Estou sentada na garupa de uma harley velha e barulhenta, porém veloz e poderosa. Jake é quem conduz enquanto tenta vencer a aposta com o cara da outra moto sobre quem vai cruzar primeiro a fronteira do estado do Oregon. Caras com moto parecem meninos com um novo skate, só que maiores e mais burros...

Jake é bom na direção, mas Paul está na frente, considerando que não tem um peso de cinquenta quilogramas extras. Apesar da adrenalina impedir meu cérebro de pensar muito, gosto do vento forte que chicoteia meu rosto e me faz pensar que o mundo é meu. Engraçado, nunca fui dona de nada. Agora, sinto que, longe de casa, tudo parece mais fácil e natural. Não preciso agir como a Leah deslocada de La Push. Estou com dois bons amigos a caminho de uma missão séria, mas é como mais um dia de trabalho. Sinto que é a missão da minha vida. Como é possível? Por um momento, os recentes e estranhos acontecimentos perto de casa me ficam esquecidos. Estou voando agarrada à cintura definida do meu alfa e ansiando por uma boa briga. Acho que não sou tão diferente do Paul.

O clima e a vegetação do Oregon não é diferente de Washington, mas a estrada nos leva ao desconhecido. Descendo em um pequeno posto para esticar as pernas e usar o toalete, sinto minhas pernas bambas e um estômago agitado. O tempo está fechando e parece que uma tempestade está a caminho. Para nossa sorte, há um pequeno motel nos fundos do posto. Para meu azar, o motel só tem dois quartos, sendo que um está ocupado pelo dono do posto, então teremos que dividir, os três, um minúsculo quarto com uma única cama e um espaço livre que mais parece um corredor de um metro quadrado. O banheiro está na entrada do motel, e sou a primeira a usar, temendo possíveis estragos provocados por comida de cachorro durante horas de viagem. Quando volto ao quarto, os dois porquinhos estão dormindo no chão, sem camisa e de costas um para o outro. Acho graça. Como se alguém fosse duvidar da virilidade deles por estarem juntos nessa pocilga!

Deito-me pensando em um lugar melhor da próxima vez que pararmos, mas também vejo tons em dourado quando fecho os olhos. Estou ficando louca. Há!

Não sei por quanto tempo fiquei revirando na cama, mas estou desperta quando algo desliza por minhas bochechas. Quase poderia ser uma carícia, só que não. Tenho certeza de que são patinhas articuladas e um maldito exoesqueleto de quitina. Uma ponta de uma anteninha roça meu nariz e tenho certeza de que nunca gritei tão alto em minha vida.

Sacudo os lençóis tentando me livrar da coisa nojenta que estava em mim, sabendo que estou agindo como uma perua histérica, mas não posso evitar. Ainda sou uma garota. Garotas como eu desmembram monstros sangue-sugas, mas ainda correm de baratas. E, ao que parece, essa pode voar, porque em poucos segundos, Jake está sobre um Paul irritado e ambos estão dando tapas em si para espantar qualquer monstro que esteja querendo devorá-los.

Sobressaltados e totalmente acordados, o melhor é levantar e seguir nosso caminho. Falta pouco para a reserva e um frio na barriga começa a incomodar. A chuva cessou, mas a umidade nos acompanha. Desta vez, subo atrás de Paul, enquanto Jake passa a frente gritando o quanto ele é o cara.