Leah E Benjamin: Amor Ou Impressão? escrita por DragonFly


Capítulo 26
Pode ser o Fim.


Notas iniciais do capítulo

Own, gente, estou envergonhada pela demora. Perdão, sério! Meu note deu pau e perdi tudo o que eu tinha, tudo mesmo. Até hoje não tomo jeito e faço backup, então... deu nisso.

Mas aí vai, estamos chegando ao final da fic, eu prometo. Não sei quantos capítulos, exatamente, pretendo escrever para finalizar, mas tenho que caprichar, com certeza. Só peço mais paciência.

:)



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Estamos a caminho da região central do Brasil. Ao que parece, existem indícios de um clã recém-criado em algum lugar do cerrado. Ainda nem saímos do sudeste e já sinto a diferença no ar. Está muito seco, ensolarado e poeirento. Sinto uma dor agudo logo acima do nariz e descubro que tenho a tal da sinusite. Em La Push é tudo tão úmido que jamais tive oportunidade de saber o que é baixa umidade do ar. Agora sei. E não gosto nada disso.

Engraçado que mesmo após a quase declaração de Benjamin não me sinto mais leve. Estou feliz, mas algo me perturba demais para relaxar. Procuro pensar que não tenho tempo para isso, o que é difícil com Tia sentada ao meu lado no jipe. Ela tenta puxar uma conversa, mas eu só balanço a cabeça em sinal afirmativo ou negativo, emitindo poucos sons monosilabicos. Não quero ser grossa ou mal humorada. Isso não vai ajudar. Mas não sei agir de outra forma. É como sou e não sei como mudar. Nem sei se quero, honestamente. Não me sinto intimidada por ela ser tão bonita. Estou acostumada aos vampiros o suficiente para lidar com sua beleza. O problema é o fantasma de um passado do qual nunca farei parte. Isto sim, me intimida.

Procuro recostar a cabeça e fechar os olhos, mas o sono não vem. Ao meu lado direito, Paul parece viajar na paisagem do lado de fora da janela. Sua expressão é mais leve do que de costume, o que me faz pensar no quanto ele tem mais do que aparenta. Sorrio com sua expressão ao me ver encarando-o e recosto minha cabeça em seu ombro. Só então sinto algo parecido com sono. Meus olhos ardem e eu sei que vou tirar um bom cochilo. Ainda estamos longe do destino. Nenhum sangue-suga malvado à vista.

A próxima parada é numa cidade no chamado Triângulo Mineiro. Tia nos informa que vamos adentrar a cidade para encontrar um contato importante. Não vejo problema, apesar de desejar que tudo isso termine logo. O ar está ainda mais seco e poeirento, mas a cidade não é nada mal. Uberlândia é grande o suficiente para ter movimento em meio ao sol forte, o que me faz pensar que o povo daqui é forte e corajoso. Só de pensar em descer do carro e do frescor do ar condicionado já me dá calafrios, o que é bem controverso considerando o clima.

É fim de tarde e o sol ainda está bem forte. Estou suando e sou capaz de pular no primeiro chafariz que aparecer. Infelizmente não vejo nenhum. Paramos no estacionamento de um grande shopping. Tia diz que está cedo para encontrar o contato, então podemos procurar um toilet e a praça de alimentação. A temperatura dentro do shopping está maravilhosa. Poderia ficar por aqui hoje. Mas não dá, claro. Um pouco insatisfeita demais para alguém que encontrou o paraiso, caminho desanimada pelo chão lustroso. Arrisco um olhar na direção de Ben e encontro seus olhos em mim e a menção de um sorriso bobo no rosto. Não preciso ler mentes para saber o que ele está pensando. Olho para a placa que indica Sanitários e já sei que significa o que procuro. Todos estamos na mesma direção, mas desejo que os outros se dispersem. Como se ouvisse meus pensamentos, Ben diz a todos que podem andar pelo local e nos encontraremos daqui a uma hora e meia. Suhen e Paul devem estar famintos, claro. Tia tem uma expressão pensativa no rosto e apenas concorda com a cabeça, seguindo um caminho que parece levá-la a uma livraria.

- Leah, você vem? - Paul está parado, pouco frente e aponta para a praça de alimentação. Não quero me denunciar, mas não posso evitar. Então faço que não com a cabeça, esperando soar tão despreocupada e inocente quanto possível. Ele apenas concorda e segue Suhen, que parece me ignorar, como se eu fosse invisível.

Logo estamos a sós, eu e meu Garoto Dourado. Abraçados a um canto cego de um corredor que eu nem sabia que poderia existir num shopping. Não são os beijos e o calor que sinto a razão dos estranhos arrepios, mas a proximidade. Queria ser mais forte, não sentir tanta necessidade de estar com ele, mas quanto mais eu o tenho, mais eu quero. Tenho certeza de que não era assim com o Sam. Aliás, já chega de comparações com o Sam. O que tenho com o Ben não é algo explicável ou comparável, está além do que pensei que poderia existir. Enquanto sinto suas mãos acariciarem meus braços, pescoço e rosto, percebo o quanto é estranho não querer estar em outro lugar e, ao mesmo tempo, querer estar em outro lugar. Se é que me entende.

Em poucos segundos, o calor supera o gelo do ar condicionado, mas desta vez, não quero que passe. Não tenho fome e minha bexiga está bem vazia. Não me importa que meu cabelo pareça um ninho de passarinho, ou que eu esteja corada e brilhante. Só quero sentir o frio gostoso da pele dele contra a minha febril. Tenho quase certeza de que estou beirando os cinquenta graus. Para minha tristeza, Ben se afasta de forma brusca e me olha nos olhos. Suas íris estão mais douradas e brilhantes do que nunca.

- Temos que ir. Falta pouco para o horário marcado e você ainda não comeu.

- É, esqueci que meu estômago ainda funciona. - Eu sorrio, contrariada, mas reconhecendo os fatos. Quero dizer que consigo sobreviver me alimentando dele, mas acho que soaria mal para alguém que sobreviveria, literalmente, se alimentando de mim. Decido ficar calada.

Caminhamos em direção a um dos quiosques de comida e opto por um prato diferente, já que os Fast Foods já estragaram meus sistema digestivo inteiro. Trata-se um prato bem carnívoro, mas também brasileiro. O lobo dentro de mim saliva com o aroma do bife de avestruz grelhado e o arroz fresco. Benjamin apenas se senta de frente para mim e me observa comer. Fico um pouco envergonhada por parecer uma morta de fome, mas penso que é melhor deixar para depois. Como até que não reste nada no prato. Agora estou pronta para ansiar pela próxima refeição com dignidade.

Meia hora depois, estamos todos no último andar, em um local ermo, aguardando pelo estranho contato de Tia. Ao que parece, o tal contato deve nos levar ao ponto certo do quartel general que procuramos. Há algo desconfortável na forma como Ben está posicionado muito próximo de Tia quando ela atende ao celular e tenta se afastar. Ao desligar, ela nos passa a informação que Ben provavelmente já ouviu com sua superaudição. O cara vai se atrasar. Ótimo. Só que não.

Passamos intermináveis cinco horas até que o shopping se feche e tenhamos que nos esconder para não sermos notados e expulsos. O tal contato da Tia já me parece bizarro demais para gerar qualquer confiança no que dirá. Ela parece apreensiva, embora consiga esconder muito bem. Só percebo porque Benjamin também está, e eu já sou capaz de ler suas emoções. Não sei o que pode estar acontecendo, mas não os questiono enquanto nos escondemos dentro de uma sala escura de faxina. Quando tudo está calmo e escuro demais nos halls, saímos e aguardamos o estranho. Tão baixo quanto possível, Benjamin organiza uma aproximação entre o grupo.

- Pessoal, temo que possamos estar encrencados. - Tia nos fala.

- Como assim? Onde está o tal informante?

- Não sei, mas estou achando muito estranha essa situação.

- Sim. - Agora Ben é quem fala. - Não acho que conseguiremos novidades agradáveis aqui, mas também não temos como recuar agora. Vocês devem estar preparados.

Logo estamos todos apreensivos e alerta, esperando qualquer sinal da prensença do estranho. Não ouço muita coisa com meus ouvidos humanos, mas ainda não podemos nos transformar. Não antes de ter certeza. Benjamin e Tia parecem sentir ou ouvir algo e mudam de posição. Eles se entreolham, mas antes que consigam se virar e nos enviar alguma dica do quê, um barulho de vidro estilhando-se perturba o silêncio, tornando tudo frenético demais para que eu possa raciocinar. Só penso em lutar enquanto sinto o corpo tremer e deixo meu lobo assumir seu lugar.

Com minha boa visão para o escuro, percebo que existem cerca de dez silhuetas negras e disformes nos encarando. Estamos cercados. Não há muito o que pensar. Não temos estratégia. Sei que Ben quer tomar uma decisão, mas está inseguro, o que é raro. Mas as formas obscuras nos poupam da decisão ao empurrar uma forma menor e desengonçada em nossa direção. No incício acho que é uma criança, mas logo percebo que é apenas uma garota muito baixa e magra, suja de sangue e graxa. Ela parece aterrorizada enquanto tropeça na direção de Tia. Quando acho que está prestar a chorar, seu olhar se transforma de assustado para feroz enquanto sua voz invade minha audição.

- Desculpem. Eles me pegaram. Eu tentei despistá-los, mas eles me enganaram e chegaram até mim pouco antes.

Não há tempo para perguntas. Logo, uma das formas escuras se manifesta, com uma voz cruel e irritante.

- Qual de vocês está à frente disso?

Ben se movimenta, dando um passo à frente, mas eu o sigo e seu olhar firme quase vacila em minha direção. Ele deve achar que estamos perdidos ou não deixaria que ficasse a seu lado assim. Logo estamos os seis, lado a lado, encarando o grupo sanguinário. Brilhos de olhos vermelhos nos encaram de volta. Estamos num impasse, até que o primeiro inicie a luta. Não serei eu, e a julgar pela expressão de meus companheiros, nem eles. A informante também parece não ceder. Temo pela vida de todos nós, mas o sentimento de derrota é que me assola. Sinto os dedos de Ben se entrelaçarem nos meus. Não precisamos nos olhar para entender o que veríamos. Dourado no castanho domina minha visão interior. É só o que preciso para saber que vamos vencer. Não há alternativa.


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Notas finais do capítulo

Então, perdi o jeito? Gostaram? Reviews, please?

xoxo