Leah E Benjamin: Amor Ou Impressão? escrita por DragonFly


Capítulo 27
Incerto


Notas iniciais do capítulo

Ai, gente, desculpaaaa!

Demorei muito, eu sei, mas não tinha como escrever antes.



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Por alguns segundos, imagino a minha casa. Não a casa em que vivo, atualmente, sozinha. A casa em minha mente é aquela em que cresci e é mais do que uma construção. É a casa onde meus pais e meu irmão dividem comigo suas vidas. Meu pai ainda não se foi e minha mãe ainda é ela mesma, não a mulher que se casou de novo com o melhor amigo de seu marido. Seth é pequeno e inocente. Não viu sangue ou qualquer dor. Ele nem sabe o que é um lobo. São os segundos mais preciosos que já vivi em minha cabeça. Logo sei que podem ser os últimos e retorno à realidade.

Não sei o que eu perdi, mas em um momento só sinto a tensão no ar e, no outro, tudo está de cabeça para baixo. O cheiro de sangue nos cerca e a escuridão se torna vermelha. Nossa pequena informante luta bravamente contra um sanguessuga imundo e quase perde a jugular quando Suhen interfere, destroçando o que antes era a cabeça do sanguessuga. A garota olha para ele com um olhar que reconheço de outra batalha, mas antes que eu possa pensar em outra coisa, sinto uma dor lancinante no meu braço esquerdo.

Não sei o que esperava ver, mas certamente não era um grupo de sanguessugas sangrentos se atracando com meu quase namorado também sanguessuga, só que do bem. Benjamin era pura velocidade e algo mais. Tenho certeza de que estava usando suas habilidades para alterar alguma coisa no ar, embora não faça ideia do quê, exatamente. Meu braço dói muito, mas estou contente de saber que há uma barra de ferro atravessada nele. Certo, não é bom, mas pelo menos não é mordida envenenada de sanguessuga.

Paul vem me ajudar e juntos conseguimos arrancar a barra que ficara infincada em minha carne. O sangue escorre e outros vampiros o sentem. É o suficiente para distrair os que lutavam com Ben e Suhen. Em alguns minutos, tudo parece se encaminhar ao controle. Quase como se fosse fácil demais. Não sei se gosto, mas só consigo ser egoísta e pensar na dor no meu braço. Enquanto os garotos terminam com os últimos sanguessugas que restaram, Ben está comigo, puxando-me para seu abraço e me ajudando a sentar no único banco intacto da praça de alimentação.

Infelizmente, nosso saldo não é positivo. Todos sobrevivemos inteiros, mas alguns inimigos fugiram e, portanto, Tia e Suhen foram atrás deles.

- Vocês precisam decidir agora. - Paul chega até nós, esbaforido, com a menina em seu encalço. - Ainda podemos seguir os rastros de Suhen, mas tem que ser agora.

- Vamos! - eu me levanto com pressa, jogando a gaze limpa, que Ben ainda não utilizara, no chão.

- Mas o seu braço... - Ben começa, mas desiste de finalizar a frase. Está mais do que óbvio que precisamos ir atrás deles. Meu braço pode esperar. Não está tão ruim assim.

Logo, estamos correndo pela abertura do vidro quebrado, que aliás, já despertou um barulhento alarme. Não que isso vá nos parar. Só precisamos ser mais rápidos que os guardas. Em alguns segundos, estamos correndo pelas ruas escuras da cidade, seguindo os rastros de Tia e Suhen, que ao menos, são bons o bastante para identificarmos facilmente.

Estou satisfeita ao perceber que a cidade, ao contrário da maioria presente na região sudeste do Brasil, é bem plana, o que facilita a corrida. Eu realmente não teria tanta disposição para subir morro correndo com o braço ferido. Não sei como nossos companheiros conseguiram manter a velocidade por tanto tempo atrás dos sanguessugas, mas sei que foram espertos o suficiente para nos deixar indicações a seguir. Temo por eles, pelo que podem encontrar quando chegarem ao destino, mas não faria diferente. Aliás, é para onde estou indo, não é?

A corrida me deixa cansada, mas um estímulo inesperado me pega de surpresa. A garota, que nem sei o nome, corre ao meu lado e, de vez em quando, me lança um olhar preocupado, porém corajoso. É udo o que eu precisava para correr ainda mais. Já perdi Ben de vista, mas Paul está alguns metros a minha frente apenas. Ele e eu não podemos assumir nossa forma de lobo no meio da rua, ainda que não haja ninguém, aparentemente. Sei que falar só vai me fazer gastar mais energia, mas uma coisa me incomoda e não posso deixar para lá. A garota está ao meu lado quando já poderia ter utilizado sua supervelocidade há tempos e dado o fora. Mas não, está aqui e eu nem sei o seu nome.

- Ei.- digo ofegante. - Qual é o seu nome? - Ela me olha quase assustada, mas logo relaxa.

- Me chamam de Rosa.

E assim nosso curto diálogo termina, antes que eu inicie uma corrida bem mais veloz, com Rosa me acompanhando. De repente, me choco com algo grande, que cai para a frente, comigo por cima. Por alguma razão, Paul está parado quando o atinjo em cheio, nos derrubando na sarjeta. Rosa nos oferece suas mãos e logo estamos de pé novamente, e em silêncio. Questiono Paul com o olhar, mas ele não me responde, apenas faz um sinal com a mão para que o siga. Forçando a visão, consigo detectar uma forma, logo à frente, agachada atrás de um carro parado. É Ben. Ele é silencioso e parece uma estátua. Ao que parece, há uma estranha movimentação na casa do outro lado da rua. É uma casa solitária, sem luzes, mas o cheiro de sangue predomina.

Não sei o que estou pensando quando arrisco me arrastar em direção ao Ben. Simplesmente preciso saber o que fazer em seguida. Ele se mostra irritado com meu movimento, mas parece que fui rápida e silenciosa o bastante para não ser detectada por um possível sanguessuga guardião, então ele relaxa e se aproxima de meu rosto, sussurrando.

- Tenho certeza de que Tia e Suhen foram pegos aqui. Estão lá dentro, posso sentir. - Droga! - Estão vivos, mas temos que pensar antes de resgatá-los. Podemos pôr tudo a perder. Não sei o que fazer.

- Eu sei!- Levo um susto quando ouço a voz baixa e bonita de Rosa, atrás de onde estamos agachados. - Posso distraí-los. Finjo que estou atrás deles, mas perdi vocês. Quando eles sentirem que estou por aqui, dou um jeito de atraí-los para longe.

Estou estupefata. A ideia é péssima, mas é a única que pode funcionar, se tivermos muita, muita sorte. O problema é que estaremos arriscando sua vida.

- Não. Nem pensar. Que seja um de nós, então. - eu digo.

- Eles nunca cairiam se nos vissem, Leah, não entende? Ela é mesmo nossa melhor chance!

Não, Ben. Ela é só uma menina! Não, não.

- E você acha que é o quê? Uma anciã? E ferida?

- Posso fazer algo mesmo assim.

- Vai colocar tudo a perder assim! Não hoje, Leah. - suas palavras me atingem como uma faca. - Você deve ir agora...hum...

- Rosa! - ela diz, prontamente. - Vou nessa.

Fico surpresa ao perceber o quanto a garota é rápida. Em um centésimo já desapareceu, e logo ouço um barulho de latas no fim da rua. Sei que é no fim da rua, embora não possa vê-lo. Parece uma estrada comprida, o que deve nos dar algum tempo. Paralisada, vejo quando o primeiro vampiro sai da casa, com olhos famintos e vermelhos, seguido por outros cinco ou seis. Não sabemos quantos estão lá dentro, mas é tudo o que temos.

Corremos em direção à casa assim que o último vampiro desaparece na escuridão da rua. Será que são tão burros assim? Não importa. Paul e Ben invadem a casa, enquanto sigo logo atrás, cobrindo suas costas. Alguma coisa que algum dia foi um ser humano está jogada num sofá rasgado. É quase esqueleto puro, com restos de sangue e carne decomposta. Não sei quanto tempo poderei segurar a âmsia de vômito. Sigo os meninos até um quarto escuro, aparentemente vazio, mas para minha surpresa, encontro um Suhen e uma Tia presos a correntes e sujos de sangue. Espero que não seja seu próprio sangue.

Tia solta um suspiro de alívio, enquanto Ben e eu nos aproximamos e procuramos qualquer coisa que possa quebrar as correntes. Viro-me em direção a Suhen, esperando auxiliar Paul e ouço o lobo acorrentado perguntar em um tom fraco e raivoso.

- Onde está a menina? - Paul olha para ele, sem palavras. - Não diga que tiveram coragem de usá-la como isca?

- Sim, mas ela se ofereceu! - eu o interrompo.

- Não, como puderam? Eles vão acabar com ela! - ele soca a parede atrás dele.

- Não. Vamos sair daqui e salvá-la. - Tia já estava livre e com o mesmo machado que Ben utilizara para soltá-la, ela corta as correntes de Suhen.

Ele não espera por ninguém. Sai em disparada para a rua escura. Nós o seguimos. Sem planos, sem conversa. Só precisamos sair vivos desta cidade, e com uma consciência limpa. Rosa se arriscou por um ideal. Não podemos deixá-la. E pode custar nossas vidas. Mas há quanto tempo estamos lutando por nossas vidas? O que é esse resgate perante tanta coisa pelo que já passamos?

Meus devaneios são interrompidos assim que ouvimos um estampido, seguido de uma explosão. Adiante, um poste de luz está caído ao chão, por cima de algumas formas estraçalhadas de sanguessugas. Bem feito! Outras formas se sacodem em meio ao fogo, presos pelo que parece ser fios de alta tensão. Rosa vem correndo, com um sorriso quase infantil de quem apronta. Suhen se adianta e lhe dá um forte abraço. Eu, heim! Esse cara não pára. Não poupa nem a pobre menina vampira.

A boa notícia: estou feliz ao constatar que acabamos com mais um covil nojento de sanguessugas maléficos. A má notícia: não conseguimos qualquer informação. A menos que Rosa tenha sido mais do que uma isca astuta.

Seguimos a pé, por uma estradinha de terra que deve nos levar a um lugar descrito por Rosa como Fim do Mundo. Bem, não sei quanto ainda andaremos em busca desse Fim do Mundo, mas pensei já tê-lo visto várias vezes desde que fui convocada por Alice.

Paramos pelo caminho para descansar. Culpe o fato de alguns de nós serem humanos anormais e precisarem dormir. A parte boa é que posso me aconchegar, deitando a cabeça nas pernas de Ben, enquanto ele me faz um gostoso carinho nos cabelos. Não parece haver necessidade de montar guarda. Três vampiros é o suficiente para se detectar qualquer mudança nos arredores. Então, passo algumas boas horas dormindo um sono necessário e incompleto, mas ainda assim um sono tranquilo, já que estou tão perto do único destino em que posso pensar agora: meu Garoto Dourado.


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Notas finais do capítulo

Reta final, eu prometo! Só mais alguns capítulos!

Espero que tenham gostado! Reviews, please?



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