Capitulo 19 – Hera Heroína.

– Concordo que Apolo seja patético Carus, mas você é mais! – ofendeu Hera com seu tom de voz superior como se estivesse falando com um rato.

Seu queixo estava mais levantado do que de costume e fuzilava Carus como se ele fosse um alvo de dardos.

– Ah, minha rainha Hera! Como anda a vida? Sendo muito traída por Zeus? Pena né? – desdenhou Carus.

– Você me dá NAUSEAS Carus, NAUSEAS... – desdenhou Hera sarcasticamente.

– Pare de falar assim comigo! Pare de falar como se eu fosse um rato! –revoltou-se Carus.

– Ratos são mais limpos e menos patéticos que você! – desdenhou Hera dando passos com sua beleza de senhora-de-trinta-e-cinco-anos-elegante.

– Ah é? Então porque a polícia Olimpiana nunca me pegou? – disse Carus em tom de desafio. – Eu desobedeci à lei, sou um foragido e passei anos frequentando o Olimpo, você sabe por quê? Porque eu conquistei os deuses, não a maioria deles, mas...: Apolo, Hermes, Hefesto, Afrodite, Dionísio... Todos muito amigos meus.

– Todos uns patéticos iguais a você! – ofendeu Hera.

– O fato é que meu carisma é mais poderoso que você rainha... E você só não pragueja nada agora contra mim porque o assunto não é seu, a missão é dos jovens – disse enquanto via Camilla, Bianca, Zoë e Carly lutando.

– Você se acha mesmo as colunas gregas do Olimpo não é Carus? Mas onde esteve nesses últimos séculos depois que sua rainha virou um picolé? – perguntou Hera sarcasticamente em tom de desafio.

Carus fez uma cara de quem podia assassina-la a qualquer momento.

– Saiba que nem você é digna de falar da minha rainha! – disse Carus rispidamente.

Hera deu um sorriso de gosto.

– Sua rainha era patética, vivia no esgoto, ela é um verme bem melhor que você, mas mesmo assim ainda era uma biruta – provocou Hera.

– SUA VACA LEITERA COMO SE ATREVE A FALAR ASSIM DA MINHA RAINHA! – berrou Carus.

Hera deu uma risada.

– Sua rainha era uma morcega velha, uma desprezível, uma centopeia gorda! – xingou Hera.

– Inveja faz mal pra beleza sabia Hera? – disse Carus com sua voz arrastada.

– Então sua rainha devia ter cara de trompa de elefante, desculpe é uma ofensa a todos os elefantes do mundo – disse Hera com um sorriso sarcástico que ela mantinha sempre.

– Isso não importa, o que importa é que ela está voltando e você pode se preparar para o seu castigo, Ravenna vai ser a nova hera do poder, vai superar tudo que já existiu, e eu sempre estarei ao lado dela, e ativando todos os vulcões do mundo vou dar mais força e poder a ela, assim ela se recuperará mais rápido do que vocês pirralhos imaginam – disse Carus num sorriso malicioso.

– Um pirralho chamando outros pirralhos de pirralhos, vá pro Tártaro com sua morcega velha! – gritou Hera já perdendo a paciência.

Um cetro com a ponta em forma de pavão se formou, Hera o encravou no chão da caverna, e mandou Zoë, Camilla ou Bianca fazerem um pedido com o cetro.

– A minha jornada com vocês terminou, adeus jovens – disse Hera e bateu as palmas das mãos nas patas do seu pavão imponente e uns raios de luzes saíram de todas as direções, e todos na mesma hora fecharam os olhos, pois Hera estava em sua forma divina.

Camilla criava campos de forças pouco duradouros, tinha uma estrutura verde como raio, Carus mandou os perus-pavões recuarem enquanto atirava chamas de fogo com a sua mão.

Camilla tentava se esquivar se protegendo com seus campos de força, mas eles vinham do seu poder de Oráculo, que não era tão forte apesar de ter treinado muito.

Carus soprou uma rajada de fogo na direção de Camilla que reagiu com um campo de força que foi derretido, mas conseguiu neutralizar o fogo. Concentrou-se em produzir vários campos de força enquanto ia até o cetro de Hera, Carus soprava rajadas de fogo muito fortes, e Camilla tentava proteger Bianca, Carly e Zoë. Apolo assistia aflito, mas não podia fazer nada, Carus conseguiu queimar o braço de Carly, e Camilla não conseguia chegar até o cetro conjurando campos de força para proteger as irmãs. Bianca, Zoë e Carly também não podiam fazer nada, pois só tinham seus arcos e flechas a não ser Carly que tinha uma fita-enforcadora, que já foi tostada no fogo.

Camilla já estava chorando de cansaço, não conseguindo mais produzir campos de força eficientes, Carly queimou novamente o braço e também chorava, Zoë tentava atirar flechas que, ou eram bloqueadas pelos campos de força ou eram derretidas pelas chamas de Carus, não tinha saída. Elas iriam morrer de qualquer jeito. Se Camilla tocasse no cetro e fizesse um pedido suas irmãs seriam tostadas.

Camilla correu deixando as irmãs sobre uma rajada de chamas e conseguiu tocar no cetro fazendo um pedido. Zoë, Bianca e Carly se abaixaram sobre a gigantesca rajada de fogo, deitando no chão. A rajada passou a poucos centímetros de seus narizes, deitadas viram raios de campo de força correrem até Carus, Camilla os atirava com tanto vigor e ferocidade que nem parecia ela mesma, Carus tentava reagir criando chamas mas eram repelidas pelos campos, vendo a sua situação na batalha que virou do avesso de uma hora para outra ele queimou numa chama que o cobria todo e desapareceu. Camilla, Bianca, Carly e Apolo se abraçaram em comemoração.

– E como vamos recuperar eles? – perguntou Carly com uma enorme e horrorosa queimadura nos dois braços, estava se referindo aos semi-cadáveres na mesa de pedras.

– Não se preocupem, só peguem as penas dos perus-pavões – disse Apolo e correu para trás.

Carly ficou com Bianca enquanto Camilla e Zoë se dirigiram a um peru-pavão mais próximo, e sem pestanejar Zoë enfiou uma flecha em seu olho com a própria mão enquanto Camilla tirava várias penas de pavão.

Depois várias cabeças se viram voando pelos ares até os seus corpos, e o restante saiu do estado morto-vivo e foram libertados da mesa.

Theo rasgou um pedaço de sua camisa e enfaixou um braço de Carly. Isabelle deu um beijo em Pedro e Edmundo, Lúcia deu um beijo em Asafe, quando Clove não estava olhando, e um clima pesadíssimo caiu sobre eles, Theo, Caspian, Camilla, Zoë, Carly, Apolo e Bianca olharam para os casais estranhamente.

– Provavelmente é melhor a gente sair daqui não acham? – sugeriu Caspian enquanto Clove abraçava Asafe.

Carly ainda chorava por causa das queimaduras e Theo segurava os braços da irmã, enquanto eles caminhavam até o escorregador, e depois saíram da caverna do pico dos ventos, encontrando Pandora e Kído.

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A caminhada de volta até o acampamento foi bem calma, e quando chegaram, Susana abriu um sorriso e correu para abraçar Caspian.

– Que bom que estão bem... – suspirou aliviada.

– Estamos exaustos... – bradou Asafe.

– Quanto tempo até construir o rastreador? – perguntou Liliandil.

– Eu não sei, talvez umas duas semanas se trabalharmos duro – disse Camilla.

– Em seis semanas e achamos duas relíquias, um tempo bom não acham? – disse Bianca.

– É, mas você esqueceu-se de somar com a semana que passamos treinando em Flyre – sugeriu Zoë.

– Mas essa semana foi só treinamento aí não vale – protestou Bianca.

– Eu tô morta de fome, Susana, por favor, me diz que tem chocolate na cozinha! – suspirou Camilla.

– Engraçado porque eu fiz mousse de chocolate – sorriu Susana.

– A partir de agora você é minha ídolo! – disse Camilla indo até a cozinha. – E por acaso sabe por que vacas dão leite? – acrescentou Camilla.

– Anh? – disse Susana sem intender.

– Deixa pra lá... – disse Camilla e correu para a cozinha junto com Apolo.

– Camilla realmente merece, ela foi nossa heroína – disse Bianca.

– Nem, – disse Camilla dissolvendo mousse de chocolate na boca, estava com uma taça com uma bela de uma sobremesa.

– Você se sobressaiu criando aqueles campos de força, derrotando Carus – elogiou Zoë com um copo de suco de abóbora.

– Hera deixou aquele cetro para mim, ela disse que você duas poderiam pegar, mas não poderiam. Bianca não descolaria de você e não deixaria de proteger Carly, e você Zoë-afoita, não ia conseguir neutralizar sua raiva por Carus para tocar no cetro, então eu fui, e ele aumentou meus poderes! Infelizmente Carus se teletransportou, enfim a heroína é Hera – disse Camilla dando mais colheradas de seu mousse

– Acho que Hera merece vivas não? – disse Asafe, e todos gritaram três vezes “Viva, viva, á Hera!”, e Camilla inventou uma pequena cançãozinha.

Hera heroína

Hera heroína

Não deixou Carus nos queimar

Viva a Hera heroína...

– Então, já que todos estão inteiros, er... Ou quase todos... Exceto por Carly e... – disse Apolo.

– Theo já está cuidando dos ferimentos dela – informou Caspian voltando de sua tenda para a pequena reunião perto da fogueira sentando-se ao lado de Susana.

– Então, temos que comemorar! – continuou Apolo vibrando.

– Palavras sábias cunhadinho – disse Asafe.

– O que tem pro almoço? – perguntou Clove parecendo faminta.

– Arroz refogado, com rosbife! – sorriu Susana abraçada a Caspian. – Ah, e de sobremesa mousse de chocolate.

– Hera heroína... – cantarolou Camilla.

– E o que estamos esperando aqui? Vamos almoçar! – vibrou Zoë.

– Hera heroína, hera heroína...

– O arroz está no forno. Mas já está quase pronto – disse Susana.

– Hera heroína, hera heroína...

– Eu devoraria um boi – disse Zoë pensativa.

– Hera heroína, hera heroína...

– Já deu Camz – retrucou Zoë, mas Camilla só começou a cantarolar mais alto.

– Hera heroína...

– Camz... – disse Zoë fuzilando Camilla com o olhar.

– Não deixou Carus nos queimar...

– Camz! – arquejou Zoë e Camilla começou a cantarolar mais alto ainda.

– Hera heroína, hera heroína...

– CAMZ! – berrou Zoë.

Camilla deu um sorriso feio e começou a cantarolar apenas a melodia da música.

– Preciso falar com você – disse Bianca aproximando-se de Isabelle.

– O que foi? – perguntou Isabelle curiosa. Bianca nunca a chamara para conversar antes.

– Vem.

Bianca a puxou para perto do poço do riacho.

– Ai, eu não sem nem como começar... – disse Bianca nervosa.

– Se isso for brincadeira... Eu tô perdendo uma festinha no acampamento, é a primeira vez que vejo ficar tão animado – retrucou Isabelle.

– Desculpa – disse Bianca, normalmente ela não teria pedido, mas tava no automático, ela era sempre educada. – É que... Tudo bem! A Zoë odeia garotos, a Carly é muito nova, e a Camz, você sabe, é a Camz, então eu decidi falar com você, porque você “realmente” entende do assunto.

– Só pode ser um milagre mesmo pra você vir falar comigo, anda, desembucha – disse Isabelle curiosa.

– Eu vejo você namorando tanto e... Bom, a questão é que eu... Tô... Gostando de um garoto! – disse Bianca corando feito um tomate.

Um sorriso maroto iluminou o rosto de Isabelle.

– Ah, a doce Bianca... Nunca imaginei que os garotos fossem reparar em você, você é tão sem graça... E veio procurar logo a mim! – disse Isabelle com orgulho.

– Eu sou sem graça? – perguntou Bianca preocupada.

– É claro, mas, nada que não se dê um jeito – sorriu Isabelle.

– Mas por que eu sou sem graça? – perguntou Bianca.

– Depois falamos disso. Mas quem é o pretendente? conta logo! – ofegou Isabelle dando gritinhos e pulinhos de alegria.

– O Edmundo Pevensie – disse Bianca num sussurro, ficando vermelho escarlate do dedo mindinho do pé até a raiz dos cabelos.

O sorriso e adrenalina desapareceu do rosto de Isabelle, seus lábios se juntaram se contraindo de raiva, um olhar de ódio apareceu em seu rosto.

– Você deve estar brincando? – perguntou Isabelle.

– Claro que não! Só há dois garotos solteiros aqui nessa Ilha, o Edmundo e o Pedro, a não ser o Theo, mas o Theo é nosso irmão, E... Ai eu acho que foi quando eu o vi pela primeira vez em Flyre... – disse Bianca ainda vermelha.

– É melhor você desistir AGORA! – disse Isabelle espumando de ciúmes.

– Por quê? – perguntou Bianca com os olhos cheios de lagrimas.

– Por que ele nunca ia reparar em você! Olha só pra você Bianca, é até bonitinha, mas você é muito sem graça, até uma corrida de tartarugas é mais emocionante que você, desista! agora! – disse Isabelle friamente.

Lagrimas escorreram do rosto de Bianca.

– E não chore! – exasperou-se Isabelle. – É melhor assim! Vai por mim – disse amansando a voz.

Ela deu um abraço frio na irmã ainda espumando de raiva.