Depois de desabar sobre a mesa de Kay, Suych sai correndo e se esconde quando, pelo mesmo buraco, o velho capitão Shintoo cai sobre a mesa de Kay que já estava enfurecido pela atitude de Suych. O rapaz do fogo agarrou o velho pela gola e começou a socá-lo.

_Você... derramou... a minha bebida... EM MIM! Você está me aborrecendo, sabia? E eu vou te matar!

O velho se soltou das mãos de Kay tentando se desviar dos golpes do garoto.

_Rapaz... Você é bem habilidoso para um pirralhinho desses hein?!

Kay não responde, em vez disso golpeia violentamente o homem idoso que vai tentando se desviar, mas de repente, Kay o pega por traz e dá um soco em suas costas que o faz cair desacordado.

Suych, que até ali estava escondido, correu até Kay e ajoelhando-se aos seus pés começou a agradecer por ter salvo sua vida, ao mesmo tempo que implorava para que o garoto não fizesse o mesmo consigo.

_Obrigado! Vou ser eternamente grato a você por isso! Serei seu seguidor de hoje em diante! Você matou ele?

_Não. Só está desacordado.

_Ah, tá! Então vamos embora logo daqui antes que ele acorde! Você não vai fazer a mesma coisa comigo não né? Por favor!

_Vamos?! - resmungou Kay - Eu vou sozinho! E se você continuar me aborrecendo eu faço sim.

_Por favor! Deixe-me te seguir! Nem que seja como escravo! Eu tenho que seguir o cara que salvou a minha vida!

_Eu não salvei ninguém. Eu só vinguei minha bebida.

_Tanto faz! Mas me deixa ficar com você! Por favooooor! Eu quero aprender a lutar assim vaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai deixa?

Nesse momento oque mais aborrece Kay acontecia, todos olhavam para ele, que odiava chamar a atenção, isso o enfurecia mais ainda.

Depois de quase uma hora de insistência de Suych, Kay perde a paciência e diz:

_Tá! Vamos! Mas por favor, fica calado, não chama mais atenção ta?

E sai andando em direção à região do Ocean House onde ficam os barcos aportados. Kay planejava conseguir entrar pela porta de carga de outro navio, assim como já havia feito no porto de Hisuy. Dessa vez tentar ficar com a guarda mais alta, para que não fosse descoberto. Embora pensasse que com a companhia do garoto da agua essa tarefa não fosse muito fácil.

Suych, embora tenha implorado para seguir Kay, tinha um certo receio de ficar junto de um cara desconhecido que quase matou um homem pelo simples fato de derramar sua bebida.

Mas ele já era capaz de se defender, então resolveu disfarçar sua desconfiança com suas brincadeiras, e tentar ganhar a confiança do garoto, oque traria vantagens. Mas isso não seria tarefa fácil, desde que saíram Kay nai emitiu sequer um som. Então Suych decidiu começar.

_E ae, agente não se apresentou né? Como eh seu nome mesmo?

_Kay, Kay Kibitsu.

_Ah sim... eu sou Suych! E ae, você vai me deixar te seguir como escravo? Porque aquilo era só uma brincadeira... você não ia me querer como es...

_Não preciso de escravo.

_Ah sim... que bom né? Você vai me ensinar a lutar daquele jeito?

_Humpf...

_ Ah tah... Kay, como é lá no seu pais?

_Não te interessa. Você fala demais.

_Ah, eu sei, hihi. mas fala aí, cara! Lá tem muitas gatinhas? Você todo bonitão assim deve ter comido várias, né?

_Não tenho tempo para isso. Eu tinha que treinar, trabalhar, me esforçar pra conseguir meus objetivos.

_Nossa! Como assim você não tem tempo pras mulheres! Elas são melhor coisa que já existiu!

_Hm...

_Ok, mas... O que você fazia lá? Trabalhava de que? Estudava? Morava com quem? Seus pais?

_Servia a um velho gordo numa ferraria.

_Mas seus pais, faziam o que?

Ao invés de responder, Kay acelerou o passo e quando estava se aproximando de um pequeno navio disse:

_Corre. Aquele navio parece adequado pra minha viagem. Ele vai para Portial.

Suych seguiu em direção ao navio mesmo com um certo "medo" de Kay. Um garoto que não fala quase nada assunta!

Chegando ao navio, Suych entrou pelo compartimento de carga, seguindo Kay, e se acomodaram num assoalho forrado por uma lona. Com Kay sempre em silencio, ou pedindo para que Suych ficasse em silencio. Suych não gostava nada daquela situação mas era o mais próximo de uma “Grande Aventura” que já estivera, então resolveu deixar rolar.

Kay estava pensativo. Será que aquele garoto seria uma ameaça? O garoto chegou do nada e começa a se jogar nos seus pés implorando pra viajar com ele e, logo depois, começa a fazer perguntas doidas e idiotas. O garoto do fogo estava cheio de desconfianças...

Enquanto Kay ainda estava mergulhado em seus pensamentos, Suych grita, "acordando-o".

_O navio tá saindo! Pra onde mesmo nós vamos mesmo Kay?

_Quando estava no bar do Ocean House ouvi dizer que o cara que tem as informações pra mim está no deserto central do Imperor. Vou chegar lá e ver se ele sabe algo sobre o homem sem rosto.

_Wow! Nunca me imaginei viajando pra Imperor! Ainda mais a procura de algum assassino! Vai ser legal!

_Fala baixo! Senão eles vão nos ouvir. E não é pra ser “legal”, é pra dar certo, só isso. - sussurrou Kay.

_Desculpe... Foi a emoção do momento! E eu acho legal assim mesmo.

_Já é tarde! Vai dormir.

_Tá.

Não se passaram nem dez minutos que haviam “dormir” e Suych já havia recomeçado:

_Sério mesmo que você nunca pegou uma menina? Você não sabe o que tá perdendo!

_Vai dormir!

_Ok... Mas... Nem beijar você não beijou não?

_Vai dormir, seu idiota!

_Eu acho que sim... Hehehe! Me conta vai!

_ Ok. Foi ela quem me beijou. E foi só uma vez, e contra a minha vontade. Agora, vá dormir!

_Hm... Tá se revelando pegador, hein?

_Vá dormir ou eu faço isso por você. Com um soco!

_Tá. Sem graça...

Na verdade, Suych não dormia, com medo de que Kay pudesse fazer alguma coisa com ele, afinal, aquele cara estranho não faria a menor cerimônia para matar um garoto com ele!

Do mesmo modo, Kay não dormia direito, com a espada semi-desembainhada, pronto para se defender a qualquer momento. Quanto à falta de sono, ele já havia se acostumado, afinal, se ele dormisse, "aqueles sonhos" voltariam e ele não queria isso.

Desconfianças, era a isso que se resumia a futura amizade dos dois. Desconfianças...