The Darkness is Coming escrita por Liran Rabbit


Capítulo 8
Isso é o que nos torna garotas


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está diferente... Ele será um capítulo apenas para mostrar o ponto de vista da Karma e depois voltaremos com os nossos meninos, okay?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/323239/chapter/8

Karma sempre ouviu histórias da Era de Ouro e da Era das Trevas. De como existia o bem e o mal, os cruéis e os benevolentes que quebravam muros e barreiras impenetráveis em tempos difíceis no reinado da família Lunanoff.

Quando nasceu, a escuridão já assustava e trazia o medo de se perder, das vozes que escutava até se encontrar com sua origem e ser acolhida ainda pequena por sua mãe do berço terra que nasceu e foi originada, Karma foi abraçada tanto pelos dois lados e abençoada com ambos, apenas aceitando tal fato quando definitivamente cresceu e se tornou mulher. Mas o que era ser uma mulher? Sua mãe contava quando ainda pequena que seria o momento em que teria a imagem semelhança a uma mulher “humana”.

Mas ela ainda tinha dúvidas. Queria respostas e sua mãe nunca respondia de forma direta, parecia sempre querer protege-la até de si mesma.

Agora estava ali com Dentiana, ajoelhada e vendo que a mesma analisava Karma, quase como se a julga-se de alguma forma. Quem melhor para dar respostas do que Dentiana? Ela era a segundo e única mulher dos guardiões da qual tinha contato.

— Está me dizendo que sua mãe estava machucada? – Repetiu as mesmas palavras, o cenho franzido e Karma a encarava – Você a visitou então? – Perguntou e ela concordou.

— Faz algumas semanas, mas acabei deixando o polo para visita-la... – Engolindo em seco – Não sou tola, sei que o mundo está ruindo e quero ajudar, salvar minha mãe!

Se sentir impotente diante de um pedido silencioso de socorro era algo desesperador, assistir e não ajudar era a pior coisa e a sensação pior ainda. Sabia que isso acontecia com os outros guardiões, que eles estavam fracos e frágeis, mas ver a mulher que cuidou dela, deu a luz... Perde-la seria como perder uma parte de si, algo valioso e restaria apenas um vazio.

Agora ela estava ali, buscando auxílio, respostas. Suas mãos tremiam e ela estava com medo.

Um suspiro da Fada cortou o silêncio e Karma a encarou, ansiosa e aguardando uma solução, mesmo que essa “solução” não fosse fácil ou muito menos alcançável. Queria acabar com o sofrimento, mesmo que o custo fosse alto e as consequência dos seus atos fossem grandes. Estava preparada para a resposta.

— Eu lembro como se fosse ontem que tinha visto ainda filhote nos braços da Mãe Natureza, Karma... – Contava, se ajoelhando ao lado dela e tocando seu cabelo, mexendo tão leve como se ela fosse de porcelana – Sua mãe já estava frágil por conta da guerra dos humanos, da radiação em terras de ninguém, de arquipélagos importantes semeados com a maldade e acampamentos de mortes da natureza... Mas então... Você nasceu.

A história de seu nascimento sempre era a mesma, mas vinda de outro alguém se tornava diferente. Algo novo. Admirável.

— Piorei as coisas, não é? – Perguntou e Fada negou.

— Nunca! Sua mãe não se arrependia e nos mostrou com orgulho a filha que nasceu, nos convocou na mais bela floresta do mundo e intocada durante a guerra – Contava e Karma a encarava – Você é o maior orgulho dela, o bem mais precioso.

— Não serei nada caso não ajude! – Respondeu, frustrada – É a minha mãe... Dentiana, eu faço qualquer coisa, por favor...

O silêncio foi sua resposta, a face perdida e envergonhada foi outro detalhe que a deixou ainda mais nervosa e ansiosa. Sem respostas, novamente estava em um beco.
Já aceitando que aquela conversa teve fim, se levantou devagar e preparava para partir novamente, mas o toque de uma mão com a sua a impediu de seguir em frente.

— Vou me arrepender, mas quando vejo você falando da sua mãe... – Contava, a tristeza em seu rosto – Isso me faz lembrar quando meus pais foram tirados de mim... – Falou, puxando Karma para um abraço apertado – Não desista, tenha esperança!

— Como posso ter se ela me escapa à todo momento? – Argumentou, triste e se soltando do abraço.

— Todos nós somos guardiões e um deles pode ajudar com essa questão – Falou de forma doce – Ele já está ajudando tanto que não parece se separar mais de você – E em um tom brincalhão e humorado, fez a sugestão óbvia que estava na frente de Karma esse tempo todo – Nunca vi Coelhão vir até aqui sem alguém, deve ele confiar muito em você, pequena.

Aquele tom sugestivo, o humor que envolvia o nome do pooka a deixava nervosa. Não sabia o que era aquilo, mas teria que ter concentração com relação aquilo e focar na coisa mais importante do momento, a sua mãe.

— Ou você deve gostar muito dele, talvez – Sugeriu de forma diferente.

— Ele é meu amigo, sabia? – Contou, um sorrindo brotando em seu rosto e trazendo uma risada de Dentiana – Ele me ajudou a chegar mais rápido, conseguiu me guia através dos túneis e me acompanhou até aqui, ele é incrível – Contava e Karma não entendeu do porquê o sorriso de Dentiana diminuir, quase sumir.

E aquele era um dos momentos em que os poderes dela transbordavam em si, ela sentia algo vindo da pessoa ao seu lado. Algo retornaria para Fada de alguma maneira caso a resposta dela viesse em mentira ou verdade, mas Karma nunca sabia o que era verdade ou não, não sabia do porquê tudo aquilo. Mas Fada parecia com medo e receio, se preocupava e Karma podia ver apenas no olhar dela.

— Não precisa responder, sinto que você não quer falar nada para me magoar – Falou, cabisbaixa – Obrigada pela ajuda.

— Karma... O mundo não é perfeito, mas acredite. Tenha esperança – Aconselhou e ela apenas concordou – Você é forte, mais do que imagina...

— E onde encontro essa força, Fada? – Suspirou – Toda vez que acordo, sinto a impotência me dominar, um peso no ombro que não some nem mesmo com os mais doces sonhos que Sandman trás para mim... – Lamentou, a voz sumindo aos poucos.

— Como eu disse, vou me arrepender disso... – Suspirou, Karma podia ver o peso no olhar que Dentiana transmitia, algo ruim ou as palavras tinham maldade – Coelhão é o seu amigo, não? – Indagou, colocando ambas as mãos nos ombros de Karma – Ele tem as respostas que você almeja e necessita, ele não vai negar a verdade para você.

— Respostas? – Indagou e Fada acenou, concordando – E se ele tiver medo?

— Então ele não será de fato seu amigo – Respondeu, a encarando firme pelo olhar – Ele vai ajuda-la, se ele enfrenta alturas em seu nome, ajudará em levantar e sustentar a sua força.

Sendo levada de volta, Jack e Coelhão pareciam discutir algo e só por terem voltado, ambos pararam de conversar e a atenção deles voltaram para si. Não sabia muito, mas Jack Frost não gostava dela por conta da rivalidade que teve com seu avô, anos atrás quando esse tentou dominar tudo novamente e construir uma Idade das Trevas na Terra. Aterrorizar crianças era apenas o início, sua mãe dizia, que Breu nunca pensou em apenas arrancar só felicidade de pequenos humanos, sempre tinha um objetivo maior.

Mas era apenas essas coisas que sua mãe falou dele, contando sobre ele apenas uma vez quando Karma tinha cinquenta anos e ainda era muito nova para aprender sobre o mundo em que viviam.

Já Coelhão, ele a encarava como algo novo, a amizade deles era assim. Quando se encaravam parecia que se conheciam novamente, algo novo era trocado em seus olhares, mesmo que parecesse uma troca de confidências. Ela não trocava confidências, trocava um pedaço dela com ele, afinal, até o momento o poder dela não o machucou e isso a fazia feliz. Não ter controle de si mesma ou do que a pertencia assustava.

E ele a olhava e sorriu, estendo a pata para ela assim que Fada a deixou na plataforma da qual os dois estavam.

— Podemos voltar ao treino? Acabei resolvendo alguns assuntos com o Coelhão e espero que ele entenda o meu ponto – Jack foi curto e direto, voltando-se para Fada e sorrindo para ela, Karma podia sentir que ele não se voltaria para si com suas palavras cheias de espinhos.

Mesmo o censurando o garoto de gelo, Jack apenas se sustentou nos ombros da Fada e ambos seguiram para outra plataforma, deixando com que Karma e Coelhão seguissem de volta.

Não foi difícil voltar, Coelhão pouco falou e Karma não comentou nada da conversa que teve com Fada, apenas tiveram o silêncio os acompanhando.

— Eu poderia pedir uma coisa para você? – Karma perguntou, antes deles entrarem no túnel que ele abriu ou até mesmo dela ficar nas suas costas.

— Se estiver ao meu alcance, pode me pedir – E ele sorriu, seu olhar não brilhava como nas outras vezes.

— Quero que sempre me diga a verdade, não importa se isso vá me magoar – Falou, erguendo um pouco o queixo e controlando suas palavras para não saírem entrecortadas pela vergonha.

— Direi sempre a você, Karma – E em um leve curvar da cabeça, ele parecia solene em sua palavra e nenhum mal aconteceu a ele.

— Obrigado, Coelhão – Sorriu, se aproximando e o abraçando.

Estava feliz por contar com a ajuda do seu amigo. O primeiro da qual poderia ajuda-la com sua mãe e acabar com esse caos que reinava por toda a Terra.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Darkness is Coming" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.