Ouvi o bater na porta. Continuei quieta, como se a musica não me deixasse ouvir as batidas na porta. Precisava me concentrar para escrever a minha obra prima.

Eu estava trabalhando nesse livro há muito tempo, o comecei quando era adolescente, mas nunca tive motivação o bastante para continuar com ele então eu voltara a mexer nele há uns dois anos atrás. Fiquei um bom tempo revisando ele e reescrevendo em certos pontos eu estava no meio do livro eu podia sentir, eu não estava próxima do fim, não ainda havia tanto que fazer com aqueles personagens...

-Elena. – e novamente eu fui tirada de meus devaneios de escritora pela Vanessa.

-O que foi? – eu estava meio brava com ela.

-Olha admito que estou me metendo muito na sua vida amorosa, mas se eu não agisse você nunca estaria tão próxima dele.

E pior que era verdade se dependesse de mim eu nunca teria falado com ele talvez eu acabasse como Claire do filme Cartas para Julieta, mas talvez eu não tivesse o final feliz dela.

-Ok, mas irrita um pouco.

-Você me desculpa? – ela fez uma cara de cachorro sem dono que era extremamente engraçada.

-Claro né sua chata. – disse a abraçando.

-Então já tem alguma roupa para a festa com o Damon? – ela perguntou.

-Tenho, mas não quero reutilizar um vestido meu.

-Que tal irmos comprar um novo? – ela perguntou com um sorriso no rosto.

-Hoje não, a festa será em poucos dias e eu quero aproveitar hoje para escrever então cai fora.

-Nossa. – disse ela se fingindo de magoada. – Tô saindo, mas não fala mais comigo.

-E é isso que eu vou fazer – eu disse na brincadeira.

Ela fechou a porta e voltei minha atenção para a minha historia.

(...)

-Elena você não está se esquecendo de algo? – perguntou Vanessa.

Eu continuei olhando a rede social.

-Que eu devia estar escrevendo eu já sei que faz um dia que eu não toco no livro.

-Não, algo que não tem a ver com a sua carreira...

-Dá para ser mais direta, Vanessa? – eu disse girando a cadeira e a encarando.

-O vestido... – comecei a vasculhar minha mente.

-A festa! – eu gritei. Me levantei e fui para o banheiro pentear meu cabelo. – Eu me esqueci.

-Eu reparei. – ela disse e logo em seguida e riu.

Me olhei, minhas roupas não estavam suja então comecei a procurar...

-Sua bolsa e tudo mais. – disse ela segurando a minha bolsa tira colo.

-Obrigada, Vanessa. Quer ir comigo?

-Na verdade hoje vou ficar na sua casa.

-Tudo bem. Tchau.

-Tchau. – dei um beijo nela e um abraço.

Pedi o carro para meus pais e eles me emprestaram.

(...)

Rondei diversas lojas, mas os preços eram muito caros. Eu tinha ganhado uma boa grana nos Estados Unidos, mas não desperdiçaria uma fortuna com um vestido.

-Acho que esse vestido ficou ótimo em você. – Vi o vendedor da loja de games.

Corei e me virei para o moço.

-Obrigada. – eu disse dando um meio sorriso.

-De nada. Mas acho que aquele vestido na cor vermelha ia ficar muito melhor em você.

Olhei o vestido que ele apontava que estava na cor preta. Ele se segurava no pescoço e tinha um grande decote e acabava um pouco antes do joelho e era colado ao corpo.

-Não ele valoriza de mais meu corpo.

-O que é perfeito... – ele disse.

Não olhei ele, mas acho que esse cara estava sentindo algo, não sei se é uma paixonite ou o simples desejo do homem de fazer sexo, mas eu tinha certeza ele tinha um interesse por mim.

-Preciso provar mais vestidos com licença.

Sai andando em direção a qualquer cabine.

-Na verdade... – ele disse atrás pegando em meu pulso. Me virei para encara-lo. – Gostaria de saber se você aceita sair comigo um dia desses.

Ele me encarava a espera de uma resposta.

-Desculpe, sabe acabei de voltar e meus amigos ficam me rodeando e eu estou com um trabalho importante e logo vou voltar para aonde eu estava, desculpe. – disse dando um sorriso torto.

-Tudo bem, se conseguir arranjar um tempo vago me procura lá na loja.

Ele me soltou e foi embora. Fiquei um tempo na cabine e depois de trinta minutos sai.

O garoto era bonitinho, mas eu tinha complexo de princesa. Admito eu era meio que a personagem principal do filme Amizade Colorida eu procurava o meu príncipe encantado, eu procurava um garoto romântico. Mas duvido que esse cara será quem eu procuro as vezes ate duvido que Damon seja esse cara, mas eu precisava tentar ter pelo menos uma vez um relacionamento com ele para ver se eu o esquecia.

Andei mais por aquela loja.

-Hum... Você gostaria de alguma ajuda? – Uma ruiva me perguntou.

Na placa estava escrito Maria Gomes.

-Estou procurando um vestido para uma festa, não sei bem que tipo de vestido usar.

-E você sabe algo sobre como se vestir para essa festa?

-Não, mas se serve de consolo acho que algo formal, algum tipo de festa de empresa.

A moça começou a me mostrar os vestido e me pedia para falar o que eu gostava e o que eu não gostava neles e dei uma facha de preço que eu poderia gastar.

(...)

-Se hoje você não me disser que beijou ele bato nele. – eu ri.

-Ai Vanessa o vestido não era assim tão fabuloso.

-É sim.

-Você exagera. – eu disse revirando os olhos.

Ouvi o meu celular tocar.

-Oi Elena.

-Quem é? – eu perguntei reconhecendo aquela voz.

-A Bonnie. – eu ri isso já acontecera tantas vezes.

As vezes eu confundia Bonnie com a irmã mais nova dela Madeleine e verse e versa.

-Oi Bonnie. – eu disse.

Vanessa saiu do quarto e contei o recente acontecimento. Eu e Bonnie éramos igual eu e Vanessa amigas desde crianças e em ambas as amizades rolou sérios problemas ate eu perceber que elas eram realmente minhas amigas.

-Menina eu concordo com a Vanessa fica logo com esse garoto antes que você o perca.

-Vai virar aliada da Vanessa? – eu disse fingindo estar seria.

-Talvez... – ela cantarolou e nós rimos.

-Tá na hora de se arrumar cinderela. – disse Vanessa.

-Cinderela serio? – eu e Bonnie falamos juntas.

-Ela tá mais para pequena serei, pois ela ficava olhando seu príncipe escondido. – disse Bonnie no viva voz. Afinal uma hora cansa segurar o telefone.

-Tchau Bonnie. – disse Vanessa.

-Tchau meninas.

-Tchau Bonnie. – eu gritei e desliguei a ligação.

Vanessa resolveu que iria cuidar de mim como se eu estivesse num spar ou num salão de cabelereiro. Ela me fez tomar banho de espuma, maquiagem, o meu penteado e as minhas unhas. Obviamente ela teve a sua ajudante Alice, minha amiga do colégio. A baixinha havia chegado na minha casa e eu nem percebera. Isso que dá ficar apresentando as amigas umas para as outras, já acham que tem o comando da casa.

A campainha tocou.

-Ele é pontual. – disse Vanessa e nós rimos. – Vem Alice vamos distrair o Damon enquanto ela se olha. – elas saíram e eu ri de nervoso.

Fui em direção ao espelho de corpo inteiro e me olhei.

Eu estava bonita, chegava a ser difícil acreditar que aquela pessoa no espelho era eu. Agora eu entendia os elogios que elas estavam fazendo para mim. Suspirei e sai do quarto.

-Você está linda filha. – minha mãe veio me abraçar assim que eu entrei na sala. Eu sorri e a abracei.

-Obrigada.

-Parece ate que voltamos para a sua formatura.

Sorri ao me lembrar da minha formatura do meu colégio. Eu estava meio gordinha e para a minha sorte ao contrario dos outros três bailes de formaturas eu tinha um par, lembro ainda de quem era meu par. Tinha certeza de que minha mãe falava desse baile, pois ela não gostava de se lembrar do meu baile na Juliard, pois “ela não estava comigo”. Ainda podia ouvir ela reclamar na web cam.

-Não volta tarde, querida. – meu pai brincou.

Ele nunca pode dizer essa frase, pois eu escondia meus namorados dele então ele estava se aproveitando para falar, nós rimos. Vi Damon me olhando e as meninas tentando pegar informação dele.

-Tchau, mãe, – dei um beijo nela. Fui em direção ao meu pai e o abracei e dei um beijo nele – tchau, pai.

-Alice, Vanessa ele não está escondendo nenhum segredo que acabe com o mundo. – elas riram.

-Volta para as piadas boas, Elena. – disse Vanessa. Eu ri.

-Desculpa, mas eu não tenho culpa se você não entende piadas americanas.

-Você viu que amigas nós temos... – disse Vanessa se debruçando na Alice. – Ela nós humilha. – Nós rimos.

-Ok, desculpa. – eu disse.

-Tudo bem eu te desculpo, mas vocês dois saiam daqui antes que se atrasem.

Vanessa nós empurrou para fora e logo eu entrei no carro dele.

-Desculpa se as minhas amigas perguntaram muita coisa para você. – ele riu.

-Tudo bem, mas sinto que já vi a baixinha...

-Ela era a minha amiga que fazia companhia para mim no banheiro. – ele riu.

-Naquele tempo podia te chamar de loira do banheiro. – eu bati de leve nele.

-Primeiro aquilo eram luzes e eu sei que exagerei não precisa me lembrar.

-Ok, calma. – revirei os olhos.

-Está linda. – ele disse e não pude evitar de sorrir.

-Obrigada.

Ficamos um tempo em silencio enquanto ele dirigia.

-Então o que as minhas amigas perguntaram para você?

-Bem, perguntar não seria o termo certo, aquilo parecia uma entrevista. – eu ri meio constrangida – Seus pais já foram perguntando se eu era seu namorado. Depois foram suas amigas querendo saber o que eu fazia, se eu tinha amigos bonitos – revirei os olhos – e perguntaram se eu gostava de você. – corei na hora.

O sinal estava vermelho e eu e ele estávamos nós encarando. Eu estava curiosa pela resposta, mas eu tinha medo que fosse não. Por um momento eu achei que vi ele se aproximar para me beijar, mas então ouvimos buzinas e xingamentos. Comecei a rir com a situação e ele riu também, mas sinto que ambas eram risadas nervosas.

-Mas – ele voltou a dirigir – você chegou e daí eu não pude responder.

-Hum... – evitei de falar mais.

O silêncio voltou e a musica tomou o carro. As vezes eu me perguntava o quão louca eram as minhas amigas e elas chegavam no nível mil para fazer essas coisas, mas eu sabia que quem avia perguntado isso era Vanessa a Alice não era o tipo de pessoa que fazia essas coisas, mas isso ate que era bom, era bom ter minhas amigas bancando o cupido, apesar que eu ficaria mais feliz se isso acontecesse quando eu era mais nova, se elas fossem assim eu acho que já teria namorado antes.

Mas acho que eu conseguiria sem ou com a ajuda delas afinal eu já era bem grande e já avia tido meus relacionamentos, mas estar perto dele só trazia o meu jeito de pré-adolescência de volta. Ele trazia aquele antigo eu de volta.

Ele me fazia eu me sentir jovem, idiota, envergonhada, nervosa e apaixonada. Não sei bem se gosto dessa sensação, mas sei de uma coisa adoraria ter ele comigo podia ser como ficante ou namorado, tanto faz eu só queria estar com ele.