- Mamãe, então eu sou uma dominadora de fogo? – perguntou a menina assustada.

- Sim filha, você é. – falou Mayumi e passou a mão no rosto de Zuli. – Igual ao seu pai, igual aos meus irmãos. – A menina começou a repetir várias vezes o movimento que a mãe havia ensinado e em todas as vezes, ela conseguia produzir uma quantidade de fogo.

A paz reinava no jardim até que Toph entrou correndo. Ela havia acabado de chegar da academia Beifong, onde dava aulas para outros dominadores de terra e os ensinava a controlar o metal, agora, com o intuito de criar a policia de Republic City. Usava ainda o uniforme de metal cinza, com algumas listras amarelas. Os cabelos estavam muito maiores, porém permaneciam presos, no mesmo penteado de sempre.

- Mayumi, me ajude. – falou ela correndo, seus olhos estavam cheios de lágrimas e ela tinha a expressão de pânico no rosto. Umi nunca havia visto Toph daquela forma, ela era tão segura e não tinha medo de nada, mas alguma coisa a assustou para valer.

- O que foi? – perguntou a mulher também entrando em pânico. Toph puxou a armadura de seu corpo, usando a dobra, e então fez com que Mayumi tocasse a sua barriga.

- Eu estou grávida? – perguntou ela respirando rapidamente, estava à beira do pânico total.

- Não é assim que funciona, Toph. – falou Mayumi com um sorriso.

- Você disse que Katara viu quando você estava grávida de Zuli, por favor, eu estou implorando.

- Eu não sei se vou conseguir, mas... – Mayumi puxou um punhado de água da fonte e então envolveu as mãos. Toph levantou a blusa verde, sem manga e deixou a barriga de fora. A respiração estava muito ofegante. A dominadora de água colocou a mão um pouco abaixo do umbigo de Toph e então fechou os olhos. Ela sentiu as batidas do coração de Toph e lá no fundo, quase inaudível, as batidas de outro coração, ainda menor e muito veloz. Então, foi como se tudo se revelasse para ela. – É uma menina, dominadora e tremendamente forte.

- Eu estou grávida. – Toph desabou a chorar.

- Parabéns amiga. – falou Mayumi e sorriu.

- Eu não posso... – Ela começou a arquejar como se o ar fosse faltar a qualquer momento. -... estar grávida, eu estou treinando cem pessoas para fazer parte da força policial da Republic City, não posso parar agora, não posso, não quero esse bebê.

- Não diga uma coisa dessas. Nunca mais diga que não quer esse bebê. – Mayumi puxou a amiga e colocou sentada na fonte. – Como você soube?

- Eu estava treinando com os meus alunos e então, para fazê-los sentir o metal, eu dei um murro na parede da sala de ferro e tudo ao meu redor começou a ressonar e eu a vi, dentro de mim. Eu saí de lá desesperada, querendo confirmar, mas eu só me lembrei de você quando pensava em uma dominadora de água.

- Olha, eu vou te dizer uma coisa e é melhor você ouvir bem. – Mayumi respirou fundo e olhou para Zuli que brincava despreocupadamente. – Eu que deveria ter ficado assim como você e no entanto, não fiquei. Eu engravidei do homem que sempre amei, porém um homem que já tem família. Eu sou mãe solteira Toph e você sabe como a nossa sociedade me nomeia, mas eu não ligo a mínima para o que eles dizem. Quando eu vejo o sorriso da minha filha, quando eu escuto a voz dela, quando eu sinto o perfume dela ou quando ela dorme enrolando os dedinhos no meu cabelo eu esqueço tudo, nada mais importa, a não ser ela. Você para de se preocupar com apenas você, porque agora têm uma criatura tão frágil que você precisa saber se está com fome ou frio, se está doente ou com medo. Você passa a sentir um amor tão grande que chega a transpor as barreiras do imaginável e tudo isso por causa de uma pessoa que vem para você sem saber falar, sem saber andar, sem entender nada desse mundo, completamente dependente de você. E a coisa mais maravilhosa é que mesmo você sofrendo tudo: Enjôos, dor do parto, noites mal-dormidas, preocupações, você não quer que nada daquilo mude. Porque não existe nada no mundo que pague, quando ela lhe olha e ver que você é o mundo dela e aquele pedacinho de você, chega bem pertinho, encosta a cabeça em seu peito e diz “Eu te amo, mamãe”. – Mayumi começou a chorar e parou de falar.

- Você tem razão. – falou Toph e enxugou os olhos. – Eu tenho o meu marido ao meu lado, eu tenho você como amiga, vai dar tudo certo.

- Claro que vai e não se preocupe, eu não te deixarei sozinha. Nem eu e muito menos o Haru.

- Eu só fiquei com medo. – Toph respirou fundo. – Se eu não for uma boa mãe?

- Mas é claro que você vai ser! Essa menina vai ter orgulho de você. – Mayumi abraçou Toph. - Um dia ela vai abrir a boca e dizer: Minha mãe é a melhor dominadora de terra do mundo, foi ela que inventou a dobra de metal e é ela que é a chefe da policia da maior cidade do planeta. Minha mãe é durona. – as duas sorriram.

- Você disse que ela é uma dominadora, não é?

- E uma bem forte, talvez tanto quanto você. – respondeu Mayumi e sorriu.

- Eu vou ensinar a ela tudo o que eu sei.

- É assim que se fala. – Toph abraçou Mayumi com força e então sorriu. Depois lhe deu um murro no braço. Mayumi alisou o local, mas já havia se acostumado com as demonstrações de carinho da amiga.

- Eu tenho que contar para o Haru. – ela sorriu. – Ele vai ficar eufórico.

- O que está esperando então? – falou Umi. Toph levantou e dobrou o metal da armadura, fazendo com que a vestisse outra vez, depois saiu atrás do marido.

Zuli havia brincado tanto com a dobra de fogo que voltou para Mayumi ofegante. Ela correu e se jogou nos braços da mãe, deitou a cabeça no peito dela e respirou fundo.

- Eu te amo, mamãe. – falou a menina e algumas lágrimas correram dos olhos da mulher.

- Eu também te amo, meu “milagrinho”.