Leah E Benjamin: Amor Ou Impressão? escrita por DragonFly


Capítulo 23
Nas alturas


Notas iniciais do capítulo

Eeei, demorei, né? Sorry!

Então, espero que gostem desse!

xoxo



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Sentada em meu lugar no avião, aguardo a decolagem com os olhos na janela. Lobos não voam, claro. Nativos também não. É a primeira vez que entro em um avião ou qualquer coisa cuja tecnologia pode nos tirar do chão por horas. Não me importo com a altura, sério. Mas não conheço a sensação de estar suspensa no céu, sem controle e ansiosa por uma batalha de proporções imprevisíveis. Ao meu lado, está Benjamin, aparentemente tranquilo e atento aos meus movimentos. Ele me diz que é normal sentir enjoos durante voo, o que me deixa ainda mais apavorada com a situação. Ele diz algo à comissária e logo está com a palma da mão fria em minha testa, o que ajuda bastante. Alguns minutos mais tarde, a comissária retorna com água, e diz para ser rápida, pois já iremos decolar.

No ar, as coisas ficam mais fáceis. Não sinto tanto com a turbulência, o que me permite dormir um pouco. Um breve sono sem sonhos deve ter acontecido, mas já estou desperta novamente quando me surpreendo babando no ombro do Ben. Ninguém merece! Olho para ele e tento me desculpar, mas ele sorri tão docemente que esqueço o que tinha em mente e me perco olhando para ele. A verdade é que não me reconheço mais. Às vezes, só quero ser a Leah de antes de novo, mas na maior parte do tempo, me sinto tão renovada com meu novo eu que é difícil lembrar de como eu era antes. Então, na dúvida, eu fico onde estou. Deixo minha cabeça no ombro do Garoto Dourado enquanto sobrevoamos o Oceano Atlântico. Não sei onde os outros estão sentados, só sei que fico feliz por não ter que aguentar Suhen. Minha paciência com ele já foi para o espaço.

Após as tantas horas de voo, finalmente uma comissária pede que apertemos os cintos, pois vamos aterrissar. Ouço Ben rindo e paro para olhá-lo e tentar compreender porquê. Logo ele está sério e puxando o meu cinto, apertando-o. A descida não é tão ruim. Logo estamos todos a caminho de um hotel fazenda fora da cidade. Sim, um hotel fazenda porque há um vampiro no grupo e não podemos arriscar que o vejam brilhando por aí. Paul quer conhecer Ipanema, mas concorda que o dever nos chama primeiro. Se sobrevivermos poderemos conhecer o paraíso carioca, mas por hora, vamos apenas nos ater à missão.

O hotel fazenda fica fora do Rio, mais precisamente numa cidadezinha chamada Areal, onde não há muita coisa para ver. Nossa rota vai além, mas Ben insiste que precisamos de descanso após o voo e nos acostumar ao clima e horário do país. Tenho que concordar, pois mal entrei no carro que alugamos e já estou com muito sono. Ben dirige em alta velocidade pela estrada quase vazia. Em menos de uma hora estamos no tal hotel e nos recolhemos em nosso quarto. Ficaremos todos juntos, em um quarto para quatro pessoas. Não quero saber de banho. Julguem-me, mas o sono está vencendo quando me deito na primeira cama que vejo. De olhos fechados, percebo que as luzes estão apagadas, o que quer dizer que estão todos cansados demais para um banho ou qualquer outra coisa. Somos um bando de porquinhos e não lobos, mas o que posso dizer? Dane-se.

Parece que só se passaram poucos segundos, mas já é hora de levantar. Percebo uma movimentação no quarto e decido abrir os olhos. A claridade me cega um pouco, quando acostumo, vejo Paul andando pelo quarto e escovando os dentes. Ele tenta sorrir com uma boca espumada, mas bolhas brancas ameaçam escorrer e ele pára. Não vejo Ben ou Suhen em lugar algum.

- Onde estão os outros?

- Os outros ou o Sr. Fenomenal?

- Sr. Fenomenal? Essa é nova para mim, mas sim, onde estão os dois?

- Não faço ideia. Seu garoto não passou a noite aqui. Levantei em determinado momento e ele não estava. Deve ter ido fazer você-sabe-o-quê na mata aqui perto.

- E Suhen?

- Levantou antes de mim e saiu sem dizer nada. Se quer saber, ele parece estranho. Mais do que o normal.

Reflito por alguns segundos, mas não chego a qualquer conclusão a respeito de Suhen. Decido que é hora de tomar um banho daqueles para seguirmos adiante. A temperatura no quarto é quente, mas a água do chuveiro, apesar de morna, é tão refrescante que me dá vontade de viver ali eternamente. Quando saio do banheiro, Ben está de pé, próximo à janela com um estranho olhar no rosto. Paul está juntando suas coisas. Estranho, eu jurava que a mochila em que ele está mexendo era de Suhen. Só então a ficha cai.

- Onde ele está? - Paul olha para Ben, que já está se movendo, graciosamente, embora apressado, em direção à porta com minha bolsa nas mãos. - Ei, onde vai com isso? Eu não terminei aqui! Algo grave aconteceu?

- Não sei. Ele sumiu. Segui seu rastro, de lobo, até a cachoeira, mas não encontrei nada lá. Já acertei nossa contas na recepção. Acho melhor seguirmos a trilha agora. Talvez vocês consigam sentir algo que deixei passar.

Não discuto mais. Apenas sigo os dois, porta a fora, penteando os cabelos com os dedos e esperando que o sol quente não seja um mal prelúdio hoje. Suhen está me matando com seu jeito estranho e sem-noção de agir. Não sei o que faremos com ele, mas sei que precisa tomar jeito. Estamos juntos nessa e ele não pode sair agindo por instinto. Para piorar meu humor, Ben não perguntou sequer como passei a noite. Nenhuma palavra carinhosa ou preocupada. Há. Como se eu me importasse.

Andamos sob o sol quente por cerca de meia hora. Em certo momento, Ben se adianta em sua mega velocidade vampira alegando verificar terreno. Sigo com Paul, bebendo muita água durante o percurso.

- Então, o que acha que aconteceu? - eu pergunto, esperando, sinceramente, que ele saiba de algo.

- Na boa, o cara é louco. Você sabe. Vai saber o que se passa na cabeça dele?

- Nenhuma pista?

- Nada. Ele não estava feliz quando você sentou ao lado do vampiro no avião, mas parecia espumar pela boca quando viu você deitar a cabeça no ombro dele... - Paul desvia o olhar, meio sem graça, enquanto eu gostaria de enfiar minha cabeça num buraco. Eles viram tudo. Ou melhor, se isso é tudo o que virão, não sei onde vou enfiar minha cara quando eles souberem o que já aconteceu antes. Ao perceber minha tensão, Paul toca meu pulso e nos faz parar de andar. Olhando nos meus olhos, percebo o carinho nos seus. - Ei, você não tem que se envergonhar de nada. É claro que seria melhor se você estivesse com alguém como nós, mas não é como se você tivesse uma boa experiência no caso, certo? Você merece ser feliz. E esse sangue suga parece se importar com isso. Não deixe... não permita que escolham por você, de novo.

O carinho de Paul é tão grande que me inunda com uma sensação de retribuição imediata. A velha Leah jamais faria algo assim, mas a nova Leah faz. Dou um pulo bem mulherzinha e me penduro em seu pescoço, abraçando-o como se não o visse há muito tempo.

- Tá bom. Ok. Quem é você e o que fez com a Leah, mulher?

Rimos juntos e tornamos a caminhar. Logo nos encontramos novamente com Benjamin, que não parece nada feliz ao nos ver. Penso que talvez ele tenha ouvido ou pior, nos visto, e entendido errado. Antes que eu diga qualquer coisa, sua expressão suaviza e se aproxima de nós, dizendo em voz baixa:

- Eu o encontrei. - Sinto meu sangue gelar. Se o encontrou, por que não estão juntos ainda? - Ele desceu a cachoeira, provavelmente a nado e agora está esgotado demais para voltar. - Eu relaxo, imediatamente.

- Mas que inferno ele foi fazer lá?

Ben dá de ombros. Ninguém entende mesmo a cabeça de Suhen. Uma leve desconfiança ameaça perturbar meus pensamentos, mas decido que não permitirei nada que me afete agora. Seguimos na direção da corredeira para encontrar e espancar um certo lobo estúpido e inconsequente.

Uma hora depois, encontramos um Suhen sujo e descabelado, sentado nas pedras e com cara de desorientado. Ele se assusta quando nos vê chegar e se levanta, com pressa.

- Pessoa...

- Sabe quanto tempo estamos atrasados por sua causa? - Ben está bravo. Na verdade, nunca o vi assim, com raiva mesmo.

- Desculpem-me, mas eu precisava...

- Você precisava? - É a vez de Paul agir para extravasar a raiva. - Esqueceu que somos um time? Não podemos precisar de um tempo. Temos que agir juntos! É agora ou nunca.

- Eu sei. Não vai acontecer de novo.

Ninguém diz mais nada. Eu me mantenho em silêncio. Não quero que percebam que me desestabilizei. Não quero que achem que sou uma razão para estragar a missão. Não serei essa razão. Não quero pensar que Suhen arriscou sua vida para provar algo para mim, ou para si mesmo, tanto faz. Só não quero ser mais do que aguento. Já é difícil demais me enxergar como alguém que nunca fui, nem em meus melhores dias de Sam.


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Notas finais do capítulo

Então? Reviews,se gostaram, ta?

bjooo



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