O Livro Da Bruxa escrita por Vega Sage


Capítulo 3
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Notas iniciais do capítulo

leiam e comentem...
a magia esta em cada coisa que vemos e ouvimos,basta saber onde encotra-la



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Apesar dos percalços,gosto muito da minha profissão.Certa vez um professor comentou que o médico sempre pode fazer algo pelo paciente,mesmo que seja apenas consolá-lo.Nunca me esqueci deste conselho.

O dia foi bastante atribulado,como é normal num grande hospital.Atendi muitas pessoa com os mais diferente tipos de problema e tentei ajudá-las da melhor maneira possível.No final da tarde,subi para fazer a visita rotineira aos pacientes internados.

No hospital temos um protocolo de duas visitas diárias às enfermarias,uma pela manhã e outra no fim da tarde.Desse modo,é possível ajustar as medicações e acompanhar melhor a evolução dos pacientes.

Outro aspecto positivo desse procedimento é que o paciente é sempre cuidado por dois médicos.Isso diminui a chance de se instituir um tratamento incorreto e permite que os casos sejam discutidos entre dois profissionais igualmente informados sobre as condições dos pacientes.

Pela manhã,a agitação nas enfermarias é bastante intensa.A equipe de enfermagem administra a medicação matinal e auxilia os pacientes no banho.Ao mesmo tempo é distribuido o desejum,e os médicos passam pelos quartos.Muitos colegas gostam da agitação desse horário.Não é o meu caso.Prefiro fazer a visita da tarde,quando as enfermeiras estão mais calmas e posso trabalhar com tranquilidade.

Deixei para visitar minha nova paciente por último.Tinhamos uma conversa para terminar,e isso seguramente levaria algum tempo extra.

Quando cheguei ao seu quarto,ela estava terminando de comer um pote de gelatina.

–Boa tarde,lembra-se de mim?cumprimentei-a.

–Boa tarde.Como poderia esquecê-lo.Sou sua leitora assídua-respondeu.

Desde a véspera,eu ficara impressionado com sua lucidez.Aos 86 anos é comum existir algum grau de senilidade nas pessoas.A memória torna-se comprometida,e o convívio social fica bastante prejudicado.É uma situação muito triste e injusta.Contudo,senilidade não era o caso daquela paciente.Sua mente e seu corpo pareciam ignorar a idade avançada.

Desde o dia anterior,não havia registro de febre ou de outra intercorrência em seu prontuário médico,e ela demonstrava a disposição de uma jovem de 20 anos.

Examinei-a.Era como se ela nunca tivesse estado doente.

–A senhora está muito bem de saúde.Se não fosse pelo seu nome nas radiografias,poderia jurar que é outra a pessoa com pneumonia-comentei.

–Eu disse que a doença era apenas um pretexto para encontrá-lo.Agora,ela já se foi-ironizou.

–Não era preciso contrair uma pneumonia para falar comigo;bastava me telefonar-provoquei.

–Pelo telefone não teria o mesmo impacto,e eu não receberia a mesma atenção.

–Tem razão-admiti.Anotei algumas informações no pontuário antes de continuar.

–Aliás,desde ontem estou curioso sobre meu novo trabalho.Quando terei mais informações?-perguntei,retomando a conversa da tarde anterior.

–De fato,não é um trabalho.É mais como um caminho a ser percorrido.

Ela fez uma pausa,como se estivesse organizando as ideias.

–Estamos vivendo numa época muito conturbada,e as pessoas estão perdendo a capacidade de se maravilhar com o mundo.Na verdade,todos nós podemos fazer com que nossa passagem por este planeta seja extraordinária.Mas muitos não sabem disso e estão desperdiçando sua vida,o bem mais precioso que possuímos-disse.

Ela se acomodou melhor na cama e apanhou a colher de plástico que repousava no pote vazio de gelatina.Lembrei-me de uma antiga professora de matemática que sempre pegava um pedaço de giz quando ia explicar algo importante.

–Contudo disse ontem,ao ler seus artigos,tive minha atenção despertada...e durante algum tempo apenas acompanhei seu trabalho.Quando você publicou o artigo comparando a vida à escola de pintura,julguei ser o momento propício para auxiliá-lo.

Olhou-me direto nos olhos.

–Responda-me com sinceridade:você realmente pratica aquilo que escreve ou só coloca as palavras no papel?

Fiquei surpreso com a abordagem tão pessoal e inesperada.

–Eu acredito nas coisas que escrevo-comecei me defendendo-No entanto,acho meio complicado pôr em prática muitas delas-confessei.

–Pois é este o caminho que vim ajudá-la a percorrer.Você descobriu um mapa no qual estão descritos lugares maravilhoso.Mas não basta pendurá-lo na parede e escrever artigos sobre ele,como você vem fazendo.É preciso arrumar a mochila e visitar esses lugares,percorrer todas as estradas e trilhas.Caso contrário,sua vida não será vivida do modo extraordinário...Você tem todos os pincéis,todas as tintas e uma enorme tela á sua disposição.Não pinte um quadro tímido e limitado.Este desperdício é o maior e também o único pecado que poderá cometer-sentenciou.

No hospital,nós,os médicos,somos as autoridades máximas.Sabemos sobre doenças,tratamentos,procedimentos e prognósticos.Os pacientes confiam em nosso conhecimento e se submetem às nossa orientações.Entretanto,ela invertera completamente essa condição.Eu passei a ser seu paciente.

Apesar disso,não lutei para reconquistar minha posição.Decidi deixar-me levar para ver qual seria o resultado.Na sua presença,sentia-me como se tivesse 7 anos e fosse meu primeiro dia na escola.

–Ah,professora...Vou chamá-la de professora.Acho que a partir de agora sou seu novo aluno,não é?Estou pronto para ser ensinado-disse,tentando conquistá-la.

–Posso mostra e até mesmo ajudá-lo,mas acreditar que é possível ensinar algo a outra pessoa é uma grande ilusão.Ninguém é capaz de ensinar outra pessoa.Cada um é seu próprio professor-declarou solene.

–Mesmo assim vou considerá-la minha professora-insisti,testando sua paciência.

–Como quiser.Se você acha conveniente,não me oporei-respondeu.

Decidi provocá-la um pouco mais.

–Dou aulas há quase vinte anos e agora você me diz que não é possível ensinar.Estou em crise.

–Não se preocupe,logo você irá superá-la-ela ironizou e deu uma piscadela travessa.

Nesse instante,uma jovem entrou no quarto.Não a reconheci,mas vi em seu crachá que era do setor de nutrição.

–Olá,doutor!Olá,vovozinha.Tudobem?-disse,dirigindo-se alegremente a cada um de nós-Desculpem-me interrompê-los.

–Não se preocupe,você não esta interrompendo-respondi-Estávamos apenas trocando ideias.Na verdade,eu ja estava de saida.Preciso encontrar um colega no pronto-socorro antes de ir para casa.

Despedi-me ambas dizendo que voltaria na tarde seguinte e deixei a jovem nutricionista fazendo seu trabalho.

Ja tive contato com dezenas de pessoas idosas e admirava a forma como algumas envelheciam com dignidade.Infelizmente,muitas vezes não percebemos os verdadeiros tesouros disponíveis no contato com as pessoa mais experientes.

Claro que isso não é uma regra geral.Também existem idosos rabugentos e desagradáveis.Certa vez tratei de um velhinho especialista em reclamar e ofender.Ele ficou internado durante duas semanas e deixou toda a equipe com os nervos à flor da pele.Fizemos uma festa com bolo e refrigerantes logo após sua alta.Quando ele saiu,todos respiraram aliviados,principalmente eu,pois durante todo o tempo da internação temi que alguém o atirasse pela janela do quarto.

Minha atual paciente era a prova da sabedoria da natureza.Para cada ser humano desagradável existe outro exepcional.

Sua autoridade serena e sua lucidez me fascinavam.Como seria maravilhoso se todos pudéssemos envelhecer como ela.



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Notas finais do capítulo

gente por hoje é so.mais noa percam o terceiro capitulo"QUADRADO",sera lindo de se ler
não percam e comentem



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