Missão A Dois escrita por Sarah Colins


Capítulo 40
Capítulo 39 - Suspeita


Notas iniciais do capítulo

Atualizando aqui agora que o NYAH voltou o/



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Quase não dava pra acreditar que tudo estava voltando ao normal. Era como se eu fosse uma espectadora de minha própria vida e estivesse impressionada ao ver uma grande reviravolta em uma história onde já havia perdido as esperanças. Pensar dessa forma, me fazia lembrar de Afrodite. Do que ela dissera sobre tornar nossa relação interessante como se fossemos parte de uma novela. Por mais que eu soubesse que ela não iria poder interferir diretamente em nossas vidas dali pra frente, ela afinal era a deusa do amor. Estava presente em tudo o que tinha a ver com o amor. Não sei porque, mas tinha um palpite de que os dramas não haviam acabado ainda. Entretanto estava me dando ao luxo de aproveitar o período de calmaria que vivíamos.

Todas as brigas e o tempo que passamos separados pareciam ter acontecido em outra vida. O amor que experimentávamos novamente não deixava nenhum vestígio do sofrimento passado. Fizemos um pacto silencioso assim que Percy voltou a morar comigo, de que não tocaríamos mais no assunto. O passado deveria continuar no passado. Não deixaríamos aqueles fantasmas nos assombrarem mais. Nos focamos na nossa reconciliação e em todas as coisas boas e deliciosas que ela nos proporcionava. Percy passou a me levar todos os dias até a faculdade, já que agora ele terminara de reformar o carro que havia pegado na oficina. Eu sabia que não era por ciúmes. Por mais que parecesse um ato possessivo, era apenas a vontade de estar comigo e cuidar de mim. Retornar as aulas foi difícil depois daquele período que fiquei afastada acertando minhas contas com os deuses. Por sorte meus dois queridos amigos não só entenderam a minha ausência, como me ajudaram a me atualizar nas matérias.

Para meu alívio Percy deixou o posto de gasolina e voltou a trabalhar apenas no aquário. Ele devia fazer um ótimo trabalho por lá, pois os donos não pensaram duas vezes antes de lhe dar o emprego de volta. Era o mínimo que podiam fazer aliás. Se eles soubessem que tinham um legítimo filho de Poseidon à disposição. Deveriam promovê-lo, isso sim. Além disso, Percy decidiu que também queria estudar alguma coisa, mas ainda não sabia o que. Por isso ele começou a visitar a Cornell comigo de vez em quando para ver se havia algum curso que chamasse sua atenção. Eu achava difícil que alguma das profissões que eram ministradas ali fossem interessar a Percy, mas não custava nada tentar. Fora que eu adorava levá-lo comigo para a aula. O fato de ele atrair vários olhares femininos me incomodava, mas não era nada que eu não pudesse aturar para poder ter a companhia do meu namorado por mais tempo.

Estávamos definitivamente em uma maré de sorte. Ou talvez Afrodite resolveu ser boazinha conosco. A polícia encontrou nossas coisas que haviam sido roubadas e nos devolveram absolutamente tudo. Era muito bom não ter mais que pensar em repor tudo o que fora perdido. Eu já havia pagado nossas contas atrasadas há muito tempo e que ainda me sobrara um bom dinheiro dos trabalhos como modelo. Obviamente encerrei meu contrato com a agência e também não voltei mais no Sally’s Café. Resolvi que iria procurar logo um estágio em um escritório de algum arquiteto ou em alguma empresa de construção, ou algo do tipo. Eu sabia que precisava encontrar um trabalho logo, ou então voltaríamos a ter problemas financeiros. Mas também não queria mais me meter em um subemprego pra ficar fazendo algo que eu não gostasse.

Cerca de duas semanas depois da nossa visita ao olimpo, fomos até o hospital visitar Nathan. Seu pai, mesmo sendo um empresário super ocupado, estava lá com ele, como estivera todos os dias desde que fora internado. Ele não se opôs quando pedimos para ver o mortal e ainda agradeceu a visita. Ao que parecia, éramos os únicos amigos de Nate que sabiam do ocorrido ou que se importavam o suficiente para ir vê-lo. Ele ainda não estava 100% recuperado de seus ferimentos, mas a melhora era visível. Sua pele voltara a ter a mesma cor da antes e ele parecia conseguir se mover normalmente. Só estava mesmo aguardando o médico lhe dar alta para voltar para casa. O pai de Nathan, Dan Scott, nos dissera antes de entrarmos no quarto que o filho não se lembrava de nada do que acontecera com ele. Nem do sequestro e nem de como fora agredido. Então devíamos agir com cautela perto dele. Não tentar pressioná-lo nem nada.

Quando entramos e começamos a conversar com o garoto, percebemos que a coisa era muito mais séria. Ele não apenas esquecera do sequestro e da agressão. Todos os últimos meses haviam sumido de sua memória. Ele não se lembrava nem que havíamos namorado. Apenas sabia que conhecia Percy e eu, mas nada além disso. Não demorou nem dois segundos para eu perceber o que havia acontecido. Aquilo só podia ser obra dos olimpianos. Claro! Eles não podiam permitir que Nathan soubesse da existência de deuses e semideuses. Muito menos que se lembrasse que fora sequestrado por monstros. Fiquei satisfeita de certa forma, porque sabia que para ele era muito melhor não se lembrar de nada daquilo. Ainda assim era triste saber que ele esquecera do que vivemos, por mais que não tenha sido um namoro ideal. Ao menos ele lembraria de mim como uma amiga.

Obviamente não lhe contamos nada e decidimos que era melhor deixá-lo sem aquelas lembranças mesmo. Desejamos que se recuperasse logo e fomos embora. Para mim fora um alívio muito grande perceber que havíamos realmente superado o obstáculo “Nathan”. Percy não pareceu ressentido ou incomodado em momento algum. Pelo jeito também considerava o garoto um bom amigo, assim como eu. Quando estávamos deixando o hospital senti uma certa tontura e um enjoo pouco comuns. Tive até que me sentar e esperar um pouco para me recuperar. Percy ficou super preocupado, mas não havia sido nada demais. Achei que pudesse ter a ver com o choque emocional de ver Nate recuperado, mas provavelmente fora apenas o forte de cheiro de éter que havia por toda parte naquele lugar. Fui embora o mais rápido que pude e assim que chegamos em casa eu já estava nova em folha.

***

Voltei a me sentir mal naquela mesma semana, mas dessa vez não pude me enganar achando que não era nada de mais. Foi um dia como outro qualquer. Percy me levou até a faculdade de carro e seguiu para o trabalho. Eu assisti as aulas normalmente. Senti que Sam e Tasha estavam um pouco estranhos naquele dia. Pareciam um pouco ansiosos, mas quando tentei perguntar o motivo eles desconversaram. Certamente estavam me escondendo algo. Me concentrei na aula, porque ainda estava um pouco pra trás naquela matéria, por causa dos dias que faltei. Não me esqueci, porém de fazer uma nota mental para me lembrar de descobrir o que aqueles dois estavam tramando. Me senti mais cansada do que o normal quando os módulos terminaram aquela manhã. Mas não dei importância e fui procurar um lugar para almoçar.

Na maioria das vezes eu esperaria Percy me ligar para irmos comer juntos, mas naquele dia ele havia me dito que tria que comer qualquer coisa lá perto do Aquário Municipal mesmo pois teria que voltar rápido para uma reunião super importante com o chefe. Achei um pouco estranho, afinal pensei que esse tipo de coisa não acontecia nesse tipo de estabelecimento. Mas não questionei muito, apenas fiquei torcendo para que ele fosse promovido. Não quis ir muito longe da estação do metrô para almoçar, afinal naquele dia eu teria que voltar sozinha para a casa. Escolhi então algo simples e prático. Pedi um hot-dog em uma lanchonete onde eu já havia comido outras vezes e sabia que era boa. Comi e já fui para a estação comprar o bilhete. Foi quando estava prestes a embarcar que senti meu estômago se revirando.

Devia haver algo estragado naquela salsicha, porque coloquei tudo pra fora assim que consegui chegar ao banheiro mais próximo. Num dia de coisas estranhas acontecendo em todo canto, aquilo era o mais estranho de tudo! Eu nunca passava mal daquele jeito. Já havia comido aquele hot-dog diversas vezes. O que havia de errado comigo? Depois de lavar a boca e me recompor, me olhei no espelho e vi que estava pálida. Um sino de igreja começou a soar em minha cabeça como em um filme de terror. Me dei conta de algo que passara completamente despercebido naquela semana. Eu estava mais de uma semana atrasada. Com toda a agitação que ocorrera com a história de Afrodite eu não tive nem tempo de reparar nisso. Era comum atrasar dois ou três dias, mas nunca uma semana inteira! Aquilo não era um bom sinal, definitivamente não.

Lembrei-me também de um pequeno detalhe que havia passado completamente por alto a mim e a Percy também. No dia em que descobrimos que era a deusa do amor que estava por trás de tudo nós havíamos dormido juntos e não usáramos proteção. Antes de terminarmos isso não seria um problema, afinal eu tomava anticoncepcionais. Naquela noite, porém eu já não estava tomando há muito tempo. Não tinha porque eu continuar se não estava tendo relações com ninguém. Eu tinha sido muito estúpida de não me lembrar da camisinha. Percy também. Estávamos tão eufóricos e envolvidos com o momento que nenhum dos dois se deu conta. E agora eu estava tendo sintomas que só podiam significar uma coisa: eu poderia estar grávida! Não que a ideia de ter um filho com Percy não me agradasse, ao contrário, era algo que fazia parte dos meus planos. Mas não ainda, não naquele momento. Tínhamos acabado de reatar e uma bomba daquelas podia arruinar tudo!

Fiz o que qualquer garota nessa situação faria: liguei para minha melhor amiga. Infelizmente Tasha não me atendeu, devia estar ocupada no trabalho. Era ela que sempre tinha os melhores conselhos quando se tratava de garotos, relacionamento e essas coisas. Pensei em ligar para outra das minhas amigas semideuses, mas me lembrei que nenhuma delas tinha celular. Eu também não tinha nenhum dracma comigo para mandar uma mensagem de íris. O que também estava fora de cogitação, primeiro porque aquele banheiro era movimentado demais, segundo porque eu não conseguiria encarar quem quer que fosse para dizer o que eu tinha pra dizer. Respirei fundo e contei até dez bem devagar. Tomei coragem e fui procurar uma farmácia. Engoli a vergonha que estava sentindo e pedi um teste de gravidez. Guardei-o na bolsa e voltei para a estação, era melhor fazer aquilo em casa.

Logo que cheguei no meu prédio, percebi que algo de estranho estava acontecendo, pra variar. Não sei exatamente o que era, talvez fosse só meu instinto que já estava programado para detectar problemas. Cumprimentei o porteiro e ele me disse que Percy estava me procurando. Isso sim era muito estranho! Percy não devia estar em casa, seu turno no trabalho só terminava dali a três horas mais ou menos. O que ele fazia ali? Coisa boa não podia ser! Ok, eu tinha que parar de ser tão pessimista. Não era porque tudo naquele dia estava esquisito que eu deveria continuar esperando só o pior. O porteiro disse que Percy me esperava na recepção, então o agradeci e fui até lá. Meu namorado estava lindo como sempre e mais bem arrumado do que de costume. Estava sentado numa das poltronas e mexia em seu celular.

– Ei baby - disse Percy ao levantar os olhos pra mim. Ele havia começado a me chamar daquela forma há alguns dias. No começo eu achei um pouco bobo, mas depois eu comecei a gostar - Que bom que chegou! Preciso de sua ajuda em uma coisa, vem comigo… - ele se levantou e me puxou pela mão, sem me dar tempo para responder nada.

– Posso pelo menos saber o que está acontecendo? - perguntei enquanto apertava o passo para conseguir acompanhá-lo. Percy estava, além de bem arrumado, muito cheiroso. Mas não me dera nem sequer um abraço quando cheguei. Na minha atual situação, me sentia no direito de me sentir carente e querer atenção.

– É algo que só você vai saber resolver, amor, acredite em mim - afirmou ele me levando em direção a área de lazer do prédio. Não entendi o que poderia ter de errado ali que eu pudesse resolver, mas continuei acompanhando-o - Quer saber? Tenho que ir lá em cima pegar uma coisa que talvez a gente vá precisar. Mas vá até o salão e ascenda as luzes enquanto isso, ok?

Não sei porque ele perguntou se estava “ok” se não esperou para ouvir a resposta. Apenas saiu quase correndo, me deixando ali sozinha. Bufei e fui andando devagar até o salão. Estava me sentindo contrariada. Queria chegar em casa e ir direto fazer o tal teste. Queria tirar de vez aquela dúvida que estava me matando. E também queria beijar o meu namorado lindo e perfumado. Não estava dando a mínima para o “problema que precisava ser resolvido”. O que poderia ter de tão grave naquele salão que Percy tivesse que sair do trabalho mais cedo e ainda precisar da minha ajuda? Arrastei os pés até chegar lá e procurei o interruptor às cegas. Mesmo ainda sendo de dia o lugar estava na penumbra total. Todas as janelas estavam fechadas. Quando acendi as luzes um grito em coro quase me matou do coração!

– SURPRESA!!! - meus amigos humanos e semideuses, juntamente com Percy pularam de trás de mesas enfeitadas.

– Feliz aniversário Annie! - disse Tasha enquanto vinha na minha direção me abraçar - Aposto que não desconfiou de nada! Me perdoe por recusar sua ligação, amiga. Eu já estava aqui e Percy iria me matar se eu estragasse a surpresa. Aliás, se não fosse por ele nem iriamos saber que era seu aniversário, né mocinha?

– Eu nem ao menos me dei conta de que meu aniversário estava chegando - falei ainda em choque enquanto Sam me abraçava também e me dava os parabéns.

– Não era pra menos, né loirinha? - falou meu amigo de forma carinhosa - Você estava até faltando às aulas sem nem avisar, isso não é normal pra você. Devia estar mesmo com a cabeça cheia de problemas.

Ele não tinha ideia do quanto! Mesmo que fizesse menos de uma hora que eu começara a suspeitar que estava grávida, aquele problema parecia que já vinha me perturbando há dias. Como se eu estivesse carregando àquela duvida há muito tempo. E lá estava eu diante de uma festa surpresa que não podia ter acontecido em pior momento. Tentei sorrir e parecer animada, afinal eles estavam ali pra me ver e comemorar comigo. Seria difícil, mas eu não podia deixar transparecer minha aflição. Além de meus colegas de faculdade estavam presentes: Clarisse, Chris, Grover, Jason, Piper, os irmãos Stoll, Drew, e para minha infelicidade, Rachel. Minha família e o pessoal do acampamento Júpiter não puderam vir porque Percy havia organizado tudo muito em cima da hora. Lancei um olhar assassino e emocionado ao mesmo tempo quando ele veio me abraçar. Ele era tão irritantemente lindo!

– Não precisava ter feito nada disso, cabeça de alga! - falei em seu ouvido - Sabe que não ligo para aniversários, né? Mas ainda assim eu adorei, obrigada.

– Não precisa mentir, sei que está me odiando agora - ele riu ainda me abraçando e passando os dedos no meu cabelo - Mas decidi que valia a pena correr o risco e além do mais, tenho a noite toda para tentar me redimir e te provar que a festa foi uma boa ideia.

Mal sabia ele que essa missão seria muito mais difícil do que ele imaginava. Não tinha como eu parar de pensar naquele pacotinho que havia em minha bolsa. Ainda mais depois que fizeram eu me separar dela. Não tinha escapatória, eu não podia simplesmente sair dali. Ia dizer o que? Que precisava ir até o meu apartamento para usar o banheiro porque tinha um teste de gravidez pra fazer? Seria cômico se não fosse trágico. Eu era uma péssima atriz e sabia que não iria convencer tentando parecer à vontade durante aquela confraternização tão fofa e agradável que Percy preparara. No entanto eu dei o meu melhor e encarei a festa. O que eu não fazia pelo amor da minha vida, hã?

Pelo menos nenhuma das pessoas que estava ali sabia do drama que Percy e eu havíamos vivido semanas atrás. Seria péssimo ter que ficar conversando sobre isso. Os assuntos foram mais leves e divertidos. Não vou dizer que não foi bom revê-los e passar aquele tempo com todos eles. Eu sentia saudades do pessoal do acampamento. A comida parecia estar boa, mas eu não cheguei a experimentar nada. Estava com medo de passar mal de novo. Só não pude fugir de comer um pedaço de bolo depois que cantaram parabéns. Era uma sexta-feira e ninguém tinha motivo pra ir embora cedo. Tive que me manter firme até bem tarde. Ouvimos música, dançamos e conversamos muito. Tinha até cerveja e outras bebidas alcoólicas, mas não quis beber nada. Já estava pensando no mal que aquilo podia causar ao bebê que eu nem sabia ainda se estava mesmo esperando.

Percy sempre fora muito bom em interpretar meu comportamento e decifrar meu real estado de espírito. Eu podia estar enganando a todos os presentes de que estava tendo a melhor noite de minha vida, menos ele. Ele me puxou para um canto umas duas vezes e perguntou o que havia de errado comigo. Eu desconversei e tentei convencê-lo de que não era nada de mais. Mas eu sabia que não escaparia dele depois que todos fossem embora e ficássemos a sós. Com certeza Percy tentaria descobrir o que estava acontecendo. Dependendo do resultado daquele teste, eu acabaria tendo que contar para ele mais cedo ou mais tarde. Só de pensar nisso me dava arrepios.

Assim como eu previra, depois que todos foram embora e nós subimos para o apartamento, Percy tentou me abordar novamente com a sua gentil e carinhosa preocupação. Consegui despistá-lo com a desculpa de que estava cansada e precisava tomar um banho. Deixei minha bolsa na estante do quarto e me enfiei no banheiro. Tomei o banho mais longo da minha vida enquanto pensava e refletia sobre o que eu devia fazer. Será que seria melhor contar a ele de uma vez a minha suspeita e depois então fazer o teste? Ele merecia saber daquilo. Mas e se não fosse nada de mais? E se fosse apenas um alarme falso? Para que eu iria preocupá-lo atoa? Não, eu tinha que fazer aquilo sozinha. Podia fazer o teste assim que saísse do banho, mas fui estúpida o suficiente para deixar a bolsa no quarto. Teria apenas que sair para pegá-la e evitar Percy novamente nesse meio tempo. Muito bem, Annabeth!

Sai do banheiro de roupão e com uma toalha enrolada na cabeça. Peguei um pijama no armário rapidamente e o vesti. Por sorte Percy não estava no quarto naquele momento. Peguei a bolsa e voltei para o banheiro. Estava muito apreensiva para fazer o teste então primeiro sequei o cabelo com o secador. Quando abri a bolsa não encontrei o teste de gravidez que havia comprado. Instantaneamente comecei a entrar em desespero. Eu teria deixado ele cair em algum lugar? Percy o teria encontrado? Ou será que eu tinha sido tão descuidada a ponto de esquecer na farmácia? Realmente não me lembrava. Desde que chegara em casa não tinha tido tempo de olhar minha bolsa por causa da festa e tudo mais. Pendurei a toalha e o roupão molhados no box do chuveiro e sai.

Quando cheguei na sala vi que Percy estava sentado no sofá encarando a televisão desligada. Em suas mãos, o teste de gravidez que eu comprara. Me odiei por ser tão descuidada. O que devia estar passando pela cabeça do semideus agora? Ele no mínimo devia estar pensando que eu estava escondendo aquilo dele. Também deveria estar sofrendo do choque inicial de que nós poderíamos ter um filho. Não era algo fácil de se descobrir e assimilar. Ele olhou pra mim com uma expressão confusa e depois olhou para a pequena caixa em suas mãos. Eu não sabia o que dizer. Esperei que ele dissesse algo, mas continuou em silêncio. Quando eu estava quase desistindo de esperar, Percy se levantou do sofá e veio até mim.

– Eu percebi que você estava estranha hoje - falou ele com a voz calma. Sim, de fato eu estava estranha, assim como várias coisas naquele dia - Mas jamais imaginei que pudesse ser algo assim… Há quanto tempo você desconfia que está… você sabe…

– Só me dei conta de que estava atrasada hoje - falei com a voz tremula, sem conseguir manter a calma como ele - Eu passei mal depois do almoço e então percebi que havia algo de errado comigo. Foi então que caiu a ficha. Daí eu comprei o teste. Ia fazê-lo assim que chegasse em casa, mas não esperava pela surpresa. Nem mesmo me lembrava que era meu aniversário. Eu ia te contar tudo assim que visse se o resultado era positivo ou negativo, eu juro, Percy.

– Eu acredito em você, baby. E fico feliz que ainda não tenha feito - ele me entregou a caixa - Quero estar com você quando descobrir. E juntos vamos passar por isso, seja qual for o resultado. Sei que ambos fomos irresponsáveis e que não é o melhor momento para termos um bebê. Mas quero que você saiba que seja qual for o resultado eu vou ficar feliz e vou ficar do seu lado sempre!

Será que estar grávida deixava a gente mais emotiva? Porque se isso fosse verdade eu poderia dizer que estava com mais um sintoma. Meus olhos ficaram marejados e eu sorri para ele. O beijei rapidamente enquanto segurava aquela caixinha que iria definir o nosso futuro dali em diante. Nos abraçamos e depois Percy me acompanhou até o banheiro. Eu não podia expressar em palavrar o tamanho do amor que eu sentia por aquele garoto. Garoto não, homem. Ele já não parecia aquele adolescente atrapalhado e palhaço de antes. Claro que continuava tendo seu bom humor de sempre. Mas olhando para ele agora eu podia perceber o quanto havia crescido como pessoa. Eu o admirava e me sentia orgulhosa de ser sua parceira. Carregar um filho de Percy no ventre não seria nada menos do que uma imensa alegria.

Quando abri o pacote do teste de gravidez e comecei a ler as instruções, eu não sentia mais medo. Não pensava mais na responsabilidade com a que teríamos que arcar se desse positivo. Eu só pensava em o quanto eu amava Percy e o quanto amaria nosso filho. Me surpreendi desejando que a confirmação viesse. Lá no fundo eu sabia que seria extremamente difícil, mas eu não conseguia pensar em outra coisa. Queria aquele bebê. O teste era simples, se aparecesse a cor azul era positivo, se aparecesse a cor vermelha era negativo. Esperei o tempo indicado e olhei para o marcador. Cai sentada no chão do banheiro e comecei a chorar quando vi o resultado.


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Notas finais do capítulo

beijos,
@SarahColins_