Spirited Away 2 escrita por otempora


Capítulo 24
O pedido de Sem Rosto




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- Chihiro. – uma voz conhecida lhe chamou, voltou-se para a face aflita a sua frente. Não havia se passado nem um segundo.

Seus olhos se arregalaram, antes de um sorriso surgir em seus lábios. Essa não era, realmente a pessoa que ela esperava encontrar saindo desse portal, não conseguiu conter as lágrimas de felicidade que escaparam de seus olhos.

 

 

- Nunca mais faça isso comigo! – bronqueou. – Ah, Bou!

O garoto havia se jogado no solo a seu lado, lançando os braços entorno dela.

- Foi assustador, Chihiro. – confessou. – Tive tanto medo.

Chihiro olhou para ele, observando a palidez da pele e o sangue coagulado na pele, saindo de uma marca na bochecha que parecia ter sido produzida por um chicote. Ele não deixou tempo para que ela pudesse perguntar qualquer coisa. Beijando-a, tentando fundir os dois corpos em um só. Os dedos apertando as costas da menina. Separaram-se ofegantes, colando as testas. Tocando-se para constatar a realidade do fato.

- O que... ? – Boh colocou o dedo indicador sobre os lábios dela. Tornando-se mais sério, vasculhando o entorno, os olhos pousando num ponto fixo. Chihiro se assustou com sua mudança de postura, encontrou o lugar para onde ele olhava, sobressaía-se uma máscara branca, alegre, do meio das folhas. Não parecia em nada, as ameaçadoras cópias de Sem Rosto. Estava tão imóvel que poderia ser confundido com uma estátua.

Encararam-no durante um tempo imensurável. Chihiro arriscou um sussurro:

- É o real? – chegou a pensar que Boh não iria responder, devido a sua demora.

- Não, é uma sombra. – disse lentamente, ainda mais baixo que ela. Com medo de assustá-lo.

Ela resolveu não perguntar mais nada, Boh lhe responderia mais tarde. Agora tinham todo o tempo do mundo, juntou-se mais a ele, soltando um baixo suspiro, que não passou despercebido a Boh. O qual estava muito consciente do corpo junto a seu, apesar da apreensão em sua mente.

Tocou de leve os dedos de Chihiro. E sorriu um pouco, voltando sua atenção para Sem Rosto. Ele fazia menção de se aproximar, mas podia-se ver que estava receoso, apesar de sua aparente alegria.

- Venha, Sem Rosto. – Chihiro incentivou com uma voz suave, mesmo sem saber o que fazia. 

O sorriso na máscara se pronunciou ainda mais.

- Sen... – sua voz era quase humana.

- Estou aqui. – a garota lançou um olhar para Boh, que lhe fez um gesto de assentimento, incitando-a a continuar. Ela ergueu-se nas duas pernas. Avançando em três passos cambaleantes. Parou, encarando sob a franja, as fendas que seriam os olhos do deus.

Sem Rosto, desvencilhou-se dos galhos que o prendiam. Vindo lentamente para Chihiro, olhando para os lados com cuidado excessivo, como se estivesse com medo de algo. Pé ante pé.

- Nós não vamos lhe fazer mal. – Chihiro falou, percebendo a reação dele.

Parou a dois metros da menina, esticando um dos braços para ela. Convidando-a a se aproximar. Ela o fez, com Boh em seus calcanhares. Chihiro revirou os olhos e soltou um riso baixo, estava feliz que ele estivesse próximo.

- Sen... – ele pronunciou quando estavam frente a frente. Seu sorriso esmoreceu e por fim, sumiu.

- Sim?

- Salve-me. – implorou. Havia um fraco brilho de emoção em seus olhos. Ela se compadeceu disso.

- Vou fazer isso, é uma promessa.

- Salve-me, Sen. – ele repetiu, garantindo que o recado havia sido bem fixado.

Chihiro tentou tocá-lo, porém seu corpo começou a sumir lentamente, por último ficou a máscara, que lhe lançou mais um olhar agonizado, antes de desaparecer por completo. Sentiu Boh abraçando-a novamente.

- Estou feliz que esteja aqui. – disse ela.

Isso o fez recordar o que tentava a todo custo esquecer, não acreditou que fosse verdade.

- Chihiro. – a garota se retesou pelo tom de urgência em sua voz, virando-se para ele.

- O que aconteceu? Você retornou tão rápido.

Ela sabia que Boh não poderia ter voltado vivo.

- Fiquei lá por quase dois dias. - explicou rapidamente. – O tempo corre de maneira diferente entre os mundos, pelo que vejo, não se passara nem um minuto aqui até que estivesse de volta. É tudo tão horrível no reino da morte! – estremeceu. – Fiquei andando por um longo tempo, num deserto, até encontrar alguém. Havia uma besta, chicoteando as costas de um homem tão impiedosamente! Ele ria enquanto o fazia, como se a visão daquele homem desmontado a sua frente fosse uma grande piada. – disse com repugnância. – Apesar de tudo, não saía sangue daquele homem e, sim algo verde e viscoso.

“Tentei interferir, gritei com ele. E ele virou-se para mim e estalou o chicote na minha direção, bateu no meu rosto. Provocando essa ferida. – tocou levemente o ferimento. – Assim, ele descobriu que eu não era de lá e me levou para um palácio, era tão suntuoso quanto a casa de banhos, enquanto tudo a seu redor era desolação. Tive de passar a noite lá, até que a senhora da morte pudesse me receber.”

Ele olhou para a face pálida de Chihiro.

- Estou aliviado por ter conseguido sair de lá. – suspirou pesadamente. – Era uma mulher majestosa, a pessoa mais altiva que já vi. Não vou entrar em detalhes. Mas, Chihiro... você estava certa. Não quis acreditar em você, mas, internamente, eu já sabia disso. Aquela presença quando ia implantar o primeiro demônio... Haku está vivo.

Chihiro não se espantou com a notícia, baixou os olhos escuros.

- Eu sabia.

Instalou-se um silêncio comovido entre eles, não sabiam direito o que pensar... se deviam odiar Haku ou somente ficar feliz por ele estar bem. Era uma confusão de emoções que passava por suas cabeças.

- Só não entendo porque ele não apareceu... não veio nos ajudar. – ela não disse que se sentia ofendida por ele não ter ido a procurar, unicamente ela...

- Ele estava velho, deve ter vergonha de se expor a você. – sugeriu Boh, percebendo o implícito nas palavras de Chihiro.

- Mas e quanto a você, Zeniba e Kamaji? Alguém...

- Não sei. – ele também se sentia da mesma maneira, Haku certamente sabia mandar uma mensagem de energia, dizendo no mínimo que se encontrava bem... – Realmente, não sei.

- O que faremos agora?

- Ora, temos que encontrá-lo! – Chihiro sofreu um grande impacto pelas palavras de Boh, descobrindo-se subitamente frágil, descobriu não estava pronta para encontrá-lo.

- Mas... e se ele não quiser ser encontrado? – a garota mordeu os lábios, soltara a pergunta por um impulso e se arrependia por isso. Boh surpreendeu-se com sua indagação, o brilho de sua face esmoreceu um pouco.

- Aí, não poderemos fazer nada...


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