Ichigo e seu pai acabaram de sair do túnel e entraram em um carro que havia em seu final e se dirigiam a casa de Urahara que ficava em uma cidade do interior.

     _ E agora pai, será que você pode me explicar quem eram aqueles homens? –Perguntou Ichigo.

     _ Eu... Eu acho que é cedo demais para vocês saber isso. – Falou Isshin em um tom sério.

     _ Cedo demais? Aqueles homens invadiram nossa casa, mataram a mamãe e tentaram nos matar envenenados também. E pelo jeito você está escondendo muito mais coisas – Disse em um tom exaltado, quase chorando.

     _ Droga! Você é apenas uma criança, não precisava passar por isso e não vai entender tão cedo. – Disse mais para se mesmo do que para seu filho de forma também exaltada.

     _ Entender o que? – Fez uma curta pausa – Que por sua culpa a mamãe está morta? – Nesse momento já estava chorando. Em seguida sentiu uma forte dor e logo levou as duas mãos à cabeça.

     _ O que houve Ichigo? – Isshin perguntou preocupado e ao mesmo tempo sem coragem de responder a pergunta, pois, no fundo ele sabia que Ichigo estava certo, a culpa da morte de Masaki era sua.

     _ Minha cabeça e meu corpo estão doendo muito.

     _ Deve ser efeito do soro. Nunca calculei como seria seu efeito em uma criança, mas, provavelmente seu corpo e mente estão se desenvolvendo rápido demais para você suportar.

     _ Então quer dizer que mesmo eu tomando esse soro que me salvou do veneno, eu ainda vou morrer por causa dele? – Ichigo perguntou assustado segurando a cabeça e fazendo caretas de dor.

     _ Não exatamente. – Fez uma pausa pensando na melhor maneira de dizer-lhe – O mais provável é que você sinta muita dor daqui para frente, mas, nada que você não agüente, afinal, ele está te fortalecendo e não o contrario. E também, o seu desenvolvimento tanto físico, quanto mental só chegará ao seu ápice quando você atingir a idade adulta.

     _ E como você sabe disso?

     _ Bem, como já havia dito antes, o objetivo inicial era desenvolver um soro que apenas aumentasse as capacidades físicas, mas, só aconteciam falhas atrás de falhas. – Fez uma pausa e se corrigiu – Bem, não exatamente falhas. Nos testes iniciais que fiz em ratos de laboratório, consegui obter sucesso relativo ao aumento da capacidade física, mas, ao mesmo tempo tinha um crescimento absurdo da massa muscular, o que não permitia uma agilidade correspondente. Mas, isso não era o pior. A capacidade mental das cobaias era reduzida a zero, deixando-os agindo completamente pelo instinto de se alimentar atacando qualquer coisa que se mexesse. Então, eu resolvi me focar no aumento da capacidade mental também.

     Ichigo o observava sério, prestando atenção em cada palavra, embora com um pouco de dificuldade já que sua cabeça e corpo não paravam de doer. E Isshin continuou.

     _ Normalmente o ser humano utiliza aproximadamente apenas 10% da sua capacidade mental e meu objetivo passou a ser aumentar essa capacidade juntamente com a física. No começo parecia uma missão impossível, mas, depois de muitos estudos e experimentos, finalmente eu consegui. Capacidades físicas e mentais aumentadas ao máximo e sem o aumento da massa muscular permitindo assim uma agilidade excelente.

     Ao final da explicação Ichigo desmaia de dor e cansaço e pouco tempo depois eles chegam à casa do Urahara, que na verdade era uma peque chácara envolta por uma densa floresta com altas árvores que ficava a uns três quilômetros de uma pequena cidade de interior.

     Isshin sai do carro com Ichigo ainda desacordado em seus braços e logo um homem loiro com um chapéu listrado verde e branco e com um leque nas mãos vem recepcioná-los acompanhado de uma bela mulher morena com cabelos roxos presos na forma de rabo de cavalo.

     _ Isshin, há quanto tempo! A que devo a honra da sua visita? – Perguntou o homem loiro sorridente.

     _ E onde está a Masaki? – Perguntou a mulher morena.

     _ Urahara, Yoruichi, Eu... Eu não vim visitá-los. Eu vim deixar o Ichigo aqui com vocês. – Isshin falou com uma voz tristonha.

     _ Por que essa cara, o que houve? – O homem loiro mudou seu tom de voz para um tom sério e preocupado.

     _ O Aizen descobriu onde eu estava, invadiu minha casa trás do soro e agora Masaki está morta e eu e Ichigo fomos obrigados a tomá-lo. – Isshin foi direto ao ponto em um tom ainda tristonho.

     _ Oh céus! Isso é grave. – Se voltou para a mulher – Yoruichi, por favor, leve o Ichigo para dentro. – Retornou seu olhar para Isshin – E Isshin o que você pretende fazer agora?

     _ No momento eu tenho que fugir e me esconder, Aizen sabe que eu escapei e com certeza vai me procurar.

     _ E você acha que é seguro deixar Ichigo aqui?

     _ Ele não sabe da existência de Ichigo. Eu tomei todas as precauções necessárias para não ser encontrado e apagar qualquer relação com minha vida anterior. Ainda me pergunto como ele conseguiu me achar depois de tudo isso e se Ichigo vir comigo será envolvido em vão. – Falou com a cabeça baixa buscando resposta para sua pergunta e logo se voltou para Urahara de novo – Você é o único em quem eu confio deixá-lo.

     _ Tudo bem, mas, você sabe que ele não vai querer ficar por muito tempo e se ele tomou o soro com certeza não vou conseguir segura-lo.

     _ Eu confio em você para convencê-lo. Ele sempre gostou de você e da Yoruichi, não acho que vai ser impossível.

     _ Eu gosto dele também, mas, por quanto tempo isso vai durar?

     _ Você tem que segura-lo até que eu resolva tudo isso, ou... – Fez uma pausa pensando no que dizer – Até que ele chegue aos dezoito. Pelos meus cálculos só nessa idade ele estará pronto.

     _ Ele já sabe de tudo? – perguntou Urahara.

     _ Somente sobre o soro. – Isshin respondeu simplesmente.

     _ Com certeza ele vai querer ter mais explicações. Eu sei o quanto ele é curioso.

     _ Será uma boa razão para mantê-lo aqui, não acha?

     _ É verdade. Agora é melhor você ir, se conheço bem o Aizen ele mandou homens vasculharem todas as cidades vizinhas e eu também tenho que tomar minhas precauções para que ele não me ache.

     _ Você tem razão. Por favor, cuide bem do Ichigo. – Foi a última coisa que Isshin falou antes de entrar no carro e desaparecer no horizonte.