Fundamento da Rosa escrita por DarkWasabi


Capítulo 9
Capítulo 9 – O Funeral


Notas iniciais do capítulo

Oi! Finalmente o capítulo 9! E semana que vem o último capítulo da série!



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Novembro, 1930

Depois de ter sido levada para a escuridão, Jennifer não se lembrara de muito do que ocorrera ou como acordara algumas horas depois. Ao abrir os olhos, os raios solares matinais resplandeciam sobre seu rosto. Ela estava amarrada com força a uma viga de madeira como estivera antes, embora não estivesse mais no dirigível. Seu vestido acinzentado estava extremamente rabiscado com giz de cera vermelho e se encontrava até um pouco rasgado. A primeira figura que a jovem conseguia observar era a caixa de som antiga presa à parede, que começou a emitir um som bem agudo, seguido de um discurso.

Olá, meninos e meninas. Como estamos hoje? Resíduos de papel devem ir à lata de lixo, e as roupas lavadas devem ir para a Sala da Imundice. É hora de limpar o nosso lar! Todos tragam suas vassouras e pás de lixo, e se reúnam. Estou claro, crianças?

A voz era claramente De Sr. Hoffman fazendo seu chamado diário. Jennifer, ao levantar mais ainda sua cabeça, ainda atordoada, reparou que havia dezenas de gizes de cera avermelhados na sua boca. Com um ímpeto, ela os cuspiu no chão, fazendo com que alguns se partissem ao meio. E naquela pequena sala empoeirada, o som da respiração de Brown quebrava o silencio, como se estivesse atrás da jovem. Agora mais aliviada, começou a gritar pelo nome do cão e berrou incansavelmente. Brown estava deitado moribundo do outro lado da sala, ao ouvir pelo apelo de Jennifer, ele levantou com um pulo e correu em sua direção. O golden retreiver rapidamente roeu toda a corda que prendia Jennifer à viga de madeira, fazendo com que ela acariciasse seu queixo e cabeça.

A garota desafortunada percebeu que essa era a mansão antiga...

Infelizmente, para ela, mesmo com o pôr do sol esplendoroso,

Esse era o dia mais desgraçado de todos.

Apenas o companheiro silencioso da menina viu como ela sofria de pavor,

Então esse dia começou.

A jovem, que estava desgovernada, sentiu que devesse pegar um dos gizes que estava jogado no chão, lembrando-se que alguém havia lhe dito que esse era o símbolo de um Aristocrata. Os dois foram seguindo ao hall principal, onde escutavam ruídos de vassouras e espanadores. Todas as crianças já estavam trabalhando enquanto Sr. Hoffman as monitorava. Ao notarem a presença da jovem, todos foram para os seus cantos, ignorando-a. O diretor, antes de entrar na sua sala, fitou Jennifer com um ar de ojeriza.

– Então, mocinha... Decidiu ser malcriada de novo? - proferiu indiferente enquanto já nem olhava mais para a jovem - Venha para o meu escritório depois. Não se esqueça.

...Quando o professor estrito saiu da sala, a menina estava completamente só.

Nesse instante, uma melodia infernal que parecia ser uma marcha do exército com um caráter nacionalista, tocado por flautas, tambores e outros instrumentos que se repetiam eternamente era emitida de uma vitrola oriunda da sala do diretor percorria por todas as caixas de som do orfanato e tocava incessantemente. Jennifer pensou que seria melhor se fosse falar com Sr. Hoffman de uma vez, antes que ela acabasse se esquecendo de fazê-lo. Apressou-se à sala do diretor, onde, na recepção, encontrava pirulitos e doces pelas mesas e cadeiras, para as crianças que se comportassem bem. Ao adentrar a sala onde o senhor estava, Jennifer o viu uma cama bagunçada, a vitrola ligada ao amplificador, e o diretor sentado escrevendo na escrivaninha enquanto ajustava seu pince-nez frequentemente.

– Sua desgraçada imunda... Por que você está sempre tentando fugir do trabalho? Não consegue fazer seu trabalho como todas as outras crianças?! - suplicou Sr. Hoffman irado

Jennifer se apressou para sair daquela sala, mas antes, entrou por outra porta, que dava ao closet do diretor, por curiosidade. Lá dentro, havia uma pilha colossal de comida, especialmente doces, alocados em estantes, cômodas e guarda roupas. A jovem furtivamente levou um pirulito colorido que estava lá, caso ficasse com fome mais tarde.

O cão e a garota foram percorrendo os corredores até chegarem ao hall novamente, indo em direção à porta da entrada, onde estavam dois meninos, Nicholas brincando com vassouras, fingindo serem espadas com o seu melhor amigo, Xavier. Ao perceberem que ela se aproximava os dois simplesmente pararam o que faziam e olharam para outro lado, ignorando-a.

O Príncipe Desleixado desviou o olhar da garota como se tivesse se cansado de um brinquedo velho.

E o Príncipe Glutão desviou o olhar da menina como se tivesse recebido sopa gelada na ceia.

Não importava o quão gentil ela fosse, ela estava sozinha. Mas que pobre, menina desafortunada.

Dando meia volta, Jennifer foi seguindo pelo corredor em direção à escada, quando foi acertada na cabeça por uma pequena bola de papel amassado, seguido de uma risada infantil ferina. No pedaço de papel que a jovem esticou e viu, lia-se:

MENTIROSA!

Embora Jennifer estivesse um pouco ofendida com a mensagem, ela simplesmente deixou-a ali no chão e continuou percorrendo o hall até a porta que dava à área da escadaria traseira, que levava aos outros andares e ao porão e o sótão. Essa escadaria também se aproximava do quintal. Jennifer usou o giz que pegara mais cedo para que Brown pudesse farejar a sua origem. O cachorro foi correndo enquanto cheirava o chão continuamente, até que ficou arranhando a porta que levava ao porão com as suas patas. A jovem, mesmo que relutante para entrar naquele lugar macabro, acabou descendo meio que por vontade do cão.

O porão era grande e caliginoso, era como um labirinto com tijolos acinzentados e com luz escassa, visto a pouca quantidade de lâmpadas funcionando, até a música insuportável de Hoffman era abafada pela distancia. Os dois transitavam pelos corredores apertados do local até que Brown começou a latir em frente a uma porta no fim do corredor, cuja parede estava sendo cortada por uma raíz de árvore que adentrava por entre os tijolos e terra, repleta de heras e lodo. A sala tinha uma placa que dizia: "Cela da Lamentação". No recinto apertado, havia uma mesa de madeira úmida e escura e uma caixa enorme no meio, com um papel meio amassado, molhado e escrito com caneta tinteiro e uma assinatura feita de giz vermelho, era um penhor.

Eu prometo fidelidade ao príncipe e à princesa.

Comprometo-me a amar o próximo.

Vou oferecer um presente mensal.

Vou punir os infiéis.

Aristocratas da Rosa Vermelha.

Lembrando-se da promessa que havia feito antes, começava a entender o que tinha feito. Alastrou-se novamente para o andar superior ao porão, onde conseguiu sentir um cheiro forte de ensopado vindo da cozinha, então foi seguindo o cheiro. O piso de carvalho que andava junto de Brown estava onusto de desenhos feitos impetuosamente de giz preto de grandes trilhas de trem tortas e rudimentares que perpassavam por todo o orfanato. Na cozinha, Olivia chorava descontroladamente, por não conseguir alcançar a panela, por ser a menor criança de todas. E quando Jennifer chegara, a pequena curvou-se para outro lado, encravando seu delicado rosto às suas mãos enquanto berrava pesarosamente. Então, levou uma faca de cozinha que estava na pia consigo.

Mesmo que a menina tenha tentado consolá-la, a Princesa Chorosa chorou ainda mais.

No final, a menina estava sozinha. Mas que frágil, menina desafortunada.

Ao voltar pelo mesmo caminho, outro pedaço de papel fora arremessado contra a jovem. Nesse lia-se:

POBRE SR. JOSHUA!

Jennifer pensou que devesse ir ao Dormitório, que ficava no segundo andar para poder pegar uma vassoura que pudesse ajudar na limpeza. Lá havia um grande número de beliches velhos e levemente empoeirados, também estava Diana, com o os raios alaranjados do sol reluzissem nos cabelos ruivos da menina e, com toda sua arrogância e altivez mirava seus olhos na jovem com o maior menosprezo enquanto varria o chão do quarto. Quando Jennifer se aproximou, ela deu um breve suspiro de indiferença ao desviar o olhar da jovem.

Não importa o que a menina desafortunada dissesse para ela,

A Princesa Petulante apenas a olharia letargicamente.

Dormindo ou acordada, a menina estava só. Mas que triste, menina desafortunada.

Outro papel fora jogado em Jennifer, tanto a pessoa que jogara quanto Diana começaram a rir maldosamente, assim como as mensagens aparentavam estar cada vez mais agressivas.

SE ARREPENDA MORRENDO!

Ainda no segundo andar, Jennifer continuou seguindo a trilha de trem desenhada com alguns rabiscos de caveiras e de pessoas no meio dos trilhos. Ela conseguia ouvir um som bem alto vindo da porta tangente à trilha, como um maquinário. Ao entrar na Sala de Costura, havia várias bonecas remendadas e peças de roupas jogadas pelo chão. No centro estava Amanda respirando freneticamente enquanto trabalhava na máquina de costura sem cessar, especialmente ao perceber que Jennifer entrara no quarto, como se estivesse ocupada demais para até mesmo olhar para a jovem.

O comportamento da Princesa do Coração Pequeno concentrando no seu trabalho parecia forçado e artificial

A menina desafortunada ficou triste...

Então ela estava só de novo. Mas que infeliz, menina desafortunada.

Saindo da sala, outro bilhete lançado nela. Ela já estava ficando enfastiada de tanto ódio contra ela.

VOCÊ TEM O QUE MERECE!

Mesmo com todos os seus esforços para comunicar com pelo menos uma pessoa no orfanato, era inexequível. Absolutamente todas as crianças e adultos a evitavam ao máximo, além de ficaram lançando-lhe bilhetes cruéis. Até mesmo Thomas, cuja obsessão por trens e por desenhá-los o tornava um garoto solitário. E todos esses acontecimentos e desgraças se culminavam com a música ominosa proveniente das caixas de som de todo o orfanato. Entretanto, o último bilhete que jogaram nela não falava de ódio, ele apenas chamava Jennifer para o hall novamente. Descendo a grande escadaria da frente, alguma criança não identificada, porém com vestimentas brancas, ardilosamente empurrou a jovem para que ela rolasse lá de cima até os primeiros degraus. Ao se levantar, com o rosto machucado, percebeu que havia vários papeis amassados pelo chão, mas no centro do hall havia um que era maior do que os outros, além de parecer colorido. Quando Jennifer pegou-o, ela reparou que havia um desenho de uma rosa avermelhada nele, mas antes que pudesse ver, a musica parara e houve um toque sonoro de mensagem do Sr. Hoffman.

Meninos e meninas, a hora da limpeza terminou. Resíduos de papel devem ir à lata de lixo, e as roupas lavadas devem ir para a Sala da Imundice. As salas estão todas imaculadas? Os halls estão brilhando de tão limpos? É quase hora de dormir. Diana, Eleanor, Xavier, Meg, Susan, Nicholas, Thomas, Clara, Olivia... Fiquem agradecidos por esse dia maravilhoso, e que rezemos por um dia ainda melhor amanhã. Preparem-se para dormir e você pode ter uma boa noite de descanso.

Em questões de segundos, com o último ressoar da voz do senhor, o sol se pôs e o orfanato estava, agora muito mais obscuro. No momento que Jennifer começara a ler o papel, mais idênticos caíam do segundo andar como folhas de outono. A jovem soltou um leve grito apavorado. No papel lia-se:

O presente desse mês:

"JENNIFER, A IMUNDA”.

Quando Jennifer abaixou o papel, viu que mais idênticos a esse caíam do segundo andar e que também havia alguns pregados por toda a parede, por onde quer que ela se virasse para observar, o que a deixou completamente apavorada. Quebrando o silêncio, a jovem conseguia ouvir vozes de crianças sussurrando em uma língua desconhecida. Com o orfanato totalmente escuro, aos poucos as portas iam abrindo-se e as crianças pálidas com rostos desfigurados emergiam das sombras cambaleando em direção à Jennifer e Brown. Eles ficavam cada vez mais numerosos e, se sentindo ameaçada, a jovem rapidamente sacou a faca que havia levado da cozinha e Brown começava a latir às crianças que já estavam pulando com suas vassouras em direção aos dois. No entanto, assim que o cachorro latia, elas tapavam-se os ouvidos para abafar o som que as exasperava. Antes que Jennifer fosse encurralada pelas aberrações, ela correu para a porta mais próxima, que dava ao corredor da escadaria traseira. Ao abrir essa porta, uma criança se lançava aos seus pés, tentando agarra-la com suas mãos gélidas e ressecadas, mas a jovem golpeou-a com sua faca para que a soltasse, o que acabou funcionando, e assim, das mãos da criança transvasava um sangue espesso e preto. Um dos dois caminhos que a jovem poderia trafegar estava repleto dos diabinhos como o que acabara de ataca-la, portanto ela teve que ir pelo outro, que a levou para a escadaria de trás.

A porta do quintal estava trancafiada por cordas e cadeados inquebráveis, e tinham três placas ilustradas com desenhos de animais:

OS 3 ANIMAIS ESTÃO NO SEU CAMINHO

E do lado de fora da janela, Jennifer conseguia ver Wendy sorridente acenando para ela suavemente. Angustiada com a situação, ela foi correndo para o hall novamente. Logo chegou lá, alguém trancara todas as portas para que ela ficasse presa. Nesse momento, conseguiu ouvir um ruído macabro de um porco e de uma risada gaga, como a de um bode. As duas criaturas hediondas avançaram em Jennifer e Brown. O bode de cabeça branca estava com uma foice gigante de metal e o porco usava sua barriga excessivamente grande para atingi-la. Este, com o timbre familiar, grunhia incessantemente tentando alcançar Jennifer com suas patas rachadas. A jovem sem hesitar correu para subir as escadarias quando uma criança com a cabeça de rato salivando com olhos imensos, lacrimosos e garras afiadas, rosadas. Brown corria os degraus acima com as duas bestas atrás de si, vorazes.

A criança bode ria pegando impulso com sua enorme foice perto da jovem, mas antes que pudesse acertá-la Jennifer se lançou no chão e a lâmina acabou lacerando parte do rosto da criança rato, sendo fincada à parede. A rata se debatia guinchando de dor, delirante, até o momento em que caiu do topo das escadarias no piso emadeirado do hall. Jennifer observava de cima a criatura sangrar moribunda enquanto desaparecia nas sombras. A criança mais rechonchuda já ofegante chegava ao topo. Enquanto isso, a criança bode tentava retirar sua foice cravada o mais rápido que conseguia. Em meio à situação angustiante, a jovem berrou o nome de Brown, que indômito, correu saltando para cima do porco, prendendo seus caninos ao rosto do mostro enquanto ambos caíam os degraus. Ao olhar para trás, notando o bode com sua foice preparada para cortá-la. Porém, Antes que pudesse pegar o impulso necessário, Jennifer lançou sua faca de cozinha, indo perto do coração da criança, que deixava sua imensa foice cair no chão, junto dela, com seu último desalento antes que se recolhesse à escuridão.

Descendo as escadas às pressas atrás de Brown, junto do monstro rechonchudo e moribundo no chão, ela lembrou que todos eles já estavam derrotados, já poderia regressar ao jardim com Wendy. Entretanto, nesse momento, uma horda imensa de crianças pálidas saia pelas portas, descendo as escadas, e eclodindo de cantos sombrios. Antes que pudessem a alcançar, a jovem correu para o jardim com Brown atrás.

Com a porta destrancada, ambos se fecharam do lado de fora, onde a menina estava. Eles conseguiam notar as crianças pálidas, com olhos ocos, batendo nas janelas e porta com força, sussurrando o inimaginável, tentando passar para onde estavam. Wendy, sorrindo, animada com a presença dos dois no jardim traseiro, começou a acariciar Brown.

– Então esse é seu novo amigo, né? – dizia a menina para Jennifer enquanto afagava o cão – Ele é tão imundo, embora adorável. Ah sim, Jennifer, haverá uma reunião do Clube Aristocrata daqui a pouco. Hoje será o dia mais maravilhoso. Aliás, tem algo para você em cima do túmulo. Espero que goste.

Em meio às crianças pela janela, Jennifer foi andando lentamente, mais ofegante, em direção ao caixão de madeira. E lá em cima, um livro feito à mão.

O Funeral

Era uma vez, uma menina que encontrou um buraco no chão no quintal.

As Pessoas Pequenas vieram e disseram-lhe a notícia.

Hoje é o dia do seu funeral.

Se você não gosta disso, então você deve sacrificar seu amigo.

Quem quer ser enterrado vivo?

Então, a menina fez o que tinha de fazer, e enterrou seu melhor amigo.

Bem, eu não gostaria de ser o melhor amigo dela!

Jennifer fechava o livro ao sons do latido desesperado de Brown. Quando se virou, todas as crianças pálidas do outro lado haviam sumido. Até mesmo Brown e Wendy estão desaparecidos. Então a jovem decidiu ir atrás dos dois. Ao entrar novamente no orfanato, ela pensou ter ouvido o choro do cachorro, clamando ajuda. Seguindo o som, ela andava em direção ao sótão, quando ela percebeu que realmente era ele que uivava de cima.

Quando chegou no ultimo andar, na escuridão, ela notou que em frente à porta para o sótão estava Brown caído, imóvel. Aturdida, ela se aproximou mas para sua surpresa era apenas um boneco de retalhos idêntico ao cachorro. Jennifer pensava que algo terrível teria ocorrido com ele. Por causa das imagens macabras que criava em sua cabeça, a jovem estava quase tendo um colapso nervoso. Pelos corredores empoeirados do sótão ela se deparou com a porta dos presentes. Ouviu um latido bem alto, seguido do silencio daquela noite. Na porta havia a placa escrita em vermelho berrante e com força.

PRESENTE DESSE MÊS: BROWN IMUNDO

Ao entrar na sala do altar do sótão, escuro e vazio, via crianças pálidas amarrando uma corda ao pescoço do cão caído no chão, varrendo-o e sua poça de sangue jorrado. Se aproximando o bastante, notou que era novamente o boneco de trapos e os diabinhos haviam sumido. Então a jovem se jogou no chão perto dele, enfastiada com as brincadeiras. De repente, diante dela, as luzes das velas se acendiam e quando percebeu quase todas as meninas estavam em volta do altar encarando-a com deboche. No topo, duas cadeiras, uma com o urso Joshua sentado e a outra com uma garota com um vestido vermelho e um buquê de rosas envoltas em jornal que cobriam seu rosto. Esta foi descendo os degraus do altar vagarosamente, se colocando no mesmo patamar que Jennifer, e então, revelando seu rosto. Wendy.

A menina sorria inocentemente fitando Jennifer enquanto segurava as rosas. Amanda, rindo, correu para sussurrar no ouvido da jovem, ainda no chão. “Seu amigo está no saco. É tarde demais agora”, proferia apontando para um saco de batatas ensanguentado no canto da sala. As meninas sorriam maliciosamente ao sofrimento de Jennifer, enquanto Wendy parecia estar apenas feliz com a presença da jovem. Ao olhar para onde Brown estava jogado, Jennifer sentiu um forte impulso de chorar, cerrando seus punhos, sua tristeza se tornava em ódio. Até que, no seu ápice, ela se levantou irada. Nesse momento A jovem se sentia como se fosse uma criança novamente, não era mais a mesma. Com suas sobrancelhas arqueadas foi se aproximando de Wendy com passos largos e fortes.

– Meu amigo... Devolva meu amigo! – disse logo antes de dar um tapa bem forte no rosto de Wendy, que soltava um berro de dor.

As pétalas das rosas pairavam no ar enquanto o buquê caía junto da menina no chão, pela intensidade do golpe. Jennifer, então, se abaixou no mesmo nível da menina, sobre ela, começou a estapear Wendy inúmeras vezes no rosto enquanto bradava chorando revoltosa.

– Mentirosa! Vá embora!! Apenas vá embora!! Nunca te perdoarei, jamais! – dizia cessando os tapas enquanto se levantava mirando os olhos nas outras meninas que a observavam apavoradas – E para o resto de vocês! como vocês podia acreditar nessas mentiras? Aristocratas? Vocês são o contrário! Eu odeio vocês, e você e você!! – apontando para cada uma delas. Todas incomodadas e surpresas com ela, embora demonstrassem isso de formas distintas. – E, sobretudo, odeio a mim mesma! Por ter brincado seus jogos estúpidos e não ter tido a coragem de me impor contra vocês! É tudo tão hediondo! – queixava chorando enquanto tirava seu broche vermelho à força de sua roupa e, para o assombro de todas, lançou-o com muita força no chão, caindo perto delas.

Wendy começava a chorar, ainda deitada com o rosto vermelho. Jennifer a encarou enquanto uma lágrima escorria pela sua face, também. Aos prantos, Wendy correu com as mãos sobre seus olhos sem ver mais ninguém, ou sequer ser mais vista a partir do momento em que passou pela porta. Todas ainda em choque e em cima do altar, apenas o urso Joshua posto sentado do lado de uma cadeira que agora estava vazia. E a noite desvanecia.


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