– Você mora nesta casa? Fala sério e a maior e mais bonita casa que eu já vi em toda minha vida. Vou poder brincar de futebol no gramado?- Anthony pulou animado ao meu lado.

–Claro que sim, mas o que você acha de darmos um tour pela casa primeiro?-segurei sua pequena mão.

–Muito bom.-ele sorriu.

– Aqui temos a sala de visitas, a sala principal e a sala da tv. -ele olhava atento para todos os cômodos. - Quando eu era pequena esse era o meu lugar favorito. -apontei para o jardim do vovô. Um balanço estava escondido entre as árvores gigantes que faziam sombra na mesa de piquenique.

Uma brisa gostava me atingiu e era como se eu o sentisse junto de mim, cada detalhe daquele jardim me lembrava minha infância, toda as vezes que vovô Edward passava suas tardes comigo correndo atrás de passarinho, lendo-me uma história ou simplesmente me olhando estudar quando a responsabilidade começou a me atingir.

– Aonde está o seu vovô? - ele perguntou me resgatando das minhas lembranças. -engoli seco.

–É.. ele se foi faz oito anos. - senti meus olhos marejarem.

– Por quê?- seus olhos estavam confusos.

–Estava na hora, Deus precisava de mais um anjo no céu. -sorri.

– Como ele chamava? Você gostava dele?- Anthony se sentou no balanço e me chamou com seu dedinho.

– Ele se chamava Edward, assim como meu pai. A única diferença era que o vovó era Edward Louis e o papai é Edward Mccautaney. Você vai amar conhecer meu pai e sobre meu avô, eu sinto que ele ainda esta aqui, sinto seu amor." - senti uma pequena mão acariciando a minha como se quisesse me confortar e naquele instante meu coração se aqueceu completamente e uma imensa vontade de abraçar Anthony surgiu em mim.

– Eu sinto muito por ele.

– Não sinta meu pequeno.-sorri

–Então todos os homens da sua família se chamam Edward?- gargalhei e baguncei seu cabelo.

–Eles são obcecados por esse nome.

Terminei de mostrar o primeiro andar para Anthony e deixando a cozinha por último. Escutei a barriga de Anthony roncar e ri internamente, ele já deveria estar com fome, mas não me disse nada. "Bella não esquecer de alimentar a criança a cada três horas." anotei na minha agenda cerebral.

–Não senhor Van der Woodsen, eu não sei. Bella saiu hoje cedo com a Alice e não voltou até agora e a Senhora foi em para um Spa e só volta segunda. - disse Dorota enquanto enxugava suas mãos no pano de prato.

Meu pai estava sentado na ilha da cozinha e segurava um copo de whisky.

–Dorota, eu não sei o que fazer com aquela menina, ela não para em casa. E Lizzy… eu me encontrei com ela hoje e tarde e já fui enformado que ficarei três dias sozinho. Não sei o que eu fiz para merecer essa solidão.- meu pai resmungou.

Anthony riu ao meu lado e eu não aguentei e soltei a risada que estava segurando. Dorota e suas ajudantes pararam o que estavam fazendo e junto com meu pai se virou para nos. Nos olhando com cara de espantado.

–Boa noite papai, Do, Judity, Telma, Adel e Carlos. Quero apresentar uma pessoa pra vocês.-coloquei Anthony na minha frente e segurei seus ombros delicadamente.

– Gente, este é Anthony, ele vai passar a noite conosco hoje. - me abaixei ao nível Anthony. - Olha é bem fácil decorar os nomes. A baixinha com cara de fada madrinha é a Dorota, sempre que precisar de alguma coisa é só pedir a ela. A alta do cabelo pegando fogo é a Judity, mas podemos chamar ela de Ju, a loira de tranças é a Telma, mas é conhecida como Telmy, a Adel é a ajudante do Carlos que é nosso chefe de cozinha. Ah!! Não podemos esquecer desse senhor gaga que está na sua frente. - sorri para meu pai.

– Senhor Gaga? Deixa você comigo menina. - ele se levantou do banquinho e veio até mim me beijando a bochecha e se agachando na altura de Anthony.

– Olá Anthony, meu nome é Edward, mas pode me chamar de…- ele parou pensativo, se levantou e olhou pra mim com um olhar de confusão. - Me chame de Ed, Edwin, Edwar. O que achar mais fácil, menos de Eddie, por tudo que é mais sagrado. - eles riram juntos.

Aos poucos Anthony foi se soltando, todos os funcionários da casa o trataram muito bem. A casa estava com um ar alegre. Com a chegada do meu pequeno, tudo tinha vida, a cozinha clara com moveis brancos, a cortina cinza claro e as janelas de blindex nunca pareceram tão iluminadas. A noite, por mais fria que fosse lá fora trazia junto de si a claridade da lua que hoje iluminava não só a cozinha e a sala e sim meu coração.

Depois do jantar Dorota subiu com Anthony para lhe mostrar o segundo e o terceiro andar. Ela lhe daria um banho e quando ele estivesse pronto ela iria me chamar. Entrei na biblioteca e me sentei na minha poltrona preferida, peguei o telefone e liguei para Alice, conversamos por um tempo e eu contei a ela sobre ter trazido Anthony para passar a noite aqui. Ela achou muito estranho na hora mas ficou muito feliz por eu ter tomado essa decisão. Desligamos quando meu pai bateu na porta e entrou depois de perguntar se estava atrapalhando alguma coisa.

–Bella precisamos de conversar por um momento.- ele se sentou na poltrona a minha frente.

– Diga papai- o encarei.

– Primeiramente, quero te dizer que fiquei muito feliz por você ter trazido o menino para casa hoje, se sua mãe tivesse aqui ela iria gostar também, foi um gesto muito bondoso da sua parte. Foi uma atitude digna do seu avô. - ele sorriu e pegou minha mão.

– Obrigada papai, eu apenas fiz o que meu coração tava pedindo. Eu não podia deixa-lo sozinho naquele lugar. Ele estava realmente triste, seu amigo foi adotado e ele ficou, então..

–Traga-o sempre que quiser.- ele alargou sua gravata, tomou uma ou duas respirações e me encarou.

–Não sei se essa é uma boa hora para tratar desse assunto com você, mas já está na hora de você decidir para qual faculdade você irá, você foi aceita em várias, muitas delas não precisam das entrevistas graças ao seu bom histórico escolar. Quero que de uma analisada em todos os casos, escolha o que lhe agrada. - ele se levantou e beijou minha testa.

–Vou fazer o possível papai.-sorri.-Mamãe ia gostar de conhecer Anthony, né?

– Claro que sim querida. Ele é um garoto muito bonito. Agora eu preciso me retirar tenho que analisar uns papeis, fica com Deus. -ele beijou minha testa e saiu da biblioteca.

Apaguei a luz e fechei os olhos tentando repassar todos os acontecimentos do dia.

–Bella querida? -Dorota me chamou na porta.

–Oi Dorota? Cade Anthony?- me levantei desesperada por não o ver perto de Dorota.

–Hey, calma! Ele está no banheiro, acabei de mostra-lo o quarto de hospede infantil. Era o mais perto do seu quarto, eu não sabia qual você iria querer coloca-lo. -ela tentava se explicar.

–Tudo bem Do, eu vou subir, amanhã bem cedinho eu queria que você saísse pra comprar algumas roupas de frio e de calor, pijamas, brinquedos, livros e todas aquelas coisas infantil. Quando ele acordar vamos sair, se puder me acordar antes de sair eu ficaria grata.-tirei a mecha de cabelo que estava caindo no meu rosto e a coloquei atrás da orelha.

–Tudo bem garota, te acordarei logo cedo, se precisar de algo é só me chamar. Tem certeza que não deseja que eu de banho no garoto?

–Tenho, não vou precisar mais dos seus serviços, pode ir deitar mais cedo. -beijei sua bochecha e sai em busca de Anthony

Subi as escadas em busca do quarto de hospedes, os corredores estavam vazios e ali eu vi que nunca quis tanto ver uma criança correndo por ali. Como eu queria chegar em casa e ser recebida por uma criança, me abraçando e me beijando. E como eu queria que essa criança fosse Anthony.

–Posso entrar?- bati na porta do seu quarto

–Claro que pode- ele abriu a porta pra mim me recebendo com um sorriso e seu pijama de short e blusa desigual.

–Ótimo, já tomou banho?-abri meus braços convidando-o para me abraçar e em uma ação inesperada ele não só me abraçou, mas sim pulou em meus braços e aconchegou seu pequeno rosto no meu pescoço. - Uhm… não precisa de responder, você está muito cheiroso, vou até querer dormir com você hoje.

Ele nada respondeu apenas sorriu e pegou uma mecha do meu cabelo a cheirando depois.

– Vai querer dormir na cama de cima ou na debaixo?- perguntei me sentando na cama debaixo.

–Na debaixo, eu tenho medo de altura. -ele sorriu sem graça.

–Tudo bem, então vamos dormir, já está tarde. - o coloquei na cama o cobrindo depois.

–Você vai me levar embora amanhã cedo? -seu olhar era triste.

–Não só a noite, mas se quiser ir mais cedo eu te levo. -acariciei seus cabelos.

–Não, eu quero ficar. - ele sorriu. - Bella?

–Sim?

–Aonde está sua mãe?- ele colou sua cabeça apoiada na sua pequena mão.

–Eu esqueci de te contar da minha mãe né? -ele assentiu. -Bem, ela se chama Elizabeth e esta viajando, só chega na segunda.

–Ah, entendi. -ele sorriu.

–Vamos, vou te contar uma história, já escovou os dentes?

–Sim sim!

–Vou te contar minha história favorita, quando eu era pequena meu avô lia pra mim todos os dias, eu não me cansava. -sorri com a lembrança. -Achei na biblioteca, vou fazer igual ele fazia comigo, três páginas por dia, tudo bem? - me deitei ao seu lado e acariciei seus cabelos.

–Nunca ouvi falar dessa história. - ele olhou o livro na minha mão.

–Não? Então prazer, este é O Pequeno Príncipe. - Abri o livro e comecei a ler a história, seus olhos logo ficaram pesados e as três páginas se foram.

–Acabou?-ele perguntou sonolento.

–Por hoje sim, você gostou? - me levantei e coloquei o livro na estante ao lado da cama.

– Aaaaaah!-ele fez o bico mais fofo do mundo.

– Ainda temos tempo para continuar a história, o senhor está cansado e eu também. Estou no quarto ao lado do seu, se precisar é só correr até lá, certinho?

–Aham, Bella?

–Oi, pequeno. -cheguei mais perto dele.

–Posso ser como o Pequeno Príncipe?-seus olhos brilhavam

– Meu Pequeno Príncipe, só meu. - Beijei sua testa, e apaguei o abajur, fechando a porta e indo para o meu quarto.