Missão A Dois escrita por Sarah Colins


Capítulo 38
Capítulo 37 - Socorro


Notas iniciais do capítulo

Olá amigos, tudo bem? :)
Como foi o fds de vocês? Espero que tenha sido bom :D Trago capítulo novo pra vocês com muitas novidades, espero que gostem!
Boa leitura ;)



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A pior coisa não foi acordar e perceber que Percy não estava ao meu lado. A pior coisa foi ver o estado em que se encontrava o lençol e sentir a lembrança de seu corpo no meu. Isso comprovava que a noite anterior tinha acontecido de verdade e que fora maravilhosa. Mas também comprovava que Percy havia ido embora sem se despedir. Eu sabia que não podia ter criado falsas esperanças de que ficaríamos juntos de novo só porque ele havia dormido comigo. Não havíamos conversado nada ainda. Só o que fizemos foi nos entregar aquela doce e irresistível atração que sentíamos um pelo outro. O desejo de estar com ele era tão incontrolável que não entendi como havia conseguido ficar todo esse tempo longe dele. Agora que havia despertado aquele monstrinho dentro de mim, era ainda mais difícil aceitar que ainda podíamos estar muito longe de voltar a ser o que éramos.

Fiquei ainda uns bons minutos deitada na cama, sentindo o cheiro e o calor de Percy que haviam ficado empregados nos lençóis. Depois me obriguei a levantar e ir até o banheiro. Não queria tomar banho, não queria que a lembrança do toque dele saísse de mim. Então apenas lavei o rosto e escovei os dentes. Eu estava com o cabelo desgrenhado e com a cara amassada, mas ao olhar no espelho me senti a garota mais bonita do mundo. Estava revigorada, radiante. O que uma noite de amor com o cara dos seus sonhos não podia fazer! Eu não precisaria de mais nenhum tratamento de beleza se tivesse Percy para me satisfazer para o resto da vida. Pensar naquilo doeu um pouco. Meu futuro com o filho de Poseidon era totalmente incerto. E só de pensar que talvez eu não o teria para o resto da vida, me deixava sem vontade de continuar vivendo.

Não pude evitar ir até os outros cômodos do apartamento para chegar se ele havia mesmo ido embora. Não o encontrei, nem mesmo suas coisas estavam mais lá. Ele realmente se fora. Fiquei ainda mais triste. Ser abandonada daquela forma uma vez já tinha sido ruim, a segunda não fora muito melhor. Se houvesse uma terceira eu não sei se sobreviveria para contar a história. Será que Percy havia se arrependido do que fizera? Será que ainda não conseguia me perdoar pelas coisas que fiz e achou melhor se afastar? Será que ele ainda está indeciso? Em todo caso uma coisa era certa: ele não queria me encarar. Se fosse para dizer que não voltaríamos mais ou se fosse para dizer que ainda não se decidira, ele preferira fugir e adiar o inevitável. Prolongar meu sofrimento e o dele. Eu não podia culpá-lo. Ainda mais depois de toda a pressão que as revelações de Afrodite empregaram à coisa toda.

Só de pensar na deusa do Amor e em tudo que ela havia planejado para nos separar, eu tinha vontade de esganá-la. Não importava que ela fosse nos unir de novo no fim das contas. Eu não queria que nada daquilo tivesse acontecido. Não queria ter tido que mentir para Percy, não queria ter deixado Dean se aproximar de mim, não queria ter visto ele beijando outra garota só para se vingar e não queria ter achado que poderia esquecê-lo namorando outro garoto. Pensar naquilo só me deixou pior, pois acabei percebendo que, por mais que Afrodite tivesse criado todas aquelas situações, as atitudes e decisões foram minhas. Eu poderia ter escolhido fazer as coisas diferente, poderia ter evitado muitas das discussões e brigas. Percy também. Mas é claro que a deusa contava com o nosso temperamento para que seu plano desse certo. Afinal ela era a deusa do amor, tinha alguma experiência no assunto.

O aperto em meio peito não passava. Eu queria que Percy estivesse ali comigo. Queria que tentássemos encontrar uma saída para aquilo juntos! Não importava o que Afrodite tivesse planejado para nós dali pra frente. Provavelmente não daria certo mesmo, já que havíamos descoberto tudo. Agora pelo menos tendo consciência do que nos afetava, poderíamos ter uma chance de acertar as coisas. Mas ao que parece, Percy não tivera coragem de aproveitar aquela chance. Ou simplesmente não queria aproveitá-la. Pode ser que depois da última noite ele tenha se dado conta de que não sentiu tanto a minha falta e que pode viver muito bem sem mim. Ainda que fosse difícil acreditar naquilo eu comecei a chorar. Havia sentido seu amor e sua vontade de estar comigo naquele momento. Ele mesmo disseram que ainda me amava. Pensar que ele não me queria mais era doloroso demais. Nem percebi quando a porta do apartamento se abriu e alguém veio na minha direção.

- Annie? - a voz de Percy era como música para meus ouvidos - O que aconteceu? Você está chorando?

- Não - disfarcei o máximo que consegui, virando o rosto e enxugando as lágrimas antes que ele visse. Me senti ridícula por estar chorando. Ele não havia me abandonado afinal - Acho que estou um pouco resfriada, só isso - menti - Aonde foi?

- Fui buscar café da manhã para nós - ele mostrou uma sacola que havia trazido. Era do Sally’s Café. Tive que sorrir ao ver a cara que ele fazia - Espero que a sua ex-chefe tenha perdido a mania de contratar monstros disfarçados para trabalhar lá.

- Acho que enquanto eu me mantiver longe ela não terá mais que se preocupar com isso - falei rindo da piada dele. Mas instantaneamente me senti mal por aquilo. Havia colocado muita gente em perigo com aquelas criaturas atrás de mim.

- Tem certeza que está tudo bem? - voltou a perguntar Percy ao analisar minha expressão.

- Tenho. Só estava aqui refletindo sobre tudo o que aconteceu…

- Que coincidência. Era exatamente o que eu estava fazendo enquanto comprava nosso café da manhã - ele me pegou de surpresa com aquela afirmação e por um breve segundo pensei que estivemos nos referindo a mesma coisa - Pensei muito e cheguei a conclusão de que não podemos deixar as coisas ficarem do jeito que estão. Temos que dar um jeito nisso de uma vez por todas!

- Eu concordo - balancei a cabeça animada enquanto olhava pra ele.

- Temos que resolver isso agora, ou então as coisas só podem piorar. Temos que fazer Afrodite nos deixar em paz! Precisamos bolar alguma coisa para dar uma lição na deusa!

Eu murchei de forma tão evidente que Percy franziu a testa e me olhou esquisito. Tentei disfarçar mas foi impossível. Por um momento eu tinha achado que estávamos na mesma página. Por um momento acreditei que ele também queria que acertássemos as coisas de vez para podermos voltar a ficar juntos. Infelizmente o que ele me dissera não tinha nada a ver com tudo o que eu pensara naquela manhã. Enquanto eu sonhava em estar com ele de novo, Percy estivera pensando em como tirar Afrodite de nossas vidas. Que ótimo! Bom, saber que estávamos em pura sintonia. Deixei de ficar deprimida e comecei a ficar emburrada. Percy recuou e eu sabia que ele havia percebido. Não era louco o bastante para tentar cutucar onça com vara curta. Senti que ele estava prestes a perguntar o que havia comigo, mas desistiu no meio do caminho, provavelmente pensando em preservar sua integridade física.

- Então… já tem algo em mente para tentar “conter” Afrodite? - perguntei a contragosto depois de um tempo. Mas não deixei de demonstrar que não estava exatamente super empolgada com a ideia dele.

- Bom, tenho sim, mas queria sua opinião primeiro. É que é um pouco arriscado, na verdade muito arriscado. E não sei se você vai gostar muito também…

- Só vai saber se me contar o que é… - Ok, talvez eu estivesse sendo ríspida demais com ele. O pobre semideus nem sabia o que tinha feito pra mim. Mas não podia evitar.

- Certo. É bem simples. Pensei em pedirmos ajuda aos nossos pais. Quem sabe se eles derem uma “carcada” na deusa do amor ela não resolve nos deixar em paz?

- Espera, mas você está se referindo aos nossos pais divinos, certo?

- Isso mesmo - respondeu Percy.

- Ok, mas qual deles iremos chamar?

- Os dois.

- Você só pode estar brincando! - falei com naturalidade porque achava realmente que ele não estava falando sério. Não podia estar. Aquela ideia era ridícula.

- Er… na verdade não.

- Então você só pode ter ficado completamente louco! - exclamei com tom de preocupação. O que Percy estava pensando em achar que aquela ideia daria certo? - Percy, acorde! Nossos pais são Atena e Poseidon. Eles se odeiam, lembra? Jamais concordariam em nos ajudar, ainda mais se tiverem que fazer isso juntos! Eu duvido até que apenas um deles queira atender ao nosso chamado. Se sequer desconfiarem que estamos pedindo algo aos dois jamais obteremos resposta.

- Eu acho que vale a pena tentar - insistiu Percy. Ele parecia realmente convencido de que seu plano era ótimo - Fala sério, eles são nossos pais afinal. O máximo que podem fazer é dizer não.

- Você sabe muito bem que isso não é o máximo que podem fazer - rebati. Já havia me levantado do sofá e agora estava de braços cruzados - Qualquer enfrentamento que surgir entre Atena e Poseidon pode acabar resultando em uma guerra ou coisa do tipo. Não acha melhor tentarmos dar um jeito nisso por conta própria?

- Annie, estamos falando de Afrodite. Por mais que a gente consiga fazer algo grande o bastante para perturbá-la, ela é uma deusa. Vai esquecer e voltar a interferir em nossas vidas logo em seguida. Acho que só o que conseguiremos fazer sozinhos e deixá-la irritada e com ainda mais vontade de tumultuar nossa vida.

- Percy, não sei… - queria gritar e implorar para que ele desistisse da ideia. Mas eu podia ver a convicção em seus olhos e sabia que nada o impediria de fazer o que achava que tinha que fazer. Há alguns meses eu seria a primeira a confiar cegamente em seus instintos e ajudá-lo em qualquer que fosse seu plano maluco. Mas muitas coisas haviam mudado, talvez agora eu tivesse que começar a colocar um pouco de juízo em sua cabeça. Tinha que protegê-lo de suas próprias atitudes impensadas. Sabia que ele faria aquilo, com ou sem a minha ajuda, então tudo que consegui pensar para dizer foi: - Ok, vou ajudá-lo. Mas como pretende fazer isso?

Ele então começou a explicar. Queria que tentássemos invocar nossos pais da maneira mais simples que havia, rezando para eles. Não iríamos mencionar ainda que os estávamos chamando ao mesmo tempo. Apenas iríamos pedir ajuda e esperar que eles atendessem. Se não o fizessem, nossa plano B seria ir até o Olimpo tentar consegui penetrar em uma das reuniões no palácio de Zeus. O que era totalmente incerto, já que nunca sabíamos ao certo quando ocorriam essas reuniões e muito menos se iam nos deixar entrar. Então estávamos bem concentrados em fazer o Plano A dar certo!

Percy e eu achamos melhor sair do apartamento e tentar a “invocação” em um lugar aberto e mais movimentado. Sabíamos que se Atena e Poseidon aparecessem, viriam em suas formas humanas em tamanho natural e caberiam dentro do apartamento facilmente. Porém, não tínhamos certeza se eles se sentiriam a vontade ali, muito menos estando os dois juntos. Além disso, estar num local público com a presença de mortais por perto poderia ajudar a conter a fúria dos deuses que muito provavelmente seria desperta em algum momento. Fomos a uma praça que havia próxima ao prédio e procuramos um local tranquilo e agradável para começar o nosso “experimento”.

Me concentrei e comecei a pedir a ajuda de minha mãe. Não me lembrava qual fora a última vez que tentei fazer aquilo. Só cogitava a possiblidade de pedir a intervenção de Atena quando haviam esgotados todas as minhas opções e ainda assim eu fazia de tudo para evitar chegar a esse ponto. De qualquer forma, lá estava eu, quebrando todas as minhas convicções só para estar ao lado de Percy e não deixá-lo fazer uma besteira. Só esperava que não estivesse compactuando para o começo da próxima guerra do Olimpo. Pedi com todas as minhas forças pela ajuda de Atena. Ressaltei o fato de que não costumava recorrer a ela com muita frequência e se tratava de um assunto importante. Tentei empregar o máximo de sinceridade em meus pensamentos.

Abri apenas um dos olhos e dei uma espiada. Nada havia acontecido. A praça continuava da mesma forma que havia estado desde que chegamos. Vi que Percy continuava de olhos fechados ainda tentado invocar o pai. As águas da fonte próxima a nós estavam se agitando tamanha era a concentração do filho do Rei dos mares. Poucos segundos depois ele também abriu os olhos e conferiu os arredores. Nos olhamos e suspiramos, ambos profundamente desapontados com o nosso fracasso. Percebi então que a água da fonte voltou a se agitar. Achei que fosse Percy novamente provocando àquilo através de suas emoções. Não demorou nada para eu perceber que estava errada. Um homem com roupa de pescador, aparentando em torno de 40 anos de idade, surgiu das águas magicamente. Suas roupas estavam secas e ele tinha um sorriso no rosto.

- Pai! - exclamou Percy sem esconder o quanto estava surpreso por Poseidon ter atendido seu chamado. Lhe dei uma leve cotovelada na barriga para ele se tocar - É… nós estávamos te esperando mesmo. Que bom que veio! - infelizmente ele era um péssimo ator.

- Percy, Annabeth - cumprimentou o deus do mar de forma direta porém calorosa - Imagino que devam estar com um problema muito sério para terem me chamado com tanta urgência. Certamente não iriam interromper os meus importantíssimos afazeres por qualquer coisa…

- Certamente sim… quer dizer, não claro que não - se enrolou Percy ao tentar responder. Ele estava visivelmente nervoso com a presença do pai. Eu também estava, não sabia o que ele iria penar do nosso “gravíssimo” problema - Claro que não iriamos chamá-lo se não fosse algo realmente sério. Precisamos de sua interferência e principalmente de sua influência para nos ajudar. Mas, na verdade, estamos esperando outra pessoa chegar também…

- Percy, não acredito que ela venha - falei enquanto o olhava de forma alarmada, se Atena não iria aparecer então era melhor que o pai de Percy nem soubesse que a havíamos chamado também - Se não veio até agora, não acho que venha mais…

Novamente eu estava errada. No momento em que comecei a sentir a presença de minha mãe percebi que aquela ideia havia sido um erro. Já estava até me conformando com a ideia de que apenas Poseidon nos ajudaria, e que aquilo seria bem mais fácil. A atitude do rei dos mares, sempre tão serena e bondosa, me deixaram mais confiante quanto àquele plano maluco. Desejei que Atena não tivesse atendido a minha prece, como ela já fizera tantas vezes. Então eu me dei conta de uma coisa. Se ela de alguma forma tivesse como saber que também havíamos invocado Poseidon isso seria motivo mais que suficiente para ela dar as caras, nem que fosse apenas para verificar do que se tratava.

- O que está havendo aqui? - a expressão de Atena ao ver Poseidon ali era sombria e assustadora. Ela podia até estar fingindo, mas eu podia jurar que ela não tinha ideia mesmo de que iria encontrar o seu companheiro olimpiano ali - É alguma brincadeira de muito mal gosto de vocês semideuses?

- Não mãe, não é nada disso - me apressei em tentar explicar. Por mais que eu acreditasse que Atena não iria me dar ouvidos naquele momento, eu tinha que fazer alguma coisa para tentar conter os ânimos - Nós os chamamos porque precisamos da ajuda de vocês de verdade!

- Está certo - Atena parecia raciocinar tentando encontrar uma lógica sensata que explicasse aquilo - Vocês devem ter nos chamado esperando que se um de nós viesse já seria um grande milagre - ela falou aquilo como se estivesse querendo “reproduzir” nossa forma de pensar, sem obter sucesso é claro - Bom, agora que já estou aqui… Pode deixar que cuido disso, Poseidon. Volte para seu Reino que com certeza deve estar precisando de você.

- Minha cara Atena - respondeu o deus dos mares com tom irônico, o que o fez ficar muito parecido com Percy - Não sei se percebeu mas eu cheguei aqui antes de você. Levo muito mais a sério os pedidos de ajuda dos meus filhos, como todos podem perceber. Então se alguém deve se retirar daqui é você.

- Se minha filha chamou por mim é porque ela sabe que sou eu quem tem maior capacidade de resolver qualquer que seja o seu problema - retrucou a deusa da sabedoria de forma presunçosa - Tenho certeza que seu filho só o chamou também por precaução, caso eu não pudesse vir atendê-los. Mas como já estou aqui, acho que você não é mais necessário.

- Esperem - interferiu Percy e eu soube na hora que ele não devia ter feito isso - Não há necessidade de discutirem. Nós sabemos que vocês não se dão muito bem, ok? Mas acreditem, nós chamamos os dois sim, e não foi porque esperávamos que apenas um viesse. Na verdade estávamos contando com os dois e queremos a ajuda dos dois. Então se puderem ficar e pelo menos ouvir o que temos a dizer, nós ficaremos muito gratos - seu discurso havia sido bom, mas obviamente não chegava nem perto de ser o suficiente para convencer àqueles dois a colaborarem em algo juntos.

- Sua ignorância me deixa impressionada, semideus - Atena se dirigia a Percy com um olhar de desprezo - Como poderia sequer imaginar que Poseidon e eu poderíamos agir juntos em alguma coisa? Ainda mais em um assunto de nossos filhos. Em milênios jamais fizemos algo em conjunto, nem mesmo ficamos perto um do outro por muito tempo. O que o faz pensar que vamos simplesmente esquecer nossas diferenças e nos unir só porque vocês estão pedindo?

- Não que eu concorde com a sabichona ai - disse Poseidon - Mas realmente não vejo forma de que eu, ou qualquer outro olimpiano, consiga trabalhar em conjunto com essa deusa. Não me levem a mau, eu até já tentei aturá-la, mas depois de alguns éons me dei conta de que isso é impossível. E outra coisa, se ofender o meu filho mais uma vez, vai se arrepender, Atena!

- Pessoal - depois de rezar pedindo a proteção de todos os outros deuses do olimpo eu me meti na conversa. Fiz uma nota mental de que, se eu saísse viva daquele impasse, me lembraria de fazer todas as coisas que gostaria de fazer antes de morrer logo - Não estamos pedindo que vocês sejam amigos nem que esqueçam as suas desavenças do passado. Sei que se odeiam muito antes de nós existirmos. Mas se há alguma possibilidade de que tenham algo em comum a prova viva disso somos nós dois. Somos seus filhos e querendo ou não temos muito de vocês. E Percy e eu nos demos bem desde o começo, somos amigos e mais do que isso… - hesitei antes de falar, mesmo sabendo que eu não estava inventando nada, era estranho dizer isso naquela situação - Nós nos amamos. Então me expliquem como é possível que uma parte de vocês, que somos nós, se amarem, e vocês continuarem a se recusar a conviver pelo menos pacificamente?

Os dois deuses olimpianos pararam para pensar durante alguns segundos. Até eu tinha ficado impressionada com a minha teoria, ela realmente fazia sentido. Nem mesmo um deus poderia contestá-la. No entanto eu desconfiava que nem isso iria convencer os dois a cooperarem um com o outro e nos ajudar. Mesmo que concordassem com que eu dissera, não adiantaria de nada. Tinha que colocar o cérebro para funcionar, tinha que haver outra maneira de convencê-los. O que Poseidon e Atena poderiam ter em comum além de mim e Percy? Será que não havia nenhum interesse que eles compartilhassem. Deuses costumam trabalhar juntos quando tem algum inimigo em comum, sabia de várias histórias assim. Foi então que uma ideia iluminou a minha mente.

- Annabeth, querida - falou Atena de forma séria, nem eu sendo sua filha poderia acreditar que aquela forma de tratamento seria natural vindo dela - Você é uma garota inteligentíssima, e pode até ter razão naquilo que disse. Mas entenda que Poseidon e eu não podemos trabalhar juntos, não importa qual seja a situação. Nem mesmo nas últimas guerras que vocês puderam presenciar nós dois nos aproximamos sequer. Agora cabe a vocês decidirem quem é que acham mais competente para ajudá-los. Sei que irá fazer uma sábia escolha, como sempre, minha filha.

- Quer saber, melhor deixar pra lá - falei colocando o meu plano C em prática - Acho que nem mesmo vocês juntos iriam conseguir nos ajudar…

- Ahn, Annabeth? - Percy me olhou sem entender, completamente constrangido. Lancei um olhar de “confie em mim” e continuei.

- Não Percy, esqueça. Ninguém jamais tentou isso antes. É loucura. Melhor não colocarmos nossos próprios pais em risco, não acha?

- Do que está falando mocinha? - falou a voz de Poseidon adotando um tom indignado - Tem ideia do que já enfrentei? Acha mesmo que exista algo que pode me amedrontar? - eu havia cutucado o orgulho deles, assim como planejava. Se o pai de Percy havia ficado contrariado com aquilo, nem queria imaginar o que minha mãe estaria pensando.

- Certo filha, agora posso ver os efeitos do namoro com Percy Jackson em você - ela falava com piedade me olhando - Já não está mais tão esperta quanto antes. Como pode dizer que eu, a deusa da inteligência e da estratégia, não poderia solucionar um mero problemas de semideuses? Esta mesmo subestimando sua própria mãe, Annabeth?

- Não é isso, vejam bem, eu sei que são muito poderosos e tudo mais, mas é que… Se soubessem o que queremos pedir. Não melhor não.

- Diga de uma vez do que se trata, menina! - Poseidon perdeu a paciência comigo e eu quis rir, mas me contive.

- Ok. A questão é a seguinte: Afrodite tem tornado a nossa vida um inferno. Ela disse que só faz isso para tornar a nossa relação mais interessante, só que ela passou dos limites. Ela sequestrou ou mortal e por sua culpa ele ainda foi agredido - enfatizei cada palavra implicando o máximo de drama que consegui.

- Afrodite fez isso? - vi surpresa e satisfação tomando o rosto da deusa - Por que não nos disse antes?! Isso é ótimo!

- Ótimo? - Percy parecia completamente perdido.

- Claro que sim - concordou Poseidon - Há heras nós procuramos uma desculpa para castigar essa deusa do amor presunçosa e intrometida. Não perderíamos uma oportunidade de denegrir sua imagem perante o Olimpo. Não precisam perguntar de novo, vamos ajudar vocês.

Atena concordou com um breve aceno de cabeça e eu tive a certeza de que havíamos dado o pontapé inicial para a 3ª guerra envolvendo deuses em menos de duas décadas.


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Notas finais do capítulo

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