PONTO DE VISTA JELLAL FERNANDEZ

— Daí eu caí com tudo no chão e a Melody e a Ultear ficaram rindo de mim por volta de meia hora... — Contava Jellal, fazendo Erza rir.

— Há, há, há! Até imagino a cena... — Comentou a ruiva entre risos. Risos belos, que ao chacoalhar de seu corpo, faziam seus cabelos lisos e escarlate brincarem de “pular” no ar. De repente, o rosto risonho de Erza se transformou em uma face relativamente séria. — Olha, eu gostei muito dessa conversa que a gente teve até agora, mas... Sei que não foi por causa disso que você me chamou aqui... Jellal, conte logo o que você realmente quer dizer... É tão grave que você terá que ficar aqui mais uma noite? Conte, eu não... Não consigo parar de pensar nisso.

Jellal suspirou para se acalmar.

— Foi por sua causa. — Confessou com uma voz abafada.

— Hã?

— Eu resolvi ficar mais uma noite aqui... Por você. — Confessou ele coçando sua bochecha rosa. — Não sei se você sabe disso, se alguém já te contou, mas... Eu sempre carrego uma... — Ele remexeu seu bolso, à procura de um item. Erza fez o mesmo e os dois estenderam papéis.

— Uma foto sua. — Falaram os dois e Erza sorriu. Era a mesma foto, porém cortada ao meio. Uma foto dos dois, sorrindo, na Torre do Paraíso.

Jellal corou e mexendo nos seus próprios cabelos, balbuciou:

— E-eu juro que tenho uma boa explicação para isso! É que... É que...

Erza riu.

— Eu sempre... Sempre... — Sussurrou ele de cabeça baixa com a voz fraca. — Erza, eu... Eu sempre sinto—

A Scarlet abraçou o azulado.

— Eu também sinto saudades! — Confessou ela derramando algumas lágrimas. Lágrimas que fizeram com que o Fernandez também derramasse as suas.

Jellal soltou um riso abafado, abraçando a ruiva de volta, acariciando seus cabelos da raiz as pontas.

— Ficar longe de você, é como... Como se fosse um castigo para mim. — Declarou ele e afastou a face de Erza de seu ombro e ficou ali, olhando para o rosto dela, com suas mãos sob aquele rosto, aquela pele de ceda brilhante... Admirando a ela e a seu sorriso, por cerca de dois a três segundos. — Sei que não é novidade o que eu vou dizer, mas... Eu só quero dizer, que desde que nós éramos pequenos, até agora... Eu ainda sinto a mesma coisa em relação a você. — Ele derramou mais algumas lágrimas. — E-erza... Scarlet, assim como os seus — Começou ele tocando numa das mechas ruivas.

— Cabelos. — Completou ela sorrindo. — E você, Jellal Fernandez, assim como...

— Como? — Indagou ele sem ter a mínima ideia do que o seu nome poderia se relacionar.

A ruiva não terminou a fala, aquela frase fora um blefe. Um blefe para distrair seu amado enquanto ela colocava sua mão na face do azulado.

— Erza eu te— Começou a sussurrar ele, mas não terminou. Deixou se levar pelo toque repentino daqueles lábios rosas nos seus... Aqueles lábios... De Erza.

Lágrimas do Fernandez e da Scarlet caíram sobre o chão. Aquelas duas almas gêmeas, que tanto sofriam com a distância em todos os dias de suas vidas, que tanto agonizaram de saudade, que tanto ansiaram o dia em que pudessem estar uma perto da outra como amantes... Agora se acalmavam, acalmavam...

Os dois afastaram os rostos e sorriram.

— Erza eu— Tentou começar mais uma vez Jellal, mas foi interrompido por Scarlet, que deitava seu rosto sob a mão direita do mago.

— Jellal...

— Erza, Jellal! — Chamou Happy voando rapidamente em direção aos dois. — Venham ver, venham ver! A Cana está sóbria! — Anunciou o gato azul soltando uma risadinha.

— SÓBRIA?! — Espantaram-se os dois. (Sim, até Jellal sabia a quão bêbada Cana era diariamente.)

— Sim! — Respondeu.

— Onde?! — Indagaram com rostos surpresos.

— Lá na guilda! Vamos lá assistir! — Convidou o gato rindo mais uma vez.

— Ok! — Assentiram os dois.

“Mas o que diabos estaria acontecendo dentro da Fairy Tail para Cana Alberona estar sóbria?!”, pensaram.

Já dentro da Fairy Tail...

— Ei, ei, Akihiko!— Falou Cana pela primeira vez com a voz normal, mas se movendo como uma bêbada.

— Oh, Kami-sama... Ela fica pior sóbria do que bêbada... — Comentou Akihiko.

— Venha dançar comigo! — Disse ela puxando o braço do Sasato.

— Dançar?! — Perguntaram Jellal e Erza ao entrarem na guilda e Happy deu uma risadinha.

— Espere um pouco... A minha boca está seca, acho que vou pegar alguma coisa para beber e—

— Nãão! — Gritaram todos da guilda, inclusive Akihiko.

O moreno agarrou o braço da Alberona para impedi-la de pegar a bebida e em seguida a beijou. Cana ficou imóvel, corada. Akihiko estava com as bochechas em cor escarlate.

— Ohh! — Exclamou Natsu surpreendido, apontando para Akihiko. — Ele a b-b-b-b-b-be—

— Beijooooooooou! — Enfatizou Lucy revirando os olhos. — Sério mesmo que você não consegue dizer isso?

— É-é...! Essa palavra é muito... P-pervertida para mim. — Afirmou o garoto de cabelos rosa.

— Beijos não são... Pervertidos. Pensa bem, o Leo que é um pervertido! — Falou Lucy lembrando do seu espírito celestial pegando em seus seios.

“— Pomposos. — Disse Leo com um sorriso malicioso.

— P-p-p-pervertido! V-volte para o Mundo Espiritual agora mesmo!

— Ok, então... ‘Pomposa’. — Ele piscou e desapareceu.”

— “Pomposa” ... — Murmurou Lucy com tanta raiva que uma veia quase pulava de sua cabeça.

— Tem razão... O Leo é mesmo um pervertido. — Reparou Natsu depois de lembrar algumas coisas. — Espere um pouco... Você disse algo, Lucy? Algo com “pooom”...? — Perguntou ele esperando que a Maga Celestial completasse sua frase.

— N-nada! Fique quietinho aí no seu lugar!

— Quieto no meu lugar? Mas eu nem sequer me mexi...

— N-não importa! — Exclamou a loira raivosa.

Enquanto isso, ali perto da Fairy Tail...

— Hã... Hum... G-gray...— Chamou a azulada corando pela centésima vez, ainda tentando se acostumar a chamar seu Mago do Gelo daquele jeito.

— Sim, Juvia? — Atendeu Gray sutilmente.

A Loxar corou mais uma vez.

— Oh, Deus... Pare de corar. — Pediu ele.

— A J-ju... Eu não consigo. — Disse ela com os braços um pouco encolhidos.

— Eu posso fazer você conseguir.

— C-c-c-c-c-c-c-c-como? — “Bal-bal-bal-bal-balbuciou” Juvia.

— Fácil. — Falou o Fullbuster e se aproximou bruscamente dos lábios da Maga da Água, porém parou por um motivo. — MAS QUE DIABOS DE TOM ESCARLATE É ESSE NO SEU ROSTO?!

— J-j-juvia sente febre por estar tão perto de G-g-gray-sama!

— F-f-febre? — Disse ele constrangido, ele também sentia isso, mas não admitiria. Ele balançou a cabeça negativamente com a mão nos cabelos. — É-é... Apenas Gray...

— Juvia não consegue falar assiiiiiiiiiiiiiiiiiim. TvT— Lamenta a azulada com as mãos cobrindo os olhos chorosos.

Gray se afastou com o drama da amada.

— N-n-não fique assim! T-t-tudo bem! Pode falar desse jeito! E-eu não ligo tanto assim! — Tentou ele acalmá-la, e então a azulada olhou para ele com olhos de cachorrinho esperançosos, cheios de lágrimas.

— Meeeeesmo, Gray-sama? — Falou Juvia em meio de choros.

— S-sim... — Disse ele corando e observando a garota abraçá-lo.

O garoto engoliu uma dose de ar e com as bochechas febris e perguntou:

— J-juvia... Se eu disser uma coisa, você jura que não vai rir de mim?

— Rir? — Indagou ela com seus olhinhos inocentes virados para o mago. — Hum... Não. Juvia jura que não vai rir. Por que Juvia riria?

Ele deu um sorriso tímido e se afastou um pouco da maga. Seus olhos se viraram para o chão e ele começou a brincar involuntariamente com uma das mechas de seu cabelo desgrenhado.

— É-é que... Eu nunca pensei que eu iria falar isso para alguém, na verdade... Essas palavras nunca sequer uma vez tinham passado pela minha cabeça, então isso... Isso pode... S-soar idiota e... — Falou ele todo tímido, à medida em que as palavras saíam de sua boca, mais suas bochechas queimavam. Sua voz se elevou á um agudo estranho nas últimas palavras, até que Juvia o interrompeu.

— J-juv... E-eu não vou rir! Eu prometo! — Afirmou ela piscando seus olhos de um jeito tão inocente quanto o de Natsu, quando dirigia a palavra á Lucy.

— S-sério? — Falou com a voz fraca de tanta vergonha, lhe faltava ar para sua voz soar normal.

Gray virou as costas com as mãos sob a cabeça, não achou que conseguiria falar isso olhando para aquela face delicada de Juvia, ele sabia que com certeza ele iria corar demais e então...

Nenhuma palavra sairia de sua boca. Ele achou melhor não olhar para trás enquanto falava.

— E-eu não sei se você percebeu, mas... A-antes, agora há pouco, e-eu... — O garoto do gelo engoliu em seco o gelo que havia em seu coração e com a voz num tom sutil e mais baixo que o normal, ele prosseguiu a fala. — E-eu acho que não consegui dizer de um modo explícito que... Eu sinto mesmo algo por você, Juvia... Algo estranho, que aquece meu coração, que sempre... Sempre foi gelado... E-eu realmente... te amo.

— G-gray-sama... — Chamou ela dando pequenas puxadinhas na calça do Fullbuster com cuidado, pois ela não queria proporcionar uma situação constrangedora logo naquele momento. O garoto olhou para a azulada. — V-você deveria olhar para a Juvia enquanto diz essas coisas, p-porque a-a Juvia... Quer tentar ver o-o... S-sentimento no seu olhar... Os olhos de Gray-sama são tão belos, i-i-imagina dizendo essas coisas...! — Ela escondia seu rosto com as mãos.

Gray sorriu.

— O-ok... Eu vou tentar daqui em diante... — Garantiu ele e abraçou-a. — Agora, vamos para guilda... Você deve estar com frio, está começando a nevar. — Notou ele, vendo alguns flocos de neve caindo sobre ele.

— Nevar? — Indagou a azulada.

— Sim, nevar... Agora vamos, se não... Eu não sei, acho que você pode adoecer. — Falou ele soltando mais um sorriso e levando Juvia dali abraçado á garota.

— O-ok...

Nevava, sim... Nevava. Quando Juvia excedia suas emoções, chovia. E quando Gray excedia as suas emoções, uma bela geada se formava junto com os vultos de ar frio. Portanto, já que os dois estavam juntos, com seus corações tranquilos e felizes, nevava. Nevava do jeito mais belo que poderia nevar, de um jeito que nunca nevou antes. Os flocos de neve caiam com leveza sobre os ombros dos que andavam nas ruas de Magnólia no momento e o ambiente todo estava tomado pelo frio, até que aqueles dois magos finalmente entraram para a sua calorosa guilda, Fairy Tail, o lugar em que todas as fadas repousavam e sempre riam calorosamente...

Juvia e Gray pararam por um momento. A guilda toda estava em... Silêncio?

— Por que fez isso? — Perguntou Cana um pouco rosada e surpresa.

— F-foi o que eu prometi fazer... Q-quando você estivesse sóbria... — Falou Akihiko com a voz abafada, pois seu braço estava cobrindo parte de seu rosto.