Capítulo oito

Pensei que seria eterna a nossa amizade

“Abandonar uma verdadeira amizade por popularidade é como abrir uma cesta de lixo, jogar parte de sua vida lá dentro e por fim dizer: “Eu aprovo essa tolice.”

(Raquel de Menezes)

Hoje é sexta, vou arrasar no vôlei e ganhar um DEZ no boletim da professora pelo meu esforço. E ainda mais eu que nunca me importava nos outros anos, mas nesse eu precisava caprichar para ser aceita em uma das melhores faculdade do mundo.

Esquentei o onigiri em formato de gato do qual eu tinha feito e separei metade para a minha irmã pegar depois, já que estava se arrumando para ir à escola com Lee. E eu tendo de ir com uma bicicleta de criança. Preciso anotar na minha lista de metas: arranjar um namorado urgentemente.

_Hanabi, o lanche está em cima da mesa. _declarou.

Eu já contei que minha irmã faz parte do grupo das populares? Não? É a verdade, porém como é mais nova a organização, além das integrantes, é diferente e humilhar os outros ou nunca andar com pessoas de outra turma nunca foram incluídas nas condições para entrar ou permanecer nele.

Peguei meu automóvel de cesta com flor e pedalei por entre a estrada enquanto cumprimentava rapidamente alguns vizinhos que estavam acordados. Quando cheguei no colégio muitos começaram a fazer as costumeiras piadas ao me ver entrar, mas ignorei e a coloquei trancada no estacionamento apropriado.

_Hinata! _berrou Tentei de longe, fazendo todos rir do escândalo da minha prima-amiga.

_Por favor fale um pouco mais baixo, estão todos nos olhando agora por causa disso. _declarei quando ela chegou até mim.

_Monotonia é chato, a vida é para ser vivida. _rebateu enquanto sorria de forma superior.

Se não tivesse feito isso não seria ela!

_Mas infelizmente as pessoas dessa escola não perdoam certos comportamentos. _bufei em um sussurro.

_Eu sei, mas o que importante eu tenho: um namorado lindo que me ama e que é muito bom de cama. _gritou.

Quando viu que todos a olhavam se encolheu de maneira sem graça, porém eu fiquei mais ainda por ela, até porque isso não adequado para se dizer em um ambiente escolar.

_Está passando dos limites assim. _repreendi.

_Vamos para a aula de educação física que já bateu o sinal. _declarou ao mudar de assunto.

A morena é apaixonada por esporte, ao contrário de mim, mas por odiar as meninas da nossa sala fica como goleira e não no ataque. E como sou parte da defesa ela fica conversando comigo quando estão longe da área, já no vôlei ela troca de lugar no rodizio para que eu não saque – mas hoje eu conseguirei marcar ponto.

_Dessa vez tirarei um 10,0! _exclamei de forma contente.

_Esse é o espírito. _disse no mesmo tom, pulando ao se segurar em meus ombros, para depois cair em gargalhadas por eu quase cair por conta do susto.

Nada respondi por estar concentrada no que iria fazer na aula, mas quando cheguei na quadra notei algo que me deixou desesperada: Sasuke apenas me ensinou vôlei e hoje teríamos futsal.

Não acredito! Como eu pude me esquecer disso? Uma vez por mês ela troca o esporte, pois há garotas que gostam de outros tipos de exercícios. Olhei para o emo que estava jogando e o fuzilei, talvez ele não tivesse culpa, mas duvido muito que ele não soubesse dessa aula. E isso faz com que eu o odiasse mais ainda, mesmo que estivesse sem camiseta, fazendo com que seu tanquinho fosse exposto e o suor escorresse pelo seu corpo.

_Terra chamando Hinata. _comentou minha amiga enquanto estralava os dedos na minha frente.

_Alguém morreu? _questionei ao despertar de meus devaneios.

_Não, mas eu poderia assassinar uma das meninas da classe se quiser jogar no ataque. _declarou enquanto sorria.

Eu sabia que era mentira, mas fiquei assustada do mesmo jeito.

_Eu vou ficar na defesa, junto contigo, como sempre foi. _respondi rapidamente antes que ela planejasse algo macabro e me cobrasse por isso.

_Se quer assim. _finalizou, dando por encerrado a conversa de maneira emburrada.

Quando ia dizer algo uma bolinha acertou minha cabeça e a peguei quando caiu perto de mim, o bilhete dizia:

”O Sasukezinho é meu, então pare de babar e muito menos ter algo com ele. – Cerejinha.”

Tenten ao ler riu tanto que até doeu a barriga, entretanto ao se recuperar pode explicar.

_Que garota em sã consciência dá um nome como esse ao namorado? E ainda mais assina desse jeito? _perguntou em confusão.

“Será que estão juntos?” Pensei. Antes que eu pudesse responder em pensamento resolvi parar, até porque o que eles faziam não era de meu interesse. E eu sabia que a autora do bilhete era...

_Sakura. _sussurrei e, felizmente, minha amiga não ouviu.

Depois de muito mentalizar sobre o assunto, o que nunca entenderia o porquê de me incomodar, a professora apitou avisando que era a nossa vez de se aquecer para começar o jogo. Benzi-me várias vezes antes de entrar na roda junto com as outras para depois ir para o meu lugar: a defesa. Estava tão nervosa que criei raiz no chão ao me posicionar no local.

_Confie em você e conseguirá defender quando a bola chegar perto de ti. _sussurrou a goleira.

_Obrigada.

O nosso time começou e conseguiu invadir a área do adversário, isso me deu a oportunidade de olhar para o Uchiha e fazer um sinal de que eu não sabia o que fazer, ele simplesmente fingiu não ver. Percebi de longe que a rosada tinha notado o que havia feito e rosnou para mim.

Se expressão matasse estariam participando do meu velório agora, porém levaria o seu namorado junto. Minha vontade era de me vingar pelo que fez, e não tinha nada pior para ele do que ver eu ganhar o prêmio de melhor aluna.

Faltava um minuto para acabar o jogo e estava empatado em 11 x 11, e com isso dá de perceber que não fui a melhor defesa que existe, mas quando vi Sakura vindo em minha direção olhei novamente para o emo e ele rolou os olhos enquanto sinalizava algo com os braços. Isso, usar as mãos para pegar a bola.

Fiquei parada de pernas abertas esperando pelo que iria vir, e quando ela chutou o objeto de maneira alta percebi que era a minha chance de conseguir mostrar que sou boa enquanto marcava que faltava 35 segundos para o encerramento. Foi tão rápido e forte que apenas notei que a bola pegou em minha mão e eu cai com ela enrolada em meus braços.

A educadora apitou e foi em minha direção pegando o que estava segurando e falou algo que não pude ouvir, já que apaguei por conta da queda. Acordei em um local branco com uma maca ao meu lado e percebi que era a enfermaria e na cadeira perto de mim estava Tenten.

_O que aconteceu? _questionei de forma zonza, o que a fez acordar.

Acho que as noites com o meu primo estão a deixando cansada demais.

_Perdemos o jogo, por sua culpa. _declarou de forma emburrada.

É agora que eu tiro o meu primeiro zero em uma matéria. O que foi que eu fiz? Meu ano começou bem, estou experimentando sensações nunca sentidas antes, como ir na sala do diretor por algo ruim e agora isso.

_E novamente eu pergunto: o que ocorreu?

_Eu é que tenho de te questionar isso. O que tens na cabeça de pegar a bola com a mão dentro da área? A professora marcou um pênalti para eles e fui goleada, e o pior é que nem deu tempo de pelo menos empatar. _exclamou de forma irritada, tanto que seu rosto estava vermelho.

Sim, está para nascer garota mais competitiva que ela.

_Mas... _fui cortada.

_Não tem explicação, poderia ter desviado, se abaixado, tentado cabecear, mas nunca, em hipótese alguma, pegue a bola com as mãos em um jogo que se usa os pés dentro da área. Decepcionou-me muito, não imagina o quanto, mais do que quando me abandonou. _berrou.

Eu queria ter escutado “blá, blá, blá” para não chorar na frente dela. Ela simplesmente esfregou que prefere o esporte a minha amizade. Quando Tenten viu que estava em prantos tentou me consolar, mas eu sussurrei para que fosse embora. Queria ficar sozinha, sumir.

Meu celular apitou avisando que tinha mensagem, porém nem tive forças para tocar nele. Apenas enfiei minha cabeça no travesseiro quando a porta se fechou, desejando que fosse apenas um pesadelo o que ocorreu anteriormente. E que minha amiga de anos não tivesse falado aquela frase da qual me machucou tanto por dentro, que poderiam ser comparadas com facas sendo enfiadas em meu coração naquele momento. Nem sei mais se ela sofreu quando eu a deixei de lado por causa da popularidade.

Senti-me tonta quando me levantei, resolvendo por fim ficar na maca e esperar a enfermeira. E eu ainda estou com vontade de matar o Uchiha, mesmo com dor, por me fazer passar por essa situação e ainda estragar a minha amizade. Maldito!