As duas semanas se passaram demoradamente, Camilla, Theo e Lúcia terminaram o rastreador e acharam o Diadema De Hera. Era de ouro puro polido com penas de perus-pavões, o decreto de Hera foi que ele ficaria para Susana. O Diadema estava no topo do cone de um vulcão, e foi tão estranho pega-lo porque foi muito fácil.

– Bom, então Zoë, eu acho que você devia ficar com o Arco De Prata Celestial, você é mais brava como arqueira do que eu, e já que estou com a tiara de Hera você o merece – disse Susana estendendo o arco para Zoë, que retribuiu sorrindo.

– Eu posso ser brava, mas nunca vou conseguir atirar melhor que você – disse Zoë.

Hoje todos tiraram o dia para comemorar, até porque, era aniversario de um ano de Alêx. Caspian estava muito feliz e passou o dia todo brincando com Rilian e Alêx, enquanto na cozinha Susana preparava as guloseimas para a pequena festa.

Camilla, Bianca, Mimí, Theo, Apolo e Carly tiraram o dia para fazer balões chineses de tecido de roupas velhas, Clove e Asafe preferiram passar o dia na cachoeira para o desgosto de Lúcia, que chateada resolveu ajudar nos balões.

Estavam recortando tecidos de roupas velhas. Com uma pequena chama dentro o balão voava para bem longe como uma estrela pacifica.

– Sempre fazemos isso quando alguém completa ano em Flyre – informou Bianca.

– Devem ser lindos – elogiou Lúcia sem vontade recortando um enxarpe velho e fora de moda.

– Mas nós sempre os fazemos com papel, vamos experimentar com tecido de roupas pela primeira vez – disse Theo.

– Onde está Isabelle? – perguntou Carly que estava só olhando, pois não podia fazer nada, ainda estava com o braço enfaixado devido à queimadura.

– Da ultima vez que a vi estava ocupada beijando os irmãos Pevensie – retrucou Zoë.

– Ela beijou os dois? – indagou Carly.

– Isabelle é muito gulosa – riu Camilla.

– E pra onde ela foi afinal? – perguntou Carly.

– Alguém aí viu a Isabelle? – perguntou Edmundo entrando na tenda das meninas.

– A ultima vez que a vi ela estava indo pra floresta com o seu irmão – disse Zoë se arrependendo de ter falado aquilo. Edmundo de cara feia, saiu da tenda revoltado.

– É sério? – perguntou Bianca animadamente interessada.

– Sim, a espertinha saiu hoje sedo, mas eu a vi, e vou cortar o rabinho dela quando voltar, aquela desmiolada – disse Zoë com raiva.

– Ah Zoë, deixa ela, se ela beijou os dois é porque gosta dos dois – disse Carly.

– E você está proibida de andar com a Isabelle, você tá muito nova pra pensar desse jeito! – disse Zoë em seu tom mandão.

– E você tá muito velha pra mandar nos outros desse jeito! – disse Carly em tom de desafio erguendo a sobrancelha esquerda.

– Há um tempo eu já desisti de orientar Isabelle, mas não vou deixar você ir pelo mesmo caminho – disse Zoë.

– Eu gosto da Belle, ela é minha melhor irmã, ela é engraçada e eu a amo – disse Carly.

– Acontece que você não sabe nem a metade das histórias sobre a sua irmãzinha Belle, e veja como ela já está mudando a sua mente, o que ela está fazendo é errado! Por acaso você já viu alguma mulher casada com mais de um homem? – disse Zoë.

– Zoë está certa – disse Theo cortando um cachecol velho. – Talvez Isabelle não seja uma boa companhia pra você.

– A Camz é legal e tudo mais, mas a Zoë é muito mandona! E a Camz às vezes é meio irritante – disse Carly de chofre.

– Eu sei que você gosta dela Carly, mas talvez se vocês se afastassem seria melhor – disse Camilla.

– Isabelle é minha melhor amiga e irmã, eu nunca me afastaria dela – disse Carly calmamente.

– O.K. Depois resolvemos isso... – disse Zoë.

– Apolo, quer dar uma volta comigo depois? – perguntou Camilla.

– Claro – disse Apolo meio triste e os dois se beijaram daquele jeito.

– Saiam daqui, arrumem um quarto! – exclamou Zoë com cara de nojo, mas “Apomilla” os ignorou de propósito e começaram a comer um a boca do outro e todos começaram a atirar travesseiros neles.

Isabelle e Pedro estavam fazendo o que sempre fazem de melhor, dar uns amassos na floresta, ainda mais se despedindo do lugar paradisíaco.

Com Pedro era sempre aquele fogo aquele calor, aquela pressa e o prazer e a necessidade que sentiam de se beijaram, o que Isabelle se sentia mais atraída, já com Edmundo era aquilo tocante, doce e calmo, não a deixava tão excitada, mas fazia saltar os seus sentimentos. A única certeza que ela tinha era que amava os dois.

Eles estavam encostados na árvore do beijo, onde fora o primeiro encontro, e se beijavam ardilosamente grudados, quando Edmundo chegou, eles pareciam não ter notado a presença de Edmundo, este tremia de raiva, e sua maior vontade era dar um soco no irmão, e foi o que fez.

Puxou Pedro e deu-lhe um soco, mas levou outro quando o irmão resolveu revidar e os dois estavam agarrados e brigando feio.

– Parem! – gritou Isabelle com veemência. Pedro e Edmundo a ignoraram.

Rolavam pelas folhas caídas no chão, e davam socos um no outro com brutalidade.

– Parem agora! – gritou Isabelle novamente.

– PAREM! PAREM! – berrou explodindo em lágrimas.

As palavras só fizeram piorar. Pedro e Edmundo estavam jogarem um ao outro contra as árvores, Pedro jogou Edmundo contra um pinheiro, e quando quicou no chão Pedro deu mais chutes nele, Edmundo revidou puxando a perna esquerda de Pedro e dando socos em toda a sua face.

Isabelle correu para chamar ajudar, desse jeito Pedro e Edmundo iriam se matar. Ela chamou logo Caspian, Asafe e Theo que foram seguidos pelas curiosas meninas.

Caspian segurou Edmundo, e Apolo e Theo seguraram Pedro que era mais forte, Apolo e Theo conseguiram neutraliza-lo, mas Caspian ainda segurava um Edmundo rebelde, Isabelle estava com uma cara furiosa e atordoada, Lúcia estava aborrecida, e o restante das meninas estavam boquiabertas.

Zoë pegou Isabelle pelos cabelos e a puxou até o acampamento, ela foi seguida por Carly que gritava para soltá-la junto com Bianca e Camilla. Lúcia e Mimí ainda estavam petrificadas com o que viam.

– O que houve? – perguntou Lúcia furiosamente, fuzilando Pedro e Edmundo com o olhar. – É sobre uma garota?

– Se for não podemos fazer muito Lúcia, podemos? – disse Mimí.

– Cresçam! A escolha é de Isabelle, se ela quis ficar com um dos dois o outro tem que respeitar! – gritou Lúcia.

Susana era bem melhor para resolver assuntos como esse, mas Lúcia com orgulho não a chamou, pois estavam brigadas desde o tapa que Susana deu em Lúcia.

– Não é sobre isso – disse Theo com um olhar de quem depois de ter visto muita coisa chegou a uma conclusão.

– É uma competição não é? Em que o melhor fica com o coração da dama – disse Theo com um olhar de desprezo.

– Hein? – indagou Lúcia.

– Isabelle só está usando eles, testando na verdade, é um jogo, ela está namorando os dois, mas no final só um vai ganhar – disse Theo. – Eu conheço muito bem a minha irmã.

Zoë levou Isabelle aos berros até a tenda das meninas e a jogou no chão.

– Isso é tudo culpa sua! – gritou Zoë espumando de raiva.

– Isso não é da sua conta Zoë! – vociferou Isabelle.

– Isabelle está certa – disse a vozinha fina de Carly.

– O que está acontecendo aqui? – quis saber Susana acabando de entrar na tenda estupefata.

– Seus irmãos estão brigando por causa dela! – informou Zoë ainda com raiva.

– Tenho certeza de que é tudo culpa dos meus irmãos, eles sempre brigam, por tudo – disse Susana triste. – Onde eles estão?

– Mas dessa vez a culpa é da MINHA irmã – disse Zoë ainda fuzilando Isabelle com o olhar.

– O que ela pôde ter feito? – perguntou Susana.

– Todo esse tempo e eu vivi acobertando TUDO O QUE VOCÊ FAZIA... – esganiçou-se Zoë elevando a voz de raiva.

– E é por isso que você é a garota mimada que é, eu não vou deixar você destruir a família dos Pevensie, eles estão brigando por SUA causa, você poderia ter escolhido um, mas NÃO... Ela é Isabelle, tem sempre que ter algo a mais! VOCÊ ESTÁ PROIBIDA DE VER OS IRMÃOS PEVENSIE! – gritou Zoë.

– Se eu quis os dois foi porque eu os amo! E ISSO NÃO É DA SUA CONTA! – gritou Isabelle se levantando do chão.

– Parem de gritar! – falou alto Carly. – Zoë isso é problema da Isabelle...

– Mas é minha culpa, eu sempre protegi Isabelle, de tudo que ela aprontava, e assim eu criei um monstro – disse Zoë.

Susana já havia partido para ver Pedro e Edmundo, pois da ultima vez que eles brigaram por uma garota foi horrível.

– Ei, ei, ei – chegou. – Eu não acredito... – disse Susana boquiaberta com os ferimentos dos dois.

– Vocês merecem um prêmio! Os maiores idiotas do século! – desdenhou Lúcia.

– Agora, como dois reis, e acima de tudo como irmãos, peçam desculpas um ao outro, eu vejo os meus irmãos aqui, não dois veados brigando por causa de uma corça! – disse Susana rispidamente, e aos poucos, Apolo e Theo soltaram lentamente Pedro, e Caspian fez o mesmo com Edmundo.

– Pois é exatamente o que eles estavam sendo – sussurrou Mimí para Apolo.

Os dois foram se aproximando junto com Lúcia e Susana, durante alguns momentos um ficou esperando o outro estender as mãos, então Lúcia pegou na mão de Edmundo e Susana na de Pedro, e as colaram estendidas eles ficaram poucos momentos se encarando daquele jeito, e logo estavam se atacando de novo.

– Eu não quero saber sobre isso! Eu sei que os dois vão parar de brigar agora! – disse Susana alterando a voz, falando em tom mandão.

– Pode soltá-los – disse Susana. – Eles não vão se bater mais.

Pedro voltou para o acampamento e Edmundo também, mas Susana chamou Lúcia e Caspian para terem uma conversa com ele, só os irmãos e Caspian, a não ser por Theo que por pedido de Susana foi fazer os curativos.

– Você é o mais velho, devia está dando exemplo, ou pior agiu como se fosse mais novo que o Edmundo – disse Susana em tom de desaprovação e fúria.

– Eu estava ocupado, aí ele já chegou me batendo, e doeu tá? Aquele... – Pedro se segurou para não falar um palavrão. – Está criando força, quando eu vi já estávamos embolando pelo chão...

– Que atitude madura! – desdenhou Susana com raiva.

– Ele começou... Ai – disse Pedro enquanto Theo limpava uma ferida na sua testa.

– E você terminou... Você merece palmas Pedro Pevensie! – desdenhou Lúcia com raiva.

– Deixa que eu resolvo Lúcia – disse Susana olhando para Pedro, e Lúcia fez cara feia.

– O que mamãe e papai diriam se estivessem aqui? – perguntou Susana a Pedro.

– Eles não estão aqui! – disse Pedro rispidamente.

– Exatamente. Mas o que eles diriam Pedro? Estamos sem pais, o que significa que deveríamos ser mais maduros e agirmos como adultos! Estou realmente muito desapontada com você! E espero que isso não se repita. Não foi tudo culpa sua, mas a maior parte foi, eu esperava mais de você! – disse Susana e saiu da cozinha lançando a Lúcia um olhar frio.

Com Edmundo, Susana preferiu mudar de tática, ela já teve aquela idade, e sabe como é difícil. Edmundo estava chorando em sua cama, Susana derreteu-se tanto que explodiu em lágrimas também.

Ela abraçou o irmão. Coisa que nunca fizeram antes, nunca foram próximos, nunca se falaram muito, em geral quando eles eram pequenos Edmundo a xingava de chata toda hora, e ele procurava irritá-la mais ainda, enquanto ela o ignorava ou então o reportava para os pais.

– Não chora... – disse levantando o queixo de Edmundo.

– Eu sei que é difícil... Já senti isso também... – disse Susana ainda liberando grossas lágrimas.

– Já quis tanto uma pessoa... Que, tipo você faria absolutamente tudo por ela, desde atravessar os sete mares, a subir a montanha mais alta pra pegar um flor... – disse Edmundo com o rosto encharcado de finas e pesadas lágrimas.

– Sim, eu sinto isso todos os dias com o Caspian... – disse Susana com um meio-sorriso.

– Mas entenda Edmundo, você tem dezesseis anos, tem a vida toda pela frente, tem ideias de quantas moças vão surgir? Moças bonitas, inteligentes, com mais atributos que Isabelle, e se ela tá fazendo isso com você, se ela tá fazendo isso com vocês, é porque ela não te merece... Ela não sabe valorizar quem você é pra te ter... – disse Susana ainda lacrimejando.

– Eu poderia conhecer qualquer garota do mundo, mas só ia querer ela, com ela tenho certeza, é a pessoa com quem eu quero viver pelo resto da minha vida... – disse Edmundo limpando o rosto.

– Uma vez quando eu tinha a sua idade, logo depois que voltamos pra casa depois da batalha com os telmarinos, lembra do Jeremy Taylor que eu namorei? Bom, nós terminamos porque outra garota tava dando em cima dele e ele não fazia nada, e nós brigamos, eu e a garota é claro, foi num beco do lado da escola, você não deve ter visto, eu disse a mamãe que caí da bicicleta lembra? – lembrou Susana com um sorriso.

– Você? Brigando? Não brinca! – riu Edmundo.

– Pode caçoar... – riu Susana.

– Essa eu pagaria pra ver... – gargalhou Edmundo.

– O que? – disse Susana com um tom irônico de superioridade. – Ela apanhou muito, a garota – gargalhou.

– Quem era? – perguntou Edmundo.

– Não sei se você conhecia, era do meu ano, Buffy Fields – disse Susana.

– Capitã do time de natação? Você devia ter morrido! – sorriu Edmundo.

– Esqueceu que eu fazia hockey de campo? – riu Susana. – Mas eu fiquei bem arrebenta, e ela também!

– Até que era legal nos Estados Unidos não era? Quero dizer, já havíamos vivido a Inglaterra e os Estados Unidos eram incríveis, tudo tão diferente... – disse Edmundo.

– Eu entendo, eu também gostava de lá, mas aqui é nossa casa, tenho certeza que não dá pra montar em um grifo pra ir á Estátua da Liberdade – disse Susana em meio a uma gargalhada.

– Você está certa. E me desculpa por ter começado a briga com o Pedro, é que, eu não aguento ver ele com a Isabelle – disse Edmundo desmanchando o sorriso.

– Eu entendo. É o mesmo comigo quando eu vejo a Liliandil conversando com o Caspian, mesmo que seja sobre Rilian, mas nem por isso eu bato na Liliandil, embora seja tentador, só controla sua raiva tá guri! – se Susana alisando com força os cabelos de Edmundo com os nós dos dedos.

– É fácil pra você falar quando se é mais velha, como você mesmo disse, essa fase é normal coisas assim – disse Edmundo.

– Eu tive a sua idade ano passado – disse Susana revirando os olhos. – E eu já estava me preparando para ser mãe, mas não cometa o mesmo erro que eu, claro que eu amo Caspian e Alêx, mas não se prenda Edmundo, você não sabe como é bom ser solteiro, digo, eu amo Caspian, mas é legal ir aonde quiser sem dar satisfação pra ninguém, e mudar de ideia sobre uma pessoa é muito fácil na nossa idade, embora Caspian foi, é e sempre será a pessoa que eu amo – disse Susana.

– Sabia palavras da Rainha Susana, a gentil – disse Edmundo retumbante.

– OK, eu tenho que acelerar as coisas na cozinha pra hoje à noite, te vejo, mas tarde esquentadinho! E vá procurar o Theo, esses ferimentos estão horríveis! – sorriu Susana e saiu da tenda dos meninos.

Pedro já havia saído da cozinha. Mimí, Lúcia, Bianca e Camilla resolveram voltar para os balões, e ver como andava a conversa de Zoë e Bianca, á suplica das irmãs, Zoë resolveu parar de berra.

– Se os irmãos Pevensie concordaram, eu não sou ninguém pra impedir, mas eu vou escrever para o papai e pra mamãe, eles vão ficar sabendo disso, mas só te peço uma coisa, Carly chegou dizendo que você amava os dois Pevensiezinhos, se você corromper nossa irmã com essas ideias, vocês estão proibidas de conversar, eu vou te dar uma chance, e não desperdice – disse Zoë calmamente.

– Eu te devo um pedido de desculpas, você tem razão, você sempre me acobertou, você sabe todos os meus segredos Zoë, mas eu ainda não consegui decidir qual o irmão que eu quero, é como você provou os cupcakes de morango e amora? E não conseguiu dizer qual era o melhor, aí você comeu um bocado por horas, é disso que eu preciso, preciso experimentar para ter certeza – disse Isabelle calmamente.

– Às vezes fico pensando se a gêmea idêntica da Camilla está vagando por aí, enquanto trocaram você quando nasceu. Eu realmente preciso ver isso – disse Zoë desdenhosa e saiu da tenda.  

Zoë decidiu nadar para espairecer as ideias, achou que estava meio tensa, se bem que ela já nasceu assim, mas nadar era a coisa que Zoë mais gostava de fazer no mundo, a acalmava e a dava uma ótima sensação, ela achava bom não ser a Zoë, pelo menos por pouco tempo, ter que lidar com a família, principalmente com as irmãs, pois assumia o papel de irmã-mais-velha-mandona-e-chata, mesmo não sendo a mais velha, e também as lembranças de Boggs que vinham na sua mente todos os dias, Zoë achava que amava ele, e ele a tratava tão bem, e toda vez que ela vê um garoto, fala com um garoto, ou mesmo pensa num garoto a imagem dele vem na sua mente.

Ela nadou por toda a cachoeira, a água estava quente, tão quente que ela decidiu nadar no rio ver se a água estava mais fria, de fato estava, mas estava um pouquinho morna. Zoë nada melhor que qualquer pessoa no mundo, capitã do time de natação da escola, As Tubarões, Zoë gosta das garotas da natação, elas são legais, mas a sua melhor amiga mesmo é Bianca, que lhe conta absolutamente sobre tudo que acontece com ela, Zoë não faz o mesmo, prefere afogar os seus segredos, assim pode esquecê-los, mas isso só a faz pensar neles mais ainda, ser a durona popular e bonita Tubarão da Escola do ensino médio dos nobres de Flyre a deixa sobrecarregada também, tirar boas notas, o que de vez em quando não é fácil quando se está com a mente cheia, treinar duro para bater recordes todos os dias, dar de cara com Boggs e dizer um frio “Oi”, ser gentil com todos por sua posição social, e enfim, quando ela entra numa piscina, rio, mar, ou qualquer recipiente que tenha água, ela se sente mais leve e quase esquece de todos os problemas.

Odiava seu corpo, por ser tão bonito e estilo violão, mesmo ela praticando natação e esperando ficar larga e quadrada e com ombros de ogro, esperando os cabelos ficarem manchados de cloro, duros e ruins, mas eles continuavam com longas e lisas ondas castanhas, Zoë queria ser feia a todo custo para espantar os garotos.

Um dia de inverno ela ficou até depois do treino por estar nadando muito ruim, a piscina ficava favorável às condições do tempo, se está frio a água fica quente, se está quente a água fica fria, e Zoë odiava nadar na água quente, aí veio Boggs fazer uma surpresa pra ela, e eles deram uns amassos na piscina, mas foi só isso, e ele beijava com prazer seus ombros, sua cabeça, mas não passou disso.

Incomodada com a temperatura da água ela saiu aborrecida e encontrou Bianca triste conversando com uma ninfa coelhinha que só fazia rir.

– Bia, o que foi? – perguntou Zoë de mansinho.

– Nada – mentiu Bianca.

– Conta – disse Zoë de chofre.

– É que eu tava gostando do Edmundo, mas a Isabelle já falou pra eu me afastar dele – disse quase chorando.

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– Não liga – disse Zoë aborrecida. Zoë não acreditara que Isabelle fez com Bianca quase o mesmo que fez com ela, no caso de Boggs era diferente, mas Isabelle poupou Bianca de viver seu primeiro amor, Zoë não ligava muito pra esse tipo de amor, só ligava que sua irmã preferida estava triste por causa da sua irmã que mais despreza. Mas no fim, achou que assim foi melhor, para Bianca não ter o mesmo sofrimento dela.

– Talvez seja melhor assim, sabe, os garotos são uns idiotas Bianca! – confortou Zoë.

– Sabe, você odeia tanto os garotos, mas esquece que a nossa mãe é feliz com um – disse Bianca de cabeça baixa.

– Existem raras exceções... – disse Zoë tristemente. – E o nosso pai não é uma delas... – sussurrou involuntariamente.

– Anh? – fez Bianca.

– Eu só quero te proteger, você sabe o que eu sofri... – disse Zoë levantando o rosto de Bianca pelo queixo.

– Mas isso é um risco que eu tenho que correr, aliás, faz parte da vida né? – Se apaixonar, se decepcionar...

– Só se você quiser. Você pode se proteger, como eu, eu nunca vou namorar nenhum garoto, jamais, porque eu já me decepcionei e olha, é muito ruim, sério, eu daria tudo para não sentir isso de novo, daria tudo para voltar atrás e nunca ter namorado o Boggs – disse Zoë.

– Mas as vezes dá certo... – disse Bianca com um meio sorriso. – As vezes as pessoas podem ser felizes, como o Apolo e Camz, como a mamãe e o papai, como o senhor coelho e a senhora coelho...

– Sim, mas não tem como saber se vai dar certo, e por precaução é melhor não tentar...

Camilla e Apolo foram para a praia, onde fora o primeiro encontro deles, onde embolaram pela areia branca e fofa há duas semanas, e agora que o turno de Apolo acabou eles nunca mais se veriam.

– Então... É muito chato esse assunto, mas... Como vai ser depois que eu for? – perguntou Apolo.

 – Tem razão, isso é muito chato, mas vamos dar um mergulho, é isso mesmo eu nunca mais vou te ver, então que tal se a gente aproveitasse até o fim, foi bom enquanto durou – disse Camilla com os olhos pesados de lágrimas.

– Mas a gente tinha combinado de se casar depois que a missão acabasse não foi? – perguntou Apolo.

– O único jeito é se você fizer de mim imortal, meu pai nunca deixaria, quando eu nasci ele fez um pacto com os deuses que pediram para eu ser o Oráculo, e tenho que cumprir minha missão na terra até o fim da minha vida, e morar no Olimpo, tão longe da minha família e tal... Teria que deixar de ser Oráculo e... A não ser que, ah, deixa pra lá, isso nunca aconteceria... – disse Camilla triste.

– O que? – perguntou Apolo.

– Se você abrisse mão da imortalidade, mas você nunca faria isso, e seu pai não deixaria; isso poderia trazer problemas para o Olimpo... – disse Camilla um tanto aborrecida.

Apolo afastou seu rosto para ela pegando em seu queixo, segurou suas mãos, e olhou para ela com os olhos rasos de lágrimas, não conseguia mais pensar em deixa-la.

– Quando a sua missão acabar, eu conversarei com seu pai, convencerei os deuses, farei de tudo, pra te ter... – disse Apolo e se aproximou de Camilla, dando um beijo lento e calmo.

– Então isso não é um Adeus? – perguntou Camilla com um meio-sorriso.

– Só um até logo, um pouco demorado, agora essa água tá chamando a gente pra nadar né? – perguntou Apolo com um sorriso.

Estavam no meio da tarde, o sol estava quentíssimo, e a água parecia fria e agradável, eles despiram um pouco das roupas e foram nadar na água verde e limpa, onde brincaram inocentemente como crianças, como sempre era, e sempre assim.