Enjoy the Silence escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 29
XXVIII. Sem mais dúvidas


Notas iniciais do capítulo

É o seguinte: Eu não betei esse capítulo completo. Motivo: Eu estou desanimada. Não só para ES (embora isso também esteja implícito), para tudo que eu venho fazendo. Tudo tá sendo uma merda e é isso aí. Não vou me prolongar no assunto. E eu quero agradecer de verdade às garotas que estão comentando. De verdade mesmo ♥



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POV Bella.

Edward me puxou delicadamente para dentro do box onde o chuveiro já estava ligando, derrubando água gelada em nós. Ele estava tentando me animar desde cedo, mas o que poderia fazer se nem ele mesmo estava animado? Porque era bem óbvio para mim que Edward estava apenas fingindo estar despreocupado, tentando fazer com que eu ficasse um pouco menos deprimida.

Tudo bem, eu havia planejado ficar com rosto limpo de lágrimas e agir com a máxima naturalidade possível. Meu plano foi por água abaixo e Edward não ajudou em nada demonstrando tamanha preocupação. Eu sabia que não demonstrar preocupação seria atípico de sua parte, mas dentro de mim, ainda havia uma parte que esperava que ele fizesse aquilo.

Toda a preocupação que ele teve só serviu para fazer lágrimas nascerem nas bordas dos meus olhos. Havia razões pelas quais eu sentiria falta dele e eu gostaria de nunca ter percebido isso pelo modo como ele estendeu a mão e eu me joguei para ele. Eu não planejava chorar descontroladamente em seu peito por tanto tempo quanto o fiz.

De repente — ou talvez não tanto — ir para Cambridge se tornou mais doloroso do que eu pensava que seria. Edward e sua ternura tornava tudo mais difícil. A pressão da decisão e da possibilidade de desistência também tornava tudo pior ainda.

Ok — eu disse a mim mesma enquanto Edward espalhava o xampu por meu couro cabeludo, fazendo-me cafuné. Outra coisa que eu sentiria falta e era definitivamente insubstituível —, chega de chorar. — Determinei, fungando por uma última vez.

Eu deixaria para chorar depois, o pouparia de me ver sofrendo por uma própria escolha minha. Porque eu poderia, sabe, ficar com ele e fazer Direito em alguma faculdade de Los Angeles como Charlie havia me dito para fazer — por suas razões egoístas. Mas eu… me recusava a desistir de Cambridge, era quase como se meu orgulho me impedisse de cometer tal atrocidade.

Eu tinha tudo que queria, tinha chegado longe e seria uma extrema burrice se eu desistisse agora. Cambridge era uma chance que eu não poderia perder, nem mesmo por Edward. E, céus, eu me sentia tão mal por estar pensando desse jeito tão egoísta que… eu quase me sentia desmerecedora do carinho que ele nutria por mim.

Uma pessoa mais altruísta e menos complicada que eu deveria levá-lo. Não eu.

— O que você acha de eu ir te visitar em Novembro? — Ele perguntou, envolvendo-me em uma toalha após termos terminado de tomar banho.

Edward esperou com um lindo sorriso torto em seu rosto minha resposta. Surpresa demais para expressar uma reação decente, eu apenas gaguejei.

— Hmm, eu… adoraria. — Franzi meu cenho. Minha voz não saíra completamente empolgada que era como eu me sentia com a remota possibilidade. — Mas eu… Edward, eu não quero que faça coisas que não pode somente por mim. Tanya precisa de você, se não se esqueceu.

— Esqueça Tanya. — Ele murmurou, enrolando uma toalha ao redor de sua cintura e pegando outra para enxugar seus cabelos molhados. — Ela ficará bem pelas duas semanas que passarei lá. Isso é… se você quiser.

— O quê? — Virei-me em sua direção, incrédula. — Claro que eu quero.

— Não está parecendo. — Comentou.

Eu parei a sua frente, franzindo minhas sobrancelhas e o olhando com o pescoço esticado por ele ser bons centímetros mais alto que eu. Ainda estava incrédula e raivosa demais para perceber o quanto ele ficava bonito com o rosto corado do banho recente e os cabelos pingando água. Abstraí-me daqueles detalhes somente por alguns segundos, concentrando-me na descrença junto com raiva que eu sentia naquele momento.

— Você está inventando desculpas, Bella. Está usando Tanya…

— Mas é a realidade! — Exclamei. — Apesar de querer muito, não posso fingir que Tanya simplesmente não existe. Ela precisa de você e vive passando mal… a quem ela recorrerá quando você estiver lá comigo?

— Ela ficará bem.

— Não tem como você saber disso.

Então suspirei, abaixando meu rosto e esfregando minhas mãos nele, tentando arranjar um motivo para encobrir as lágrimas que brotaram em meus olhos. Era tudo tão difícil para mim e para Edward. Sempre que algo parecia ficava no lugar, três a mais saíam.

— Eu não quero brigar. — Declarei, encostando minha testa em seu peito. Hesitantemente, seus braços me rodearam. — Não com você.

Minha respiração tremeu e eu fechei meus olhos com força, impedindo que eles fabricassem mais água salgada. Eu não queria e nem iria chorar de novo, eu me proibia de fazer isso na frente de Edward mais uma vez. Ele já havia visto o suficiente por todo um ano.

— Eu quero que você vá. — Sussurrei. — Eu quero que você vá e fique por todo o tempo que eu ficar lá. Comigo. — Me corrigi, sorrindo amargamente, ainda de olhos fechados. — Mas ambas as coisas são um pouco impossíveis de acontecer. Você tem que se lembrar de seu filho e de Tanya.

— Eles vão ficar bem.

Eu não teimei. Edward era acintoso, até mais do que eu, então eu somente gastaria saliva a toa quando eu podia o estar beijando.

Ainda sentia meus olhos marejados quando levantei meu rosto para o seu, selando nossos lábios pelo mais mínimo segundo, embora minha vontade fosse de permanecer beijando-o até perder o voo e ter um motivo para não ter de ir para Cambridge. Um péssimo motivo, mas ainda estaria valendo, qualquer coisa desesperada seria válida.

Estava fazendo frio e a porta da varanda estava aberta, por isso Edward depositou um beijo em minha testa e me puxou pela mão até o closet. Eu me vesti, sequei meu cabelo e o desembaracei, fazendo o mesmo com o de Edward que parecia um adorável ninho de passarinho.

Seria mentira se eu dissesse que dormi dez minutos daquela noite. Minha mente estava em alerta, procurando saídas que eu sabia não existir — sabia disso por ter passado boa parte do meu dia tentando arranjar um modo de não perder Edward nem Cambridge. Era impossível, tão impossível que me dava raiva ao perceber que, de um jeito ou de outro, teria de desistir de um dos dois em uma hora.

Eu deveria ter mantido o meu plano de não me apaixonar por ninguém antes da Universidade. Era cilada, assim como eu havia dito para Alice quando ainda estávamos na escola. Melhor seria se apaixonar por alguém que estudasse no mesmo lugar que você ou que não corresse o risco de ficar quilômetros longe de você por cinco anos.

Cinco anos. Era tempo demais para mim e, embora ele nunca houvesse me dito nada daquele tipo, eu sabia ser para Edward também. Cinco anos era tempo demais para todo o ser humano.

— Eu vou para lá. — Edward disse — Você vem para cá nos feriados e datas comemorativas. Tanto faz, eu só sei que vamos dar um jeito, Bella.

— Mesmo? — Indaguei esperançosamente, olhando-o.

— Sim. — Ele desceu a mão por meu ombro até chegar à minha cintura, onde ele a puxou em sua direção, agarrando-se a mim por causa do frio que normalmente fazia de madrugada. — Por que você não tenta dormir um pouco?

— Não quero. — Fiz pirraça.

Quero passar todo o tempo que eu puder com você, era o que eu queria falá-lo. Engoli a frase e apenas apreciei o sorriso paciente que ele me lançou ao começar a infiltrar a mão por minha blusa, tocando a minha cintura. Arrepiando-a.

Mesmo se eu não quisesse dormir, eu o teria feito. E ele sabia daquilo, usava para demonstrar o quanto eu era vulnerável aos seus carinhos em qualquer parte de minha pele. Dependendo dos casos e do quão cansada eu estivesse, eu sempre me sentiria sonolenta. Ele sabia, sabia também que eu estava cansada e bam!, ele tinha tudo para me fazer dormir.

— Quando for a hora, eu te acordo. Não se preocupe.

Eu assenti.

— Eu te amo, Edward. — Sussurrei.

Minha garganta se fechou, sinal de lágrimas as quais eu não pude reprimir. Só esperava que não tivesse passado o pano de sua camisa, esperava que ele não tivesse percebido.

— Eu também, Bella. Eu também. — E me apertou mais contra ele.

Fui compelida a dormir por Edward e seus carinhos que arrepiavam a minha pele e faziam minhas pálpebras pesarem. O problema era que sempre que eu caía no sono, me acordava com a sensação que só havia dormido por dez minutos. Aconteceu várias vezes, tantas que eu estava quase desistindo de ir dormir. Não tive tempo para pensar, logo estava dormindo de novo, meu cansaço traindo a minha resignação.

Edward permaneceu acordado por toda a noite, ou boa parte dela. Era óbvio que ele não havia dormido nada já que em todas as vezes nas quais me acordei por segundos, sentia as suas carícias que passavam de minha cintura para o meu ombro, pescoço e costas.

A prova mais concreta estava nas olheiras que ele tinha embaixo dos olhos.

— Hoje você tinha plantão, não era? — Franzi meu cenho ao olhar para ele.

— Eu troquei. — Ele murmurou despreocupadamente. — Você não achou que eu não te levaria ao aeroporto, achou?

Eu suspirei.

Por que era tão dolorosa a percepção que eu estava somente a algumas horas de ir para outro continente e quebrar a rotina diária a qual eu tinha com Edward? Naquela hora, eu duvidava que eu me acostumasse de algum jeito a acordar e ir dormir todos os dias sabendo que eu não o veria.

Engolindo a tristeza que voltava a renascer dentro de mim, ri levemente quando Edward, depois de sair do meu closet, abraçou-se a minhas costas e fungou em meu pescoço. Confiante com a minha reação que era claramente receptiva, ele passou a beijá-lo daquele modo que ele sabia arrepiar-me sem muitos esforços e a infiltrar suas mãos por dentro da minha blusa.

Aquela foi a última vez que fizemos amor.

Eu estava claramente mais conformada ao deixar minhas malas dentro do carro de Edward.

Estávamos atrasados.

O atraso não importava tanto já que eu só pegaria o voo de cinco horas da tarde. Tínhamos tempo de sobra para conversar e todas essas coisas que eu sabia que Renée queria fazer com os olhos marejados. Ela era outra contra minha ida para a Inglaterra, porém não pelos mesmos motivos de antes. Ela dizia que iria sentir a minha falta e que se preocupava como eu me viraria lá. Odiava a ideia de eu estar em outro país, completamente a mercê, era o que ela dizia.

Eram ótimos motivos, eu sabia, mas sempre argumentava que tinha a possibilidade da visita. Minhas portas sempre estariam abertas para ela e Carlisle, se ele fosse a acompanhar. Sabendo não poder me convencer, ela apenas assentia e desviava o assunto para Edward. De início, respondia algumas de suas perguntas, mas na medida em que os dias começaram a se aproximar, falar sobre ele começou a ser doloroso e como consequência, eu apenas mudava o assunto discretamente.

Era impossível que Renée não percebesse, obviamente, então apenas não insistia no assunto e se deixava conversar sobre outra coisa supérflua.

— Bella! — Alice se levantou da mesa de modo imediato e se jogou em meus braços, afastando-me de propósito de Edward e a mão que ele pousava em minha cintura. — Eu não acredito que você está a poucas horas de ir para o outro lado do mundo. — Segredou-me, escondendo o rosto em meu ombro.

Eu sorri, apertando-a por uma última vez até lhe soltar.

— Você pode ir me visitar, se quiser. — Murmurei. — E eu venho pra cá durante o natal, não vai demorar muito para nos vermos, vai? Pense positivo, só irão ser dois meses.

Ela sorriu enquanto, teatralmente, fungava e me olhava ressentida.

— Ei, cabeção. — Alice bagunçou o cabelo de Edward com um sorriso zombador em seus lábios.

Antes que eu pudesse me sentar, Renée se levantou de sua cadeira e me envolveu em um abraço apertado demais para os que ela costumava dar. Retribuí da mesma forma, enterrando meu rosto dentro de seus cabelos ruivos e encaracolados que estavam mais cheirosos do que eu me lembrava. Talvez por ela nunca os deixar solto como estava naquele momento.

— Não vá. — Ela pediu. — Ainda há tempo de desistir, Bella.

Eu sorri.

— Mãe… — Eu roguei. — Não me peça para fazer coisas impossíveis.

Depois, muito hesitantemente, Carlisle se levantou da cadeira em que estava sentado e parou à minha frente. E, droga, ele parecia tanto comigo que era quase impossível negar que eu tinha o mesmo sangue que ele correndo em minhas veias. O sorriso que ele soltou foi incrivelmente parecido com o de Edward, porém dado com os meus lábios.

— Eu posso te dar um abraço? — Sua voz foi tão baixa que eu duvidava que alguém sem ser eu houvesse escutado.

— Que pergunta, ora!

Sem hesitar como eu normalmente teria feito, acabei com a distância que tinha entre nós e o abracei, envolvendo meus braços ao redor de sua cintura. Muito incerto, ele também fez o mesmo, apertando-me de maneira moderada, completamente diferente do modo que Renée o fez. De qualquer modo, aquela foi uma das primeiras vezes que eu senti algum tipo de firmeza no abraço dele. E, definitivamente, a primeira vez que eu abstraí-me do passado horroroso ao sentir o seu cheiro.

Ele continuava usando o mesmo perfume de antes.

— E então — Comecei, sentando-me à mesa ao lado de Edward e à frente de Renée que agora conversava algo com Alice. — o que vocês pediram?

— Estávamos esperando por vocês. — Carlisle disse, com seu típico sorriso de lado sem dentes. Sorriso o qual, anos depois, Edward copiara dele.

Não teve nenhuma novidade excepcionalmente surpreendente que me foi informada. O que chegava perto era que Alice estava indo para o apartamento de Jasper, morar com ele enquanto fazia a faculdade. Edward, como o perfeito irmão ciumento que era, resmungou alguma coisa que eu não consegui entender e bufou como se estivesse com raiva. Alice, para tentar acalmá-lo, soltou mais um de seus sorrisos meigos e doces.

Não funcionou nem um pouco, ele continuou com a expressão fechada durante o assunto.

Eu até tentei mandar uma indireta para ele, murmurando para Alice que o importante é que ela estivesse feliz e tivesse juízo na mente, mas… eu acho que piorei as coisas. Edward não gostava da ideia de sua irmã ter a vida sexual ativa durante sua estadia prolongada na casa do namorado. Eu só vim perceber isso depois quando ele sibilou de raiva quando eu acabei de falar.

A raiva de Edward só serviu de motivo de riso para nós e depois de algum tempo, e alguma apelação a mais, ele soltou uma risada bem-humorada. Finalmente. Quase podia ver Alice suspirando aliviada e limpando o suor de nervosismo da testa.

A outra novidade foi que Renée havia conseguido o divórcio sem muito estardalhaço, Charlie parecia concordar com todas as propostas que ela fez. Até mesmo a mais absurda que ela havia feito para testá-lo. Eu não gostava, particularmente, da característica má que eles pareciam falar sobre ele, eu ainda tinha aquele impulso de defendê-lo. Sempre teria.

— Ele mudou. — Contentei-me em falar apenas aquilo.

— Talvez, sim. — Renée concordou depois de ponderar por alguns segundos.

Mudamos de assunto. E depois para outro, Carlisle e Alice nunca parando de fazer piadinhas toda vez que tivesse a chance. Foi uma ótima descontração. Queria que se repetisse sempre.

Infelizmente, o tempo se passou voando e logo eram três horas da tarde. Quis ignorar o relógio e os seus ponteiros a partir daquele momento, percebendo que a ficha começava a cair lentamente e não era uma sensação das melhores. Mais uma vez, perguntei-me o porquê de a vida ser tão injusta a ponto de me fazer mudar de país só para fazer faculdade. Edward bem que poderia ser britânico e…

Eu sabia ser egoísmo sair ajustando a vida das pessoas pelo meu próprio gosto. Entretanto, não era uma coisa que eu podia me evitar fazer. Era involuntário, um pensamento injustiçado que passava rapidamente pela minha mente. Não queria me levantar da mesa para ir ao aeroporto, tudo que eu queria fazer era puxar Edward de volta para a minha casa e ficar lá. Eu não estava pronta para mudanças.

Eu não queria esperar um mês e meio para ver Edward de novo, não queria saber que tudo que faríamos durante esse tempo seria se falar por telefone. Não era o suficiente! Será que ninguém havia ainda tido a decência de criar o teletransporte? Estávamos no século XXI, por favor.

Apesar de querer justificar as saudades que eu sentiria de Edward com a incompetência dos cientistas, eu sabia ser a minha irremediável culpa. Eu estava escolhendo ir para Cambridge para fazer Direito. Eram minhas escolhas, sendo a culpa atribuída a minha pessoa que era orgulhosa demais para estudar em alguma Universidade de Los Angeles.

Olhando para o rosto sorridente de Edward enquanto ele falava algo com Carlisle, percebi que a esperança falha que eu tinha de sentir um pouco menos de saudades dele ao passar dos dias, não iria funcionar. Eu não estava sendo precipitada nem muito menos desesperada, estava sendo realista. Eu me conhecia bem o suficiente para saber que todo dia passaria se arrastando porque minha única distração boa era ele.

Meus olhos não conseguiram se levantarem quando estávamos dentro do carro, eu não queria encará-lo e notar que, ah, eu tinha esquecido outro motivo para sentir falta dele. Eram incontáveis e eu não queria que meus olhos ardessem com as lágrimas que eu nunca deixaria escapar enquanto ele estivesse por perto.

— Ei, Bella. — Ele me chamou quando paramos em um sinal vermelho. Para chamar a minha atenção a qual não queria se voltar para ele, colocou uma mão em cima do meu joelho, acariciando-o.

Permaneci com os olhos baixos e os lábios prensados.

— Não quero que fique assim. Você está indo fazer o que sempre sonhou. Não tem nada mais justo que isso.

Eu assenti.

— Mas eu não quero, em nenhuma possibilidade… perder você — Pôs uma mão embaixo do meu rosto e o levantou, não recebendo resistência nenhuma vinda de minha parte.

— Você não vai. — Minha voz foi um grasnido falho.

Edward sorriu torto, inclinando o rosto para encostar os lábios na minha testa.

— Eu vou estar lá em Novembro, Bella. — Ele informou. — Passará tão rápido que você estará tão ocupada com as coisas da faculdade que nem vai notar.

— Só se for para você.

Ele sorriu de novo, mas daquela vez tinha alguma coisa amarga em seu sorriso. Eu nunca tive aquela resposta.

Renée, Carlisle e Alice estavam me esperando no aeroporto, nos esperando com sorrisos bem-humorados em seu rosto. Logo tratei de tirar aquela vontade de chorar de meus olhos, os mandei segurar só por mais um pouco a crise de choro que eu sabia que iria ter quando estivesse sozinha.

Eu estava comprando chicletes num quiosque quando alguém tocou o meu ombro e pronta para reclamar com o indivíduo quando percebi, com um surto de alegria, que quem estava a minha frente era Charlie. Sem receio, joguei meus braços ao seu redor em um abraço apertado enquanto sorria largamente. Semanas antes, ele havia me falado que não sabia se teria tempo, mas que iria tentar.

Desde pequena, quando ele me falava aquilo, eu sempre soube que ele não iria de nenhum jeito. A sua presença no aeroporto era um pequeno milagre ou, para ser mais realista, um esforço a mais.

— Eu sei que você sempre vai para a Inglaterra — Murmurei, minha voz saindo abafada por estar com o rosto prensado contra o pano de sua camisa de botões. —, então, por favor, não me deixe apodrecendo em casa. Apareça por lá de vez em quando. Eu não me preocupo em ser apenas vinte minutos se você estiver muito apressado…

— Não se preocupe, Bella — Ele acariciou o meus cabelos. —, vou à sua casa toda vez que passar por lá.

— Obrigada.

Ele sorriu quando eu levantei meu rosto para olhá-lo.

— Sabe, eu não… eu realmente não me importo de ter dois pais. Posso lidar com isso.

— Você não sabe o quão feliz eu fico em saber disso. — E então me puxou de novo para seu abraço apertado. O mesmo de Forks, o mesmo que eu sentia falta por ser tão raro.

— Não se demore muito. Não quero ficar sozinha por muito tempo.

— Não vou. — Garantiu.

Charlie me deu um beijo rápido na testa e olhou para trás onde Renée e Carlisle estavam sentados nas cadeiras do aeroporto, pasmos ao observar a cena que se passava. Quando perceberam que haviam sido notados, no mesmo instante desviaram o olhar e fingiram conversar algo entre si.

— Ela nunca vai me perdoar. Olhe só como ela parece bem junto de Carlisle…

— Pai… — Hesitei. — tenho certeza que você vai encontrar alguém maravilhosa.

— Eu encontrei, Bella. — Ele sorriu amargamente. — Só que eu fiz a burrice de perdê-la para aquele ali — Apontou com o rosto na direção de Carlisle.

Eu suspirei. Era terrível ter de consolar alguém quando você não sabia o que falar para que a pessoa ficasse melhor porque, independente da situação, não iria melhorar. E Charlie era pior. Não tinha nada que eu pudesse o falar para melhorar como ele se sentia, eu sabia que todas as minhas tentativas seriam falhas e patéticas.

Desviei meus olhos para Edward que estava sentado ao lado de Alice, inclinado e com as mãos juntos em cima das coxas. Ele conversava algo com Alice que o fazia rir e bufar ao mesmo tempo.

— Queria esperar você entrar no avião para poder ir embora, mas não tenho certeza se Renée vai ficar confortável comigo e com Carlisle em um mesmo lugar. E eu sei, claramente, que você quer ficar com Edward e com eles um pouco antes de ir… Vou tentar engolir um pouco meu egoísmo e ir embora, sim?

— Charlie… — Queria saber algo para falar. Algo bom e coerente, algo que o faria ficar melhor.

— Não tem problemas, Bella. De verdade. Em breve nós poderemos nos ver de novo.

— Tem certeza?

— Sim. — Ele sorriu largamente. — Se acontecer qualquer coisa lá na Inglaterra, me ligue porque eu vou no próximo voo, sim? Qualquer coisa que você precisar, Bella, qualquer coisa você deve ligar para mim.

— Eu vou ficar bem. — Minha voz era cheia de certeza, totalmente ao contrário de como eu me sentia.

— Sei que vai. Você é forte como sua mãe.

Ele me entregou um papel o qual tinha um tipo de número de conta e essas coisas e tudo que me falou era que eu usasse para o que precisasse. Disse que colocaria dinheiro todo mês e se não fosse o suficiente, ligasse para ele. Eu agradeci com um sorriso envergonhado, pensando para mim mesma que eu tinha o suficiente em outras contas… Nem mesmo em um dia, usei aquela conta. Não por orgulho, foi por falta de precisão.

Voltei para perto de Edward com um sorriso e cheia de chicletes em uma sacola de plástico que eu carregava presa a uma mão.

— Não imagina a falta que eu vou sentir de você. — Sussurrei com o rosto encostado em seu ombro.

— Eu acho que consigo imaginar, um pouco.

Eu sorri.

Não conseguia falar nada, com ninguém, então as horas que se passaram foram silenciosas e rápidas. Incrivelmente rápidas. Quando eu abri meus olhos, já estava na hora de me levantar e arrumar minhas coisas porque eu odiava ter que esperar até a última chamada. De repente, esperar pela última chamada me parecia uma boa ideia, ficar por poucos que fossem os minutos com Edward me seria o suficiente.

Ele foi mais prudente que eu, pegando duas de minhas malas e puxando em direção onde ficava o embarque.

Renée tinha um braço por sobre os meus ombros enquanto Carlisle ficava ao seu lado, falando planos para o natal, tentando me consolar de alguma forma ao dizer que o tempo passaria rápido e eu sequer notaria. Ele estava enganado, eu notaria, sim. Eu sabia disso, não tinha nenhuma dúvida.

Relutantemente por não querer ir, abracei Carlisle, Renée e Alice, deixando Edward por último já que sabia que com ele eu me demoraria. Renée e Alice resistiram mais a me deixar soltar o abraço e eu tive de sorrir tremulamente para elas e dizê-las que eu ficaria bem e que eu ligaria todo dia, sem faltar nenhum. Tive de fazer inúmeras promessas antes de elas me deixaram ir, foi um trabalho e tanto.

— Me ligue. — Murmurei falhamente quando parei de frente a Edward. Minha voz deveria ter sido imperativa, uma ordem, pareceu mais um pedido desesperado por contato.

Ele sorriu. Pude ver nitidamente o esforço que ele estava fazendo para não parecer abatido. Éramos iguais nesse aspecto.

— Vou sentir sua falta.

— Sim, eu também. — Acariciei o seu braço.

Colocando-me na ponta dos pés e puxando sua nuca para baixo, coloquei meus lábios nos seus. Um contato longo, calmo e doloroso de se separar. Mas eu tinha que o fazer, tínhamos plateia a qual estava muito atenta ao que fazíamos e se tinha algo que eu amava era a querida e almejada privacidade.

— Me ligue. — Sussurrei.

— Ligarei. — Prometeu. Outra promessa parcialmente quebrada. — Quero que se cuide, hein? Vou estar lá em um mês e meio, não é tanto tempo…

— Sim. — Concordei. Não conseguia falar mais nada, minha garganta se apertava, um sinal de quem em breve as lágrimas chegariam às bordas de meus olhos de uma forma que eu não conseguiria conter. — A chave da casa está no seu carro, pode ir lá pegar as suas roupas.

Ele assentiu.

Tentei com todas as minhas forças não olhar para trás quando entrei pelo portão de embarque empurrando o carrinho, mas o fiz. Apesar de existirem três pessoas sorrindo e acenando para mim, eu somente notei Edward que tinha a expressão normal e quando viu que eu o estava olhando, sorriu tortamente.

Sentiria falta daquele sorriso.

Fim do primeiro livro.


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Notas finais do capítulo

Até.