Promise escrita por Jajabarnes
Notas iniciais do capítulo
Finalmente o tão esperado reencontro! Espero que tenha correspondido às expectativas de vocês ;)
O vento estava favorável desde que saíram de Terabíntia. Logo, logo aportariam em Narnia. Pela manhã para ser mais exato.
Ele estava à beira do navio, observando o mar à sua frente, as estrelas e a mancha escura no horizonte, a terra firme, mas não qualquer terra firme, era sua casa. Da qual ele passara tantos anos longe. A essa altura da noite, todos os marinheiros estavam dormindo – com exceção das sentinelas, claro. Ele tinha nas mãos um pequeno anel, um anel de criança; Não cabia em nenhum de seus dedos há muito tempo, mas ele o guardara todos esses anos para devolvê-lo a dona quando retornasse.
Se é que ela ainda está esperando por mim...
Ele tinha ciência de que, talvez, tenha retornado tarde de mais para um possível relacionamento já que era comum o pai casar as filhas depois que elas completassem 15 anos e ela já completara 15 anos, mais de um ano atrás, ele conferiu. Nem precisava conferir para saber, afinal, ela era apenas um ano mais jovem que ele. O fato é que ele não se preocupava.
Não se preocupava em machucar a si mesmo com pensamentos de ela já estar casada e já ser tarde demais. Ele preferia ter pensamentos positivos de que ela realmente ainda estava o esperando, mesmo sabendo que podia levar uma queda feia caso fosse o contrario.
Não, ela prometeu que iria me esperar. Esse negócio de ela estar casada é tudo coisa da minha cabeça. Vou ver só, amanhã ela vai estar no porto, como da ultima vez que a vi, só não sei se vou reconhecê-la...
Ele deu um leve sorriso tocando o anel na palma de sua mão imaginando como aquela garotinha de pele alva, olhos azuis brilhantes e cabelos soltos e bagunçados devia estar agora, depois de tanto tempo...
- Sonhando acordado? – uma voz brincalhona soou atrás dele, e o dono do som parou ao seu lado.
- Mais ou menos... – respondeu o rapaz, sorrindo levemente. O pai percebeu o anel na mão do filho, indicando-o com o queixo.
- Você não vê a hora de encontrar com ela de novo, não é? – perguntou sorrindo maroto. O rapaz sorriu de lado.
- Será que ela ainda lembra-se de mim?
- Com certeza sim, você passaram boa parte da infância juntos, aposto como ela deve lembrar, sim. – estimulou-o.
- Acha que tem alguma chance de ela estar casada?
- Não sei... Meu amigo, Raphael, tem muito ciúmes da filha – riu – É muito difícil ele ter tido coragem de entregá-la a alguém... – deu outro sorriso maroto. – Acho que conquistar a confiança dele vai ficar por sua conta. – tocou o ombro do filho de forma amiga e animadora. O rapaz sorriu.
- Espero que sim.
- Agora vamos, você precisa estar bem disposto amanhã. Chegaremos a casa pela manhã e a tarde vamos visitar Raphael. – falou o pai antes de se retirar.
O rapaz deu um suspiro lançando um ultimo olhar para a cidade de Cair Parável antes de voltar a cabine para dormir sem impedir o coração de palpitar com a proximidade do momento em que ele a veria de novo.
[...]
Cair Parável estava em polvorosa pela manhã com a tão esperada chegada do Peregrino da Alvorada e seus tripulantes que já eram considerados heróis. Havia uma multidão imensa aguardando no porto com vivas e sorrisos. Muitos eram adultos quando viram o navio partir e agora estavam lá com seus cabelos grisalhos para comemorar seu retorno, outros, eram pequenos quando o navio partiu e agora estavam lá com sua alegria juvenil para recepcioná-lo.
Os tripulantes foram aplaudidos ao desembarcar e sair de lá foi mais demorado do que se pensava. E essa demora só deixava o rapaz mais angustiado. Ele não havia visto nenhuma moça parecida com sua velha amiga e ele começava a julgar que ela não havia ido recebê-lo.
Talvez esteja com o marido...
Ele suspirou, desistindo de esquadrinhar a multidão pessoa por pessoa. Ficou o tempo todo ao lado do pai, retribuindo as boas-vindas que lhe davam.
- Tirian! – ouviu uma voz familiar chamar por seu pai.
- Oh, Raphael, velho amigo! – seu pai abraçou calorosamente o homem da voz familiar. Sim, ele se lembrava do tal Raphael, ele era o pai dela. Então, se ele está aqui, provavelmente ela também. Ansioso, ele esquadrinhou a sua volta novamente enquanto os dois amigos se cumprimentavam animadamente, mas logo constatou que Raphael estava sozinho. – Raphael, lembra-se de meu filho? – a atenção do rapaz foi trazida de volta pela voz do pai.
- Oh, claro que sim! – Raphael cumprimentou o rapaz com um aperto de mãos. – A ultima vez que o vi era apenas um garotinho... Estamos ficando velhos, Tirian, minha menina também está bastante crescida.
- Falando nisso – o pai lançou um olhar rápido para o filho percebendo os olhos dele ansiosos. – Onde estão sua mulher e filha?
- Elas ficaram em casa. Que tal irmos para lá e vocês nos acompanharem no almoço? Temos muita coisa para conversar, Tirian, e aposto como nossos filhos também... Eles não se veem há muito tempo... Vocês eram muito amigos, não? – se dirigiu ao rapaz.
- Éramos sim. – concordou ele, sorrindo.
- Então, aceitam almoçar em minha casa? – Raphael parecia bastante animado.
- Claro! – Tirian concordou de imediato e o coração do rapaz bateu forte.
- Então vamos, vamos. Helen está esperando. – Raphael seguiu para fora da multidão.
Com um pouco de dificuldade, os três passaram pela multidão. Saindo do porto, seguiram pelas ruas estreitas de Cair Parável, pavimentadas de pedras e espremidas entre as paredes altas das casas também de pedra. Ele reconhecia todas aquelas ruas, enquanto andava, por sua mente vagavam diversas imagens, lembranças, de quando era pequeno e andava, ou melhor, corria por aquelas ruas com os amigos inseparáveis. Perguntou-se onde estariam eles agora, como estariam... Ele sentiu muitas saudades do humor e bom senso de Edmundo, das brincadeiras e do espírito travesso de Pedro e até mesmo dos surtos birrentos da irmã dele; da expressão doce e sorriso radiante de Lúcia, que naquela época, era pequena demais para aquelas brincadeiras; também de Dash, o primo chato de Edmundo, e da personalidade inocente, meiga e cativante dela.
Ela e a irmã de Pedro nunca se deram bem; enquanto a irmã dele sentava a beira da fonte da praça principal e colocava-se na tediosa missão de escovar os cabelos das bonecas e trocar diversas vezes as roupas das mesmas, ela corria com ele, Pedro e Edmundo pela lama, brincava de pega-pega, de esconde-esconde em meio às barracas das vendas e ao redor da fonte, subia em árvores para pegar mangas, pulava muros, tomava banho de chuva e terminava o dia completamente imunda, assim como os meninos, enquanto a irmã de Pedro permanecia arrumada e perfumada.
Como se ele estivesse vendo, a sua volta as quatro crianças passaram correndo em direção a praça e logo se puseram numa perseguição implacável para tocar em alguém e sair correndo para longe do outro gritando “está com você!”. O rapaz deu um sorriso leve, ele podia jurar que estava ouvindo os gritos mesclados a risadas de quem tinha seu esconderijo descoberto e a lamentação da irmã de Pedro alegando que eles haviam espirrado lama na sua boneca.
- Chegamos. – a voz de Raphael o trouxe de volta a realidade e quando ele se deu conta, já estava atravessando a porta de entrada da casa. – Helen, chegamos! – Raphael anunciou mais alto e descendo as escadas veio uma mulher sorridente de no máximo 39 anos usando um vestido simples verde-escuro, os cabelos castanhos presos num coque frouxo e um olhar brilhante.
- Tirian! – a mulher o abraçou calorosamente, assim como Raphael fizera no porto. Ele e a esposa eram amigos de infância dos pais do rapaz, foi por meio dessa amizade que ele e ela se conheceram e se tornaram amigos.
- Helen! – cumprimentou seu pai, visivelmente feliz. – Nossa você não mudou nada, continua magnífica! – elogiou. Helen riu.
- E você não perdeu sua aptidão para bajular. – os três riram.
- Helen, lembra-se do filho de Tirian, não? – Raphael gesticulou para o rapaz, parado mais atrás. Os olhos dela pararam nele e ela abriu um sorriso.
- Claro que sim! Lembro-me muito bem. Está ficando velho Tirian, olha só como ele está crescido! – brincou. O rapaz apenas sorriu.
- Eu disse isso a ele. – Raphael riu. – Helen, onde está nossa menina?
- Ah, ela está lá dentro, eu vou chamá-la. Sentem-se fiquem à vontade! – e logo ela sumiu para dentro da casa. Os três tomaram assentos e mais uma vez o coração do rapaz quase lhe varou o peito.
Não demorou muito e ele viu Helen voltar a sala, dessa vez acompanhada de uma moça. O coração dele disparou mais uma vez enquanto seus olhos fixavam-se naquela figura magnífica. Ela crescera, e como crescera. A lembrança que ele tinha da menininha brincalhona foi totalmente posta de lado. O rosto agora tinha traços mais maduros, os lábios cheios e vermelhos, os olhos incrivelmente azuis, a pele alva...
Ela continua linda... Mais linda do que nunca.
Claro, algumas coisas haviam mudado, os cabelos castanho-escuro que antes viviam soltos e desarrumados, estavam presos numa longa trança que descansava delicadamente sobre um dos ombros com duas mechas soltas, uma de cada lado do rosto belo e de pele alva. Ela usava um vestido rosado, de mangas curtas, o tecido leve caía ao longo de seu corpo que havia adquirido belas curvas, o vestido tinha um decote discreto, mas que combinado com as curvas fez a imaginação do rapaz trabalhar um pouco e ele não pode esconder um largo sorriso ao notar o colar que ele lhe dera, pendurado graciosamente em seu pescoço, o pingente de rubi repousado em seu colo. Ela sorriu levemente para ele, corando suavemente com seu olhar.
- E depois só meu filho que cresceu, olhe só para ela! – Tirian aproximou-se da moça. – Como vai minha querida?
- Bem, obrigada. – ela sorriu para Tirian o que fez o coração do rapaz disparar novamente. Sorriso lindo...
- Lembra-se de meu filho? – indicou o rapaz que tinha as pernas quase bambas de nervosismo. – Eu estava quase perdendo a paciência de tanto que ele perguntava quando chegaríamos, ele estava doido para ver você... – Tirian confidenciou para a moça que riu levemente, fazendo o rapaz ficar vermelho.
- Obrigado, pai... – resmungou ele.
- Eu só falei a verdade, filho. – Tirian deu de ombros.
- Olá, Caspian. – a moça dirigiu seu sorriso ao rapaz e ele não pode ocultar o seu também.
- Olá, Susana. – seus olhares permaneceram um no outro, por alguns segundos, o que pareceu passar despercebido pelos outros.
- Querida, ainda preciso de algumas coisas para preparar o almoço, poderia ir até a feira trazer para mim? – perguntou Helen.
- Claro, mãe.
- Caspian, se importa em acompanhá-la para ajudar a trazer as compras? – perguntou Tirian.
- De forma alguma. – respondeu prontamente. Ele mal via a hora de passar um tempo com ela novamente. A moça passou por ele e ele a seguiu porta a fora.
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