A Diabólica Vida De Eleonora Duncan escrita por Ikuno Emiru


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

O primeiro capítulo! :3 Eu me diverti bastante escrevendo ele! Espero que se divirtam lendo também ♥



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      Acordei com Demon cutucando minha bochecha, levei minha mão ao rosto, numa tentativa de impedi-lo de continuar, mas acabei golpeando o vento. Assim que estava seguro, Demon voltou a fazer a mesma coisa.

            – Acorda, Nora, você já está atrasada pro seu primeiro dia de aula! – Quando escutei aquelas palavras, me levantei imediatamente, Demon agora ria, uh, é claro que aquilo era obra dele! Fiz minha higiene pessoal o mais rápido possível e vesti minhas roupas preguiçosas, que com maior descrição, seriam: saia xadrez vermelha, blusa preta de botões, meias 7/8 pretas e sapatos colegiais clássicos. Segurei um cardigã vermelho em uma e desci as escadas com minha mochila na outra mão. Gritei para Marin, minha “mãe” adotiva, que eu já estava atrasada, nós duas corremos para o carro.

            – E aí, por que está atrasada? – Marin perguntou já dirigindo a caminho de Sweet Amoris.

            – O Demon, aquele pestinha, não me acordou no horário. Ele nunca havia feito isso antes! – Demon estava sentado em meu ombro, ainda rindo, ele rolava, batia as pernas e se acabava de rir. – E você, pare de rir! Não tem graça nenhuma!

            – Se bem que tem sim. – Marin ria também, ela estacionou o carro na frente da entrada e eu saí correndo. Eu não conhecia a escola nem um pouco, mas eu estava atrasada, o que eu podia fazer? Corri por um lugar que eu assumi que fosse o pátio, identifiquei um corredor e entrei correndo ali. No início do corredor, haviam duas portas “Sala de Aula A” e “Sala dos Representantes”, abri a sala de aula sem nem pensar. O professor e toda a turma voltaram os olhares para mim, oh não.

            – Com licen...

            – Está atrasada. Espere no corredor até o final da aula. – Fechei a porta e soltei um suspiro. Além de chegar atrasada no primeiro dia, eu já tinha um professor fadado a me odiar. Me encostei do lado da porta e percebi a presença de um garoto do outro lado, ele tinha os cabelos vermelhos e usava uma camisa da mesma cor, havia um símbolo nela que eu não conseguia identificar direito.

            – Você deveria falar com ele, Nora! – Demon apareceu do nada no meu ombro.

            – Não! – Sussurrei – Eu ignorei completamente a presença dele, sem querer, quando corri feito desesperada para a sala. Cairia mal, não?

            – Claro que não! Vai lá falar com ele. – Demon batia seu tridente em meu ombro repetidamente enquanto repetia a mesma frase.

            – Ele vai pensar que sou... lou... por estar falando sozinha! – Sussurrei.

            – Além de ser novata, é esquisita! – O garoto estava parado a minha frente, com os braços cruzados.

            – C-como você sabe que sou nova? – Perguntei e engoli a seco. Ótimo, o garoto já tinha uma imagem ruim de mim! Dei um peteleco na cabeça de Demon, ele merecia.

            – Ora, você acha mesmo que eu não saberia se houvesse uma louca que fala sozinha na escola? – Louca... pressionei um punho no peito esquerdo ao escutar aquela palavra... ela me causava dor... eu já havia a escutado muito na minha vida, mas eu não conseguia me acostumar. O garoto tinha um sorrisinho de lado no rosto, claro, ele não sabia sobre o meu “sofrimento interno”.

            – Eu não sou louca. – Dei uma pausa. – E eu não falo sozinha. – E eu acabei de me lembrar de que eu corri para uma sala qualquer sem mesmo saber o meu horário. Então se me der licença, eu vou sentir vergonha em outro lugar. – O garoto estava rindo, isso era bom, certo? Eu olhei novamente para aquela placa “Sala dos Representantes”, entrei por aquela porta, talvez alguém ali pudesse me ajudar. Havia um garoto com os cabelos dourados e lisos, ele parecia ocupado com uma prancheta.

            – Sabe como é – falei – Você parece ocupado, eu volto mais tarde. – Eu já estava girando a maçaneta, quando o garoto me impede.

            – Não, eu não estou ocupado. – Me posicionei de frente para ele, ele estava sorrindo. – Em que posso ajuda-la?

            – Eu sou uma aluna nova e hoje é o meu primeiro dia de aula. Eu... eu teria vindo mais cedo aqui, mas acabei chegando atrasada. – Minhas bochechas provavelmente estavam corando. Eu estava falando com um representante sobre meu atraso, isso não cairia nada bem. – Eu me dei conta de que não tenho meus horários ainda.

            – Você poderia me dar o seu nome? – Ele falou, educadamente.

            – Ah, me perdoe pela falta de educação, Eleonora Duncan. – Eu estendi a minha mão para ele, nós trocamos um aperto de mão.

            – Eu sou Nathaniel, sou o representante das turmas de Sweet Amoris. – Ele pegou um amontoado de papeis e começou a olhá-los. – Eleonora, certo? – Ele me entregou um papel.

            – É um prazer conhecê-lo, Nathaniel. Muito obrigada pela ajuda.

            – O prazer é meu! – Ele sorria super tranquilamente. – Não hesite em voltar se precisar de algo!

            Assim que saí da sala, o sinal tocou. Conferi meu papel e a próxima aula seria de Inglês. Ótimo! Enquanto eu ainda estava no orfanato, uma professora de inglês super gentil passava lá todos os dias para nos ensinar alguma coisa. Ela me presenteou com vários livros e eu acabei aprendendo sozinha.

            O garoto continuava no corredor, eu... eu havia esquecido de perguntar o nome dele... e ah, quem sabe ele não me diz onde fica a Sala de Aula B? Não custa nada tentar! Fui em sua direção, Demon apareceu de novo e falou “O nome dele é Castiel!”.

            – Ei... Castiel... como é o seu nome? – Ele ficou me olhando, sem entender, senti minhas bochechas ficarem quentes.

            – Mas ora, não é que você já sabe o meu nome? – Ele deu um sorriso de canto, o que me deixou mais envergonhada.

            – ...Esqueça! – Dei uns passos para trás e segui pelo resto da extensão do corredor. “Sala de Aula B”, estava escrito em uma placa ao lado da porta, entrei ali e sentei em uma cadeira no fundo, ao lado da janela. O bom era que eu estava afastada do resto da turma, eu realmente não tinha nenhum interesse de socializar com aquelas pessoas. Eu estava no meio de um devaneio, quando Castiel entra na sala, para a minha surpresa, ele jogou suas coisas em uma mesa ao lado da minha e se sentou ali.

            – Tem como meu dia ficar mais vergonhoso? – Sussurrei para Demon, ele deu de ombros.

            – O jeito é esperar. – Ele falou de volta, recostei minha cabeça na parede e fiquei desenhando qualquer coisa na mesa.

            – Então, nós temos uma aluna nova? – A voz me pareceu familiar, mas eu nem olhei, continuei desenhando. – Eleonora Duncan, levante-se, por favor. – Me levantei, cabisbaixa, então olhei para a professora...

            – Não pode ser... – Falamos ao mesmo tempo – Então, finalmente, você encontrou um lar? – A turma, que estava desinteressada, olhou para mim imediatamente.

            – Eu disse que era só esperar... – Demon falou e eu pude escutar uma risada vinda de Castiel. Como assim ele estava rindo? O que era engraçado? Eu assenti com a cabeça, morrendo de vergonha.

            – Eleonora, se não se importar... Eu conheço essa aluna desde seus 7 anos, quando ela foi entregue a adoção. Eu dava aulas de inglês no seu orfanato e ela sempre foi a aluna destaque. Então, se algum de vocês tiverem dúvidas, não hesitem em perguntar a Eleonora! Tenho certeza de que vocês aprenderão tanto com ela quanto eu. – Eu estava parada, imóvel, olhei para os lados, sem o que dizer, então voltei a me sentar. Castiel havia parado de rir e agora me encarava.

            – O que foi? – Criei coragem para questionar – Achou divertido o fato da aluna novata, além de ser louca, ser adotada? – Ele levantou um cenho, apertei o lápis em minhas mãos e esperei uma resposta. Ele deu um sorriso torto e eu voltei a me concentrar no meu desenho, eu tenho certeza de que ele tem uma boa resposta, só não sei o porquê de ele não querer me responder...

            A professora de inglês, Suécia, sempre foi uma pessoa legal, mas sinceramente, eu não esperava que ela contasse algo tão privado para todos... durante a aula, ela fez várias perguntas, senti vontade de responder todas, mas eu não queria chamar mais atenção do que eu já havia chamado, então simplesmente fiquei calada. Eu e Demon conversamos em silêncio durante aquela aula, ele podia ler os meus pensamentos, porém, penetrar minha mente tantas vezes seguidas gastava as suas energias.

            A outra aula foi de matemática, uma matéria que eu tenho muitas dificuldades. Demon descansou em minhas pernas, enquanto Castiel nem se deu o trabalho de continuar na sala. Esses dois fatos me permitiram ter maior concentração na aula e realmente entender o que estava sendo explicado. O sinal do intervalo tocou, decidi permanecer na sala, lá eu teria mais paz. Uma garota ruiva apareceu diante minha mesa, sorridente, me encarando com seus olhos verdes de dar inveja!

            – Olá, Eleonora. Seja bem-vinda! O meu nome é Íris, eu vou ter algumas aulas com você. Eu espero que você esteja gostando de Sweet Amoris.

            – Olá, Íris. Obrigada. – Dei um sorriso – Oh, eu estou sim, obrigada por se preocupar.

            – Eu já vou indo, ok? Você vai ficar por aqui?

            – Eu vou sim, é mais quieto... hm, eu espero poder conversar mais vezes com você! – Completei. Ela saiu pela porta sorrindo e me dando um aceno simpático. Ela parecia ser uma boa pessoa, além de ser super simpática e educada! Pontos para Íris! Pensei e dei uma risada sozinha.

            – Rindo sozinha? – A voz de Castiel invadiu minha cabeça.

            – É... dessa vez sim. – Eu disse, ainda com um traço do sorriso no rosto. Puxei um pacotinho de Skittles da minha bolsa. – Aceita? – Perguntei. Minha mãe biológica havia me ensinado a oferecer esse tipo de guloseimas sempre que eu pudesse.

            – Não, obrigado. – Ele se sentou na cadeira da frente, fiquei meio assustada com a proximidade. – Está amigável, agora, é?

            – Eu fui meio grossa, não é? – Mordi meu lábio inferior, meio... não, eu fui completamente grossa, mas só porque eu não entendia o motivo da risada. – Desculpe-me por isso.

            – Só para constar, eu não estava rindo de você. – Ele cruzou os braços.

            – E estava rindo de quem?! – Ele me encarou por algum tempo.

            – Realmente importa?

            – Não... você não quer mesmo? – Empurrei o pacote para perto dele, ele olhou para o meu rosto mais uma vez antes de pegar um pouco.

            – Se insiste...

            Ficamos em um silêncio constrangedor. Quando ele se distraia, eu aproveitava para observar o seu rosto, ver as suas feições. Ele era realmente bonito, muito bonito. Ele e Nathaniel, os dois eram bem atraentes Eu nunca havia ficado tão próxima assim de um garoto da minha idade. No orfanato, as crianças tinham por volta de 1~5 anos de idade. Raramente aparecia alguém tão velho quanto eu, quando apareciam, eles eram adotados, já que eu já era conhecida como louca. Alguns minutos antes do intervalo acabar, Castiel saiu da sala, sem dizer nada, apenas saiu.

            Dei uma olhada no meu horário e percebi que eu deveria trocar de sala, e que a próxima aula seria na sala de aula E. Recolhi minhas coisas e fui para o corredor. Eu não fazia ideia de onde era a sala de aula, então tive a brilhante ideia de procurar Nathaniel, ele poderia me dizer onde era! Marchei contra a correnteza de alunos e entrei na sala dos representantes, lá encontrei Nathaniel e mais outra garota, rindo juntos.

            – Eleonora! – Ele exclamou e veio até minha direção. – Esta é Melody, ela também é uma representante. – A garota me deu um abraço e me cumprimentou com um beijo em cada bochecha, fiquei parada, eu não estava acostumada com aquela formalidade.

            – O que a traz aqui novamente? – Nathaniel voltou a falar. – Está curtindo a escola?

            – Eu... eu preciso saber onde é a sala de aula E. – Eu não gostava muito de pedir favores, mas eu não queria me perder pela escola. Esse era o único jeito! – E ah, estou sim, obrigada. Já conheci algumas pessoas...

            – Eu estou indo para lá agora! – Melody se colocou entre nós. – Podemos irmos juntas!

            – Você me faria esse favor? – Eu e Nathaniel falamos ao mesmo tempo, dei um risinho devido a coincidência.

            – Claro. – Melody respondeu, olhando para nós dois.

            No caminho, Melody e eu começamos a papear, ela começou a me contar sobre o Nathaniel e como ele era incrível, responsável, gentil, fofo, lindo... palavras dela... não que eu descorde, claro. A sala se localizava no segundo andar, tivemos que passar por uma espécie de escadaria para chegarmos. Chegamos na sala. Apressei o passo para pegar uma das carteiras do fundo, mas um garoto baixinho se colocou na minha frente. Ele me lembrava a alguém, mas nem o nome ou a figura de quem me passou pela cabeça.

            – Nora! – Ele exclamou – Eu nunca mais tive notícias de você, não te vejo desde os 7 anos. Sou o Ken, lembra?

            – Ken? – Pisquei algumas vezes – Ah, Kentin! – Exclamei e o dei um abraço. Nós éramos vizinhos e costumávamos brincar juntos sempre, ele também não acreditava em Demon, o que me deixava um pouquinho brava. – Quanto tempo! – Demon ficou de cara fechada ao vê-lo, ele fez diversas coisas com Ken, principalmente acertar várias partes do corpo dele com o tridente. Eu tive que segurar o riso.

            – Você mudou demais, Nora! Eu fiquei sabendo de todas as vezes que você foi mandada de volta para o orfanato... – Ele baixou a voz. Eu o puxei pela mão para que pegássemos lugares no fundo.

            – Me fale mais sobre o que você sabe... – Sussurrei.

            – Sua mãe contava para a minha, sempre muito preocupada, como “a filha dela era rejeitada todas as vezes”.

            – Tsc, que ridículo. Ela mesma me rejeitou, não pensou duas vezes antes de me abandonar, e ainda diz isso? Eu não compreendo.

            – É... mas não sinta raiva dos seus pais...

            – Eu juro que tento! Mas como eles estão?

            – Estão bem, seu pai conseguiu um emprego novo, está ganhando bem. A sua antiga casa está sofrendo várias reformas.

            – Oh... – Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, o professor de história entrou na sala e pediu para que a turma fizesse silêncio. 


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