Enjoy the Silence escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 14
XIII. Incertezas.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Eu estava numa dúvida enorme se eu vinha postar hoje ou não, mas aí eu vim porque eu sou uma pessoa muito boa. Mentira, é porque talvez eu não tenha tempo essa semana já que... plmdds, tem teste de geografia e de química e... to ferrada, simplesmente. Alguém aí assiste Revenge? (pela tevê fechada porque na globo está muito atrasada) Se manifestem porque... que season finale foi essa? ♥ ♥ plmdds. Enfim, é isso, comentem no final.

ah, tenho vergonha desse capítulo.

Feliz aniversário, Rob! ♥



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Naquela noite eu chorei mesmo depois dos beijos quentes de Edward formigando em minha pele. Pensei que aquele quase descontrole me distrairia a ponto de não me fazer lembrar nada que ele me falou, porém foi ao contrário. Os beijos dele eram errados, ele não deveria estar se apaixonando pela garota que colocou seu pai atrás das grades. Era errado, até eu sabia! Família em primeiro lugar, sempre.

Eu queria o falar sobre o que tinha feito, cuspir todas as verdades amargas de minha boca. Eu ficava somente no desejo, é claro. Eu tinha medo de perdê-lo… e era egoísta o bastante para não o falar nada. Tinha conhecimento, sim, que um dia ele acabaria sabendo de tudo que eu já lhe escondi e minha mente culpada sempre me dizia que era pra eu falar antes de ele descobrir por alguém sem ser eu.

De qualquer jeito, em uma forma geral eu não suportava a ideia de Edward saber tudo que eu havia feito em um passado o qual ainda era bem presente na minha vida. Eu sabia que ele ficaria com raiva e quase podia escutá-lo falando que as piores pessoas do mundo eram as que mentiam e forçavam alguém a algo. Eu menti, eu forcei Carlisle a abandonar minha mãe e deixa-la somente para mim.

Eu fui todas as coisas que Edward desaprovava.

Chorei lágrimas que não eram exatamente minhas com o rosto encostado no peito do Edward, rezando para que ele não sentisse o líquido morno em contato com a sua camisa. Eu estava chorando as lágrimas que Renée, Alice, Edward e Carlisle deixaram de chorar e aquilo era patético, eu nunca me deixei chorar por alguém nos últimos quatro anos e simplesmente o estava fazendo agora.

Talvez eu não fosse o poço de força que Edward dizia que eu era, mas isso eu já sabia. O motivo, porém, não era fácil de aceitar… odiava pensar que eu estava mais fraca do que era em dias normais por causa de Edward. Era o sentimento pelo qual eu me sentia mais impotente. Era como se eu quisesse continuar a me sentir fraca apenas pelo fato de nunca querer sair de perto dele. Eu preferia ser fraca a ficar longe dele.

Dormi em algum momento e tive um sono leve, acordando-me com qualquer mísero movimento que o corpo de Edward fazia. Se sua mão deslizasse de minha cintura, eu me acordava; se ele levantasse o rosto em seu sono, eu me acordava. Quase como se eu tivesse com medo que ele fosse embora escondido de noite — o que era uma babaquice já que quando eu me acordei às seis da manhã, ele continuava lá.

Eu estava com sono, mas tinha a sensação que se eu me deitasse para dormir, não conseguiria. Tinha alguma coisa que me mantinha acordada e cansada ao mesmo tempo. Uma merda para quem queria relaxar um pouco.

Escovei meus dentes e tomei um banho rápido sem molhar o cabelo. Minha mente estava distraída o bastante para eu somente notar que eu já estava vestida ao tentar não fazer barulho ao fechar a porta do quarto onde Edward continuava a dormir, o rosto amassado e os cabelos um terror de tão bagunçados. Lindo.

Desci as escadas com o cansaço refletido em meus passos lentos, prendi meu cabelo grande demais para permanecer solto no clima quente que se instaurava em Los Angeles. Talvez estivesse na hora de apelar para a temida tesoura, afinal fazia quantos anos que eu não deixava ninguém tocar em meu cabelo? Mais de dois pelo que me lembrava e quando eu decidi cortar, eu mesma o fiz.

Decidi varrer a casa quando eu percebi que meu nariz estava começando a denunciar a quantidade de poeira que tinha se instalado no chão e suspirei pensando que em breve contrataria uma empregada para fazer essas coisas para mim. Poderia parecer fresco de minha parte, mas eu tinha alergia à poeira e quando eu terminei e o resultado ficou bom aos meus olhos — que não conheciam nada de limpeza doméstica —, estava espirrando.

Lavei minhas mãos até elas ficarem ásperas e depois meu rosto, tentando fazer com que a agonia em meu nariz passasse. Não foi nada fácil me encorajar a tomar um comprimido antialérgico já que eu sempre soube que tinha corticoide e isso me fazia engordar mais que o necessário. Antigamente, quando eu tinha cinco ou seis anos eu tomava isso todo dia e isso me fez ficar uma bola, perdendo todo o peso alguns anos depois por motivo desconhecido.

Eu estava com o pensamento longe quando as mãos de Edward surpreenderam-me, puxando minha cintura de encontro a ele e seus lábios pousando em meu pescoço daquele modo casto que sempre me deixava frustrada e arrepiada ao mesmo tempo. Um suspiro saiu por entre meus lábios quando ele deslizou o nariz pontudo pela pele de meu maxilar e depois ombro esquerdo, depositando por fim outro beijo no pescoço.

— Como pode estar tão cheirosa de manhã?

— Eu tomei banho. — Murmurei, fazendo-o rir.

— Ah, merda!

E depois me deu um beijo cauteloso nos meus lábios. Pensei que ele fosse falar alguma coisa depois que se separou, algum pedido de desculpas — pelo quê eu não sabia — ou coisa parecida. Mas Edward nada falou, apenas desviou os olhos dos meus e murmurou que estava faminto. Bom, eu também estava morrendo de fome e sobrestive a minha curiosidade para depois, quando não estivéssemos falando nada.

— Ei — Eu o chamei franzindo meu cenho. —, ontem você me falou que fez faculdade em Seattle… você chegou a terminar?

— Sim… — Ele falou, um fio de hesitação nascendo em sua expressão.

— Você fez faculdade de quê? — Agora eu estava mais curiosa que o normal. Se Edward havia feito faculdade, por que ele trabalhava de segurança para o meu pai? Não soava coerente para mim…

— Medicina.

— O quê? — Perguntei, pasma. — Eu pensei que…

— Eu terminei, mas não fiz nenhuma especialização. Seria clínico geral, certo? — Eu assenti, tentando acompanhar seu raciocínio. Mas nada fazia sentido ainda. — Só que com as circunstâncias o primeiro emprego que apareceu foi o de segurança e trabalhei nisso após ter terminado a faculdade. Não tinha como esperar um ou dois meses…

— Por que nunca me falou? — Franzi meu cenho.

— Eu me esqueci. — Falou, fazendo-me bufar insatisfeita. — Na verdade, eu estava me lembrando de te contar isso hoje já que daqui a algumas horas eu tenho uma entrevista de emprego em um hospital.

— Sério? — Indaguei incrédula. — Edward, isso é… maravilhoso.

Comemos em silêncio e depois lavamos a louça com lentidão, eu reclamando com a negligência ao me falar uma coisa tão importante e ele murmurando que o importante era que ele acabara contando, afinal de tudo. Eu sempre acabava revirando os olhos ao dizer que aquele era um péssimo jeito de tentar me convencer. Edward acabava rindo de meu rabujo e o riso descontraído dele também me fazia rir, meu bom-humor voltando.

— Sabe de uma coisa? Faz tempo que eu não vejo você nadando. — Ele se virou para mim e sorriu maldosamente.

— É porque, sabe, eu estou ocupada esses dias. — Inclinei meu rosto para o lado, o tom de minha voz assumindo um tom cínico como a minha expressão. — Alguém anda me ocupando.

— Ah… — Ele pensou por alguns instantes, os olhos felizes procurando os meus. — Esse alguém deve querer nadar com você.

Tinha certeza que meus olhos brilharam de felicidade assim que compreendi as palavras dele.

— É sério? — O indaguei, saindo da brincadeira que nos encontrávamos antes.

— Por que não seria? — Ele devolveu.

Eu estava quase cantarolando quando subi as escadas na frente de Edward, indo colocar meu maiô que estava intocado por quatro dias completos. Minha mão não era problema agora que já tinha se recuperado da queimadura de primeiro grau… não me incomodaria em momento nenhum e me deixaria nadar em paz.

Embora nadar não tivesse o mesmo significado que antes — era meio impossível esquecer um fantasma do passado quando se estava com seu filho o tempo todo —, eu ainda continuava apaixonada por fazer isso. Ocupava o segundo lugar da lista “O que gosto de fazer”. A primeira era beijar Edward desde quando nos beijamos pela primeira vez… Eu realmente não sabia o que estava perdendo.

Eu tentei passar meus olhos rapidamente pelo peitoral descoberto dele, mas eu meio que fiquei cinco segundos a mais do que o apropriado encarando-o. Minhas bochechas arderam e eu desviei os olhos quando ele se aproximou com o seu típico sorriso torto em seu rosto. Eu o teria achado lindo se não percebesse que era de mim que ele zombava sem uma palavra alguma.

— Gosta do que vê, Bella? — Ele perguntou.

Foi com um enorme esforço que eu desvencilhei meu rosto de suas mãos que mantinha nossos olhos conectados. Edward, porém, foi rápido e pegou meu pulso antes que eu descesse as escadas com as bochechas mais vermelhas que o normal — e olhe que o meu normal não era normal.

— Você está tão corada. — Ele observou

— Você que faz isso. — Ciciei.

— Não posso dizer exatamente que me arrependo.

Os olhos claros dele estavam sorridentes, pressionados um pouco nos cantos por causa de seu sorriso torto. Tentei me desvencilhar novamente de seus braços, mas eles me apertaram em um abraço do qual era impossível cogitar sair. Sim, eu queria permanecer naquilo, embora as palavras de Edward me fizessem ter vontade de enfiar meu rosto debaixo da terra e nunca aparecer novamente.

Não resisti quando uma de suas mãos levantou o meu rosto para que seus lábios estivessem nos meus. Nunca me acostumaria com a necessidade que eu tinha de me aproximar dele e aprofundar o beijo, fazendo tanto nossos lábios como nossas línguas se entrelaçarem em uma sincronia que não era nem um pouco desgastante. Eu poderia passar todo o sempre o beijando e ainda me pareceria ótimo.

Quem em sã consciência era capaz de achar os beijos de Edward ruins? Bom, não eu. E ficava tudo impossivelmente melhor com suas mãos em minha cintura, os dedos apertados contra a carne do meu quadril. As poucas roupas que usávamos contribuíram para que eu perdesse de vez toda a minha mente e entrelaçasse minha mão em seu cabelo e tocasse receosamente o seu peito. Foi por acaso que eu percebi seu coração veloz como o meu.

Eu achava que ele quem me causava as coisas e era imune a mim — mesmo com seus braços outrora arrepiados e respiração ofegante —, mas amei descobrir também que eu poderia causar tanto desejo nele como ele me causava. Eu o queria tanto e perguntei-me se ele se sentia da mesma forma: desejoso por mim, sem poder esperar um segundo a mais por um contato maior.

Ergui-me nas pontas dos pés, tirando meus lábios dos seus e rumando-os para o seu pescoço onde distribuí beijos e chupões leves — não os que ele me fizera ontem à noite que ficara um ponto vermelho na base do meu pescoço e fizeram minhas bochechas corarem. Aprovei-me imediatamente quando o vi estremecer e sussurrar meu nome. E, no entanto, daquela vez não tinha repreensão em sua voz. Tinha a mais linda aprovação que eu já havia recebido.

Edward até abaixou seu rosto para facilitar o meu acesso — uma raridade já que ele parecia não querer que eu o tocasse daquele jeito nas várias vezes que eu tentava. Nenhuma explicação me fora dada e eu não queria saber sobre o porquê de ele rejeitar meus beijos mais íntimos, aqueles que o eram designados. De qualquer jeito eu aproveitei toda e qualquer oportunidade que tive no momento para deslizar meus lábios por seu maxilar, pescoço, queixo e até mesmo clavícula.

Eu sabia que Edward recuperava o controle mais rápido do que eu gostaria, então não vibrei dentro de mim mesma quando em um breve momento de insanidade ele se empurrou comigo na parede, pressionando-me na mesma como nunca havia feito. Eu queria, eu ansiava para que uma cama aparecesse no meio do corredor do nada. Eu poderia puxá-lo para dentro do quarto se eu não soubesse sobre sua sensatez. Sensatez a qual eu desaprovava toda vez que se mostrava em sua mente.

Pressionei em uma atitude reflexo minhas pernas uma contra a outra para que aquela agonia que era o desejar passasse. Mas não passou. Nem mesmo quando ele enfiou as mãos dentro do meu cabelo e puxou meu rosto para trás com cuidado, expondo o meu pescoço que em segundos seus lábios provavam. Mais ferozes do que ele se deixava estar em ocasiões normais.

Seus lábios chuparam a pele de meu pescoço, dando-me a certeza que deixaria marcas roxas daquela vez. Era quase como um leve, mas firme beliscão que não me causou dor alguma — minha mente não registrou nada, pelo menos. Ao contrário disso, eu queria que ele fizesse mais vezes, de novo e de novo…

Meu erro foi tentar desabotoar sua bermuda escura, ele se retraiu para longe de minhas mãos rapidamente. Eu abri meus olhos para tentar perceber se eu havia o machucado ou algo desse tipo e somente vi seus lábios abertos, em busca do ar que o momento ousado tinha nos roubado. Seu rosto estava corado, lindamente corado, mas não foi em suas bochechas que eu percebi quando o olhei. Foram seus olhos que estavam alarmados e repreensores como o inferno.

— Bella… — Ele disse, ou melhor: repreendeu com o tom penoso.

— Por quê? — Eu o indaguei raivosamente. — Por que não podemos nos deixar levar? Você sempre se afasta como se tivesse medo de mim. — Olhei para a parede que tinha atrás dele com todo o rosto, não só as bochechas, pegando fogo. — Você não me quer como quer a Tanya? É isso?

— Não vamos falar sobre …

— Vamos. — Meu tom de voz se elevou, alarmado pela vergonha e por toda a raiva que eu sentia dentro de mim. — Vamos sim falar sobre isso! Quero que responda a pergunta que eu fiz antes.

Ele suspirou, apoiando a mão na parede como se estivesse fraco por minha teimosia.

— Eu não te quero como quero Tanya. — Ele murmurou, a voz saindo de seus lábios contra a sua vontade. — Eu não a quero. Não mais. Consegue entender isso? A única garota por quem sinto desejo é você, Isabella.

— Então por quê… — Minhas sobrancelhas se juntaram, tão frustradas pela incoerência quanto eu.

— Você não entende as implicações que há em fazer amor com você. — Ele colocou com carinho uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha. — Bella, você não sabe o quanto é difícil me afastar quando parece estar tão decidida a acabar com o meu autocontrole. — Edward falou aquilo lentamente, como se quisesse que eu memorizasse cada palavra que saía dos seus lábios vermelhos pelos beijos anteriores — Eu quero você, e como! Mas se deixar levar não é como eu planejo fazer isso.

— Você planeja isso? — Não pude deixar de sorrir envergonhada.

— Toda vez que você me beija desse jeito. — Ele sorriu tortamente e pôs a mão livre em meu rosto, fazendo-me o olhar. — Então seja uma boa garota e não quebre meu autocontrole, sim?

Eu assenti timidamente e aceitei seu beijo casto em meus lábios.

— Espero que a água da piscina esteja gelada. — Edward resmungou para ele mesmo.

Ele poderia ter falado alto e eu ainda não teria entendido o que a temperatura da água da piscina teria a ver com ele. Deixei para lá, tinha o pressentimento que era besteira a qual eu coraria se ele resolvesse mesmo me dizer. Teria a ver com o que eu havia lhe feito? Seria o desejo que eu o fiz sentir por mim? Tá, eu estava indo para a faculdade e claramente já sabia como homens ficavam quando estavam excitados. E sabia também que isso acontecia de uma forma muito fácil se fosse feito da maneira correta…

Não pude deter o sentimento de orgulho que nascera dentro de mim ao pensar que Edward estava excitado por causa de mim.

Ele andou na minha frente e entrou na água antes de mim. Mesmo que fossem coisas bobas e talvez produzidas por paranoia de minha mente, serviu para reforçar a minha teoria do desejo de Edward. E, claro, me encher mais ainda de orgulho.

Apesar de a proposta ser nadar, nos beijamos mais do que nadamos. Ele foi prudente ao enrolar minhas pernas ao redor de sua cintura, beijando-me por não muito tempo, as mãos deslizantes por minhas pernas e cintura, somente. Edward não perdeu o controle de nenhum beijo e eu não conspirei para que aquilo acontecesse, acataria o seu pedido prévio por alguns dias até que fosse considerada por ele uma boa garota.

Ele teve de ir se arrumar para a entrevista de emprego e com um resmungo, assenti. De qualquer jeito, desfiz minha expressão emburrada quando ele disse que voltaria mais tarde enquanto abotoava a sua camisa escura de botões, as mangas arregaçadas até o cotovelo de um modo que o deixava com um ar mais maduro. No entanto aquilo não era um ponto negativo, ele continuava bonito.

Antes de ir, Edward ergueu meu queixo e beijou meus lábios levemente, sorrindo ao ver minhas bochechas vermelhas por razão ainda desconhecida. Odiava-as por demonstrar sempre que Edward fazia algo que me envergonhava, odiava parecer tão… imatura a ponto de corar com um simples beijo nos lábios.

Tomei outro banho depois do almoço solitário que eu tive e depois me encorajei o suficiente para conseguir arrumar o caos que era o meu closet e passar pano na casa. Por fim, joguei as roupas sujas dentro do cesto e saí para a lavanderia que dia de semana não era tão lotada quanto seria no final. Odiava ter de esperar para sentar, já bastava ter que esperar as roupas ficarem limpas.

Decidi que depois usaria o dinheiro que eu tinha na conta para comprar uma máquina de lavar. Normalmente eu usava o dinheiro que eu tinha no banco somente para coisas extremamente necessárias, mas iria fazer essa maldade com o meu orgulho um pouco porque não dava para viver daquele jeito. Tudo bem, talvez desse para fazer um esforço e levar as roupas para a lavanderia, mas eu odiava sair de casa porque sempre tinha algum tipo de ser humano que tirava fotos minhas e colocava na porcaria da internet.

E tudo que eu não queria no momento era socar alguém. Queria continuar usufruindo da calma que Edward me trouxe nos últimos dias. Era estressante ter de olhar para todos os lados, tentando perceber alguém com uma câmera que denunciaria onde eu estava para os olhos atentos de Charlie.

Eu estava jogada no sofá assistindo qualquer filme sem graça que passava na tevê quando Edward bateu em minha porta com o padrão típico que tínhamos. Como de costume, ele foi logo me abraçando com força, enterrando o rosto em meu ombro enquanto eu sorria alegremente em seu peito.

— Consegui. — Ele murmurou, a voz abafada.

Ainda havia um largo sorriso em meu rosto quando ele o ergueu e colou seus lábios longamente nos meus. Meu sorriso sumiu enquanto ele me beijava, no entanto logo voltou quando ele se afastou e me olhou, os olhos contentes.

— Você está realmente tão ocupada que não soube que hoje tem jogo dos Lakers? — Edward perguntou, inclinando e abaixando o rosto. — Comprei os ingressos caso você queira ir… comigo.

— Como se eu fosse querer não ir.

Com mais um beijo singelo nos lábios dele, fui me arrumar para sair, segundo Edward e toda a sua pressa desnecessária, o mais rápido possível. Fui rápida ao tomar banho e vestir uma calça jeans com a camisa dos Lakers por cima, prendendo meu cabelo em um rabo-de-cavalo como sempre fazia.

Aquele foi o dia mais sorridente e divertido que tive com Edward, me fez que vibrar quando algum jogador fazia alguma cesta era melhor do que somente aprovar em sua mente, torcendo mentalmente. A graça era vibrar, sorrir largamente e quando a vitória — quase milagrosa — chegou, nos abraçarmos como dois amigos que haviam acabado de descobrir a notícia de suas vidas. Abraçar-se de modo apertado e que comemorava a vitória aos três últimos segundos da partida.

E depois nos beijamos como dois namorados apaixonados. A parte dos apaixonados até poderia ser verdade, mas ainda existia dúvidas em minha mente sobre a questão do namoro. O que eu e Edward tínhamos continuou indefinido por bastante tempo, tempo de insegurança e faltas de certezas.

Saímos do estádio de mãos dadas, assim como chegamos. Perguntei para mim mesma mentalmente se andar tão livremente daquele jeito comigo era um esforço, se ele precisava ficar olhando para os lados para conferir se sua noiva não estava a espreita. Porém não, ele estava relaxado e solto ao se inclinar para murmurar algo em meu ouvido, deixando por fim um dos breves beijos em meu maxilar ou bochecha. Então com aquilo eu parei de me preocupar.

Fomos tomar sorvete depois do jogo, a noite estava abafada e tinha poucas estrelas no céu quando o olhei — uma coisa que raramente fazia. A lua era cheia e quase não havia nuvens encobrindo-a. Embora eu não percebesse muitas vezes a beleza da natureza, não pude deixar de notar o quanto a noite estava linda. E como diria vovó Swan, perfeita para dar uns amassos escondidos dentro do carro.

Não que Edward e eu tivéssemos feito isso, eu ainda continuava tentando mostrá-lo que eu não era uma má garota. Havia, afinal, alguma compaixão dentro de mim pelo esforço que ele parecia fazer para se refrear toda vez que eu queria ir mais longe. Eu estava constantemente querendo ir mais longe e ao contrário dele eu não fazia esforço algum para refrear esse tipo de desejo.

Eu estava tão cheia do sorvete cremoso e doce que quando Edward se ofereceu para comprar hambúrgueres e tantas outras besteiras, recusei com a desculpa que eu estava cheia demais para colocar algo para dentro. Ele, não. Havia espaço suficiente em seu estômago para um hambúrguer e um copo de Coca-Cola da grande.

Aquela foi a última noite que fizemos algum tipo de programa divertido no mês. Os dias se passaram e o novo emprego dele chegara, deixando-o mais ocupado que nunca. O tempo livre que ele passava, nem mesmo metade era comigo. Sim, eu também ficara atordoada com a mudança repentina, mas não falara nada, havia-se muita coisa para fazer em vez de perguntar o que estava acontecendo.

Só foi piorando com o passar dos dias…

Dia 20 de junho chegara com uma rapidez incrível e eu havia me certificado antes que Edward passaria a noite comigo. Era sua folga, então não havia problema algum em ele ficar comigo somente aquela noite, matar as saudades que eu estava deles e talvez se ele tivesse com saudades de mim também, quem sabe.

Era seu aniversário naquele dia, então eu me matei para fazer um bolo — que, sim, havia tido um bom resultado afinal de tudo — e fazer alguma coisa para comemorar. Até mesmo me esforcei para pensar em um presente bom o bastante para ele. Vesti uma roupa bonita e prendi meu cabelo de um jeito que nunca havia prendido antes. Coloquei também uma grande quantidade de perfume e apesar de nunca me dar ao trabalho, me maquiei.

Esforcei-me também para colocar uma saia que chegava um pouco acima de meu joelho — uma das raras que haviam me atraído no shopping. Esperei que não estivesse parecendo muito vulgar com o batom vermelho ou a saia… tudo que eu queria era agradá-lo e não tirar o autocontrole dele. Edward não tinha tido muito para se controlar nesses últimos dias, nossos últimos beijos eram rápidos, ele estava cansado mental e fisicamente demais e eu podia perceber.

Eu tentei, juro que tentei com todas as minhas forças ser uma boa… companheira para ele nos dias que ele chegava cansado do trabalho. Fazia-lhe massagens, beijava-o, tentando enfim fazer com que ele relaxasse. Entretanto cada dia ele parecia mais desgastado, mesmo em seus dias de folgas e mesmo eu lhe perguntando o que estava acontecendo, Edward murmurava que era o trabalho.

E era mentira. Uma notável mentira cuja sempre me dava nos nervos toda vez que eu ia dormir sozinha, encolhida na espaçosa cama do quarto florido o qual outrora só tinha seu cheiro. Eu odiava aquela situação em que Edward chegava e ficava somente duas horas comigo, fazia-me sentir quase como uma pessoa passageira a qual só estava ali por alguns momentos. Depois ele ia fazer algo mais importante.

Eu sentia falta dele mais que tudo, odiava ficar sozinha. E claro que eu sempre reprimia esses tipos de pensamento para mim, eu não queria reclamar para ele.

Mas foi demais naquele dia, minha raiva transpirou por meus poros e pararam na minha língua. No dia do aniversário de Edward eu pensara que seu atraso era apenas mais uma coisa consequente às preocupações as quais ainda continuavam encobridas por ele veemente. Edward se atrasou por três, quatro, cinco horas! Na verdade, ele sequer veio. Eu fiquei até meia noite o esperando sentada na mesa com a melhor roupa que eu tinha.

Ele sequer me telefonou para se explicar, mas eu percebi que ele não tinha aquele dever. Nós não tínhamos nada oficial, sendo assim explicações desnecessárias. Eu apenas tinha dificuldade para assimilar aquele fato.

Guardei o bolo dentro da geladeira para caso eu quisesse o esmurrar, poupando a cara de Edward e fechei as panelas onde estavam o jantar que eu havia também feito. Sozinha. Todo esforço para no final não ganhar nada, nem mesmo a excelência de sua maldita companhia. Tirei as presilhas do meu cabelo com força, levando junto com elas alguns fios claros, o prendi em um coque mal feito em cima da cabeça e fui tomar banho apenas para tirar aquele cheiro de perfume de mim.

Tirei a maquiagem dentro do box, esfregando meu rosto com raiva. Prometi a mim mesma naquela noite que de minha parte não haveria esforço algum desse jeito de novo. Era patético se esforçar para no final isso não ser reconhecido nem mesmo um pouco. Tudo em minha relação altamente instável com Edward era patético, eu me odiava por ser tão fraca quando minha mente propunha deixá-lo para um bem maior. O meu bem.

Enfiei-me debaixo dos lençóis e fechei meus olhos para que deles nenhuma lágrima caísse porque a vontade de me descabelar e chorar até soluçar era muita. Eu não deixaria que isso me afetasse tanto, eu ainda tinha o controle de meus canais lacrimais, não tinha? Eu esperava que sim. Consegui não chorar como um bebê, mas foi horrível a dor de cabeça consequente.

No outro dia eu acordei com batidas na porcaria da porta e quem quer que fosse, eu não estava com paciência para conversar ou ser gentil. Eram seis horas da manhã, merda! Eu só havia dormido quatro e isso era o bastante para que meu mau-humor voltasse com toda a força possível. Desci as escadas lentamente, ajeitando a minha blusa que estava levantada, mostrando a minha barriga pálida.

Estaquei no antepenúltimo degrau quando vi o cabelo revoltado cor-de-bronze que só poderia pertencer a uma pessoa: Edward. Olhei para o lado e pedi paciência divina, pois apesar do meu humor rabugento, eu não queria brigar. Não quando eu só havia dormido quatro horas na noite.

— Você não fez o padrão. — Foi a primeira coisa que eu o falei assim que abri a porta.

— Não havia tempo para isso. — Ele disse. Sua voz foi dura, sem sentimentos. Como ele havia mudado tanto comigo em tão pouco tempo? A resposta eu ainda não sabia. — Bella, houveram situações maiores que me impediram de vir. Eu sinto muito.

— Você quer entrar? — O indaguei, o bolo na minha garganta fazendo com que minha voz soasse forçada e fraca. Patética.

— Não, na verdade. — Edward desviou os olhos para a rua e suspirou.

— Você vem aqui hoje? — Baixei meus olhos quando notei que ele realmente não me olharia, a rua parecia mais interessante que eu.

— Não posso. — Não sei o porquê de sua voz ter me parecido aquele que ele usava quando estava dando uma desculpa falsa.

Respirei pela boca, a respiração trêmula.

— Por que não veio ontem? Eu tinha feito um jantar para você… — Engoli em seco e encostei-me a porta, ainda olhando para o chão de madeira coberta de verniz. — Pensei que você tivesse dito que estaria de sete horas…

— Eu sei, Bella, eu sei. — Ele me interrompeu, raivosamente. — A Tanya, ela… eu…

— Sabe de uma coisa? — Aquela foi a minha vez de interrompê-lo. — Eu não quero saber o que você e a Tanya fizeram ontem… não quero saber. — Minha garganta agora se fechara completamente e sem ar, eu arfei.

Alguma coisa escorreu por minha bochecha, fazendo o caminho de meu queixo e pingando em algum lugar que eu não me dei ao trabalho de notar. Eu tentei me impedir de chorar mais do que aquilo, no entanto a expressão de Edward piorou tudo. Não estava sequer negando o que eu o sugerira, nem mesmo havia algum tipo de ressentimento que me dizia desculpas por… por isso.

— Eu não tenho nem muito menos posso de te pedir fidelidade. — Sussurrei quando eu queria gritar. — Porque, afinal, você está sendo infiel por sua noiva comigo… às vezes eu me esqueço disso, me desculpe. Só que, Edward, eu não consigo viver desse jeito, com todas essas incertezas. Eu não consigo, não consigo, droga!

— Você quer certezas? — Indagou ele, sua expressão indiferente se desfazendo para uma de incredulidade. — Você quer certezas na situação que estamos, Isabella? Está soando incoerente, sabe disso, não é?

— Pouco me importa se eu estou soando incoerente, o que interessa é que você está entendendo onde eu quero chegar.

Ele assentiu pensativamente. Edward voltou seus olhos para os meus e pressionou os lábios, balançando o rosto de um lado para o outro, em uma negação que se eu não tivesse o observando com atenção eu não teria percebido.

— Não posso te dar isso. Sinto muito.


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Notas finais do capítulo

É....... não vou fazer nenhum comentário, quero ver o de vocês! ♥ espero que estejam gostando. E aí? O Edward e a Tanya reataram ou não? Como vocês acham que ES vai se desenvolver?

ps: Essa briga deles não teve nada a ver com Carlisle. O Edward ainda não sabe.

Comentem, sim? Beijos! ♥