Leah E Benjamin: Amor Ou Impressão? escrita por DragonFly


Capítulo 21
Visão em vermelho


Notas iniciais do capítulo

Viram, eu não disse?

Enjoy!!!

xoxo



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Acreditem quando digo que queria suportar Suhen como um irmão de espécie, mas esse cara é de outro mundo, sério! De um mundo de idiotas, claro. Mal fomos deixados à própria sorte e ele já está se achando nosso alfa. Acho que o fato de não ter outros lobos em sua aldeia influencia, mas não tenho que aturar isso. Paul que lide com ele. Vou espancá-lo se tiver que ouvir mais alguma de suas ordens inúteis.

Paul se sai muito bem enrolando Suhen. Ele finge que o atura e ouve suas ideias enquanto eu dou uma volta para esfriar a cabeça antes que a convivência se torne insuportável. Não me permito esquecer que escolhi isso. Escolhi ficar aqui e ajudar o idiota ao invés de voltar para casa com um bônus daqueles chamado Benjamin. Coragem ou medo de assumir responsabilidades? Já não sei mais o que me motiva. Tudo o que sei é que não posso perder a cabeça. Preciso sobreviver. Preciso ter uma vida. Maldita seja a esperança! Não sofria tanto quando não a tinha.

- Leah! - Paul corre em minha direção.

- Qual ordem devo seguir agora, Sr. Bobo da Corte? - Ele me olha estranho até que percebe a brincadeira.

- Humf. Aí é que está. Não tem plano algum!

- Não sei por quê a surpresa. Isso é óbvio, não?

- É.

- Eu voto por sairmos desta casa horrorosa e seguir adiante até encontrarmos alguns traseiros para chutar. O que acha?

- Dentro!

Seguimos de volta para a casa e encontramos um Suhen trocando sinais de fumaça. Anh? Brincadeira. Ele está queimando algum tipo de erva mal cheirosa enquanto rodeia a sala. Quando me vê, ele se aproxima e toca meus braços com as mãos. Ai, ai, ai.

- Leah, preciso de sua opinião. O que vamos fazer?

- Anh, então não é bem de uma opinião que precisa, certo?

- Uma sugestão, eu diria. Qualquer coisa que nos indique um caminho a seguir.

- Não sei você, mas Paul e eu estamos descendo o condado. Algo me diz que desde que paramos, aqueles recém-criados nos esperam para um encontro.

Suhen concorda com minha ideia, apesar de parecer assustado. Que tipo de chefe de aldeia esse cara seria? Optamos por sair agora mesmo, antes que esteja tarde demais. Não vamos parar até que estejamos arrasados demais para continuar ou encontrá-los. Não confio nada na capacidade de decisão ou atitude de Suhen, mas ainda tenho Paul, e nele eu confio minha vida. Ainda bem que nada por aqui pode me distrair. Não posso pensar em certo vampiro. Dói.

Andamos por quase um dia inteiro. Estamos arrasados quando paramos, de verdade, para comer e dormir. Encontramos um pequeno hotel de beira de estrada e optamos por ficar por ali mesmo. Espero, de coração, que não haja baratas. Também espero que Suhen durma bem longe. Mas não há quartos para andarilhos sem dinheiro. Somos forçados a aceitar um quarto desumano e que espero não abrigar baratas. Uma única cama de casal de ferro enferrujado e com um colchão esburacado está no centro do quarto quase vazio. Enquanto tomo um banho no banheiro social, que fica bem no corredor do hotel, procuro esquecer o dia que tive e mentalizar que amanhã encontraremos o que procuramos. Para o melhor ou para o pior. Vida ou morte.

Quando volto para o quarto, Suhen está roncando na beirada da cama e, no outro lado, babando e também roncando, Paul está de barriga para cima. Ótimo. Deixem-me com o chão. Sou mesmo um cavalheiro, murmuro para mim mesma.

Forro o chão ao pé da cama com os trapos que o velho da recepção deixou na cadeira ao lado e faço minha mochila de travesseiro, tentando encontrar uma forma menos pior de pegar no sono. Não dá. Não posso dormir assim, claro. Contento-me em ficar apenas deitada, sem pregar os olhos. Não sei quantas horas se passam desde que deitei, mas flutuando entre um quase sono e a vigília, escuto algo roçar os vidros embaçados da janela. Certo. Morcegos, corujas ou qualquer outro bicho noturno pode estar voando por perto. Desperta e com pouco de adrenalina no sangue, levanto-me e sigo até a janela. Se der sorte, o tal bicho pode se assustar e parar de bater na janela. Não quero que os garotos acordem. Alguém tem que dormir no grupo.

Caminho e observo a escuridão através do vidro. Não vejo nada, claro. Escuro e enevoado demais. Um novo ruído me desperta quando já estou quase dando meia volta. Paro e tento apurar a audição. Um fraco som esvoaçante parece vir das árvores, invisíveis na escuridão. De repente, algo voa em minha direção, mas bate no vidro e explode em uma gosma vermelha, quase marrom. Seguro um grito. Não posso dar uma de mulherzinha agora. Parada, observo uma movimentação na direção de onde veio a coisa que acaba de se estraçalhar na janela. Um vulto vem vindo e só pode ser uma coisa. Mais uma vez, um grito está preso em minha garganta. Não sei que atitude tomar. Tenho que acordar os garotos e me transformar em lobo. Antes que meu corpo lento tome qualquer atitude, um misto de surpresa e incredulidade me atinge em cheio. Meus olhos só podem estar me enganando. O vulto parado do outro lado da janela veste roupas pastéis e tem a pele dourada. Ele sorri e eu não posso mais me segurar. Abro a janela e pulo, caindo e levantando, para correr em direção a ele. Meus olhos só captam sua imagem. O resto está escuro demais, mas não o suficiente para impedir que eu veja todo o sangue. Tem o bastante para encher uma caixa d'água de três mil litros, mas não me importo. Benjamin está aqui. Ele voltou para mim. Argh! Estou mesmo louca e é por ele!

Estranho. Estou correndo, mas ele não se mexe. Está tão quieto. Fica apenas me olhando e sorrindo. Noto que do canto de sua boca escorre sangue. Claro, ele acaba de se alimentar. Dã. Mas algo mais está errado. Apesar do torpor de vê-lo aqui, percebo outra presença se aproximar da imagem de Ben. Não consigo forçar minhas pernas a parar.

-LEAH, PARE! - Conheço a voz que vem de minhas costas, mas não posso obedecê-la. Tenho que chegar até Benjamin. Minha última chance. Corro, corro e, finalmente, tropeço em meus próprios pés. Antes que consiga levantar, algo me agarra por trás. Mãos. Posso reconhecê-las. A voz que sussurra em meu ouvido é a mesma de antes. Não desiste nunca?

- Leah, olhe direito! - diz a voz, mas agora eu a ouço melhor e atendo a seu pedido. Procuro Benjamin, mas só vejo duas criaturas horrendas e cobertas de sangue. Seus dentes estão arreganhados. Uma delas usa as roupas de Ben, mas como? Olho para a pessoa ansiosa que me segura e percebo que é Paul. Ele percebe que compreendo o que está havendo, embora não possa explicar.

Rapidamente, ele se põe à minha frente, mas logo estou a seu lado. Sei que Suhen está logo atrás, pois ouço sua respiração pesada. Será que são apenas dois? Espero que sim. Não posso pensar na imagem que me atraiu até aqui. O que foi isso? Se não fosse o Paul... não penso em mais nada. Somos lobos agora. Cercamos os dois nojentos e rosnamos, aguardando o melhor momento para atacá-los. Seu cheiro é nauseante. Como pude pensar que era Benjamin? Com raiva por ter sido feita de estúpida, ataco a criatura com as roupas de Ben. Olhando bem, percebo que Ben nunca usaria aquilo. As cores estão certas, mas os modelos, nada a ver. São apenas trapos, não as vestes egípcias estilosas que ele usa. Uma gargalhada sinistra se desprende da garganta quase destroçada do sangue suga. Irritante. Arranco sua cabeça com pouco esforço e começo a correr em direção ao outro. Mas Paul e Suhen já cuidaram dele. Não me resto muito no que pensar. Eles sabiam que estávamos aqui e nos pegaram de surpresa. Pior. Fizeram-me de boba. Estou arrasada. Choro de ódio. Caio de joelhos na terra e abaixo a cabeça, envergonhada e irada. Paul me abraça e Suhen se mantém calado. De repente, o abraço de Paul se torna tenso e ele me solta, posicionando-se em ataque, numa velocidade absurda. Mas antes que eu levante e o siga, ele já se afasta, calmo, enquanto outro vulto corre em minha direção. Estou chorando. Suja de sangue e terra. Não dormi e vi coisas. À minha frente, agachado e com expressão preocupada está ele. Meu Garoto Dourado. Não há nada de estranho nele, agora. Suas roupas estão certas. Seu sorriso também. Mas seus braços... Ah! Seus braços me envolvem como um cobertor quente no dia frio. Não importa que os garotos estejam por perto. Benjamin está aqui e eu não posso afastar seu carinho.

- Como? - eu pergunto, soluçando e espalhando água salgada como um cachorro que acaba de sair do banho.

- Prefiro que você saiba o por quê.

E seus olhos são o dourado mais cintilante que já existiu. Não sei como, mas estou no quarto, novamente, porém agora estou na cama e agarrada a meu salva-vidas preferido. Ouço uma leve discussão do outro lado do corredor, mas a porta está fechada. São as vozes de Paul e Suhen, mas deve estar tudo bem. Benjamin não parece querer se afastar tão cedo. E nem eu.


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Notas finais do capítulo

Hum, quem sabe consigo postar outro amanhã ou hoje à noite? Também quero mais Leajamin!