Capítulo Sete

Mostrando-se um outro Uchiha

"Nunca diga te amo se não te interessa.
Nunca fale sobre sentimentos se estes não existem.

Nunca toque numa vida se não pretende romper um coração.
Nunca olhe nos olhos de alguém se não quiser vê-lo se derramar em lágrimas por causa de ti.

A coisa mais cruel que alguém pode fazer é permitir que alguém se apaixone por você quando você não pretende fazer o mesmo."

(Mario Quintana)

Depois que saímos pela porta Sasuke se despediu dos outros e quando eles já sumiram de nossas vistas pode falar.

_Já que fomos expulsos por causa da sua burrice, irei te ensinar educação física e na próxima quinta é a sua vez de me ensinar. Pode ser? _questionou de maneira indiferente.

Ele não tem outra expressão não?

_Foi você que me fez agir daquele jeito, então a culpa é totalmente sua. E pode ser da maneira que falaste.

Eu sei que também fui responsável por não estarmos mais na biblioteca, mas não iria admitir. Não para ele.

_Deixe de ser orgulhosa. _disse apenas enquanto caminhava em direção ao ginásio.

Já disse que o odeio? É insuportável.

_Espere-me aqui que irei ver se tem alguém antes de entrarmos.

Claro, preservar a sua imagem de popular, sempre ela.

"Diga que não, assim poderá fazê-lo não ser mais da elite se tiver alguém no local". Gritava minha mente.

_Ok. _sussurrei.

Sinceramente, eu não estou me entendendo hoje. Eu tinha a chance de acabar com ele e não o fiz, talvez realmente ele tinha razão ao ter me chamado de burra.

_Pode entrar, surpreendentemente não há ninguém aqui. _comentou, tirando-me de meus devaneios.

Eu nada disse, até porque não tinha necessidade, constatei que fiquei mais aliviada ao saber que não tinha ninguém, porque se eu tivesse entrado não poderia arruiná-lo e ter ficado fez o mesmo efeito.

Tripudiei até o ginásio, sentando-me na arquibancada enquanto esperava o emo trazer os equipamentos do esporte que iria me ensinar. Amanhã teria aula de educação física e esperava que mostrasse maior rendimento com o que aprenderei com ele.

O que me surpreendia era que não trancavam as bolas dentro da sala, fazendo com que fosse muito fácil de roubá-las. Talvez o motivo era porque não queriam ficar na escola até mais tarde apenas para dar a chave aos alunos que quisessem treinar depois do horário.

_Não vai me ajudar Hinata? _perguntou o Sasuke enquanto pegava a rede de vôlei.

Por que ele me chamou pelo primeiro nome?

_Quem te deu o direito de me chamar de Hinata? _rosnei.

_Então pode fazer o favor de pegar a outra ponta da rede para mim, Hina? _comentou com sarcasmo.

Seria deveras sortudo se eu não o matasse até o final da aula. Encontrava-me pasma por notar que as barras já estavam encaixadas em cada lado da quadra. Eu fiquei tanto tempo pensando assim?

_Eu não te dei intimidade para isso, seu... seu...

O que eu falo para uma pessoa que acabou de tirar a camisa na minha frente? Se eu abrisse a boca as únicas palavras que sairiam dela seria gostoso e sexy.

_Perdeu a língua patricinha?

A minha vontade de dizer aquilo sumiu e foi substituída pela raiva que estou sentindo neste instante.

_Seu calhorda*. _finalmente soltei.

_Que bom, porque eu acho a mesma coisa de ti. Isso nos faz iguais não? Agora pare de enrolar e pegue esse lado da rede. _deu um torto sorriso enquanto se aproximava com o objeto.

Não seja vadia, ele é um lobo em pele de cordeiro, lembre-se disso. Por que ele tem de ser tão lindo, mas tão canalha? E esse sorriso não me conquista em nada, nunca mesmo.

Depois que despertei de meu transe peguei a rede de suas mãos com brutalidade e coloquei o da parte mais baixa, mas na do alto não consegui. Eu tenho uma altura acima da média em relação as meninas, mas isso não é o suficiente para finalizar essa atividade.

Fiquei segurando aquela parte enquanto olhava o Sasuke terminar com facilidade o seu serviço e quando ele me mirou virei o rosto. Só ouvi uma risada e algo atrás de mim, quando percebi os braços dele estavam enlaçados ao redor do meu corpo, quase formando um abraço.

Eu estava tremendo e sentia o calor que emanava de si, trazendo-me segurança, entretanto fiquei abismada. O que ele queria com isso? Percebi que era algo sem importância quando Sasuke apanhou a rede de minhas mãos e colocou-a no gancho que faltava. Mas isso não justificava tamanha ousadia, até porque poderia simplesmente ter pegado pela frente e não ter feito desta maneira.

_Estais pronta para começar baixinha?

Ele nasceu para me irritar, fazendo-me implorar para que ele ainda fosse aquele emo quieto que raramente fazia algo. Não contava sobre suas notas, vida ou se importava com a opinião dos outros.

_Eu sou média! _berrei.

_Então quero ver se é boa no saque... média.

Tudo que sai de sua boca parece um palavrão para mim.

Peguei a bola que estava no meio da quadra e fui até na área correta para realizar o que me foi mandado. Posicionei minha mão em forma de punho e acertei na esfera, porém ela acertou no meio da rede, fazendo com que não chegasse do outro lado.

Fiz o mesmo processo umas vinte e cinco vezes, mas em nenhuma delas, mesmo pensando que a bola era a cabeça de Sasuke, obtive sucesso. E constatei que deve ser por isso que as meninas do outro time se alegram quando eu vou sacar. Por fim olhei para meu treinador, que apenas meneou a cabeça em reprovação enquanto pegava a bola.

_Tente jogá-la para o alto e acertá-la com a palma aberta, talvez seja mais fácil para você. _opinou.

Por que eu nunca pensei nisso? E essa foi a terceira vez que eu me intitulei de burra. E é assim que me sinto ao estar do lado de alguém tão esperto.

Peguei o objeto de sua mão e o realizei como mandou, porém a raiva que sentia dele me fez espalmar com toda a força, fazendo com que eu executasse o que foi pedido. A minha ficha caiu quando ouvi som de palmas ao meu lado. E é óbvio que foi do Uchiha.

Pela alegria que senti por saber que havia algo que poderia fazer corri em sua direção e o abracei enquanto dava pulos. Ele me acompanhava e parecia estar contente por mim, porém logo me largou após desmanchar seu sorriso - o único que parecia verdadeiro em sua face.

E eu? Apenas fiquei confusa e constrangida pelo que ocorreu anteriormente.

_Espero que agora consiga fazer pelo menos um ponto quando for participar do voleibol. E que também possa me devolver de igual o favor que lhe fiz ao me ensinar artes. _declarou de maneira fria.

Nem parecia mais aquele moreno de antes que comemorava o meu feito. E eu não sei o porquê de querer que ele continuasse daquele jeito e notei que talvez ele não fosse tão inalcançável. Era como se naquele instante ele estivesse derretendo.

A cena se reproduziu várias vezes em minha mente e em cada uma eu ficava mais corada

_O que está fazendo aí parada? Vamos embora antes que os jogadores cheguem para treinar.

Quanto tempo fiquei estática pensando nele? Pelo menos o bastante para que os equipamentos não estivessem mais lá e a quadra parecesse vazia. A porta foi aberta de forma escancarada e vários homens entraram no ambiente e quando me notaram deram um sorriso malicioso.

Eles eram grandes e fortes, provavelmente da faculdade, e poderiam fazer o que quisessem comigo mesmo que eu tentasse revidar.

_O que estais fazendo aqui gatinha? _disse um enquanto outros iam lá pegar a bola.

Olhei ao redor e notei que Sasuke não estava e que teria de encarar eles sozinha. Cadê o salvador nessa hora?

_Nada. _declarei correndo em direção a porta e me escorando na parede ao lado. Só deu ouvir alguns "que menina louca" enquanto me recuperava do cansaço.

Pareço uma sedentária que só de correr poucos metros quase tem um enfarto. Quando virei meu rosto para o lado notei alguém me fitando severamente e me pegando pelo braço de maneira grosseira. E não entendi o porquê de eu ter ficado chateada por ele estar com camisa.

Aquela cena dele sem camisa me abraçando, chegando por trás, veio em meu pensamento. Aqueles bíceps, tríceps praticamente fundido ao meu corpo. E eu, de novo, vermelha fiquei.

_Nunca mais faça isso ou vai se arrepender. _declarou, ou melhor, urrou.

Uma novidade: Ele sempre estraga o clima.

E surpresa fiquei por eu achar que tinha algo rolando entre a gente para ele atrapalhar.

Então o moreno simplesmente me olhou sério antes de se afastar e me deixar perdida em meus devaneios. E mais uma vez conclui que estava ficando louca.