Promise escrita por Jajabarnes


Capítulo 5
A clareira deles.


Notas iniciais do capítulo

Enfim, o capítulo tão esperado!!
Boa leitura!



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Susana foi acordada pela própria ansiedade pela manhã. Sua alegria era visível e contagiante, ela se levantou sozinha - ao contrario da normalidade onde ela tinha que ser acordada por sua mãe, se não dormia até de tarde. Tomou um banho, vestiu um vestido azul, calçou as sapatilhas, escovou os cabelos, espirrou o perfume de lavanda por seu corpo, pintou os lábios de um tom suave de rosa e desceu. Após o café da manhã, saiu rumo à clareira.

Ao sair da cidade ela logo encontrou a pedra que marcava a entrada da trilha que já devia ter desaparecido. Ela afastou a camada de planta que cobria a pedra e encontrou o código desgastado que a marcava, passou a ponta dos dedos sobre ele tendo a mente invadida por diversas lembranças que ele trazia...

- Vamos fazer uma seta com tinta vermelha. – disse o menino.

- Não! – protestou a garota. – Tinta sai.

- Então você tem uma ideia melhor? – reclamou ele, encarando-a.

- Escolha uma palavra. – disse a menina pegando o pedaço de ferro e o martelo que eles trouxeram.

- Uma palavra? Para quê?

- Escolha logo!

- Hm... Não faço ideia! Me dá uma dica! – pediu o menino.

A menina pensou por alguns segundos, mordendo o lábio inferior e unindo a sobrancelha.

- Uma palavra que faça você lembrar a clareira.

Foi a vez de ele pensar. O menino ficou meio encabulado com a primeira palavra que veio em sua mente ao pensar na clareira, mas não conseguiu pensar em outra que o fizesse lembrar esse lugar. Mesmo assim, hesitou em responder.

- Uma palavra, Cas. - a menina trouxe sua atenção de volta. Ele respirou fundo e, ainda encabulado, falou.

A reação da menina foi surpresa, mas ela logo tratou de talhar a palavra na pedra, também um pouco encabulada. E assim a primeira pedra fora marcada com o “código” dele, e a segunda, a que marcava o lugar em que se deveria dobrar, foi talhado o código dela. Desde então eles nunca erraram o caminho para a clareira deles.

Foi lembrando-se desse dia que ela apertou os olhos por causa da claridade que atingiu seu rosto. Sem perceber, ela já havia adentrado a clareira. Assim que sua visão se acostumou com a claridade, voltou a andar, subindo a elevação em direção a árvore que ela não via há tanto tempo. Ela ainda estava lá, agora frondosa, mas parecia triste e solitária, como se tivesse sido abandonada. O poste também permanecia lá, apagado, mas firme e forte. A árvore havia crescido com eles, eles eram pequenos quando plantaram as sementes.

Constatou que não havia ninguém ali. Não pode deixar de sorrir.

Cheguei primeiro... Como nos velhos tempos...

Ela sentou-se ao pé da árvore sentindo um leve déjà vu com o vento roçando-lhe a pele. Ela fizera a mesma coisa dez anos atrás e esperara ali por alguns minutos até que ele chegou para se despedir dela. Susana olhou para as próprias roupas, ela nem percebera que se vestira daquela cor.

Vestido azul, como naquele dia... Quanta coincidência! Foi assim que nos despedimos e vai ser assim que nos encontraremos de novo...

Susana suspirou e sua espera não foi tanta. Ela logo percebeu que era observada. Ao olhar para o lado, encontrou-o parado, observando-a, vestindo uma camisa verde e uma calça marrom.

- Como da ultima vez. – ele sorriu, vindo sentar-se ao lado dela. Susana sorriu também.

- É mesmo. – concordou, olhando para baixo. – Cheguei primeiro como nos velhos tempos. - Caspian riu. – Por que você demorou?

- Meu pai não acordou de jeito nenhum e eu desisti de esperá-lo para tomar café. – respondeu divertido. Alguns segundos de silêncio.

- Então – ela criou coragem para quebrá-lo. – Como foi sua primeira noite de volta a casa?

- Foi ótima! Dormi como nunca e... – ele se interrompeu, como se não quisesse revelar alguma coisa. Ele estava encabulado, como naquele dia dos códigos.

- E...? – Susana incentivou pacientemente. Caspian mordeu o lábio.

- Eu sonhei com você...

- Comigo? – ela pareceu se animar. – E como foi esse sonho?

Caspian quase saiu correndo. Por que ela teve que fazer essa pergunta?

- Ah... Eu... Er... Bom, não lembro direito. – deu sua desculpa revendo claramente em sua mente aquele sonho um tanto quanto ousado...

Susana percebeu que ele não queria contar e deixou passar, mudando de assunto.

- Você já encontrou com alguém dos velhos tempos, além de Edmundo e eu?

- Já... – ele se lembrou com lamento da pessoa que cruzara seu caminho ontem quando voltava para sua casa. – Encontrei com Lilliandil ontem. – respondeu e para a sua surpresa, Susana apenas ergueu as sobrancelhas.

- E então?

- Em gênio continua a mesma... Mas em aparência ela está bem diferente... – ele se interrompeu novamente, mas Susana captara tudo.

- Achou ela bonita, não foi? – perguntou calmamente, dando o máximo de si para parecer indiferente quando se roía de ciúmes por dentro. Caspian não soube o que responder por alguns segundos. – Pode falar, Caspian...

Ele hesitou.

- Bom... É... – ele deu de ombros.

- Todo mundo acha. – completou Susana, dando de ombros. Mas Caspian sentiu nascer o receio de ela pensar que Lilliandil despertara seu interesse.

- Mas sabe de uma coisa?

- O que?

- Você é muito mais bonita que ela. – afirmou ele, derretendo-se ao ver Susana corar.

Ela sorriu timidamente.

- Obrigada pela gentileza, Caspian, mas eu sei que Lilliandil é bem mais bonita e interessante do que eu.

Como ela pode achar isso?

Caspian ficou horrorizado com o que Susana acabara de dizer.

- Não! – protestou ele imediatamente, alterando um pouco a voz, fazendo-a olhá-lo. – De onde você tirou isso, Ana?

- É a verdade, ué... – ela o olhou sem entender por que tanta exaltação.

- Não é a verdade, é um absurdo... – ele bufou. – Bem, talvez algum idiota ache isso, mas não é essa minha opinião.

- O que quer dizer?

Caspian se aproximou de Susana, proximidade que fez os corações dos dois disparar, seus olhos conectando-os um no outro.

Que discordo de você nesse ponto. - respondeu calmamente, ainda olhando-a nos olhos. Caspian tocou o rosto de Susana com as pontas dos dedos. - Talvez eu a ache bonita, mas isso não faz diferença já que ela seria a ultima mulher que despertaria meu interesse...

-Por que...? - perguntou ela, a voz num sussurro. Caspian lambeu os lábios antes de responder, hesitando, procurando as palavras certas, e ele disse exatamente o que Susana queria ouvir.

-Por que eu já sou interessado em alguém, há muito tempo... Por alguém a quem eu fiz uma promessa... - Nesse momento, os dedos de Caspian tocaram o pingente de rubi em forma de coração que repousava no colo de Susana. Ela o ouvira em silêncio, sentindo seu coração batucar seu peito e um frio percorrer sua barriga. Caspian a olhou intensamente nos olhos, esperando que ela dissesse alguma coisa.

Ele está tão perto...

-Sente mesmo interesse por mim? - perguntou a moça incapaz de desviar os olhos dos do rapaz. Ele sorriu de leve.

-Acho que é algo mais profundo do que só interesse... Sinto isso desde pequeno e as vezes me pergunto como consegui ficar tanto tempo longe de você... - mais uma vez ele tocou seu rosto enquanto ela fazia sua mente trabalhar em algo a dizer, mas na verdade, quem assumiu o controle da situação não estava em sua cabeça, mas em seu peito. Porém, antes que falasse alguma coisa, Susana viu o rosto de Caspian ficar cada vez mais perto. Sua respiração estava acelerada e certa vibração no ar próximo ao seu rosto garantia que a de Caspian também estava. Ele hesitou, a poucos centímetros do rosto dela, Caspian olhou novamente nos olhos de Susana em busca de um sinal positivo para prosseguir. Ela, por sua vez, entendeu o pedido silencioso e, em resposta, suas mãos tocaram o pescoço do rapaz logo deslizando para a nuca dele, seus dedos enrolando-se delicadamente aos cabelos dele.

Caspian entendeu sua resposta e foi em frente. Seus corações estavam à mil quando as pontas do nariz se roçaram e com um leve arfar de nervosismo e ansiedade, os seus lábios se tocaram.

Seus lábios acariciavam-se num beijo casto, singelo e carregado de sentimentos. Um misto de inexperiência, felicidade, alegria, receio de avançar mais, admiração, saudade, desejo, a realização de um sonho. É praticamente impossível descrever o que eles sentiram naquele primeiro beijo tão ansiado, uma das únicas coisas que se pode ter certeza é de que ambos experimentavam um sentimento de tal dimensão nunca antes imaginada. Era um momento mágico e nenhum dos dois queria que parasse. Caspian sentia seu coração palpitar, só não sabia se era por causa de sua felicidade ou por causa da corrente elétrica que passou por seu corpo assim que tocou os lábios de Susana. Mas a causa não importava a ele. Ele estava muito feliz e indescritivelmente deliciado com aquela sensação que o invadira.

São tão macios... Tão doces...

Susana, por sua vez, se surpreendia com as coisas que Caspian a fazia sentir, com as sensações que se alastravam por seu corpo quando pensava nele, ou quando ele estava por perto, quando olhava em seus olhos daquela forma intensa que ela tanto gostava... Só então ela descobriu o quanto precisava dele, o quanto havia esperado por aquele momento e, de uma forma esquisita, esperado pelos que virão depois deste.

Eu gosto tanto dele... Tanto...

Com um som estalado, suave e doce, seus lábios se separaram. Susana permaneceu mais alguns segundos com os olhos fechados até que os obrigou a abrir e encontrar-se com os de Caspian que a fitavam intensamente a poucos centímetros de distância. Ele tocou seu rosto suavemente, e Susana logo viu outro sorriso incrível se formar no rosto dele enquanto ele tocava sua bochecha.

- Você fica linda corada... - falou ele, fazendo-a corar mais e desviar o olhar para baixo com um sorriso tímido. Caspian ajeitou a mecha solta do cabelo de Susana atrás da orelha dela. Ele se aproximou mais envolvendo a cintura dela. Susana deitou a cabeça em seu ombro, sentindo as mãos de Caspian afagarem suas costas. Susana respirou lenta e profundamente sentindo o aroma de Caspian acariciar-lhe o olfato.

Era tão bom estar perto dele assim, podendo sentir seu perfume, sua respiração, seu calor... Susana não pode deixar de corar de novo ao perceber os músculos nos braços e no peito dele; sua primeira reação foi se afastar, mas algo lhe impediu, como se um imã a mantivesse perto dele. De repente, ela riu.

- Cas, o que estamos fazendo? - seu tom era divertido. Caspian desfez o abraço lentamente e por um momento Susana pensou que poderia tê-lo magoado, mas assim que viu o rosto de Caspian constatou o sorriso torto que ele exibia.

- Acho que estamos tendo a chance de começar a cumprir uma certa promessa... - ele estava nervoso, inseguro e Susana percebeu isso, ela também estava, não havia pensado nesse assunto, até então a promessa parecia irreal. Ela passou tanto tempo imaginando esse momento, agora ele havia chegado e ela não sabia o que fazer. Susana desviou seu olhar, o sorriso sumindo de seu rosto, adquirindo um tom pensativo. - Está tudo bem, Ana? - perguntou Caspian colocando atrás da orelha de Susana a mecha que saíra de lá.

- Não é nada... É só que... Faz tanto tempo, Cas... Sabe, apenas alguns meses atrás essa promessa parecia um futuro bem, bem distante e, de repente, o futuro se fez presente...

Caspian a olhava atentamente com um leve aperto no peito, sua preocupação de antes estava voltando.

Palavras que saíram da boca de uma criança, para os ouvidos de outra...

- Você me disse palavras lindas, Caspian, me pegou de surpresa também. - ela riu um pouco e ele também. Fez-se alguns segundos de silêncio antes de Susana continuar. - Confesso que com o passar do tempo eu achei que fosse coisa de criança e que agora você já estava com outros planos... Mas não é...

- Jamais foi. - concordou Caspian.

- Pois é, parece que eu só me dei conta disso agora... - ela riu de novo tirando um sorriso dele.

- Mas então... - arriscou ele. - O que você me diz?

- Acho... Acho que devemos... Deixar rolar... - Caspian ficou em silêncio por segundos.

- Talvez você tenha razão... - concordou ele, tocando o rosto dela novamente. - Vamos deixar rolar... Mas me diga... - ele segurou o rosto da moça, fixando seus olhos nos dela. - Você sente, ou sentia alguma coisa por mim? - seus olhos brilhavam de esperança e um sorriso brincou nos cantos de seus lábios quando ela corou.

- Não posso negar que gosto muito de você, Cas, e que durante todos esses anos eu contava os dias esperando você voltar, torcendo para que corresse tudo bem... - Caspian abriu um sorriso largo.

- Mas como você disse, vamos deixar rolar. - concordou ele.

- É... Se forçarmos um compromisso agora, tem mais chances de dar errado.

Caspian concordava com ela. O que Susana disse fazia sentido, ele sem duvida evitaria tudo o que pudesse fazer dar errado, além disso, Caspian queria conquistar Susana para valer, não a queria com base apenas num amor de criança, ele queria fazer crescer entre eles um amor maduro e jovem...

[…]

Eles permaneceram na clareira por mais algum tempo conversando sobre outros assuntos, pouco antes do almoço eles se despediram e Caspian foi para casa com um sorriso bobo no rosto, lembrando do primeiro beijo que trocara com Susana. Foi a primeira vez que beijou alguém e esse alguém ter sido Susana não poderia tê-lo deixado mais feliz. Seu pai percebeu que havia algo diferente quando viu o filho rindo e sorrindo para as paredes, mas resolveu não perguntar e deixá-lo aproveitar sua felicidade em paz.

Susana, por sua vez, ao chegar em casa quase saltitando, foi para seu quarto, jogou-se na cama e abraçou um travesseiro dando um suspiro, pondo-se a lembrar dos momentos mágicos que vivera há pouco, especialmente, dos lábios doces e gentis de Caspian.


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Notas finais do capítulo

Owwnn! Sério quando eu estava escrevendo a história, logo no início, mal via a hora de escrever esse momento! O primeiro beijo! Espero ter conseguido criar um momento tão mágico quanto Suspian hehehe
Não esqueçam dos meus reviews, hein?!
Como eu falei em outra fanfic, eu faço parte da equipe de uma fan page no Facebook, chama "Bruxos da Deprê", se você é Potterhead ou Narniano (ou os dois) dá uma passada lá;D

Beijokas!!



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