Spirited Away 2 escrita por otempora


Capítulo 25
Ardência


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal. Gostando da história?
Estou passando aqui só para esclarecer algo em relação as postagens. Por mais que eu queira escrever o dia inteiro, infelizmente eu não posso. Portanto, só para avisar. Estou prometendo dois capítulos por semana, mais que isso creio que não consigo :/
Beijos
Boa leitura



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- Aonde vocês foram? – Zeniba gritou assim que viu um dragão pousar em seu quintal, trazendo uma garota exausta em seu dorso.

 

A velha passou os dedos pelos cabelos desgrenhados. Boh transformou-se em humano, segurando Chihiro em suas costas.

 

- Depois. – disse sombriamente, o cabelo caía por seus olhos.

 

- Como assim depois? Vocês somem por três dias! Três dias que eu fiquei desesperada pensando o que pudesse ter acontecido! Eu exijo explicações!

 

- Por favor, Zeniba. – a voz dele estava muito rouca e ela pode finalmente ver os olhos de Boh por trás das lentes sujas. – Chihiro está muito machucada, nós fomos atacados por aquelas cópias no caminho de volta.

 

Finalmente ela pode ver o sangue que ensopava o lado esquerdo do rosto da menina, vindo de um corte na testa. Apressou-se em assentir, assombrada. Foi tentar tomar Chihiro dos braços de Boh, para lhe aliviar o peso, mas ele fez uma negativa.

 

- Eu levo. – foi tudo que disse.

 

Seguiu a mulher para dentro de casa, prendeu o pé no umbral da porta e cambaleou um pouco. Zeniba lhe lançou um olhar zangado, mas não disse nada, sabia que o sobrinho já estava suficientemente bravo. Pela primeira vez não se importou com seus lençóis, pediu para que Boh deitasse Chihiro na cama e analisou o estado da menina, ela estava terrivelmente pálida, e a testa tinha um corte que a preocupou, o resto do corpo estava repleto de arranhões, a maioria superficial. Suspirou aliviada, do jeito que Boh estava pensou que seria bem pior.

 

- Eu consegui fechar o pior deles. – ele falou notando sua reação.

 

Ela balançou a cabeça, vendo Boh se apoiar na parede.

 

- Também está ferido? – perguntou, voltando-se para ele com a testa franzida.

 

- Como está Chihiro? – ele tentou desconversar.

 

- Boh...

 

- Como ela está?

 

- Vai ficar bem. Só precisa descansar e repor líquidos...

 

- Ótimo. – sorriu um pouco, mas logo seu rosto se contorceu numa careta de dor.

 

- O que foi? – perguntou Zeniba avançando para ele.

 

Boh tirou a mão da barriga, revelando uma ferida ensangüentada, estava bem feio.

 

- Como você é imprudente! – bronqueou ela. – Está querendo morrer antes de fazer aquele seu precioso sacrifício?

 

- Ai! – ele gemeu com o toque dos dedos enrugados da tia.

 

- Fique quieto! – Zeniba disse brava. – Já estou com muita raiva de sua mãe...

 

Boh iria protestar algo, mas subitamente fechou a boca, franzindo as sobrancelhas.

 

- Ela não veio falar nenhuma palavra desagradável... – comentou pensativo. – Onde ela está?

 

Observou a velha pegar um frasco numa das gavetas de sua mesa de cabeceira.

 

- Não sei... saiu sem dizer nada, assim como vocês dois. – ela notou suas palavras desagradáveis enquanto embebia um pano com o líquido azulado daquele frasco. Olhando para o sobrinho com afeição. – Nunca mais faça isso. – pediu, antes de encostar o pano na cintura dele, provocando-lhe dor. – Ah! Pare de ser chorão! – seu mau humor voltou, mas internamente ela estava apreensiva. – Já vai passar. – tranqüilizou-o. Sentou Boh em uma cadeira entalhada de espaldar alto.

 

Gradativamente, ele foi ficando mais calmo, seu rosto adquirindo alguma cor. Permitiu-se recostar as costas e suspirar com algum alívio.

 

- O que é isso? – perguntou apontando a garrafa na mão de sua tia.

 

- Óleo de salamandra do vale. – respondeu dando de ombros, vendo a expressão perplexa de Boh. – O que foi agora?

 

- Não acredito que usou isso em mim!

 

- Bah! Pare de se menosprezar! Eu usei porque você precisava, se não fosse para usar eu não teria isso. Não sou que igual a sua mãe com todos aqueles vidros expostos! – franziu o nariz. Mas viu que o sobrinho não estava prestando atenção ao que ela dizia. Seus olhos estavam presos nos de Chihiro, que agora estavam abertos. Nenhum dos dois sorria e era extremamente estranha a maneira que se olhavam. Era tão intenso que a velha quase perdeu o fôlego, pensando em como seus namoricos da juventude eram frágeis e inconstantes. Que jamais tivera aquela ardência. Nunca conseguira se comunicar daquela maneira, sem sorrir ou falar, como se estivesse numa conversa exclusiva e telepática, na qual ela se sentia uma intrusa.

 

Eles se tratavam tão seriamente! Eram velhos demais para sua evidente juventude. Havia tanta gravidade naquela troca de olhares. Notou algo que a incomodava nisso tudo. O que havia de errado com os dois? – perguntou a si mesma. Culpando o destino e ela própria por não ter feito o que era necessário fazer quando chegou a hora. Ela devia saber que isso iria acontecer. Chihiro fora tão intimamente mudada por aquela experiência surpreendente e desenfreada, que a fascinação por esse mundo tomou a sua vida durante todos esses anos. Vivia para o passado.

 

Contudo, agora, os segundos passavam e nenhum deles notava sua presença. Deveria ficar feliz pelo rumo que os acontecimentos tomavam, mas não conseguia se livrar daquela sensação de que tudo estava se encaminhando para uma tragédia. Os sinais eram tão evidentes agora que Haku estava próximo, temia no que aquele homem insólito houvesse se transformado. Se ele amava Chihiro ou somente a figura primorosa e forte que evocara durante todo aquele tempo.  

 

- Como está se sentindo? – Boh perguntou atormentado. Zeniba nunca tinha ouvido aquele tom de voz antes.

 

- Já estive melhor. E você? – ela se preocupava mais com o bem estar dele com seu próprio, dando de ombros enquanto replicava.

 

- Sem muitos danos... – falou vagamente, o que fez Zeniba soltar um muxoxo irônico. Barulho que fez Chihiro se voltar para olhá-la, dessa vez sorrindo um pouco.

 

- O que foi?

 

- Vocês dois estão acabados! – desviou um pouco do assunto por causa do olhar ferino que Boh lhe lançou, alertando-a que falara demais. – E me devem explicações. Admiro-me você, Chihiro. Que é uma moça tão educada sair dessa forma sem avisar. – a velha sabia que estava sendo um pouco injusta, mas não conseguiu evitar despejar aquelas palavras sobre alguém, ficara tão preocupada! – Porém o que importa é que vocês estão bem! – acrescentou vendo o rubor e a vergonha estampados no rosto da menina. Sentindo-se mal por suas palavras grosseiras.

 

- Abri o lago dos espelhos. – Boh falou sem rodeios, sem parar diante da expressão perplexa da tia. – Chihiro não me deixou ir sozinho.

 

- Maluco! – Zeniba murmurou entre dentes. Depois elevou a voz. – Mas como pode voltar inteiro de lá? – raciocinou rapidamente pensando em todas as possibilidade durante os segundos de espera pela resposta, segundos dos quais Boh se utilizou para dar um suspiro que atraiu a atenção das duas mulheres.  

 

- Haku não está morto, tia. – mesmo sabendo da notícia, Chihiro não conseguiu evitar prender o ar, tornando-se rija em segundos. Boh notou sua reação e passou os dedos pela testa e bochechas dela.

 

O queixo de Zeniba caiu, enquanto seu sobrinho ia revelando mais informações.

 

- Aquela energia, no lago, eu tenho certeza que é dele, Zeniba. Haku provavelmente está se escondendo de nós ou então foi pego por alguém.

 

- O que pretende fazer sobre isso? – a razão sobrepujou todos os outros sentimentos de Zeniba, precisava pensar claramente, manter sua mente limpa para não criar falsas conjeturas. Viu Boh olhar para a garota na cama e receber um balançar de cabeça, num mínimo assentimento.

 

- Vamos visitar as Tecelãs.


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