elogio, mas também fiquei me sentindo culpada. Ele também não fazia ideia que Percy e eu havíamos terminado, não entramos em detalhes nessa parte da história quando pedimos a ajuda deles. Entretanto, como Percy não falou nada, eu também fiquei na minha. Não ia acabar com a felicidade dos dois. Até porque, se dependesse de mim, não iríamos continuar separados por muito mais tempo. Ganhamos uma carona para casa, por sorte. Não seria legal ter que descer até o térreo do Empire States e reencontrar nosso amigo porteiro. Reaparecemos magicamente na sala do apartamento. Foi, com certeza, um dos momentos mais esquisitos da minha vida. Percy e eu simplesmente não sabíamos o que fazer nem o que falar. A tensão era enorme e eu achei que fossemos entrar em colapso nervoso.

– Grande dia, hã? - disse o filho de Poseidon enfim, quebrando o silêncio - Pensei que Zeus fosse nos fazer em pedacinhos. Ainda bem que você cuidou da situação, se dependesse de mim Afrodite teria saído impune depois de tudo…

– Ei, eu não fiz nada sozinha - respondi deixando um pouco da tensão de lado - Além do mais, sempre fui melhor nos discursos, especialmente quando se trata de convencer criaturas extremamente poderosas e convencidas - ele riu e instantaneamente comecei a me sentir melhor e mais confiante - Nossos pais também deram uma bela força.

– Tem razão - concordou Percy - Nem acreditei quando eles concordaram em nos ajudar. Claro que você já esperava por isso, percebi que bolou um plano de última hora, e foi genial. Mas o mais incrível de tudo foi eles terem falado tudo aquilo no final. Entendi que eles nos apoiaram porque também queriam “derrubar” Afrodite. Mas jamais imaginei que dariam aquela força pra gente. Bom, talvez de Poseidon eu até esperasse algo assim, mas de Atena? Ela realmente me surpreendeu!

– E você diz isso a mim? - sorri enquanto me sentava no sofá. Percy se sentou ao meu lado olhando pra mim - Ela tinha razão, eu ainda acreditava que minha mãe não aprovava nosso relacionamento, e que nunca iria aprovar. Infelizmente ela não escolheu o melhor momento para decidir ser legal conosco.

– Por que diz isso?

– Digamos que o timing de Atena não anda muito bom - tentei falar indiretamente sobre a que me referia, mas Percy pareceu ainda não entender o que eu queria dizer - Percy, ela resolveu aprovar nossa relação exatamente no momento em que não estamos mais juntos. Chega a ser irônico...

– Espera ai, então você está dizendo que ainda não estamos juntos. Ou melhor, continuamos separados... - ele falava como se aquilo não fizesse sentido pra ele.

– É Percy, da última vez que chequei ainda não havíamos feito as pazes.

– E pode me explicar o que foi aquilo que aconteceu na última noite?

– Não sei, uma recaída talvez? - fiquei completamente confusa - Não chegamos nem a falar nada, não acertamos as coisas. Como eu posso saber se estamos ou não juntos de novo?

– Bom, achei que palavras poderiam estragar aquele momento - disse ele repetindo exatamente o mesmo que eu dissera dias atrás. Sorri a contragosto - Realmente achei que não tinha necessidade de dizer em voz alta que havíamos nos acertado, mas já que você insiste… - não eu não insistia coisa nenhuma, para mim já estava de bom tamanho. Só de saber que ele me queria de volta também já era mais que suficiente. No entanto, eu amei ouvir o que ele disse a seguir - Annabeth Chase, eu perdoo o que quer que seja que tenha feito a mim, as mentiras, o fato de ter namorado Nathan, enfim… Isso não importa mais. E também te peço perdão por ter agido como eu agi. Aquela coisa com a Caroline não foi nenhum pouco legal. Acho que no fim das contas ambos erramos e ambos nos arrependemos. E depois de isso tudo só posso ter certeza de uma coisa: eu não quero, nem posso, nem devo ficar nem mais um dia sequer sem você! Eu te amo, ainda mais do que antes, se é que é possível. E você é minha. Então o que mais tenho que dizer? Quer voltar a ser minha namorada?

– Sim - Foi só o que consegui dizer antes de pular em seu pescoço e beijá-lo intensamente.

– Ahhh é tão bom saber que Afrodite não tem mais a ver com nada disso! - exclamou Percy ainda ofegante e muito satisfeito depois que separamos os lábios.

Não fomos direto para a cama naquele dia. Decidimos aproveitar o resto do dia para fazer coisas que um casal normal, ou quase normal, faz. Ainda nos restavam algumas horas de sol, então saímos para fazer algo que raramente fazíamos. Por falta de tempo e de disposição causada pela dura rotina que levávamos, mal podíamos aproveitar as áreas de lazer do prédio. Colocamos nossos trajes de banho e fomos para a piscina. Claro que não era nem de perto como nadar nas praias de Long Beach muito menos na nossa cachoeira secreta no acampamento meio-sangue. Mas quando se tem um namorado que pode controlar qualquer coisa relacionada a água, até uma simples piscina vira algo muito interessante. Por sorte não havia mais ninguém e o clima estava quente, mesmo com o sol se pondo.

Percy me fez flutuar na superfície da água sem que eu fizesse nenhum esforço para isso, enquanto ele apenas me observava do lado de fora. Segundos depois, sem prévio aviso, ele pulou na água, me tirando do meu momento de tranquilidade e espirrando água para todo lado. Fiquei furiosa e ao mesmo tempo entusiasmada. Começamos a parecer mais com um casal comum de humanos com aquelas brincadeiras bobas. Quis matá-lo quando começou a desatar os laços do meu biquíni e depois fugir rapidamente por baixo d’água. Ele estava ficando abusado demais, mas eu não conseguia parar de rir. Fiquei uns cinco minutos segurando a parte de cima do biquíni e implorando para que ele viesse “arrumá-la” pra mim. Depois disso começamos uma troca intensa de beijos e carícias. Por pouco não nos esquecemos onde estávamos e deixamos a coisa rolar ali mesmo.

Percy queria usar o poder da água para nos levar até o sétimo andar pelo lado de fora do prédio mesmo, fazendo-nos entrar pela sacada. Eu obviamente não o deixei fazer isso. Nos enrolamos na toalha e tentamos nos manter nelas até chegar ao apartamento. Do jeito que estávamos, ainda molhados da piscina, caímos na cama e fizemos amor até o anoitecer. Eu simplesmente nunca teria o suficiente dele, pois quanto mais tinha, mais eu queria. Se não fosse o esgotamento físico, ficaríamos ali para sempre. Sem nos preocupar com mais nada. Afinal o resto do mundo não existia quando estávamos juntos.


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Notas finais do capítulo

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