Capítulo quinze

Confissões que te afetam

"Naquele dia, você me ensinou que a solidão é dolorosa! Eu entendo muito bem agora. Eu tenho família, e eu tenho amigos, mas se você se for... Para mim... Será o mesmo que estar sozinha. "

(Naruto)

O dia seguinte foi tenso para o emo. Não por ser sexta-feira, mas pelo que aconteceu. E na verdade eu coloquei meu nome e o da Tenten atrás, até porque não ia cometer o mesmo erro. Se colocasse a loira iam desconfiar. Minha amiga queria me matar, mas compreendeu.

Ao chegar no corredor da escola, pegando carona com o casal melação até lá, ouvi a briga. Acho que acreditaram.

– Sasuke, o que é isso? - escandalizou a rosada.

– Um beijo. - respondeu com escarnio.

– E por acaso você está vendo ela no nosso grupo? - comentou o Naruto.

– Não, mas e daí? - deu de ombros.

– Sabe nossas regras, sete dias sem andar conosco por ser apenas uma. Tenten e Hinata ficarão no seu lugar por enquanto. - declarou ao ler os nomes.

O quê? É apenas esse o castigo? Comigo foi bem pior.

– Sem problemas. - indiferente.

Sakura então se agarrou nele.

– É apenas uma semana, não se preocupe, sentirei saudades. Apesar de te amar muito e ser meu namorado, ficarei do lado deles. Você me traiu. - rosnou e deu um tapa nele.

– Garota, não tenho nada contigo. - Pare de ser barraqueira. esbravejou.

– Na próxima sexta conversamos. - finalizou e saiu rebolando.

Quando éramos amigas confessou que era para dar a sensação que tinha glúteos.

– Venham conosco meninas. - falaram de maneira animada.

Como as coisas mudam não?

– Você me colocou nisso por que mesmo? - questionou Tenten em um tom baixo.

– Para aprender sobre todos os grupos, assim poderá fazer melhores redações se tiver mais experiências. - enrolei.

– Espero que eu tire notas melhores em português depois disso. - declarou, ameaçando-me.

– Tomara. - para mim apenas.

– Sentem-se aqui. - gritaram. Pareciam estar numa festa.

O meu lugar de antes na arquibancada ficou abandonado e me fez ficar um pouco triste, mas logo o emo sentou lá. Não estava com expressão chorosa e nem aparentava estar chateado por ter saído, mesmo que temporariamente.

Na educação física eu consegui fazer a maioria dos pontos, o que fez com que as meninas berrassem meu nome. Já a mais competitiva, ex-atual-amiga, ficou me desafiando a continuar.

– Hinata, parabéns. Se na próxima ficar igual ou melhorar ficará com um 10 no boletim. O que aconteceu na aula passada foi um acidente, então não contei. - declarou o professor.

E eu simplesmente fiquei chocada e surpreendida. Era só me esforçar e continuar a treinar com o Sasuke que me daria bem. Falando dele, no intervalo ficou sozinho comendo seu lanche, do qual acho ser sashimi. A sensação de ter voltado no tempo foi enorme. E a sorte foi que a morena estava do meu lado.

– Acredita que estou com pena do Sasuke? Acho que me arrependi do que fiz. - sussurrei para a prima.

– O quê? Ele tirou a sua popularidade e só foi cretino contigo. Tem mais é que sofrer. - rebateu.

Pensando bem, acho que talvez assim ele melhore sua personalidade. E fique que nem ontem. Foi tão gentil, carinho e bondoso que eu praticamente derreti. E com isso meu celular apitou:

– Opa. Gato na área.– berrou a Ino.

Sempre tão fiasquenta.

"Quer se encontrar comigo em uma balada hoje?"– Sai.

– Quem era? - questionou a Sakura.

– Um amigo. - disse a verdade.

– A tá. - desanimada.

Então começaram a conversar sobre roupas e lojas. E eu aproveitei para confirmar a saída.

– Hey! Vocês querem ir no Shopping conosco as seis? - perguntou a loira.

– Eu não posso, vou dançar com o meu amigo. - expliquei.

O sorriso tão falso que a Sakura deu foi de matar.

– E você Tenten?

– Meu namorado e eu marcamos de ir no cinema. - declarou.

– Então deixa para sábado. Pode ser?

– Ok. - respondemos juntas.

Era meio que obrigada a fazer isso, e já tinha explicado a minha amiga. Quando tudo passou e tive que esperar para fazer a última aula extra, já com a tarefa em mãos, o Uchiha me barrou.

– Por favor, desculpa. - falei já em desespero.

– Tudo bem. Só quero que saiba que mesmo com isso iremos fazer nossas aulas.

– Obrigada. Ah! O professor disse que se eu continuar como estou no volêi vai me dar um dez. - aliviada.

Ele apenas deu um sorriso fraco.

– Tome cuidado Hinata. - Adeus. finalizou.

A cara dele era sombria e até impaciente. Como se esperasse para que algo acontecesse e que queria muito isso.

***

Bati fotos de uns vestidos e mandei para o grupo dos populares do whatsapp. E a maioria opitou pelo de franja em cima e embaixo, mas o que aparece a barriga. Parecia ser um pouco vulgar, mas iria com ele.

Quando deu 11h30 buzinaram e a gata Marie já estava na porta. Como meu pai deixou, depois de muito insistir, fiquei tranquila. Hanabi confirmou que eu estava razoável e me autorizou a sair. Quando abri a porta a bichana tentou arranhar o Sai, mas foi impedido pela minha irmã.

– Estais magnifica! - exclamou e beijou a minha bochecha.

– Agradeço, mas você também não está de se jogar fora. - respondi enquanto corava.

– Que fofa. - confessou.

Não sei porque os homens confundem constrangimento com meiguice.

Chegamos no local, era bonito e agradável. Pedi apenas água, já que não queria beber no começo. Seria ruim perceber que sou chata e consequentemente se desinteressar por mim. Ele se remexia de um jeito exagerado e até esquisito.

Já eu fui discreta e entrei na onda do não sei dançar. O moreno me conduzia de forma delicada e se encostava as vezes em mim. E em um dos rodopios notei uma face semelhante.

Era o Sasuke Uchiha nos fulminando intensamente.

– É... Hinata, esse é o Orochimaru. – apresentou o seu amigo.

A aparência era bizarra e tinha o cabelo comprido. Aposto que usa mais maquiagem que eu.

– Prazer. – respondi apenas.

– Tenho algo para te propor. – comentou ele.

– Desde que não seja me levar para a cama pode ser. – brinquei.

Acho que tinha bebida alcoólica nessa água.

– Sente-se aqui que contarei. – começou.

E no caminho só pensava no irritante do emo. Naquele olhar e expressão. Em tudo que passei por ele.

– Queremos que preste atenção. – o novo conhecido.

– Ok. – ansiosa.

– Eu sou gay. – ele de novo.

– E o que tem isso? – dei de ombros.

– É que o Sai também e queremos que seja a namorada dele de mentira para nos acobertar em nosso relacionamento. – falou tudo de uma vez.

Caramba! Produzi-me para nada.

– O quê? Mas eu pensei que você gostasse de mim. Até desenho fez. – triste enquanto mirava o meu ex-futuro-namorado-de-verdade.

– Isso era para que saísse comigo e eu te conhecesse melhor. É tão meiga, linda, bondosa. O tipo perfeito para conquistar meus pais. – explicou.

– Sabe o eu que acho? Que devem assumir e esquecer esse medo de que achem errado. O mundo mudou e isso é praticamente normal. Podem até se casar se quiserem. – exclamei chateada.

– Mas ele é militar e... – cortei-o.

– Não tem essa, por acaso vai se casar de fachada também e viver infeliz? As coisas mudam, e não vale a pena tentar ser o que não é. Se quiser vou contigo contar a eles. – gritei por causa do som.

– Faria isso mesmo por mim? Se for assim eu confesso. – perguntou, estava até quase chorando.

– Sim, sem problema. – sorri.

– É maravilhosa. – berrou animado e abraçou o parceiro.

Coreografamos passos nas músicas da Lady Gaga e alguns nos imitaram. O moreno ainda estava lá me fitando e eu fiz um gesto de paz e amor para ele. Não queria briga, desentendimentos entre nós. O que eu disse para o Sai valia para mim. Nunca valeria a pena ser o que não é, ainda mais por algo momentâneo.

– Eu te amo chuchu. – declarou o Orochimaru para ele.

– Também.

E então se beijaram. Isso mesmo que leram. Nada que uma bebedeira e um conselho para se sentirem os homens mais felizes do mundo. Só que ser gay também contribui para isso.

– Eu disse que ele não era para você. – sussurrou uma voz no meu ouvido.

Era o galã das novinhas.

– Admite que estava com ciúmes. – rebati.

Ok! Eu bebi quando eles contaram a verdade, não precisava mais disfarçar. Estava muito bêbada.

– Se for para te levar para a casa vou quebrar sua bicicleta mais vezes. – mudou de assunto.

Estava tão louca que nem liguei.

– Para de brincar e diz que me ama que nem eles. – contrariei.

– Você me odeia, para que vou dizer que gosto de ti? – questionou.

Ele estava até são.

– Já nem sei mais o que sinto ao te ver. – confessei com a voz rouca.

– É? – corou.

– Vamos nos divertir, a noite é uma criança. – declarou Sai e se agarrou em nós.

Ficamos até as cinco e eu fui embora com eles. Após umas derrapagens e tentativas de correr que nem os velozes e furiosos me deixaram em casa.

Não sei se foi porque estou afetada, porém acho que rolou um clima entre eu e o Sasuke. Ou o Orochimaru e eu. Ou o Sai e o Uchiha. A certeza se foi e adormeci na cama.